Análise – Assassin Creed: Liberation HD
“Nada é verdadeiro. Tudo é permitido.”
Desde o anuncio de AC3, a Ubisoft recebeu críticas que estava cedendo ao poderio financeiro do Tio Sam, deslocando sua série da velha Asia/Europa para o novo mundo. Nada foi mais incorreto. Com o retrato de um General Washington indeciso e por vezes medroso e um índio que faria toda a diferença na independência Americana, a Ubi mostrou uma grande coragem.
E isso se mantém em Liberation!
Antes exclusivo para o Vita, agora está disponível para os consoles de mesa em uma versão com gráficos melhorados, adaptado para as máquinas da geração atual e com legendas em Português. Como ele se saiu? Vamos dar uma rápida passada por esta versão de AC que poucos abonados com o portátil jogaram.
O Jogo
Seu personagem é Aveline, uma mulher com descendências africanas e francesas.
Você controla Aveline pelas terras de Nova Orleans dos meados de 1765 em diante. Uma terra tomada por Franceses, Espanhóis e… escravos. Bem no meio da Revolução Americana e logo após a Guerra Franco-indígena, Nova Orleans se mostrará um prato cheio para o jogador.
Aveline possui uma personalidade forte. Ao estilo “Femme Fatale” e seu sotaque franco-americano, se mostra uma personagem mais interessante que Connor. Mesmo os NPCs da cidade se mostram mais interessantes, pois eles repudiam ou paqueram, inclusive tentam assaltar Aveline.
-----------Spoilers do inicio da história --------------------
No inicio, você controla Aveline ainda criança, que se separa de sua mãe ao brincar perseguindo uma galinha. Logo Aveline se da conta que não ve mais sua mãe e vai procura-la. Enxergando um pouco a frente, corre atrás da mãe… porém ao encostar na mulher, percebe que não é ela, e sim uma mulher branca com roupas semelhantes.
Pelo ato abusivo de tocar numa mulher branca, um soldado da um tapão em Aveline, fazendo com que ela caia no chão e o guarda emite voz de prisão.
-------------------- Fim dos Spoilers ------------------------
O que mostra que a Ubi não vai pegar leve porque está em terras gringas. Inclusive os feitores de escravos são quase todos franceses… conterrâneos da produtora.
Um aspecto interessante nessa edição de AC é que seu personagem não é “acessado” por Desmond como nos jogos “canônicos”, mas sim pelo “próprio jogador”. O Animus é apresentado pela Abstergo como uma ferramenta de entretenimento ao cidadão comum. Que no Vita ficaria bem divertido.
Gameplay
Em termos de gameplay, AC3 Liberation é o que se espera de um AC:
Parkour, assassinatos, armas, missões, colecionáveis, pontos de sincronização, confronto com templários e uma side-story de com informações da Abstergo.
Uma boa noticia é que Liberation, diferente de seu “irmão” maior, o AC3 original, possui mais missões características da série. Assassinatos e espionagem. Por enquanto, nada de bancar o carteiro ou missões bestas de caça. No máximo, matar um aligátor para pegar seus ovos (colecionáveis) mas nada que dure mais do que 10 segundos.
Mas essa versão de AC possui algo especial, Aveline possui uma caracteristica única nos jogos da série, DISFARCES! Claro, você pode lembrar de uma ou outra missão de Ezio ou Connor se disfarçando em algum momento, porém no caso de Liberation, esse aspecto é fundamental para a estratégia do jogo. E isso o torna único.
Aveline pode usar 3 tipos de disfarces “a seu bel prazer” (no inicio, o jogo permite escolher apenas um. Basicamente temos as primeiras fases como tutoriais).
Os disfarces são:
Assassina – No qual Aveline tem todo o seu poder luta liberado, podendo invocar um “poder “ do assassino, que permite um combo matando vários soldados ao mesmo tempo. Pode escalar livremente também. Porém é rapidamente reconhecida pelos guardas. O nivel de procurada pode ser diminuído (mas nunca zerado), subornando magistrados pela cidade.
Escrava – é um meio termo dos disfarces, não permite usar todo o poder de luta de Aveline, limita a carregar apenas armas ocultas, e cada vez que escala alguma coisa, caso seja vista por qualquer cidadão da cidade, seu nível de procurada sobe um pouco. Porém o disfarce de escrava permite a Aveline evitar mais os guardas, imitando tarefas dos escravos, como carregar caixas, é possível inclusive passar entre eles. O nível de procurada pode ser diminuído rasgando cartazes na cidade (usando qualquer disfarce).
Dama – Aveline usa um longo vestido, característico da alta sociedade da época. Isso limita os movimentos de Aveline, impedindo-a de escalar, e limitando muito as opções de luta (apenas a hidden blade é usada). Porém, ela pode passear entre guardas e a alta-sociedade em missões de forma tranquila, e tem o poder de “sedução” que usa para passar por guardas que protegem lugares proibidos. Pode receber gracejos ou ser assaltada na rua.
Os comandos foram muito bem adaptados para a versão de consoles. Todos os controles touch e giroscópios do Vita foram portados para controles comuns sem grande perda.
Pra quem jogou AC4, pode sentir um pouco a perda de facilidades da visão Aquilina, como a possibilidade de enxergar alvos marcados através de paredes ou a fácil identificação de locais para se esconder.
Gráficos
Como se trata de um jogo desenvolvido para portátil, os gráficos são razoáveis, obviamente que os modelos não utilizam as técnicas mais recentes dos consoles de mesa, porém não faz feio. Com texturas meio lavadas e menor contagem de poligonos, consegue passar como um jogo multi-plataforma com bons gráficos (nada espetacular) do meio da geração PS360.
A região sulista dos EUA é muito bem retratada no jogo, como a cidade de Nova Orleans, com construções características da época, roupas características e o conhecido pântano da região, com seus aligators e contrabandistas.
O que acaba chamando mesmo a atenção do jogador é a bela arte feita para retratar a região e seus personagens.
Som
A sonorização de AC3: Liberation HD não é nada espetacular porém não é decepcionante. Os efeitos são bem convincentes para os ambientes (cidade ou pântano) e as musicas existentes servem apenas para dar clima ao momento (tensão, emoção, etc…).
Destaque ficam para HUMHUMMS e HUNFS emitidos por NPCs engraçadinhos dependendo de qual disfarce usa Aveline e a situação em que ela se encontra.
Conclusão
Para quem curte de verdade a série, vale muito a pena pegar este jogo. Ele é divertido e tem tudo o que AC deve ter e o “plus” dos disfarces que mudam um pouco o gameplay, o ambiente é bem feito e da gosto explorar as redondezas.
Pra quem curtiu AC2, e achou AC3 ruim, esse título vale a pena dar uma conferida.
Quem não gostou da série ou não é “iniciado”, fique longe.
Prós:
– Bom Personagem
– Momento histórico interessante
– Adição de disfarces
– Missões Relevantes
– Boa ambientação
Contras:
– Gráficos lavados
– Curto
– Mapa Pequeno
– Pouca variedade de NPCs