Todos os gamers que vivenciaram a época dos 8-bits e tiveram um NES, com toda a certeza lembram de jogos como Mario, Castlevania, Megaman, Contra, Zelda ou Metal Gear. E não é para menos, visto que esses jogos são tidos como clássicos e recebem continuações até hoje.
Mas e os jogos menos conhecidos.. seja por causa do lançamento no fim da vida do NES, em uma época aonde o SNES e o Mega Drive eram reis, ou simplesmente por terem sido ‘floodados’ pela penca de jogos com nomes famosos? Teve algum que poderia ser comparado (..ou até melhor!) aos jogos tidos como ‘os melhores’ por cores e casuais até hoje?!
Bom, existem sim.. listarei aqui 5 exemplos dos jogos que tinham tudo para virar clássicos e que passaram batido. Não estão em uma ordem como em um top 5, pois seria difícil estabelecer uma preferência entre eles:
Ok, o primeiro jogo da lista talvez não seja TÃO desconhecido assim.. mas dos jogos lançados pela Capcom na época, como Bionic Commando, Megaman, Yo! Noid e até Duck Tales ou Chip n’ Dale (co-op FTW!), esse jogo terminou sendo injustiçado e ficou apagado próximo aos outros grandes jogos da empresa.
Mas não se deixe enganar por isso ou pelo visual infantil. O jogo tem todas as características que tornavam os jogos da Capcom memoráveis: Gameplay único e com resposta rápida? Checado, desafio e stage design exemplar? Checado, bons gráficos? Checado.. e por último (mas não menos importante), uma trilha sonora que gruda na cabeça? Checado.
Little Nemo foi inspirado por um longa de animação japonês de mesmo nome.. e que surgiu de uma tirinha de jornal norte-americana criada no início do século passado. O enredo fala sobre Nemo, o qual é ‘o escolhido’ para salvar uma princesa no mundo dos sonhos e que foi aprisionada no mundo dos pesadelos (O choro é livre, NiGHTS!).
Para isso, Nemo conta com a ajuda de diversos animais.. 8 no total.. encontrados pelo jogo os quais, depois de serem alimentados com doces (o único ataque de Nemo), permitem que você se transforme neles ou os use como montaria. Cada um tem uma habilidade específica como, por exemplo, a toupeira que lhe dá a habilidade de cavar buracos no chão para explorar áreas escondidas ou a abelha, a qual permite que você voe pelos cenários e/ou ataque os inimigos.
Os estágios são grandes e não lineares, fazendo com que você tenha de alternar entre os animais de forma inteligente para explorá-los, coletar um número determinado de chaves espalhadas e finalmente destravar a porta para a próxima área. Nos estágios mais avançados, Nemo conta com um cetro que pode atirar luz para derrotar os inimigos.
A trilha sonora e o visual surreal dos estágios se complementam muito bem, fazendo desse jogo um dos melhores plataformers do console até hoje.
O jogo também recebeu uma versão para a CPS-1, porém “beat’em upesca” e com co-op de 2 jogadores. Alguns dos estágios são parecidos com os da versão de NES, mas com a diferença de um upgrade gráfico e sonoro impressionante para a época – é uma pena de nunca ter sido portado para o SNES.
Lançado pela Konami em 1992, e também com base em uma IP licenciada de um quadrinho e desenho animado (que durou poucas temporadas), tem como herói uma lebre espacial.. verde.. (Jazz Jackrabbit?! Nop.. Bucky O’Hare!), que vive em universo paralelo aonde mamíferos entraram em guerra contra as rãs (!! só essa premissa absurda já vale o preço de admissão, lol). Bucky é o capitão de uma nave espacial que teve sua equipe sequestrada pelas rãs, e seu objetivo é salvar os membros da equipe em diferentes planetas no jogo.
Como é uma das últimas levas de jogos para NES, o jogo é bem detalhado visualmente com sprites grandes e rico em detalhes. As músicas são um show à parte também, trilha a qual fãs de chiptunes não podem deixar de ouvir – sem qualquer exagero, estão à altura das melhores trilhas da Capcom e da Konami no NES.
Bucky O’Hare recebeu também um jogo para arcade, com suporte à 4 jogadores simultâneos. E, da mesma forma que TMNT, The Simpsons e outros jogos da Konami nos fliperamas daquela época, é garantia de diversão em multiplayer.
O jogo se chamava “Lickle: Legend of the Holy Bell” no Japão, mas a Taito optou por renomeá-lo como Little Samson no ocidente. Decisão a qual provávelmente ajudou a afastar mais ainda o público.. visto que gamers geralmente associam chatisse à jogos com referências religiosas – mesmo com o jogo não tendo nada a ver com a história bíblica de Sansão ou qualquer outra a não ser pelo nome, isso talvez tenha sido um dos pregos no caixão do jogo e consequentemente da Takeru, que fechou as portas logo depois de ter lançado Little Samson.
O enredo é relativamente simples: Em um reino que foi tomado por uma criatura das trevas, o rei invoca os 4 guardiões dos sinos sagrados (por isso o título japonês) para derrotar a tal criatura. Cada um dos guardiões (Samson, Golem, Kikira e K.O.) tem habilidades específicas que, assim como em Bucky O’Hare, podem ser alternados durante os estágios.
O gameplay lembra muito Megaman, inclusive no stage design que é extremamente bem planejado e balanceado, exigindo com que você mude constantemente entre os personagens a todo o momento.. dependendo dos obstáculos colocados no seu caminho.
A trilha sonora não tem nada de especial, com uma música tema para cada personagem e, sim, pode se tornar repetitiva depois de um tempo. Mas isso é compensado nos gráficos, os quais são um dos melhores no NES, com animações detalhadas para o que o hardware permite e chefes grandes.. aonde alguns chegam a ocupar metade da tela.
Hoje, o cartucho original do jogo pode alcançar 300 dólares ou até mais, caso tenha caixa e manual bem conservados. Jogo extremamente raro e que vale a pena jogar.. contrário ao Action 51, Cheetahman II e alguns outros raros do console dignos de facepalm, mas que também valem uma nota.
Jogo da Irem lançado em 1990, Metal Storm é um jogo de ação com mechs que não teve muita atenção pois foi lançado na mesma época que outros jogos famosos para o console como, por exemplo, Battletoads e Bart vs. Space Mutants.
Apesar da história batida de “Mech indo destruir base alienígena antes que a Terra seja destruída”, o gameplay desse action/shooter não tem nada de genérico: O elemento principal do gameplay é a manipulação da gravidade, permitindo que você ande pelo teto dos estágios a qualquer momento, seja para desviar dos adversários ou usar o seu próprio mech como ataque.
Em algumas partes, o jogo lembra os shoot’em ups.. dado a quantidade de inimigos e tiros na tela (em particular no modo expert, podendo ocorrer slowdowns). E como é de se esperar do gênero, requer que você domine os controles para sobreviver à horda de inimigos – e não é para menos que lembre o gênero citado acima.. uma vez que a Irem também foi a responsável por R-Type.. que até faz um “cameo” no cenário de um dos bosses.
O jogo tem insta-kill, o que pode dificultar bastante o progresso. Mas para facilitar as coisas para o jogador, é possível pegar power-ups.. como um escudo que reflete tiros, outro que lhe dá um ‘hit’ extra e melhorias para o seu ataque – além da quantidade de coisas acontecendo na tela, os estágios tem um limite de tempo e alguns são maze-like, fazendo com que o jogador os memorize para terminar antes que o tempo chegue a zero.
Visualmente, o jogo apresenta um design elaborado para os mechs, mesmo que em um jogo 8-bits. Apesar dos sprites pequenos de alguns inimigos, é possível notar o detalhe colocado em cada um dos robôs no jogo.. principalmente nos chefes – os cenários, apesar de não serem nada de outro mundo, usam e abusam de parallax.
Quanto ao som, as músicas não são top, mas combinam bem com o “ritmo” de cada estágio do jogo.
Gimmick! foi um plataformer da Sunsoft lançado em 1992 no Japão e em 1993 na Europa. Foi lançado tão tarde na vida do console que não viu um lançamento norte-americano, apesar de existirem protótipos dessa versão “perdidos” Internet afora.
O jogo fala de um boneco chamado Yumetaro que tem de salvar a sua dona, a qual foi raptada pelos outros brinquedos por ciúmes do protagonista, que se tornou o brinquedo favorito dela. Gimmick! foi lançado no auge da “onda” dos mascotes e o personagem, criado na intenção de se tornar um para a Sunsoft, lembra uma combinação de Kirby com Sonic – talvez, se tivesse sido lançado mais cedo (ou também no SNES), teria chances de dar certo, pois o jogo tem todos os elementos chave para tal.
A jogabilidade tem como fator principal o ataque de Yumetaro: Uma estrela que ele pode atirar e reage de acordo com o sistema de física do jogo (feature incomum em um jogo de NES). Essa estrela também pode ser usada como uma forma de locomocão, útil para atravessar buracos grandes ou alcançar áreas de difícil acesso – velocidade é outro elemento importante para que, por exemplo, Yumetaro pegue impulso e consiga subir em rampas íngremes e etc.
O jogador encontra diversos power-ups durante a jornada e também ítens secretos, os quais servem para liberar o último estágio do jogo. Mas com um detalhe: Você não poder usar nenhum continue para isso – e com os tais ítens secretos escondidos em lugares difíceis de achar/arriscados, esse “desafio extra” cria um replay value para o jogador até que ele tenha se familiarizado com o layout dos estágios e a mecânica do gameplay para chegar na área final sem torrar continues.
Os inimigos do jogo tem IA, que os dá personalidade, indo muito além do padrão “andar da direita para a esquerda”.. típico dos Koopa no Mario e outros inimigos padrão do gênero plataformer. Isso é útil em alguns momentos, aonde você tem de fazer os inimigos realizarem certas ações à seu favor em pequenos puzzles para que você continue progredindo pelos estágios.
O visual agrada os olhos.. algumas vezes parecendo até exceder o limite da palheta de cores do NES e é muito bem trabalhado graficamente, com pequenos detalhes planejados únicamente para surpreender os jogadores. Os personagens são “cute”, como é o esperado em jogos de mascotes, com animações fluidas e detalhadas para o padrão do NES.. o que dá ainda mais personalidade ao jogo.
As músicas também merecem destaque. O cartucho tem um chip extra de som, permitindo o uso de mais canais de áudio e faz com que as melodias, sempre “upbeat”, sejam memoráveis e talvez as melhores do NES.. lembrando Sonic em alguns momentos – mais uma trilha obrigatória para quem é fã de chiptune.
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Bom, e assim termino a lista. Caso você tenha um NES e queria algumas boas sugestões, seja para desenterrar o console e/ou aumentar a sua coleção, recomendo fortemente ir atrás desse jogos – e caso você não tenha o console, mas queira alguns bons jogos para passar o tempo, sugiro procurar na net as roms para jogar por emulação.. apesar de antigos, esses jogos resistiram ao teste do tempo e envelheceram bem, inclusive oferecendo mais diversão (e desafio) do que alguns dos jogos lançados atualmente.. haters gonna hate.
E você.. tem alguma sugestão de jogos bons mas que também foram ignorados?! Compartilhe suas sugestões nos comentários! =D