Análise: Puppeteer
Com o avanço dos jogos 3D, o gênero de plataforma 2D perdeu cada vez mais representantes ao longo das gerações. Mas com o advento da distribuição online digital nas redes como a PSN, uma onda de jogos indie mostrou que esses títulos ainda tinham um público fiel. Com isso o gênero voltou a ganhar força e chamar atenção das empresas que resolveram investir em títulos de maior orçamento exclusivos para suas plataformas. É o caso de Puppeteer, exclusivo da Sony para o PlayStation 3, um jogo old school, que trás algumas inovações e um acabamento moderno.
História
Em uma noite escura, o protagonista Kutaro foi levado pelo diabólico Moon Bear King para um castelo sombrio, onde o pobre garoto foi transformado em uma marionete. Após transformá-lo, Moon Bear King devorou sua cabeça de madeira e jogou fora o seu corpo. Por ser um boneco, Kutaro não morreu e ganhou a habilidade de mudar de cabeça sempre que quiser. Ao longo da aventura o jogador coleciona novas cabeças, que mudam a estética do personagem e devem ser utilizadas para acessar estágios secretos.
É possível manter 3 cabeças durante o jogo, e elas também funcionam como sua barra de energia. Se perder sua cabeça, perde uma energia e se ficar sem cabeças, perde uma vida. Além disso, o jogo conta com uma mecânica exclusiva da tesoura mágica onde você pode cortar seu caminho pelos cenários.
Platéia, luzes, ambientação, música e narrativa combinam-se para a criação de uma experiência de narrativa bastante original. Puppeteer se desenrola como se fosse uma peça de teatro e os cenários dos estágios mudam constantemente como se você estivesse em um palco acompanhando a jornada de Kutaro para recuperar sua cabeça original e voltar a ser um humano.
Jogabilidade
Responda rápido: Qual era a mecânica básica que definia a maior parte dos plataformers old school? Basicamente você passava por uma fase ou um conjunto delas, e era recompensado com um chefão final, onde tinha que derrotá-lo pra prosseguir, ganhando as vezes uma nova habilidade pra usar nos estágios seguintes.
Puppeteer segue essa mecânica à risca e trás um chefe final pra cada uma das suas 21 fases, divididas em 7 capítulos da peça ou “mundos” com batalhas que são sempre muito variadas, e o design dos chefes bastante inspirado. Essa surpresa é o que motiva o jogador a atravessar os estágios que no geral não apresentam grande desafio. Talvez a maior crítica em cima de Puppeteer seja sua dificuldade. Infelizmente o jogo não herdou isso do gênero que ele trás de volta: tudo em Puppeteer é muito fácil, e você vai jogar o jogo de maneira descompromissada sem grandes dificuldades, estando mais interessado em chegar ao próximo chefe pra ver como ele é, sem grandes motivos pra temê-lo. Como dito, tanto o design quanto o desafio dos chefes são variados, mas ao derrotá-los você será recompensado com um QTE (Quick Time Event) muito simples para dar o golpe final no oponente, o que tira um pouco da graça nas vitórias.
A jogabilidade é bastante precisa e controlar Kutaro é simples e intuitivo como você esperaria. Usar a tesoura pra cortar objetos trás alguma novidade ao gênero e muda um pouco o sistema do jogo ao correr pelos estágios cortando objetos. Ainda assim mais dificuldade tornaria esse jogo muito mais interessante para o público alvo dele. Kutaro ainda conta com algumas outras habilidades que adquire ao longo da aventura, como um escudo refletor, jogar bombas, uma espécie de “pisão” ou usar um gancho pra puxar objetos e inimigos, o que garante mais variação durante os estágios e chefes e melhora bastante a experiência do jogo da metade do game em diante, quando você tiver todo o set de habilidades destravado.
Som
Talvez um dos fatores mais cansativos do jogo esteja na parte sonora. Em muitos jogos, o menos pode ser considerado mais, e no caso de Puppeteer isso funcionaria muito bem para o desnecessário narrador do jogo. Entendemos que é uma peça de teatro e o narrador tenta dar o clima, mas seria melhor se ele não falasse tanto durante os estágios, descrevendo as situações que você já está vendo. Essa idéia funcionou muito bem em jogos de ação mais cadenciada como Bastion por exemplo, mas aqui acaba por cansar um pouco o jogador em determinadas situações, como por exemplo, ter que escutar a mesma longa e tediosa frase ao passar cada estágio, ou ter que esperar a abertura da próxima frase vendo uma imagem de artwork do jogo e escutando o narrador falar ao menos 30 segundos pra só então prosseguir na aventura. É possível pular essas telas, é claro, mas ainda assim, jogadores que gostam de acompanhar toda a história não vão optar por fazê-lo e vão acabar se cansando com isso.
Por outro lado, as músicas dão um tom equilibrado a aventura, sem grandes trilhas memoráveis, desempenhando o seu papel de música de fundo, com a exceção das últimas fases onde o tema acaba agradando mais o jogador durante a ação.
Gráficos
O ponto alto do jogo, o estilo de Puppeteer é único. Tudo é visto como se o jogador estivesse em um teatro, cada nível precedido pela abertura de uma cortina vermelha e aplausos da platéia assistindo, e os estágios tentam parecer parte de uma peça montada simulando situações pra isso. Os holofotes brilham para baixo sobre os personagens principais e há aplausos, vaias e gritos de simpatizantes do público de modo que eles eles reagem a um salto ou uma queda. Objetos como marionetes, mostrando cordas ou suportes, e engrenagens ao fundo, ou então efeitos de fumaça que parecem ser objetos de papelão propositalmente pra que você possa cortar, dão o tom certo ao estilo único proposto pelo jogo.
Os chefes são realmente o ponto forte das fases e tem um ótimo design, muitos deles gigantescos. Pegando a batalha contra a serpente no deserto como por exemplo. É um inimigo gigantesco e você terá de percorrer um estágio ao longo de seu interior surfando em suco gástrico antes de arrebentar suas costuras e caça-la através das areias do deserto. A variação dos cenários ajuda muito no clima e você vai desde o deserto, até o gelo, passando inclusive pelo espaço. O jogo faz até menção de um “meme” conhecido da Sony, o Giant Enemy Crab, com um inimigo caranguejo gigante que te diz pra acertar o seu ponto fraco para causar “massive damage”.
Finalizando, Puppeteer é um pouco peculiar, e diferente do seu jogo de plataforma convencional. No que se propõe ele funciona bem, com ótima variação de inimigos, estágios e jogabilidade. Infelizmente peca em dois aspectos: na falta de dificuldade, o que pode afastar alguns jogadores que buscam mais desafios e no timing do seu lançamento, muito próximo de jogos de franquias mais consagradas como GTA V e Rayman Legends, que podem fazer com que Puppetter seja um jogo que fique à sombra desses outros títulos.
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