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BAKERU

Quem vivenciou o mundo dos games nos anos 90, especialmente após o lançamento de Super Mario 64, sabe que jogos de plataforma em 3D eram lançados aos montes. Praticamente todo mês saia alguma coisa e os fãs desse “novo” gênero(eu incluso) tinham motivos de sobra pra comemorar, mesmo que dentre esses milhares de títulos haviam uns de qualidade bem duvidosa, afinal era uma época de experimentação.

Após os anos 2000 ainda tiveram bastante jogos de plataforma em 3D, porém era evidente que as coisas já estavam migrando para uma nova era. Essa era(que ainda perdura de certa forma) foi marcada pelo aumento de jogos voltados pro público adolescente/adulto que, teoricamente, não se interessavam mais por jogos de “bichinho” ou mascotes. Levando em consideração que praticamente todos os jogos de plataforma 3D eram protagonizados por personagens assim, infelizmente vimos um declínio no gênero muito por culpa do desinteresse dos jogadores.

Tinha que ter uma fase de praia.

Eu pessoalmente fiquei muito impactado por isso e olha que eu já era adulto no começo dos anos 2000. Poucas empresas ainda se arriscavam nesse mercado e tudo se agravou ainda mais depois que a RARE saiu das asas da Nintendo. Mais de duas décadas se passaram desde essa seca do gênero, que apesar do tom meio dramático ele continua vivo(viva os indies!), eis que em novembro do ano passado o estúdio Good-Feel que desenvolveu jogos como o recente Princess Peach: Showtime! e Kirby’s Epic Yarn lança o Mameda no Bakeru.

Com claras inspirações na série Gambare Goemon(Mystical Ninja no ocidente) da Konami, Mameda no Bakeru pegou o púbico de surpresa com sua pegada clássica de plataforma 3D em um console moderno, quem diria, hein? Os fãs mais entusiasmados do gênero ficaram de olho no game, mas sem um anúncio pro ocidente era mais complicado manter essa empolgação toda, afinal foi-se o tempo de alugar um jogo japonês maluco na locadora ou comprar por 5 reais o CD na banquinha, certo? Para felicidade geral da nação, a Spike Chunsoft decidiu publicar o jogo no ocidente sob o nome de BAKERU(Switch e PC) e finalmente cá estou para dizer o que eu achei dessa empreitada que me fez sorrir que nem uma criança novamente.

Olha o visual desse jogo pessoal!

BAKERU é essencialmente um jogo de plataforma 3D com movimentação livre e total controle de câmera, permitindo você explorar os cenários do jogo da maneira que achar melhor. Essa exploração tem um propósito que é a obtenção de colecionáveis, no maior estilão Banjo-Kazooie. Existem dois tipos de coisas pra colecionar, uma delas são tipo “lembrancinhas” das fases e há 3 delas em cada uma delas, o outro é um “cocozinho”(5 por fase nesse caso) do conhecimento que passa ao jogador umas curiosidades reais sobre o Japão, aprendi demais com isso e como professor eu valorizo demais esse tipo de inserção cultural dentro do games, algo raro por sinal.

Esqueci de dizer que Bakeru é o nome do personagem principal e ele até visualmente lembra muito o Goemon. O controle do nosso herói é maravilhoso, bem preciso e com movimentos variados, achei carismático que até aquele back-jump do Mario 64 ele possui, meio inútil no entanto. Além dos elementos plataformísticos o jogo possui um combate até que levemente complexo, BAKERU ataca usando duas baquetas de Taiko(um instrumento de percussão japonês) e cada uma delas é mapeada nos botões LR do controle do Switch, versão que estou jogando pra essa análise. É muito gostoso detonar os inimigos nesse game, dá uma sensação gostosa quase parecido com um jogo tipo “briga de rua” e fica ainda melhor mais pra frente quando nós destrancamos diversas transformações, o jogo não para de surpreeender.

Há certos momentos que a câmera fica fixa como nesse segmento aqui.

Não adiantaria de nada ter super controles se o design de fases não fosse interessante e posso dizer que BAKERU possui fases muito bem construídas e variadas, ficando bem próximo dos melhores jogos da era de ouro do gênero. Algo bem interessante que gostaria de comentar é como o jogo se parece mais com os plataformas 3D do PlayStation do que os do Nintendo 64, só não sei explicar exatamente o motivo, mas quando você for jogar(sei que vai), veja se não tenho razão. Pode ser pelo fato do jogo ser mais direto ao ponto enquanto os grandes hits do 64 eram mais abertos, bem, posso estar ficando com a memória meio afetada também.

Visualmente BAKERU é um deleite, o jogo possui um estilo artístico muito estilizado que cai como uma luva em consoles com poderio técnico mais simples como o Switch, sendo o mais impressionante mesmo a variedade de ambientes mesmo sendo tudo dentro de um “Super Japão”, algo que Goemon fazia muito bem e novamente estou falando dele… Nem tudo é perfeito no entanto, a produtora decidiu deixar o jogo com a taxa de quadros destrancada e isso pode atrapalhar um pouco a experiência. Explicando em termos mais simples, a taxa destrancada faz com que os frames aumentem ou diminuem conforme o que está sendo renderizado na tela, se você colocar a câmera numa posição mais alta possível por exemplo, verás que a taxa de frames aumentará porque há poucos elementos na tela, porém assim que voltamos ao normal a coisa volta pro patamar de uns 30 FPS, o que honestamente é perfeitamente normal pra um jogo do gênero. Clássicos como Banjo-Kazooie, Sonic Adventure, Spyro the Dragon e até Super Mario 64 rodavam a 30 FPS(ou até menos) e a experiência era excelente. Enfim, não é um super defeito, porém às vezes dá um pouco de dor de cabeça.

Densas florestas também fazem parte do repertório.

Musicalmente é legalzinho, infelizmente as faixas são pouco marcantes e chegam só a combinar com as fases, nada que vai fazer você cantarolar as músicas depois que tiver terminado a jogatina. O jogo tem algumas cutscenes que contam a história, nela podemos ouvir a voz dos personagens(em japonês, lógico) e isso por si só já faz ganhar alguns pontinhos nesse quesito.

VEREDITO

BAKERU trouxe de volta um gênero tão querido e de uma forma magistral, a Good-Feel fez um trabalho exemplar que, de certo modo, modernizou os plataformas em 3D e ainda sim mantendo aquela mágica que nos fazia ficar tão feliz nos anos 90. Apesar de ter sido uma análise com grande peso nostálgico, BAKERU é um jogo pra toda família e pode ser uma excelente introdução ao gênero para os pequeninhos também!

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