Tales of Arise é o mais novo jogo da franquia Tales of, desenvolvida e distribuída pela Bandai Namco, que chega a todos os consoles da nova geração e também para a Steam. Dessa vez o Nintendo Switch vai ficar de fora dessa jogada, infelizmente!
Não é para pouco que as análises por aí tem dado notas altíssimas, o jogo é certamente um dos melhores que já foram lançados nos últimos tempos! Tem muita coisa boa acontecendo em Tales of Arise, mas nem tudo é um mar de rosas. Me acompanha aqui neste review que eu irei contar tudo sobre nossa nova jornada por um mundo que busca a liberdade.
Tales of Arise conta a história de um herói sem lembranças de seu passado, tudo o que ele sabe é que ele tem sido um escravo desde que entende-se por gente. Iron Mask, como é conhecido, não é capaz de sentir dores físicas, então isso tem colaborado para que ele pudesse executar melhor os trabalhos mais duros nos campos de minério.
Junto com uma galera diferenciada, Iron Mask torna-se o líder na missão de libertar os territórios do mundo, Dhana, que foram invadidos por uma raça superior, os Renans, a mais de 300 anos já, escravizando a população em prol da coleta de energia vital para uma espécie de torneio entre eles, tudo às custas de muito sangue derramado, claro.
O sangue derramado não fica apenas direcionado ao povo oprimido, mas sim também aos inimigos que enfrentamos no jogo, e é sobre o sistema de batalha que irei comentar logo depois dos aspectos técnicos, de como funciona nesta nova instalação mais que diferentona da série Tales of.
É verdade que o jogo tem um gráfico espetacular, cenários são super bonitos, cheios de detalhes e efeitos de encher os olhos, tão bem como os personagens que tem um grau de detalhamento que jamais foi visto em outro jogo moderno que eu tenha jogado recentemente, ainda mais com a quantidade de roupas, cortes de cabelo e acessórios que podemos colocar nos heróis, agrega bastante nessa questão artística.
Cada região do mundo é bem única, os biomas e a diversidade territorial é bem agradável e ponto final, é fantástico mesmo, não tem nada remotamente parecido. Trabalharam muito bem nos cenários a ponto de fazer o jogador ficar viajando com a câmera por vários minutos em admiração inclusive e principalmente nas cidades do jogo, em especial a de Elde Menancia que é a minha favorita.
Já que estamos falando de gráficos e arte, agora chega a hora desagradável do review, que é pautar os pontos que me desagradou bastante nesse jogo. Primeiramente o péssimo aproveitamento do tema principal de batalha que é muito bom, mas ele fica limitado apenas nas dungeons internas, deixando as batalhas com um tom super desanimador (e muitas vezes melancólico até)durante os encontros nos mapas abertos, no digamos assim, mapa mundi. É uma pena, pois o tema principal da batalha é muito bom.
Pode parecer um pouco besta, mas não gostei dos menus durante as batalhas, não tem mais rostinhos clássicos, não tem praticamente nada além de texto e números, não gostei. Parece clean demais. Diferente do menu principal do jogo que é bonitão, dos status, equipamentos, esse sim ficou legal. Ele fica constantemente mudando enquanto estamos em uma determinada parte da trama, show de bola.
Eu sou um cara que ama absolutamente o trabalho do compositor Motoi Sakuraba, sempre me empolgo com os temas de batalha, de mapa, de eventos, é tudo muito legal os trabalhos que ele faz. Valkyrie Profile, Star Ocean, top de linha. Mas eu não entendi onde o Motoi desandou nesse jogo, parece que ele puxou muito para o “épico”, com choirs, vocal medieval, esse tom para o jogo inteiro; pra mim acabou se tornando bem cansativo, não ruim, mas cansativo. As músicas do jogo realmente deixaram a desejar um pouco, infelizmente.
E apesar do jogo ser muito bom no quesito combate, a variedade de tipos de inimigos é muito pequena, há muito “re-collor” e repetição no geral. Porque isso é um ponto que me incomoda? Porque é frustrante mesmo, enfrentamos quase os mesmos tipos de monstros do início ao fim do jogo, com pequenas variações aqui e ali, honesto, consigo contar uns 10 tipos diferentes de monstros na minha cabeça, excluindo dessa lista os chefes, claro. As variações que eu comento são pequenas mudanças no visual dos monstros, deixando eles mais aprumados ou maiores na maioria dos casos, meio triste isso.
Comentando um pouco mais sobre o gameplay agora, fãs da série Tales of já estão acostumados à certas mecânicas e mapeamentos de botões e suas combinações, acontece que em Arise, as coisas mudaram consideravelmente em todos os aspectos. Para começo de conversa, agora nosso ataque normal é executado no R1 (e seus respectivos botões nos outros consoles), enquanto os ataques especiais e skills são executáveis nos botões da face do controle, tirando o X que ficará para pular nas lutas.
A gente se acostuma rapidinho, mas de início é bem estranho. As combinações dos direcionais junto com o botão O já não acontecem mais, pois o d-pad agora é um atalho para pequenas intervenções ou counters de seus aliados, o que deixa o dinamismo da batalha muito mais interessante. Por exemplo, se você está enfrentando um inimigo com armadura, durante seus combos, você pode direcionar o Law para quebrar a defesa do oponente e de balanceá-lo, ou impedir que um inimigo solte uma magia com o bloqueio da Rinwell.
Pode se trocar de “líder” a qualquer momento para mexer nos combos ou realizar uma tarefa específica caso desejar, cada um dos seus personagens terá suas skills configuradas de maneira única toda vez que uma troca de herói for executada, então você tem seus golpes terrestres e aéreos, tanto para os guerreiros quanto para os magos.
Tales of Arise é um jogo bem difícil, muito mais difícil que qualquer outra instalação anterior na minha opinião. O que torna ele difícil, além das próprias batalhas que já são bem trabalhosas, é como é complicado arrumar dinheiro para comprar recursos de cura em geral. Itens de cura mais básicos são exorbitantemente caros, assim como praticamente tudo o que é necessário investir em Gald neste jogo. Aprimorar armaduras, equipamentos, armas e acessórios são super custosos e fará você pensar bastante se algo estará valendo a pena ou não melhorar.
Outra coisa que ficou bem diferente positivamente foi como habilitamos os títulos dos personagens. Antes, nos outros jogos, os títulos serviam apenas para alguns fins mais cosméticos e não traziam tantas coisas que eram relevantes para a evolução dos heróis num geral, mas aqui em Arise, cada título que conseguimos poderemos aprender 5 habilidades que aprendemos ao consumir pontos de habilidade para tal.
As habilidades são novos ataques, resistências e skills passivas, e tudo o que fizermos no jogo irá refletir na obtenção de um determinado título, como por exemplo, cozinhar várias vezes algo irá liberar um título para um dos personagens, e com ele, a possibilidade de aprender as skills respectivas.
O jogo está cheio de coisas para se fazer nele, é um RPG bem longo, e recheado de conteúdo. Tem muitos inimigos opcionais para se derrotar, uma arena para enfrentar um cameo battle bem interessante, cujo qual não vou dar spoiler, e centenas de sub-quests espalhadas pelo mundo, a maioria é “derrote 10 monstros” ou “colete essa montueira de coisa”, porém a mais icônica e que se tornou até um meme pra mim é a busca das corujas espalhadas pelos continentes, engraçado pra caramba! Hoo HOO! Me divirto.
Tales of Arise é um jogo que leva mais ou menos 60 horas para se concluir a história normal, sem as side-quests, dividido em dois grandes arcos na história (como eu gosto de dizer), e apesar de eu achar que muita coisa podia ser melhorada ali dentro, eu acredito que a desenvolvedora acertou em cheio na maioria dos aspectos.
Gostei das animações desenhadas no desenrolar da trama, das duas aberturas que são maravilhosas, do final do jogo que é muito bonito também. Acredito que não seja o melhor jogo da série, mas de longe é o pior, Tales of Arise é uma ótima pedida para os fãs de jogos de RPG de ação, só esperamos que você não se descabele tanto com a dificuldade altíssima.