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Análise – Uncharted 4: A Thief’s End

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O melhor jogo do PS4
Uncharted 4: A Thief's End eleva o nível geral da indústria dos jogos e é o tipo de produto que vai cativar até mesmo aqueles que não são tão chegados em videogames.

A tão esperada sequência da saga de Nathan Drake finalmente está aqui. Anunciado em 2013, previsto inicialmente para 2015 e adiado para 2016, Uncharted 4: A Thief’s End é o título mais aguardado desde o lançamento do PlayStation 4. Produzido pela Naughty Dog, o jogo é o carro chefe do console da Sony e desde o seu trailer, o hype pelo título só aumentou.

Mas será que o jogo consegue apagar a má impressão do curtíssimo Uncharted 3: Drake’s Deception, e ficar a par com o Uncharted 2: Among Thieves, considerado o auge da série? É o que veremos nesse review.

Gráficos

Normalmente não abro meus reviews falando de gráficos. Considero um elemento importante, mas secundário, que sozinho não faz a experiência, mas a complementa quando encontra boa jogabilidade.

No caso de Uncharted isso pode ser revisto. Desde o primeiro jogo, a série é conhecida pelos seus visuais, que arrancam todo o poder de processamento dos consoles da Sony. Com Uncharted 4, obviamente não seria diferente.

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Se tiver que resumir numa frase? Uncharted 4 é o jogo mais bonito que já vi na vida. Ponto final. Se tiver que alongar? Inclua nesse comparativo, qualquer jogo de PC no meio.

Até a data de hoje, não existe nada com melhor apresentação visual do que Uncharted 4: A Thief’s End. Esqueça o PC e suas placas de 1000 dólares. A Naughty Dog conseguiu novamente e Uncharted 4 é o novo benchmark gráfico a ser batido.

Esqueça serrilhados, problemas de v-sync, ou slowdowns. Jogamos em 60 polegadas e na parte gráfica simplesmente não existem defeitos.

Rodando a 1080p e 30 FPS constantes e sem quedas, o jogo entrega cenários que simplesmente se misturam com a realidade. Jogadores mais antigos vão lembrar de Gran Turismo 3 no PlayStation 2 como um dos primeiros casos de foto realismo num jogo de corrida. Jogos de corrida resumem-se em carros, elementos não-orgânicos, e pistas que são ambientes fechados. A soma dos dois fatores normalmente pende para o foto realismo, porque esses objetos são mais fáceis de serem simulados num motor gráfico.

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Seres humanos e cenários abertos são casos completamente diferentes. E é aqui que o título brilha, porque esse é um dos primeiros casos de foto realismo em um jogo de ação. Olhar para uma tela de Uncharted 4 e ver Nathan Drake correndo nos cenários variados do jogo, por vezes confunde o jogador com um filme ou até mesmo a realidade. A movimentação é variada e absurdamente realista. Os cenários amplos, com detalhes únicos numa floresta (onde cada árvore parece ter seus galhos e folhas modelados individualmente), ou nos templos fechados (onde o reflexo da sua lanterna na poeira do ambiente realmente passa a impressão de que você é a primeira alma viva a pisar naquele lugar em centenas de anos), são efeitos nunca antes vistos nos videogames.

O jogo sabe do que entrega e oferece um modo de fotografia, para capturar o melhor ângulo de cada momento durante sua campanha. É um extra muito bacana e sem dúvidas ainda proporcionará diversas imagens fantásticas.

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Se tenho algo a criticar? Bem, a decisão do modo stealth onde os inimigos ficam rodeados com uma aura branca, amarela ou vermelha, dependendo do nível de alerta, realmente quebra a imersão do foto realismo que o jogo proporciona. Poderia ser mais sutil.

História

Escrita por Neil Druckmann, Josh Scherr e Tom Bissell, o enredo se passa três anos após os eventos de Uncharted 3: Drake’s Deception. Sam, o irmão mais velho de Nathan, considerado morto até então, aparece vivo e em apuros, tendo prometido a um mafioso (ou sendo forçado a isto) encontrar um artefato relacionado ao tesouro perdido de 400 milhões de dólares do pirata Henry Avery.

Drake já havia tentado, sem sucesso, encontrar o tesouro no passado e, assim, é forçado a voltar à ativa como ladrão profissional. Os dois irmãos, com a ajuda de Sully, partem numa viagem ao redor do mundo, na busca do mítico tesouro para salvar a pele de Sam e acumular alguma riqueza.

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A levada da história adota um estilo mais cinemático e está mais para The Last of Us do que para a série Uncharted propriamente dita. Isso não é ruim de maneira alguma, pois o enredo é muito bem escrito e os personagens bem desenvolvidos e cativantes. Você realmente tem a impressão de que está na pele de um Nathan Drake casado e aposentado, com uma vida normal, e se vê no dilema de ter que voltar à ação para ajudar o seu irmão que se meteu numa enrascada das brabas.

O reflexo desse “estilo Last of Us” é que você vai assistir cutscenes mais longas, mas em nenhum momento elas são cansativas ou desnecessárias. Ao contrário, Uncharted 4 tem uma levada no enredo, que a cada momento te faz querer continuar jogando mais e mais, afim de resolver o próximo problema da aventura de Nathan Drake.

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Jogabilidade

Ainda que o ditado pregue que não se deve mexer em time que está ganhando, a jogabilidade de Uncharted nunca foi exatamente a melhor do gênero TPS (Third Person Shooter/Tiro em Terceira Pessoa). Considerada por muitos menos precisa que a de seu principal concorrente da Microsoft, Gears of War, a Naughty Dog fez a lição de casa e entregou um jogo bem mais refinado nesse aspecto.

Controle e mira são mais precisos no geral. Você sente o peso de cada arma e se sente mais no controle do personagem durante o tiroteio. Arrisco dizer que a Naughty Dog não está devendo nada para Gears of War nesse jogo.

Já as partes de plataforma mantém o padrão da série e continuam muito boas, com controles soltos, permitindo ao jogador saltar onde e como quiser.

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Nas novidades, temos a corda de rapel, que permite a Drake se pendurar em locais específicos e atravessar grandes distâncias, e até mesmo pode ser usada em meio ao combate para ataques especiais contra os inimigos.

O jogo mantém muitas das mecânicas encontradas nos títulos anteriores da série, apesar de existirem várias mudanças na jogabilidade, principalmente na forma como o jogador se move e interage com o ambiente. A progressão das fases continua linear, mas agora os cenários contam com mais espaço para exploração. Mesmo assim, é difícil querer parar para explorar quando o jogo mantém um ritmo tão alucinante de ação constante. Raros são os momentos de descanso onde Drake está sossegado para simplesmente observar a paisagem. Mas quando eles acontecem, vale a pena retomar o fôlego e admirar a beleza dos cenários.

Multiplayer

O multiplayer nunca foi o carro chefe da série, mas recebeu mais atenção em Uncharted 4.

Há uma troca inteligente do super realismo da campanha: a escolha por mais fluidez, com 60 quadros por segundo. Perdemos um pouco nos gráficos, mas ganhamos em jogabilidade e respostas mais rápidas e precisas, que são essenciais para esse modo de jogo.

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Agora Nathan, Elena, Sam, Sully, Chloe (e vários outros personagens) aventuram-se nos modos competitivos que chegam com a promessa de receber conteúdo adicional gratuito pelo primeiro ano do jogo.

O multiplayer é recheado com opcionais, que podem ser adquiridos através de micro-transações, ou com pontuação adquirida dentro do jogo. No entanto, a maior parte dos modos multiplayer se encontram indisponíveis para jogar antes do lançamento e, por isso, faremos uma avaliação posterior mais completa.

O jogo mais impressionante do PS4

Uncharted 4: A Thief’s End prova que os consoles não estão morrendo coisa nenhuma. A proposta da série de elevar o patamar gráfico é mais uma vez cumprida e a Naughty Dog confirma sua posição de ser uma das mais importantes desenvolvedoras da atualidade, entregando não somente o melhor jogo da série, mas o jogo mais impressionante do PS4 até agora.

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É o final perfeito para uma saga que conseguiu transformar o protagonista Nathan Drake, à primeira vista “genérico” e muito comum, num personagem único e cativante. Um cara que parece seu conhecido, seu amigo, alguém com quem você se identifica simplesmente por ser humano, antes de ser um herói do impossível.

Se o jogo tem defeitos? Com certeza. Se a minha imersão foi quebrada em algum momento da experiência por algum deles? Nem percebi.

Uncharted 4: A Thief’s End eleva o nível geral da indústria dos jogos e é o tipo de produto que vai cativar até mesmo aqueles que não são tão chegados assim em videogames.

Átila Graef

Comments (3)

  1. Ótima análise, Átila.
    Só faz crescer ainda mais o hype pra colocar as mãos nessa obra prima.
    Parabéns, ND!

  2. Excelente análise, Uncharted 2 foi o game que mais me surpreendeu graficamente na geração passada, estou ansioso para jogar esse, espero que esse salto gráfico vire exemplo para outras empresas também.

  3. Foda! Ansioso pelo lançamento desta maravilha.
    Ótimo review, Átila!

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