Em meados de 2014, uma pequena empresa chamada Invader Studios decidiu desenvolver uma reimaginação de Resident Evil 2, com o subtítulo de Reborn, já que a Capcom ainda não havia anunciado nada até o momento. Porém, no ano seguinte a empresa japonesa revelou ao mundo que iria fazer um remake oficial do game, assim pedindo gentilmente que a Invader cancelasse o projeto.
Porém a developer já tinha muito conteúdo pronto e não poderia simplesmente jogar tudo fora, e por isso teve a ideia de homenagear os games de terror dos anos 90, mas principalmente Resident Evil 2, em um jogo de survival horror chamado Daymare: 1998. O game já havia sido lançado para Microsoft Windows no ano de 2019, porém nesse ano o game também chegou para Xbox One e PS4.
Bem-vindo à H.A.D.E.S.
Uma equipe tática denominada H.A.D.E.S. recebe a missão de investigar um incidente de vazamento de gás em um laboratório, junto do objetivo de coletar uma amostra do mesmo e certificar de que nenhuma testemunha saia viva (sim, você não leu errado).
Durante a operação, o agente Liev vai descobrindo verdades obscuras por trás do ocorrido e que nem tudo é o que parece. No desenrolar da história, vamos vendo os pontos de vista de outros personagens, e que as coisas estão ainda mais estranhas do que imaginávamos.
Devo admitir que a trama me prendeu desde o primeiro minuto. Como um fã de games de survival horror, eu senti que o enredo entregava bem o que eu estava esperando, com diversas reviravoltas e muitos momentos de tensão. Mas é claro que o roteiro não é perfeito, já que os personagens que controlamos tomam algumas decisões estúpidas e um tanto quanto forçadas em certos momentos, que estão ali apenas para aumentar um pouquinho a duração do game, mas que sinceramente não precisavam estar presentes, e isso se soma a acontecimentos bizarros que nos fazem refletir se aquilo era realmente necessário.
Por mais que a trama foque bastante no background de cada coisa, como do vírus e da cidade de Keen Sight em que o game se passa, os personagens não são bem desenvolvidos. Até conhecemos algumas características de cada um, porém tudo é muito superficial e não nos faz aprender mais sobre quem estamos controlando.
É tensão que você quer? Então é tensão que você terá!
Um ponto muito positivo do game é a tensão que ele nos passa. Cada cenário é assustador por si só, trazendo uma atmosfera sombria e macabra para a nossa jogatina. Você nunca sabe se haverá um inimigo escondido na próxima sala que irá entrar, e isso nos causa uma sensação de ameaça eminente.
Será que há algum inimigo atrás de mim? Será que irei encontrar algum monstro novo durante o caminho? Será que possuo munição suficiente? Essas são perguntas que fazemos durante toda a gameplay, e que trazem aquela sensação de estarmos despreparados, mesmo que isso nem sempre seja verdade.
O game também possui uma boa variedade de cenários pelos quais passamos durante a nossa jogatina. Todos foram muito bem trabalhados e nos passam um bom clima de tensão, isso se não contarmos com as diversas referências e homenagens que podemos encontrar enquanto andamos por cada um.
Algumas surpresas boas e outras um tanto quanto… ruins
Ao iniciar o game já podemos ver que os gráficos não deixam a desejar. É claro que não são perfeitos ou nem nada do tipo, mas são realmente muito bons e até melhores do que várias produções grandes por aí.
Os puzzles também são muito bons e trazem ótimos desafios para a nossa jogatina. Todos são bem diversificados e exigem com que o jogador pense bem e reflita um pouco sobre o que deve fazer, já que alguns são um tanto quanto complicados e exigem uma boa exploração pelos cenários até que a resolução seja encontrada. Porém logo percebemos alguns problemas que pesam e muito na jogatina.
A jogabilidade deixa a desejar em todos os aspectos. A movimentação dos personagens é muito pesada e mesmo com a sensibilidade no máximo, eu ainda era obrigado a fazer um pequeno esforço para virar a câmera. Outro problema é a hitbox do game, já que a precisão nem sempre é muito boa. De vez em quando eu atirava em um zumbi e a bala ia para a parede, e em outros momentos eu atirava na parede e acertava o zumbi, fazendo assim com que eu nunca tivesse certeza de onde meu tiro ia parar, e ficasse até mesmo à mercê da sorte.
A interface de usuário também é um tanto quanto confusa. No game possuímos uma espécie de PDA que nos ajuda a controlar o inventário, ver a vida do personagem e conferir o mapa de onde estamos. Porém sempre que eu abria o mesmo me deparava com muita informação na tela, fazendo assim com que eu ficasse um pouco perdido enquanto gerenciava meus recursos.
A trilha sonora também não é algo que possui uma presença marcante nesse game, mas não acho que isso faz falta. Sempre digo que para algo ter uma boa atmosfera de tensão, o silêncio é a melhor opção, por isso penso que a falta de músicas não é um problema para esse game, e até ajuda na parte de amedrontar o jogador. Mas algo que percebi foram problemas nos efeitos sonoros, já que eles nem sempre saiam nos momentos que deveriam, e isso era algo bem frequente.
Vale a pena?
Ao iniciar o game, já fica claro que Daymare: 1998 é uma homenagem à títulos de survival horror dos anos 90, mas principalmente à Resident Evil, e isso é algo fantástico e que vai fazer com que muitos gamers old school se lembrem de games clássicos e sintam uma boa nostalgia. Mas mesmo que você ainda esteja entrando nesse universo de games de horror, Daymare é uma ótima opção e vai lhe render bons momentos de tensão.
Sim, o game não é perfeito e possui alguns momentos bizarros na história e uma jogabilidade que deixa a desejar. Mas mesmo assim consegui me divertir durante a jogatina, e consegui perceber que o título possui a essência de um verdadeiro survival horror.
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- História muito interessante
- Gráficos muito bons
- Ótimos puzzles
- Bons momentos de tensão
- Várias referências e homenagens à games clássicos
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- Por mais que a história seja cativante, alguns momentos são desnecessários
- Jogabilidade deixa a desejar
- Interface do PDA é um pouco confusa
- Sons nem sempre saem no momento que devem
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