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6, out 2016
Análise – Gears of War 4
Gears 4 é o melhor TPS já criado
O enredo desaponta, mas a jogabilidade absolutamente irretocável, os modos multiplayer e os gráficos de cair o queixo compensam o besteirol e a falta de carisma de JD Fenix. Obrigatório!

Anunciado durante a E3 2015 apenas como Gears 4 o primeiro jogo da saga Gears of War chega finalmente ao Xbox One e Windows 10.

Gears of War 4 é o primeiro título original da série desenvolvido pela The Coalition, novo estúdio da Microsoft que ficou responsável pela remasterização do primeiro jogo da série em Gears of War: Ultimate Edition. O game começou a ser desenvolvido ainda pela Epic Games, mas em 2014 a franquia foi comprada pela Microsoft e o trabalho da Epic foi repassado ao novo estúdio.

História

O enredo de Gears of War 4 se passa 25 anos após os acontecimentos de Gears of War 3. A ameaça Locust foi finalmente derrotada com a explosão de todo combustível de emulsão do centro do planeta. Com isso os humanos de Sera foram forçados a se adaptar novas a formas de energia.

Para proteger os poucos humanos sobreviventes dos perigos externos a Coalizão de Governos Ordenados (CGO) criou cidades muradas e declarou a lei marcial, impedindo qualquer viagem para fora da muralha. Alguns sobreviventes não aceitaram a lei marcial e formaram um grupo de resistência chamado de “outsiders”, que vivem fora da jurisdição, invadindo territórios da CGO para roubar recursos.

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Você assume o papel do protagonista JD Fenix, filho de Marcus Fenix e Anya Stroud, e membro desse grupo, ao lado de seus amigos Delmont “Del” Walker e Kait Diaz.

Apesar da história de fundo ser bem desenvolvida, o enredo de Gears of War 4 é o maior problema do jogo. JD Fenix e seus amigos tem a difícil e ingrata missão de cativar os jogadores que acompanharam as aventuras de Marcus Fenix e outros COGs por mais de 4 jogos. O problema é que o desenvolvimento de JD é raso e o personagem não cativa. Você não entende exatamente seus motivos e isso afeta a empatia com a causa.

Outro detalhe que colabora para esse problema é a mudança de tom da campanha do jogo. Gears of War sempre teve uma levada mais séria e Gears of War 3 em especial foi bastante melancólico com os acontecimentos do fim da guerra.  Gears of War 4 muda totalmente o clima da série colocando o grupo de JD Fenix fazendo piadinhas o tempo inteiro e deixando o jogo mais leve e com um enredo em clima de filme de ação da Sessão da Tarde. Não que isso seja um defeito, mas o excesso de comédia afeta a imersão de uma série que sempre pareceu se levar a sério e o que temos agora é um game que lembra mais a pegada dos 16 bits, onde o que importava era a jogabilidade e a história nunca precisou fazer tanto sentido assim.

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O planeta também sofreu com o evento e agora existem diversas tempestades de vento fortes que se formam por toda Sera.

Como visto nos trailers, Marcus Fenix está presente a maior parte do tempo na campanha garantindo um rosto familiar para os jogadores. Apesar disso, ele não se porta como o protagonista dos outros games e deixa muito da liderança da equipe para o seu filho, o que é uma pena pois perdemos uma ótima oportunidade de acompanhar a experiência do personagem em ação através dos olhos de um novato.

O melhor TPS já criado

Se a história decepciona, a jogabilidade segura a peteca e Gears of War 4 entrega o melhor sistema de shooter em terceira pessoa já criado até hoje. Começamos o jogo com estranheza nos comandos e precisão dos disparos, apenas para perceber que a primeira arma que você tem acesso é uma Retro Lancer (e quem jogou Gears 3 sabe o quanto essa arma é braba). Aí respiramos aliviados e seguimos a campanha para constatar que todas as mudanças foram para melhor.

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A primeira diferença notada de cara é a velocidade. Seu personagem ainda tem basicamente os mesmos comandos, mas em Gears 4 ele é mais rápido e tudo ficou mais ágil. Os tempos de transição de uma cobertura para outra parecem ter diminuído e é possível mover-se com fluidez mesmo sob forte fogo inimigo. A mira também responde com mais agilidade e precisão e dificilmente você vai conseguir culpar os controles quando errar um tiro de sniper. Além disso, novos movimentos foram adicionados onde é possível pular coberturas em cima de um adversário e tonteá-lo, ou puxar um inimigo atrás de uma cobertura, para em ambos os casos aplicar uma finalização rápida.

As novas armas dão o tom de reconstrução do planeta devastado pós-guerra, com um lança-serras e um lança-estacas, equipamentos claramente industriais sendo utilizados para carnificina contra seus oponentes.

Os novos inimigos da CGO também trazem variantes interessantes das armas tradicionais em versões robóticas. Há uma nova sniper, doze e metralhadora turbinadas, mas não necessariamente melhores que as tradicionais.

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A inteligência artificial foi melhorada e seu grupo faz a diferença nos combates, derrotando inimigos de verdade, fechando ninhos de Locusts e revivendo seus parceiros ou até mesmo você nas situações de emergência. Isso vai ser necessário pois mesmo no nível Casual o jogo tem uma dificuldade acima da média e em muitos momentos você vai se sentir esmagado pelas incessantes ondas de inimigos. O nível Insano de dificuldade apresenta possivelmente a campanha mais difícil da série e exigirá habilidade acima da média dos jogadores. Necessário acrescentar que um parceiro para o cooperativo será muito mais proveitoso que a AI, que nesse nível não acompanha a dificuldade dos inimigos.

Aliás, a maior crítica para o multiplayer cooperativo é a exclusão do modo de 4 jogadores e do modo split-screen local no Xbox One (disponível no PC). Ainda que o segundo seja compreensível dada as limitações de hardware do console, o primeiro não faz muito sentido visto que em ao menos 80% da campanha você está acompanhado de outros 3 parceiros controlados pela AI. É um retrocesso que não acompanha a campanha com cooperativo em 4 jogadores de Gears of War 3.

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Bichinhos bonitos como esse são os novos chefes da fase

Uma das principais críticas com relação aos jogos de Gears era a falta dos chefões de fase. Quem aí não lembra de Gears of War 2 que tinha um inimigo final que simplesmente não atacava o jogador? Gears of War 4 resolve esse problema e entrega situações de chefes e sub-chefes em todos os atos da campanha pela primeira vez na série. Os chefes são impressionantes e as batalhas trazem jogabilidade diferenciada com maneiras distintas de derrotá-los. É uma adição muito interessante e traz uma sensação de conclusão maior para os capítulos da história.

Gráficos

Gears of War ficou conhecido por tomar o lugar dos jogos da série Unreal como demonstração de poder da Unreal Engine 3. No departamento gráfico Gears of War 4 mantém essa tradição e é um jogo incrivelmente bonito, mas é mais inconsistente do que os outros títulos nesse aspecto.

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A primeira cena jogável ilustra bem essa inconsistência, com gráficos meio apagados, texturas que não saltam os olhos e cenários não muito vivos, mas da segunda em diante o jogo melhora nesse aspecto e impressiona bastante. Os modelos de personagens são bem detalhados e as cutscenes impressionam e lembram CGs em diversos momentos. O capítulo 4 em especial traz um dos melhores gráficos já vistos no Xbox One.

No departamento técnico o título roda em 1080p e 30 FPS na campanha e 1080p e 60 FPS, no multiplayer, ambos sem queda. Isso graças ao recurso de resolução dinâmica, já utilizado em Halo 5: Guardians no Xbox One, onde a resolução se ajusta para não deixar a taxa de quadros cair em nenhum momento, priorizando a fluidez da jogabilidade sempre.

Multiplayer

Só depois de experimentar o multiplayer de Gears 4 é que é possível entender o quanto a jogabilidade melhorou com essa agilidade extra. O modo Horde 3.0 é simplesmente uma das experiências mais divertidas que já tivemos nos videogames graças ao cooperativo de até 5 jogadores.

Gears 4 é mais um título que possui o selo Xbox Play Anywhere e isso significa que comprar o jogo em qualquer plataforma dá direito tanto a versão Xbox One, quanto a de Windows 10. Ambas versões possuem crossplay entre plataformas nos modos cooperativos, sendo possível jogar o modo Horde, Coop versus e a campanha com jogadores no PC e no console.

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Você e mais 4 amigos enfrentarão as ondas de inimigos no Horde 3.0.

Apesar de ter o enredo mais fraco de toda a série, a inclusão dos chefes na campanha de Gears of War 4 e a jogabilidade absolutamente irretocável acompanhada de gráficos de cair o queixo (não em todos os atos, infelizmente) compensam o besteirol e a falta de carisma de JD Fenix e sua equipe de novatos. Felizmente o game vai muito além da campanha e os modos multiplayers expandem a experiência de maneira positiva, fazendo de Gears 4 uma compra obrigatória para todo dono de um Xbox One.

Prós

  • Inclusão de chefões diferentes em todos os atos da campanha
  • Modo Horde 3.0 é um dos mais divertidos multiplayers já criados
  • Jogabilidade refinadíssima. O melhor TPS já criado

Contras

  • Enredo fraco e sem propósito não evolui a saga
  • JD Fênix e seus amigos tem o carisma de uma porta
  • Gráficos lindos na maior parte do tempo, mas bem inconsistentes em locais específicos (começo do jogo e ato 5)
Átila Graef

One thought on “Análise – Gears of War 4

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