Balan Wonderworld foi co-desenvolvido pela Arzest e Balan Company e publicado pela Square Enix para Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC. É um jogo de plataforma oldschool, produzido por grandes nomes como Yuji Naka e Naoto Oshima, que fizeram parte da vida de milhões de jogadores brasileiros no auge da SEGA.
História e Narrativa
Balan Wonderworld é um jogo que conta uma história simples, porém profunda. Fala sobre os males que afetam a humanidade e seus demônios, e isso é contado de uma forma bem infantil, o que pode afastar jogadores mais velhos, mas é um creme para as crianças.
Aqui não existe um desenvolvimento narrativo complexo, pois o jogo inteiro se baseia em platformers 3D clássicos, até de mais para o que estamos acostumados a jogar em 2021. O game começa no Balan Theatre, um mundo mágico e protegido pelo misterioso mago que dá nome ao game: Balan.
Esse teatro aparece quando uma pessoa perde o equilíbrio emocional, o que acaba gerando portais para o Wonderworld, um lugar que mistura realidade e fantasia, e espelha memórias e sentimentos dos hospedeiros.
As crianças Leo Craig e Emma Cole são os protagonistas e são atraídos para o Balan Theatre, incumbidos de viajar entre os mundos do Wonderworld para purificar os corações e reequilibrar as emoções dos personagens que participam de sua jornada.
Jogabilidade
Yuki Naka é um designer veterano e todos seus jogos têm a mesma premissa: um botão de ação. Seria uma visão até interessante, se videogames não estivessem em constante evolução. Na minha visão essa metodologia limitou o jogo e fez com que vários elementos gameplay ficassem meia boca.
Ter somente um botão de ação não é um problema por si só, mas em Balan o jogo tem fantasias como principal elemento de gameplay. Cada fantasia tem uma habilidade específica, o que levou ao time de devs criarem dezenas delas para realizarem as ações por todas as diferentes fases, o que também não seria um problema, se boa parte dessas fantasias não tivessem exatamente o mesmo propósito, tornando várias delas em algo completamente inútil.
Se o jogo não tivesse a premissa de um botão de ação, várias dessas fantasias inúteis poderiam ser unificadas, dando vazão para uma jogabilidade mais interessante e um melhor uso delas. Os próprios designers poderiam fazer melhor uso do level design, dando ainda mais oportunidades e variedade no decorrer do jogo.
O jogo tem sim boas ideias de fantasias, e elas também são uma forma de colecionável, que é o grande trunfo de gameplay do jogo. Para você explorar 100% todas as fases, vai precisar obter fantasias especificas e que não estão disponíveis num mundo em específicos. Os fãs de Colect-a-thon com certeza vão se esbaldar.
O level design consegue ser interessante e desinteressante ao mesmo tempo. No mesmo momento que se regozija com a criatividade em montar as fases e seus temas diferentes, você chora por sentir que está jogando algo pré-Mario 64. Balan é um jogo com conceitos e design datado, mas desenvolvido em 2021. Lógico que alguns poucos vão se agradar com essa experiência, para mim e para a maior parte vai ser difícil de ingerir, quem dirá digerir.
Outro problema no jogo é que ele é fácil demais, e raramente exige inteligência do jogador que quiser chegar até o final. O que é meio desmotivante, pois você se sente jogando algo para crianças de 5 anos e não um produto de um dos maiores nomes na era 8 e 16 bits. Os bosses e inimigos chegam a dar pena de tão básicos e inofensivos, o level design só desafia quem realmente quer explorar cada canto dos mapas.
Balan tem fases excelentes e fases terríveis. O começo do jogo é uma atrocidade e para chegar num ponto mais interessante, o jogador vai ter que perseverar para mais da metade dele, e isso torna o pacing do game desgastante, pois são diversos momentos entediantes, principalmente ao encontrarmos os minis games que não conseguiram me instigar nem por um segundo.
O lado bom é que Balan é perfeito para crianças e para quem quer jogar algo brainless. Você literalmente pode dormir e terminar uma fase sem o menor esforço. Eu terminei com aproximadamente 15 horas, explorei um pouco, mas cansei do jogo e boa parte dessas horas, se eu pudesse até comprava elas de volta.
Audiovisual
Balan tem uma trilha sonora impecável e gráficos OK. A arte do jogo é interessante no papel, mas na hora de levar isso para o digital o time claramente teve problemas. Os cenários e alguns designs ficaram muito bons, agora alguns os modelos de alguns personagens, inimigos e bosses ficaram muito destoantes da qualidade do resto.
A trilha sonora é excelente e marcante, com certeza um dos pontos altos do game. Outra coisa que deve ser mencionada é a variedade de cenários e vestuários dos personagens. O jogo consegue reciclar os visuais mesmo em fases com o mesmo tema.
Joguei o game no PS5 e tecnicamente ele funciona muito bem, com loadings rápidos, taxa de frames constante e uma qualidade de imagem dentro do esperado para um jogo crossgen. Não pude testar outras versões então vou me abster de comentá-las.
Conclusão
Eu tive hype quando a Microsoft anunciou Balan Wonderworld no pré-show de sua conferência na E3 2020. Infelizmente assim que testei a demo, foi como receber uma mijada no meu chopp.
O jogo não é a aberração que vários portais e analistas pregam por aí, tendo sim algumas qualidades para alguns tipos específicos de jogador. Só não é para qualquer um e está longe de valer o preço que está sendo cobrado pela Publisher. Hoje temos indies melhores dentro gênero e que custam uma fração do SRP de AAA que o game recebeu.
Se você é fã de jogos de plataforma oldschool ou do próprio Yuji Naka, acredito que a experiência que o game vai trazer ainda pode ser decepcionante, mas também pode te agradar. Agora se você não tem apego emocional ou nostálgico, dificilmente Balan vai te dar algo que outros jogos do gênero não entreguem melhor.
Eu terminei o game com aproximadamente 14 horas, mas nem de longe aproveitei todas elas. Balan é um jogo fraco, com alguns bons elementos oldschool. Não tem nenhum problema técnico ou audiovisual a ser destacado e sua trilha sonora com certeza é seu maior trunfo. Se você não tinha interesse ou não gostou da demo, continue longe do game. Se tiver algum interesse ou um filho, espere ele custar 30 conto ou sair no gamepass.
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- Trilha sonora excepcional;
- Cenários variados e bem construídos, principalmente os finais;
- Elementos de colect-a-thon muito bem pensados;
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- O jogo é extremamente fácil, o que o deixa entediante em vários momentos;
- O Level Design remete ao início do gênero pré Mario 64;
- Vários minigames repetitivos e sem graça permeiam as fases;
- Muitas roupas no jogo são completamente inúteis;
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