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Days Gone – Análise

Days Gone foi anunciado pela SIE Bend Studios na E3 2016 e desde então vinha aparecendo todos os anos nas feiras e conferências do PlayStation. O game sofreu diversos atrasos na sua janela de lançamento, mas foi finalmente lançado em 26 de Abril de 2019.

NARRATIVA

A temática de Days Gone retrata mais um apocalipse zumbi. Você está na pele de Deacon St. John, um motoqueiro que e sobrevivente neste mundo destruído, sempre acompanhado por Boozer, que é seu parceiro de corre desde antes deste mundo ir pra merda.

Como de costume vou falar o mínimo possível sobre a história para não dar spoilers para ninguém e me focarei nos aspectos mais técnicos, que geralmente são o que realmente tornam uma história boa.

A história, a narrativa e o desenvolvimento dos personagens são os pontos mais altos e os melhores momentos que tive com Days Gone. A ambientação do jogo é muito bem-feita e crível, tantos pelos aspectos técnicos da produção do game quanto pela qualidade do roteiro e dos diversos locais que você visita no jogo.

O jogo oferece diversas narrativas que fazem parte da história principal e precisam se desenrolar para o enredo se desenvolver. O game tem vários personagens muito bem caracterizados e todos eles têm algo para contar sobre a situação atual ou mesmo o passado. Deacon é realmente envolvido em várias partes dessa sociedade decadente e raramente é desconhecido nas comunidades, o que leva sempre a ter algo interessante e novo para o jogador.

Esse é o aspecto mais polido e melhor desenvolvido em Days Gone e provavelmente uma das melhores história e narrativas dentro do tema que eu pude aproveitar na minha longa vida como jogador de videogames.

JOGABILIDADE

A jogabilidade de Days Gone divide-se na exploração com sua inseparável moto e na exploração dos ambientes a pé. As partes da moto trazem controles que funcionam bem no geral e é tranquilo guiar pelo mundo aberto do game. Mas é preciso cuidar da motoca, mantendo o tanque de combustível cheio, reparando-a de eventuais danos com recursos coletados na exploração a pé e evoluindo-a nos acampamentos dos seus aliados.

Já na parte de exploração a pé, eu tenho algumas reclamações a fazer sobre as mecânicas e elementos de jogabilidade. Aquela sensação de jogo genérico que muitos tinham desde o anuncio do game em 2016 infelizmente se mostrou real em vários pontos. Vou começar pelo combate do game que não é lá muito divertido e nem desafiador. Com o sistema de mira tentaram simular um realismo que não foi muito feliz. A inspiração com certeza foi em The Last of Us mas ficou esquisito e sinceramente não entendi porque tomar uma decisão dessas num jogo que tinha diversas possibilidades de ser extremamente brutal e satisfatório nesse quesito.

Existem duas mecânicas de jogo que na minha opinião não fazem sentido nenhum existir e simplesmente existem para dar uma falsa sensação ao jogador e deixar o progresso mais lento e burocrático. A progressão de personagem é bastante comum e sem graça, você passa de nível e ganha pontinho de habilidade para escolher entre três arvores distintas onde vai alocar novas skills. Não que isso atrapalhe o jogo mas simplesmente limita o acesso do jogador para habilidades simples. Era melhor nem ter perdido tempo desenvolvendo algo tão banal.

A segunda mecânica que não faz sentido e simplesmente deveria ter sido jogada no lixo é o sistema de sobrevivência do game. O jogo não faz questão nenhuma de privar os jogadores dos recursos, sejam munição ou itens de recuperação de HP. Existem vários materiais disponíveis numa abundância bizarra em todos os cantos do mapa e sinceramente não tem peso ou qualquer elemento real de sobrevivência, que não seja fazer o jogador perder tempo no menu criando os itens.

Eu joguei o game inteiro no Hard e não esperava um State of Decay em termos de sobrevivência, mas esperava um jogo bem mais difícil e que realmente me fizesse passar fome de recursos e colocasse mais elementos estratégicos a mesa.

O enfrentamento contra as hordas de freakers é bem interessante e traz os momentos mais tensos da jogabilidade de Days Gone. Em algumas situações você vai se deparar com mais de 500 bichos te perseguindo e essa é de fato a experiência mais desafiadora do game.Infelizmente essa quantidade de freakers ao mesmo tempo na tela teve um custo para o jogo na Inteligência Artificial que é bem fraca e com exceção das hordas não proporciona muito desafio no geral. Os freakers em pouca quantidade eu já esperava que fossem fáceis de enganar, mas a IA dos humanos é praticamente a mesma e isso é uma decepção. Foram vários momentos que parei num ponto estratégico na frente de uma base de Rippers e eliminei 90% deles sem tomar um único tiro ou ser ameaçado de qualquer forma. Vários deles correm pra cima de você com pedaço de madeira sem medo de tomar um tiro de 12 na cara e isso quebra o clima do jogo.

As missões secundárias e todo conteúdo do mundo aberto são bem repetitivos e genéricos e não se diferenciam dos mais de 10 anos de open world que estamos acostumados nessa indústria. Depois de Zelda Breath of the Wild e Red Dead Redemption 2 é inaceitável que um jogo com esse tempo e recursos de desenvolvimento não faça nada para sair do lugar comum.

AUDIOVISUAL

Antes de mais nada que deixar claro que Days Gone é um jogo muito bonito. Artisticamente é lindo e o motor gráfico é capaz de produzir cenas tecnicamente absurdas. Outro ponto forte na parte técnica é o design sonoro dos ambientes, armas, inimigos, veículos, etc. A trilha sonora tem seus momentos, mas no geral é sem graça e eu realmente esperava um pouco mais desse quesito.

Eu joguei Days Gone no PS4 e no PS4 Pro e infelizmente tive problemas de performance em ambos modelos. O game tem quedas de quadro que são bem constantes enquanto se navega no mundo aberto, mas eu não tive muitas em situações de combate e em momentos a pé. Ainda assim elas acontecem e são bem chatas, inclusive as vezes a engine do game trava por vários alguns segundos.

Os loadings também são bastante constantes e quebram o ritmo do jogo. Além do imenso carregamento inicial, todas as cutscenes tem loadings de entrada e de saída, o que enche o saco quando se está mais avançado no game. Eu particularmente não sou sensível a esse tipo de problemas, mas infelizmente não é só isso.

Days Gone tem o polimento que se espera de um jogo de orçamento médio de uma desenvolvedora qualquer e não de um AAA dos estúdios da Sony. São muitos bugs e glitches que no geral batem bastante na experiência de jogo. Coisas como objetivos de quests invisíveis, bugs na IA que já é fraca, buracos invisíveis, paredes invisíveis, sincronia labial em custcenes e a lista vai longe.

Sinceramente não esperava uma falta de polimento tão grande num game que ficou mais de 5 anos sendo exibido, ainda mais pelos altos valores de produção que esse jogo com certeza teve.

HIT THE ROAD

Eu não achei Days Gone um game ruim, na verdade eu gostei bastante da minha experiência. O problema é que ao mesmo tempo que temos momentos bem interessantes acontecendo o game parece querer sabotar seu jogo o tempo inteiro, seja com um bug, um loading, a IA podre ou com algum problema técnico bizarro.

Days Gone oferece mais de 50 horas de jogo se você quiser fazer tudo, mas infelizmente elas não serão tão agradáveis no estado atual em que o game se encontra. Só posso recomenda-lo se você realmente quiser conhecer o universo e gosta muito do tema. No geral acredito que alguns meses e uma boa promoção sejam o suficiente para sua experiência de jogo ser mais que satisfatória.

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