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26, fev 2018
Metal Gear Survive – Análise
8
Não espere um Metal Gear

Não é um Metal Gear, mas se for jogado sem preconceito pode ser interessante. O sistema de sobrevivência tem potencial para horas de jogatina e se você gosta do estilo pode dar uma chance

Envolto em muitas polêmicas desde o seu anúncio, Metal Gear Survive me fez pensar muito antes de começar a escrever sobre ele. O game foi lançado para PS4, Xbox One e PC na Steam e é o primeiro jogo da série sem a tutela do criador Hideo Kojima.

A história começa exatamente onde terminou Metal Gear Solid V: Ground Zeroes, na destruição da Mother Base. Vários buracos de minhoca aparecem acima da base e praticamente tudo é tragado pra outra dimensão, nomeada pela Organização Wardenclyffe, de Dite (uma menção a Divina Comédia de Dante Alighieri) que é onde se passa o jogo.

Seu personagem não vai parar lá nesse momento, ele é enviado 6 meses depois com a missão de resgatar sobreviventes e recuperar os dados de pesquisa de outra unidade enviada para a força-tarefa chamada Caronte (outra citação da obra de Dante, você verá algumas no decorrer do jogo).

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Tudo isso serve para explicar que o game se passa numa dimensão paralela a Terra, ou seja é uma cópia do nosso planeta, mas totalmente devastada pelos andarilhos. Sob o comando de uma pessoa chamada apenas de Goodluck, um gênio cientista responsável pela criação da tecnologia que permitiu os buracos de minhoca serem usados em larga escala.

Você inicia o jogo e conta com a ajuda da Inteligencia Artificial Virgil AT-9, criada e codificada pelo próprio Goodluck. Dentro desta IA existem duas personalidades, uma feminina e outra masculina (os motivos para isso ficam em segredo boa parte do jogo) porém ela foi seriamente danificada e precisa dos bancos de memória que estão espalhados pelo mapa nos locais mais improváveis como uma cabana de madeira, uma tenta, ou enterradas em instalações militares e você vai precisar pegar todas para reaver o que foi perdido da memória da IA, saber um pouco mais da história e prosseguir pelo jogo.

Durante o game você precisa entrar em áreas tóxicas, nomeadas apenas de Cinzas e dentro delas você precisará de oxigênio. Nem pense em entrar sem ter a máscara de oxigênio ou vai ter uma morte rápida. Felizmente você consegue o item logo de início para poder adentrar a área sem maiores problemas (a não ser ficar monitorando todo tempo, não só o oxigênio como comida e água)

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Você não inicia com nada, exceto uma barra que pega ao iniciar o jogo, mais a frente vai pegando outras armas como um facão e um arco e flecha. Foque nesse último. Você vai usar o arco e flecha por muuuuuuito tempo. Essa é uma das armas mais úteis do jogo, e pode ser usada com vários tipos de flechas: as normais, as mais “duras” (que causam mais dano) e as de fogo, extremamente úteis nas missões estilo Tower Defense.

Voltando a aparência de Dite, ela é exatamente uma cópia da Terra do jogo anterior. Você vai perceber que apesar de ter muitas áreas totalmente novas, mesmo nessas você poderá notar que muita coisa foi reutilizada e aproveitada de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain mas isso não é exatamente ruim.

Porém na parte que realmente interessa que é a que traz o nome do jogo. É realmente um jogo de sobrevivência. Calcule mal o uso de recursos, não leve munição suficiente, não planeje cada passo dado que você fatalmente morrerá. Apesar de contar com algumas pílulas de ressurreição logo no início, quando elas acabarem você vai querer atirar o controle pela janela cada vez que seu status de comida ou água cair abaixo dos 5% e você olhar pros lados e não achar um único local onde possa coletar água. E para pegar água você precisa ter as garrafas vazias já que seu personagem não consegue beber água com a mão. Também existem doenças que podem acometer o personagem se ele comer comida crua, estragada ou beber água suja, piorando suas condições e podendo levar a morte se não tratadas também com o remédio específico, lembrando bastante o sistema de Metal Gear Solid 3: Snake Eater, tendo que tomar cuidado com tudo, hematomas, hemorragias, sangramentos, torções, intoxicações, envenenamentos porque cada um desses tem um remédio específico e se você não o tiver em seu inventário vai começar a lamentar não ter explorado um pouco mais e feito um estoque deles antes de se aventurar pelo mapa.

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Outra parte interessante é a gestão de recursos do seu QG. Quase tudo pode ser feito, construído, reparado, desmontado e etc. Nessa parte as coisas vão começando a ficar um pouco menos tensas em relação a comida, água e remédios, porque se antes você tinha que sair saqueando tudo que encontrasse pela frente, depois de algum tempo, recursos e algumas missões cumpridas, você finalmente pode plantar, criar gaiolas para os animais (ovelhas, por exemplo, geram leite, e com o tempo também lhe dão algum suprimento de carne), criar medicamentos e até cultivar as plantas que são usadas neles, lhe poupando assim um bom tempo e muita dor de cabeça.

Ao iniciar a exploração você está literalmente cego, pois não existe mapa, ele vai se abrindo conforme a exploração avança e a IA Virgil AT-9 vai analisando o terreno, marcando pontos importantes no mapa que você precisa encontrar praticamente as cegas.

O que deixa isso mais rápido mesmo são os geradores de buraco de minhoca que estão espalhados pelo mapa e você vai ativando. Eles funcionam como fast travel (viagem rápida) e sempre que você ativa um, começa uma batalha no melhor estilo Tower Defense, ou seja, você precisa defender o gerador do ataque dos andarilhos o tempo todo até o tempo acabar. Nesse caso é uma onda só e pronto, se você tiver exito além de ativar o gerador vai coletar toneladas de energia, caso contrário vai ter que voltar depois e fazer de novo, então vá preparado com defesas e bastante flechas no início pois você vai precisar.

Sobre os tipos de itens de defesa, são poucos mas a maioria é bastante eficaz se for bem usada. Existem as cercas de madeira, as cercas de arame farpado, as cercas de ferro, sacos de areia para fazer barricadas, minas terrestres, coquetéis molotov, entre outros.

No decorrer do jogo existem fitas cassetes que adicionam a trama, contando parte da história, dos motivos para você estar ali, dos motivos de Goodluck fazer o que está fazendo e fica ao seu critério escutar todas para ficar por dentro da história que não tem lá muito a ver o com Metal Gear que conhecemos.

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Além disso em alguns locais há uma árvore de cristal com uma caixa dentro que traz alguns itens importantes para o jogo, e outros nem tanto (são só cosméticos). Elas trazem fitas cassetes de músicas de outros jogos da série, liberam roupas, customização de equipamento, etc…

A dificuldade do jogo é ALTA, por ser extremamente punitiva pelo sistema de sobrevivência e os inimigos estarem quase sempre acima do seu nível de experiência. Esse desafio em alguns momentos  torna-se chato e rouba o fator diversão, com barreiras desnecessárias para dificultar a vida do jogador. Sério mesmo quem é que não consegue beber água com as mãos?

Falando da parte gráfica, infelizmente no Xbox One existe um downgrade gráfico considerável de 900p do Metal Gear Solid V para 720p nesse Survive. E mesmo assim o game não sustenta os 60 FPS durante o jogo todo em nenhum dos consoles (nem mesmo no Xbox One X). Mas apesar das quedas, quero salientar que ao menos na minha experiência não foi algo tão grotesco quanto estão noticiando por ai. Eu diria que no geral o game se mantém entre 50 e 60 quadros na maior parte do tempo.

Os gráficos reutilizados são constantes no jogo, porém, contam com outras texturas totalmente novas (como muitas das folhagens) e o sistema de dia e noite do jogo foi aprimorado em relação a versão anterior. As áreas novas estão bonitas e o draw distance do jogo é absurdo. Os efeitos de sombra são bons, e a iluminação é o grande trunfo da Fox Engine. A parte realmente ruim fica por conta do descaso na modelagem dos personagens e na resolução baixa das texturas, mas nada que chegue a atrapalhar realmente, só que não deixa de ser um passo para trás numa série que tinha esses aspectos como primordiais em suas versões anteriores.

A parte sonora do jogo é basicamente a mesma de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, nada a observar aqui de inovador ou interessante.

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Como já dito o jogo é um spin-off da série principal e não tem nada de Metal Gear, a não ser o nome. A história não tem muita ligação com os jogos anteriores a não ser citações e a ligação superficial com o Ground Zeroes e não empolga ao ponto de ser um grande jogo, mas também não decepciona quem procura por um jogo de sobreviência diferente com alto nível de dificuldade.

Pontos Positivos

  • Sistema de sobrevivência interessante
  • Gerenciamento da base muito completo

Pontos Negativos

  • Gráficos fracos no geral. É um game rodando em 720p em 2018
  • Taxa de quadros instável em todos os consoles
  • História clichê que não tem nada a ver com a série
Luiz Rafael
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