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Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven

Uma das maiores surpresas da minha vida como apreciador de videogames foi quando o remake de Romancing SaGa 2 foi anunciado em uma Nintendo Direct nesse ano de 2024. Entitulado de Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven, o jogo traz um completo remake com visuais em 3D e mudanças significativas em sua jogabilidade.

Digo surpresa pois jamais imaginaria que isso fosse acontecer após o lançamento do primeiro grande remake da série, o Romancing SaGa: Minstrel Song em 2005. Apesar de ter tido experiências mistas com a série até então, sendo o ponto mais alto SaGa Frontier e o mais baixo Unlimited SaGa, Minstrel Song se tornou um dos meus RPGs favoritos de todos os tempos, cheguei a comprar até a trilha sonora original na época! A sua jogabilidade era inovadora, livre e bem experimental, como algo de praxe na série.

Gerard e Leon prontos para o ataque.

O jogo também fez um enorme sucesso no meu grupo de amigos. Nunca tinha visto tanta gente jogando o mesmo título ao mesmo tempo, e a possibilidade de escolher personagens diferentes fez com que cada um tivesse uma aventura única para compartilhar. Depois de completarmos tudo em Minstrel Song, uma pergunta sempre surgia nos nossos encontros: ‘Será que a Square-Enix fará um remake do segundo jogo?’. Foram anos torcendo para que isso acontecesse. Outros jogos da série SaGa foram lançados, e, no fim, já estávamos perdendo as esperanças… A vida é cheia dessas surpresas, não é? Isso deve dar a vocês uma ideia de que esta será uma análise mais sentimental – e eu vou deixar essa emoção transparecer.

HISTÓRIA

A série SaGa nunca teve como ponto forte a sua história e Romancing SaGa 2 não é diferente, porém isso não significa que ela seja descartável, muito pelo contrário. Revenge of the Seven começa com o Imperador Leon do Reino de Avalon e seu filho, Gerard. Os lendários Sete Heróis retornaram, mas agora suas formas estão corrompidas, trazendo caos e escuridão para o reino e lançando a terra de Varennes em um período de trevas. Ataques de monstros se tornam cada vez mais frequentes, e todos os reinos estão enfrentando calamidades provocadas pela influência dos Heróis. Avalon é invadida por um dos Sete, Kzinssie, que acaba matando Victor, irmão de Gerard, enquanto ele defendia o reino. Determinados a lutar, Leon e Gerard preparam-se para atacar a fortaleza de Kzinssie, quando surge uma mulher misteriosa chamada Orieve, que oferece conselhos a Leon. Na batalha que se segue, Leon perde a vida, deixando Gerard com a responsabilidade de ascender ao trono e vingar sua família.

Orieve retorna e revela a Gerard o plano de Leon: ela havia concedido à linhagem imperial de Avalon o poder da magia de herança. Leon se sacrificou deliberadamente diante da técnica Soulstealer de Kzinssie, de modo a transferir seu poder e o conhecimento necessário para superá-la a Gerard. Esse sistema de herança é tanto o dispositivo narrativo quanto a mecânica central de Romancing Saga 2. Gerard assume seu novo papel e poder como imperador, reúne uma comitiva de cavaleiros e enfrenta Kzinssie novamente – desta vez, saindo vitorioso e transmitindo sua força ao próximo na sucessão.

Seja bem-vindo à Avalon.

Essa mecânica impede que o jogador controle o mesmo imperador em toda a jornada, não vou estragar a surpresa dizendo como lá funciona exatamente, mas é legal demais ver a evolução do reino e sentir que os esforços dos antigos imperadores não foi em vão. Apesar de nem sempre algumas coisas fazerem sentido como ver NPCs iguais mesmo depois de tantas décadas, não dá pra negar que é um sistema inovador e que lembra um pouco o que a SEGA fez em Phantasy Star III.

Os Heróis ganham grande destaque aqui, inclusive dando nome ao próprio jogo. Os desenvolvedores tiveram bastante cuidado com os diálogos, embora o uso de um inglês mais sofisticado possa dificultar a compreensão em alguns momentos – mas nada que comprometa a experiência de jogo. Ah, o jogo não conta com legendas em pt-BR, infelizmente.

JOGABILIDADE

Revenge of the Seven é um RPG divertido pra caramba, seus sistemas são super simples de entender até meio que indo contra o que a série costuma entregar e honestamente não tenho nada o que reclamar. Seu sistema de batalha é por turnos determinados pelo atributo de agilidade de cada um dos membros de sua equipe e pra ajudar ainda conta com uma espécie de linha do tempo na parte superior da tela onde mostra exatamente quando será sua vez de agir e dos inimigos também, permitindo que o jogador possa antecipar o movimento adversário.

Em dificuldades mais altas como a que joguei, o Hard, se torna quase obrigatório você ficar de olho na linha do tempo caso queira sobreviver as batalhas mais intensas. Todos os inimigos possuem algumas fraquezas e cabe ao jogador descobrir quais são, seja na base do chute ou mesmo por conhecimento de bestiário de RPG, porém nem sempre elas são preto no branco, portanto o melhor sempre é ir com cautela. Após descoberta a fraqueza, o jogo vai te mostrar sempre quando um determinado ataque é eficiente ou não, fazendo com que as lutas acabem sendo mais rápidas pois não precisará que o jogador lembre de cabeça esses detalhes, qualidade de vida é tudo!

Observe lá em cima a linha do tempo, você precisará muito ficar ligado nisso.

As batalhas são a parte mais divertida de qualquer SaGa e aqui temos a melhor de todas! Os Glimmers estão de volta para felicidade geral da nação, pra quem não sabe os Glimmers são um sistema de aprendizado de golpes que são derivados de outro e eles acabam ocorrendo dentro da própria luta, aumentando o fator surpresa e deixando tudo mais emocionante. Vou explicar um pouco melhor, quando você está escolhendo um ataque, às vezes vai aparecer uma lâmpada ao lado do ataque como por exemplo, o golpe Punch das classes de lutadores, ao usar esse ataque você tem uma chance de aprender um golpe completamente novo e conforme o símbolo da lâmpada fica mais forte, mais chances tem dele acontecer.

Aprender golpes do nada sempre será legal!

Apesar de na prática esse sistema funcionar igualzinho aos outros jogos da série como SaGa Frontier e Minstrel Song, aqui temos um recurso que permite o jogador ter pelo menos uma ideia se o teu ataque tem chance ou não de se tornar um novo. Para vocês terem uma ideia, em Minstrel Song eu devo ter ficado umas 5 horas desferindo um ataque chamado Insight pra tentar aprender Still Blade e ainda por cima cheio de condições complicadas, esqueça tudo isso aqui em Revenge of the Seven! Ah, antes que eu me esqueça o jogo conta também com ataques combinados, já clássicos da série, porém aqui você consegue ativá-los manualmente, sem aleatoriedades.

A exploração no jogo é muito interessante, e o sistema de fast travel permite que você viaje rapidamente para qualquer lugar, o que é bastante útil quando precisamos retornar a Avalon com urgência. Além disso, o jogo traz um sistema de desenvolvimento da própria cidade, onde podemos investir recursos para construir novas lojas, como ferreiros e outros estabelecimentos. Isso se alinha bem com o papel que exercemos na história, criando uma sensação de evolução e progresso. De tempos em tempos, recebemos notificações informando que novas armas foram produzidas ou que a construção de uma loja foi concluída, o que dá vida ao ambiente do jogo. As várias dungeons são cuidadosamente elaboradas, evitando o típico copy-paste; cada uma possui características únicas, e o mesmo vale para os chefes, que são memoráveis e marcantes.

GRÁFICOS E SOM

Romancing SaGa 2 já era um jogo muito bonito em pixel-art que envelheceu como vinho, mesmo no Super Famicom. Mais recentemente ele recebeu um relançamento, pela primeira vez localizado, na pegada de remaster mesmo, mantendo a identidade visual. Agora, sob a supervisão do estúdio Xeen(o mesmo de Trials of Mana), temos uma repaginada total do título.

Gaste o dinheiro dos impostos de forma inteligente.

Revenge of the Seven agora é totalmente 3D com câmera livre e possui um visual que me agradou bastante, é perceptível que não se trata de um jogo de alto orçamento, porém eles conseguiram entregar algo bem bacana no final das contas. Rodando na Unreal Engine(imagino que seja a 4, não tenho certeza), temos cenários bem detalhados, vários efeitos bacanas como sombras das nuvens projetadas no chão, raios de luz passando entre as folhas das árvores, uma simulação de água convincente e muito mais. Tudo isso rodando a 60 FPS no PlayStation 5(30 no Switch, como visto na demo), é uma delícia ver esse jogo em movimento, em especial nas batalhas onde temos ataques com os efeitos mais loucos dos últimos tempos, sério, tem uns golpes que são de tirar o fôlego!

Como nem tudo são flores, eu achei o visual dos personagens meio simples demais, lembrando jogos da geração PS3, não chega a ser algo completamente discrepante do resto, mas eu já vi jogos com modelos melhores em produções bem mais modestas, portanto não é desculpa.

A exploração é um dos pontos fortes do game.

Agora chegou a hora de falar das músicas e a série SaGa sempre(quase) entregou uma trilha sonora primorosa. Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven teve todas suas músicas arranjadas por Kenji Ito, o compositor delas e a qualidade é suprema. Nesse momento estou com a música de batalha na cabeça e ela já é considerada por mim uma das melhores músicas de videogames de 2024, só que o brilhantismo não para nela. As demais músicas são incríveis e caso queira um pouco de nostalgia você pode jogar com as músicas originais, porém não recomendo mesmo. A dublagem também é de altíssima qualidade, confesso que depois da dublagem canastrona do Minstrel Song eu não esperava muito dela aqui nesse jogo, tive até uns calafrios quando Gerard dá uma lição em Kzinssie após a morte de seu pai, alto nível.

VEREDITO

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven traz um remake espetacular com gráficos em 3D e uma jogabilidade refinada que eleva a experiência. O enredo coloca o jogador na pele de Gerard, em uma missão intensa para defender o Reino de Avalon dos Sete Heróis corrompidos. As dungeons são cuidadosamente projetadas, com chefes marcantes e mecânicas inovadoras, incluindo o sistema de herança que permite ao jogador ver o progresso de Avalon ao longo das gerações. Com trilha sonora épica de Kenji Ito e batalhas emocionantes, este remake é um verdadeiro presente para os fãs da série!

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