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7, jul 2014
Análise – Shovel Knight
9
Retro Gaming total
Shovel Knight, não se limita a entregar somente um título perfeito para amantes do NES e de retro gaming, mas entrega também um dos melhores plataformas de todos os tempos.

Recordando as origens dos jogos e ignorando completamente a evolução gráfica constantemente imposta pela indústria, Shovel Knight se rende ao atual nicho do retro gaming, entregando um plataformer 2D ao melhor estilo 8 bits. Será que vale a pena? É o que vamos descobrir nesse review.

Título inicialmente lançado através do Kickstarter, a mais popular plataforma de crowd-funding, Shovel Knight é o primeiro jogo da novata Yacht Club. Lançado para Nintendo Wii U, 3DS e PCs, o jogo é um plataforma 2D que remete a geração 8 bits pegando elementos de diversos clássicos da era NES.

Começando pela história, que também segue o estilo dos jogos da época sem entregar grandes eventos ou cutscenes e não tenta ser nada além de um pano de fundo pra ação. Basicamente você é Shovel Knight e tem como sua missão, salvar sua companheira Shield Knight, das garras da feiticeira Enchantress. Para isso você conta apenas com uma pá e suas habilidades de pulo e terá que passar por 8 cavaleiros lacaios da feiticeira que desempenham o papel de chefes de fase.

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JOGABILIDADE

Com uma premissa simples e apenas 2 botões, um de pulo e um de ataque, Shovel Knight é um jogo que remete aos maiores clássicos do NES. Com estágios sidescroller ao estilo Megaman, os chefes de fase são temáticos e remetem aos robôs de cada estágio do esquecido mascote da CAPCOM. Após o estágio inicial que funciona como uma introdução ao sistema de jogo e um tutorial básico, você é levado ao hub de fases do jogo: um mapa que é claramente uma homenagem ao Super Mario Bros 3, contando com os estágios especiais e até mesmo inimigos errantes (lembrando os inimigos aleatórios de bumerangue e martelo de Mario 3).

Durante as fases, a jogabilidade simples remete a mecânica de outros 2 grandes jogos do NES: Duck Tales, onde seus ataques funcionam de forma muito similar as habilidades do Tio Patinhas, podendo pular em cima de seus inimigos com a pá, ou realizar ataques normais com ela; e Castlevania, onde você poderá utilizar itens como sub-armas ou habilidades especiais usando o botão de ataque e colocando pra cima, gastando itens de MP pra isso. E finalmente uma homenagem aos RPGs clássicos do NES aparece no sistema de inventário e dinheiro, onde você tem que coletar pedras preciosas e falar com NPCs para pagar por upgrades de armadura e habilidades. Zelda II: The Adventure of Link alguém?

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Dito isto, já podemos perceber que o maior mérito de Shovel Knight não é sua originalidade, mas sim o fato de conseguir unir sistemas de títulos tão diferentes e condensar numa jogabilidade nada menos que perfeita. Implementados com maestria, os controles de Shovel Knight são alguns dos melhores já vistos para o gênero e não existe nada ali que permita que você os culpe quando acabar morrendo durante os estágios. Em muitas fases você terá apenas um minúsculo pedaço de plataforma para saltar e se sentirá confiante para isso, sem derrapar ou errar o salto por algum motivo alheio a sua vontade. E justamente por saber que você tem o total controle sobre seu personagem, o jogo se permite entregar um level design desafiador e de qualidade. Com fases temáticas, cada um dos cavaleiros inimigos que você enfrentará em Shovel Knight trás estágios variados e lembram muito a progressão dos Megaman, com estágios que variam nitidamente dos mais fáceis aos mais difíceis.

shovel knightO sistema de checkpoint merece ser citado, pois conseguiu inovar ao sair da mesmice de apenas marcar o seu progresso, sendo um dos elementos originais do jogo. Como seu objetivo ao avançar pelas fases é coletar dinheiro, você tem a opção de destruir o checkpoint e ganhar muito dinheiro ao fazê-lo. Mas se morrer, vai pagar o preço pela ousadia e retornar do começo do estágio ao invés de voltar do checkpoint que você destruiu, usando pra enriquecer. E você ficará tentado a ignorar os checkpoints, pois cada vez que morrer perderá parte do dinheiro coletado, e você só pode recuperá-lo se chegar ao local onde morreu, ao melhor estilo Diablo ou Dark Souls. É um sistema bastante interessante que trás a sua própria maneira de recompensar jogadores cautelosos e pune aqueles que jogam de maneira apressada ou descuidada.

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A única crítica aos estágios seria no momento mais importante deles: os chefes de fase. Apesar do design original e batalhas variadas com diferentes habilidades, infelizmente os chefes não trazem muito desafio e é comum derrotá-los de primeira, mesmo nos inimigos mais avançados do jogo. Parte da culpa disso é o sistema de upgrade de vida, que faz com que inicialmente você já possa fazer alguns upgrades sem muito esforço, se equiparando a barra de vida do chefe logo nas primeiras duas horas de jogo. No entanto a dificuldade dos estágios acaba compensando a facilidade dos chefes e não é raro morrer por ataques de inimigos comuns, durante as fases do jogo.

SONS

Com efeitos sonoros típicos de 8 bits, Shovel Knight apresenta uma trilha sonora que enaltece o retro gaming em toda a sua glória. É um dos melhores aspectos do jogo, que apresenta um trabalho de primeira num dos quesitos mais importantes dos títulos retro. Afinal, qual seria a graça de jogar um Castlevania, Ninja Gaiden, Mario 3, Duck Tales ou Megaman, sem estar embalado no gameplay com as trilhas sonoras espetaculares de cada um desses títulos? Shovel Knight não faz por menos e entrega uma trilha sonora empolgante, lembrando o quanto eram viciantes as simples melodias da época do NES.

campFire

FINALIZANDO

Sabemos que muitos jogadores estão simplesmente cansando da onda de exploração retro-gaming que surgiu na indústria, onde muitas empresas se aproveitam desse nicho para entregar títulos de qualidade duvidosa, querendo apenas embarcar no hype e roubar o público para seu produto.

Felizmente esse não é o caso aqui. Shovel Knight, não se limita a entregar somente um título perfeito para amantes do NES e de retro gaming, mas entrega também um dos melhores plataformas de todos os tempos para qualquer jogador de videogame que esteja disposto a encarar seus carismáticos gráficos estilo 8 bits. É uma homenagem aos melhores do gênero e obrigatório para qualquer jogador da “velha-guarda” dos games.

Átila Graef

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