Depois de tanto tempo criando expectativas, nos apresentando ao seu mundo e pavimentando seu caminho para se tornar o jogo mais vendido da história, Grand Theft Auto V finalmente está disponível para o público. Porém, enquanto muitos esperavam comprar um jogo qualquer com seus R$200, o que vem gravado no disco é na verdade um pequeno mundo que tem uma vida própria, um mundo que vale a pena ser explorado até o fim. Esse mundo se chama San Andreas.
Dentro de San Andreas você está livre para fazer o que quiser. Quer passear pela cidade de carro? Vá em frente. Ou talvez subir a maior montanha do jogo de bicicleta? Também é uma opção! O número de lugares a serem visitados e atividades para participar é gigantesco. E não pense que essas atividades são algo implementado de qualquer forma. Todas elas são bem feitas, divertidas e ajudam na imersão do jogador nesse mundo. Desde jogar tênis e golfe até passear pelas florestas caçando animais.
Mesmo assim ainda é necessário algo a mais para trazer esse mundo à vida. E os habitantes da cidade são esse elemento. Ao andar por San Andreas, você encontra desde caipiras até patricinhas, todos fazendo algo e na maioria das vezes falando algo. Além disso o jogador pode interagir com essas pessoas, conversando com elas. Todos esses detalhes fazem o mundo realmente ganhar vida.
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A narrativa do jogo, mesmo tendo o mapa inteiro aberto para ser explorado de início, fica grande parte do tempo restrita a Los Santos, que é uma versão fictícia de Los Angeles. Ao contrário de jogos passados, GTA V possui três personagens principais jogáveis, sendo eles Michael, Franklin e Trevor. Cada um tem seu jeito de falar, andar, agir e suas próprias habilidades, o que ajuda a diferenciar um do outro. Michael é um ladrão aposentado que mora em uma mansão com sua esposa infiel e dois filhos mimados e passa seus dias deitado na beira da piscina, bebendo uísque. Franklin é um jovem negro que passa seu tempo tentando escapar da realidade de gângsteres e drogas em que se encontra, sonhando com uma vida melhor. Por fim temos Trevor, um psicopata alucinado que sonha em levar seu negócio de metanfetamina para frente.
Cada um desses personagens tem uma narrativa própria, além de participarem da trama principal do jogo que envolve os três ou, eventualmente, alguma combinação de dois deles. É incrível como conseguiram colocar tanto conteúdo no jogo, porém isso não quer dizer que não existam problemas. Infelizmente, é tanta história para contar que muitos dos personagens secundários não são bem explorados, já que o foco fica nos três protagonistas. Mas tirando esse pequeno problema, a campanha é uma das melhores já criadas até hoje para a franquia, com um enredo forte e atuação fantástica de todos os envolvidos.
Em termos de gameplay, o jogo funciona de forma muito similar ao GTA IV. Contudo, a maior diferença encontra-se na forma que a estrutura de três personagens é usada para inovar o modo com o qual as missões podem ser jogadas. A qualquer momento durante a missão o jogador pode mudar para qualquer um dos personagens lá presentes rapidamente, tomando seu ponto de vista enquanto a máquina assume controle dos outros dois. Isso faz com que toda missão quando jogada seja uma novidade porque o jogador pode encará-la de muitas maneiras diferentes. Fora das missões, ao trocar de personagem, a câmera se afasta de um, dando uma visão geral do mapa, antes de se aproximar novamente do selecionado.
Além disso, é fácil perceber que a Rockstar foi usando truques aprendidos em outros jogos para aprimorar a experiência no GTA V. Embora as mecânicas de tiro ainda não estejam perfeitas, houve grande avanço simplesmente pela existência de uma roda onde a arma desejada é selecionada, lembrando Max Payne. Red Dead Redemption influenciou na introdução de vida animal e eventos aleatórios, onde o jogador pode intervir ou apenas ignorar. Os indícios de outros jogos estão presentes por todo lado e todos se juntam para fazer um jogo melhor ainda.
Graficamente, o jogo é muito bonito. Todavia, essa é a área que (é claro) mais sofreu com as restrições da geração atual de consoles, cada vez mais próximas do fim. As animações são muito boas, especialmente os rostos. Texturas são de ótima qualidade, especialmente nos carros, helicópteros, aviões e demais veículos. Porém, todo esse peso gráfico vem à tona ao andar pelo mundo. Em alguns momentos ocorrem pop-ins grandes, e em instantes mais caóticos, o frame rate cai. Não é nada que acabe com o jogo, entretanto é perceptível.
Um dos maiores elementos do jogo, tão grande que não estava disponível no lançamento (e por isso seguramos a análise do jogo pra levá-lo em consideração), é o GTA Online. Esse modo multiplayer foi lançado duas semanas após a estreia do jogo. No princípio, houve problemas de servidor que impediram muitos de jogarem e infelizmente esses problemas persistem.
Por outro lado, quando o online funciona, é algo realmente espetacular. Ao contrário do jogo anterior, neste o modo possui uma narrativa, com missões a serem cumpridas e pessoas que vão sendo conhecidas para que o jogador leve sua vida criminosa online pra frente. Este agora detém uma conta de banco persistente, no qual ele pode guardar dinheiro para comprar roupas, armas, carros e até propriedades. Também foi prometido que em breve serão lançados assaltos a bancos em cooperativo. Tudo isso faz com que o jogador tenha um investimento maior com seu personagem.
Dito isso, essas mudanças fazem com que certos comportamentos online não sejam mais possíveis. Agora, em todos os modos de jogo (exceto Deathmatch), o jogador perde uma quantia relativamente grande de dinheiro ao morrer. Isso faz com que certas missões sejam inviáveis, pois a recompensa não cobre os gastos de cada morte. Além disso, situações clássicas em jogos de sandbox multiplayer, em que os jogadores só espalham o caos pelo mundo, sem ligar para quantas vezes morrem e renascem, dificilmente acontecem agora em função desse castigo pesado.
Em geral, GTA V é um jogo que mostra o quanto a Rockstar evoluiu desde a iteração passada. É uma obra ambiciosa que às vezes não consegue atingir todos os objetivos que queria, mas isso não quer dizer de jeito algum que seja um jogo ruim! Pelo contrário, é um dos melhores jogos do ano, e qualquer fã da franquia, de jogos sandbox e de narrativas fortes deve jogar!