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Análise – Layers of Fear

Em 12 de Agosto de 2014, foi lançado, para o PlayStation 4, o que mais tarde se tornaria um cult dos jogos eletrônicos: O Playable Teaser de Silent Hills, também conhecido como P.T.

O demo conceitual, em primeira pessoa, se tratava de um jogo de exploração em uma casa assombrada. O nível de produção e detalhamento do jogo, aliado ao terror psicológico característico da série Silent Hill, rapidamente chamaram a atenção dos fãs de jogos de terror. O hype para o jogo completo estava pronto. Infelizmente, esse viria a ser cancelado algum tempo depois, e o P.T., removido da PSN. Mas a reação do público ao jogo mostrou que existe um nicho que aprecia jogos de exploração em primeira pessoa focados em terror psicológico.

E é nessa premissa que Layers of Fear existe. O conceito inicial de P.T. toma, aqui, a forma completa. Assim como em P.T., Layers of Fear te joga em um mundo assustador e confuso, sem muita explicação, pra que você tente colocar nele algum sentido. Na pele de um pintor cuja sanidade mental se encontra em estado vividamente questionável, o jogador explora o passado através dos corredores escuros e sombrios de uma mansão. É aí, porém, que as semelhanças com P.T. terminam. O que, em P.T., era um único corredor repetido à exaustão, em Layers of Fear, é expandido além disso, pra uma mansão inteira.

Através da coleção de objetos que fizeram parte do passado do protagonista, além de textos e lembranças, a história vai, pouco a pouco, se formando. O jogo possui um hall principal – o estúdio de pintura do protagonista – e nele se encontram todos os colecionáveis já obtidos até o momento, pra que o jogador possa, a cada loop pela mansão, reavaliar os fatos ocorridos e o decorrer da história. E assim como todo quebra-cabeça, a história final não será completa sem todos os pedaços.

Desenvolvido pelo Blooper Team, um estúdio sem jogos muito grandes no seu currículo, Layers of Fear é, graficamente, competente. A comparação com o P.T., da Konami, construído na Fox Engine, não é muito favorável ao jogo, que além de ser desenvolvido por um estúdio muito menor, usa a engine Unity como base. Além disso, é natural que um jogo maior tenha um nível de detalhes inferior a um teaser jogável que apresentava apenas um corredor repetido à exaustão. Portanto, é natural que Layers of Fear não se compare com P.T. no que toca o visual, tanto técnica quanto artisticamente. Porém, o jogo também não deixa a desejar nesse quesito.

É no sound design que o jogo se destaca, porém. Com o equipamento adequado, o trabalho sonoro feito em Layers of Fear é capaz de colocar medo em qualquer um. O build-up sonoro, aliado ao terror psicológico primoroso, resulta em alguns dos jumpscares mais efetivos que a indústria de jogos eletrônicos consegue criar.

Em termos de gameplay, o jogo também desempenha em um nível aceitável. Um jogo que pode ser descrito como “terror psicológico em primeira pessoa” fatalmente não vai apresentar (e nem depender de) controles impecáveis ou mecânicas de gameplay complexas. Porém, Layers of Fear apresenta alguns puzzles surpreendentes, e com pouco a nenhum hand-holding. Se o jogador quiser avançar, ele terá que experimentar e analisar como o ambiente responde ao que ele faz.

Em um gênero relativamente abandonado nas últimas gerações, nas quais series clássicas como Resident Evil e Silent Hill abandonaram a formula de terror que as tornaram famosas, Layers of Fear é um jogo muito bem-vindo. Muito menor e mais simples do que os clássicos que definiram o que é um jogo de terror, porém, muito mais íntimo e imersivo, é obrigatório para fãs de jogos de terror.

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