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Análise – Super Mario 3D World

A história de Mario se confunde com a da Nintendo e dos próprios videogames. Nascido como coadjuvante em um jogo do Donkey Kong, o personagem foi crescendo até se tornar o mascote da Nintendo e provavelmente o maior e mais conhecido personagem dos games.

De juiz em lutas de boxe a atleta em competições olímpicas, Mario pode ser visto fazendo participação em quase todo tipo de jogo que se pode imaginar mas, por mais estranho que possa parecer, ter o Mario presente em um jogo, não o torna um jogo do Mario.

Mantendo o estilo side-scroller nas eras dos 8 e 16 bits, a partir do Nintendo 64 a franquia Super Mario Bros. migrou para o 3D e, buscando agradar aos fãs que sentiam falta do clássico 2D, em 2006 a Nintendo criou uma série paralela chama New Super Mario Bros. O último jogo desta nova franquia, New Super Mario Bros. U, foi jogo de lançamento do WiiU e conseguiu as melhores avaliações entre todos os jogos de lançamento dos consoles de nova geração.

Apesar de NSMBU ser um ótimo jogo, a franquia  tem a característica de ser conservadora, portanto os jogadores já sabiam mais ou menos o que esperar. Com certeza os fãs do clássico se sentiram satisfeitos com o título, mas para a maioria das pessoas, NSMBU não passou de um aperitivo. Um prato de entrada para a inevitável chegada do novo jogo da série principal, em 3D, e com as inovações que deixaram a série sempre em evidência nestes 28 anos de existência.

Super Mario 3D World chegou com uma alta responsabilidade e carga de cobrança por dois motivos:  primeiro porque faz parte de uma série de lançamentos recentes da Nintendo que buscam aquecer as vendas tímidas do WiiU, e em segundo porque é o sucessor de Super Mario Galaxy 2, para muitos, um dos melhores jogos de todos os tempos. Comparações e opiniões de qual é melhor a parte, a boa notícia para os fãs é que Super Mario 3D World atende completamente às expectativas.

Gráficos

Umas das maiores dúvidas de todos os fãs era como a série ficaria no seu primeiro jogo em HD. As texturas buscariam um visual mais realista? A arte sofreria mudanças? Bom, as texturas e o visual estão sim mais realistas, mas sempre no limite para não descaracterizar o jogo e a sua arte.  Seja nos blocos de madeira, na grama ou nos bloco plásticos coloridos, todas as texturas tem inspiração em peças de brinquedos, e conseguem reproduzir a aparência de peças reais com extrema fidelidade. Assim como em Pikmin 3, a Nintendo conseguiu reproduzir um dos efeitos de água mais bonito dos consoles e, só não é o recurso visual que mais chama a atenção, porque a iluminação e os reflexos conseguem superar e roubar a cena, principalmente nas fases subterrâneas e de praia.

A animação dos personagens recebeu um cuidado maior do que nunca. Observar a movimentação dos personagens com a Cat Suit, ou um Koopa desesperado correndo atrás do casco que lhe foi roubado, são detalhes que divertem até mesmo quando não estamos jogando. Seja na faísca gerada no chão quando entramos em alta velocidade, nos inimigos nos acompanhando com os olhos e reagindo à nossa passagem, ou nas roupas, peles e até tela molhados nas fases de chuva, não há um detalhe do jogo que não tenha sido pensando com todo o capricho que se esperaria da Nintendo. Tudo isso rodando com 4 jogadores simultâneos a 60 frames por segundo em um jogo de apenas 1702MB.

Som

Como de costume, a trilha combina musicas de outros jogos com novos arranjos, e músicas totalmente inéditas. Desta vez o time de Koji Kondo criou para os temas principais um jazz cheio de metais. O jogo também conta com diversas composições temáticas, como  uma música quase natalina para as fases na neve e um smooth jazz com influências caribenhas para fases de praia. Nas fases no circo, uma música típica de picadeiro ganha vida e evolui junto com o seu avanço, chegando ao encerramento junto com a fase. A sensação de imersão é incrível. Some a isso músicas arquestrada, eletrônica, groove, etc e você tem o que provavelmente é a trilha mais variada de todos os jogos da série.

As vozes dos personagens contam com a já clássica dublagem de Charles Martinez. Por falar em clássicos, o que não vai faltar em Super Mario 3D World são momentos e sons clásicos pra você recordar. Passando pela música da fase bônus de Super Mario Bros. 2, música da morte de Super Mario Bros 3 e a estágios com música e tema de uma outra grande franquia da Nintendo, Super Mario 3D World é recheado de fã service e identificar estas referências acaba sendo uma parte da diversão.

Gameplay

A primeira vista o grande diferencial de Super Mario 3D World é a possíbilidade de jogar com 4 personages (um quinto é liberado mais tarde no jogo): Mario, Luigi, Peach e Toad. Todos os personagens tem jogabilidade diferente e herdaram suas hablidades de Super Mario Bros. 2, sofrendo somente alguns ajustes. Mario é o personagem equilibrado sem nenhuma fraqueza ou habilidade destacada. Luigi tem o pulo mais alto dos 4, mas derrapa bastante no chão. Peach consegue planar no ar por algum tempo, mas é a mais lenta dos 4 e Toad é o mais rápido e com mais controle no chão, porém tem o pulo mais baixo e com menor flutuação.

O jogo suporta o multiplayer local para até 4 jogadores e todos os controles do WiiU e do Wii, (inclusive o Classic Controller) são suportados. Embora seja a princicípio cooperativo, o próprio jogo incentiva um espírito competitivo entro os jogadores, dando o placar de cada um no final da fase e presenteando o vencedor com uma coroa, que pode ser tomada a força pelos outros jogadores, e garante uma pontuação extra para quem chegar à bandeira com ela na cabeça. Com essa competição, é normal que algumas vezes cada um vá para um lado e fique difícil controlar o avanço da tela. O jogo tenta ao máximo contornar este problema diminuindo o zoom nesses casos e, se necessário, colocando o jogador que está ficando pra trás em uma bolha voadora, que passa a acompanhar os jogadores da frente, até que algum amigo ou o próprio jogador a estoure. A bolha também é usada quando alguém morre, ou pode até ser ativada pelo próprio jogador, caso ele acredite que não consegue acompanhar os demais por algum instante e não queira acabar com o estoque de vidas da equipe, que é compartilhado.

Além das habilidades individuais de cada um, os power-ups dão poderes especiais aos personagens. Em 3D World os power-ups estão mais numerosos do que nunca e bem distribuídos entre as fases, fazendo com que o seu uso nunca se torne algo repetitivo. Alguns power-ups clássicos retornam e alguns novos são introduzidos, sendo o mais importante deles, sem dúvida a Cat Suit.

Tendo como inspiração óbvia a jogabilidade de Super Mario 3D Land de 3DS, após alguns poucos minutos de jogo já podemos perceber que em 3D World o design das fases está em um nível muito superior em variedade e tamanho, mas talvez o maior diferencial esteja em como as fases podem ser exploradas, e isso se deve principalmente à Cat Suit. A roupa de gato da a Mario o poder de escalar paredes e se lançar em ataques aéreos. Essas duas aparentemente simples habilidades garantem que todas as fases possam ser exploradas à exaustão na horizontal e na vertical e, o jogo nao só te permite tal exploração, como a incentiva, escondendo os colecionáveis nos lugares mais inesperados.

Exploração é um tema importante porque, desde sua criação, e em um nível cada vez maior em cada versão, Super Mario Bros. é um jogo em que terminar a fase é só uma parte do caminho. A maior parte do desafio e diversão do jogo está em encontrar os itens escondidos e passagens secretas. Em Super Mario 3D World, cada fase esconde um número de estrelas verdes (geralmente 3) e um carimbo. As estrelas são usadas para destravar novas fases e os carimbos para criar desenhos em posts do Miiverse. Embora não seja obrigatório para chegar ao final do jogo, pegar todos estes colecionáveis além de alcançar o ponto mais alto do mastro da bandeira em todas as fases, é a única maneira de garantir que tudo que o jogo tem a oferecer seja liberado.

Apesar de o foco do jogo ser todo no offline, o jogo oferece alguns interessantes recursos online. Quando terminada uma fase, é possível criar um post no Miiverse fazendo algum comentário, oferencendo ou pedindo alguma dica. Embora os posts fiquem visíveis só após a fase ser completada, é possível que alguns spoilers incomodem alguns. É difícil criticar quem ajuda, já que o número de pessoas pedindo dicas também é enorme, portanto o melhor é respeitar a liberdade de escolhas e, se sentir incomodado, desligar o recurso. Após o termino das fases o jogo também libera os ghosts, que são reproduções do Mii de alguns jogadores refazendo o percurso por eles percorrido. Seguir os ghosts pelo estágio pode ser um modo intermediário interessante de conhecer novos caminhos e aprender alguns truques novos sem ler as dicas, geralmente mais explícitas, dos posts do Miiverse. Assim como os posts, os ghosts também podem ser desativados.

O jogo também conta com algumas fases onde controlamos o Capitão Toad com uma jogabilidade totalmente diferenciada, além de vir com uma cópia gratuíta da versão caseira de Mario Bros., originalmente lançado em 1983 para arcades, mas aqui alterada para ser protagonizada por Luigi, afinal de contas, ainda estamos comemorando o ano do Luigi.

Mesmo com tudo que foi dito aqui, o jogo ainda guarda muitas surpresas, mas é só jogando que você irá descobrir os segredos e conhecer mais a fundo todas as qualidades deste jogo incrível. Sozinho ou com amigos, durante todo o tempo em que estiver jogando Super Mario 3D World, é difícil tirar o sorriso do rosto. O jogo é uma aula de design, arte, música, variedade, conteúdo, jogabilidade e diversão. Um dos melhores jogos do ano e um representante a altura da maior série de video game de todos os tempos.

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