Death Stranding – Análise
Após pouco mais de 40 horas de jogo e com muitas expectativas desde a revelação do primeiro trailer em 2016, percebi que Death Stranding conseguiu entregar algo novo e diferenciado.
O criador Hideo Kojima prometeu até um gênero novo, o que poderia ser uma fanfarronice ou uma promessa muito ambiciosa e fico feliz pelo resultado após tantas dúvidas sobre o enredo, o tipo de gameplay e vídeos do protagonista apenas andando e andando. O jogo esta a altura das suas ambições e entrega uma experiência única, que embora tenha muito do DNA do Kojima, principalmente para quem jogou Metal Gear Solid V e Peace Walker, oferece uma experiência muito original.
Como DNA estão lá: gameplay que oferece diferentes tipos de abordagem, uma história rica, muitos logs, emails , entrevistas, informações reais de pesquisa enriquecendo a trama (algo que apreciei muito no codec de Peace Walker), um tema para debater e filosofar, os personagens com histórias bizarras, uso de diversos itens e equipamentos, inclusive subvertendo o gameplay as vezes e obrigando o jogador pensar fora da caixinha.
Você assume o papel de Sam Porter Bridges, um entregador que a pedido da presidente da UCA , tem que interconectar diferentes bases num vasto mundo aberto que corre da costa Leste dos EUA até a Oeste, num mapa gigantesco.
Nesse ponto de mundo aberto imagine algo como as torres de Assassin’s Creed, onde após serem descobertas e “ ativadas”, você consegue ter noção de tudo que a pequena área dentro do mapa geral pode oferecer e nesse caso, o elemento online faz muita diferença.
O gameplay é desenhado para oferecer desafios de exploração através de terrenos e diferentes biomas e com o uso de equipamentos especiais você vai conseguir sobrepujar esses obstáculos. O elemento online entra nesse aspecto. Por exemplo: ao fabricar uma estrutura de uma ponte para atravessar um rio, você deixará essa estrutura para ser utilizada por outro jogador e vai encontrar estruturas e elementos criados por outros jogadores no seu mundo.
Na minha experiência de jogo, já haviam diversos locais com estruturas montadas, o que deu maior fluxo ao meu gameplay, sem que eu precisasse me desgastar com gerenciamento de carregamento de itens e equipamentos de forma excessiva.
Death Stranding traz como um dos elementos principais de jogabilidade todo um sistema de gerenciamento de cargas, que corresponde a fazer Sam carregar uma carga solicitada tendo que lidar com o tipo de carga para jornada, como bolsas de sangue, escada, granadas, cordas, etc. E Sam Bridges tem que saber equilibrar a forma que carrega todas essas encomendas para não perder sua mobilidade ao explorar o mundo.
Com isso você vai cumprindo as entregas para seguir em frente na história principal, mas uma vez cumprida essa base e conectado na rede quiral (a rede que interliga as bases) o jogo abre a possibilidade de você ajudar os personagens isolados nas bases, as vezes ajudando-os em seus trabalhos de pesquisa, ajudando a desvendar mistérios pessoais, como encontrar um namorado de uma personagem que foi dado como morto e até mesmo algo mais simples como entregar uma pizza.
O jogo inicia com bastantes cenas de corte, absolutamente incríveis, mostrando um pouco do que podemos esperar graficamente na próxima geração. Além disso muitas explicações para as dúvidas criadas nos trailers e também novas dúvidas surgirão nas primeiras 2 horas. O gameplay é expansivo, aberto e vai sendo ensinado para o jogador aos poucos, o que causa de início uma impressão de que o jogo é lento. Não é exagero dizer que nas 10 primeiras horas você ainda estará perdido em tudo que pode fazer ao mesmo tempo, sem entender qual melhor abordagem para enfrentar os BTS, criaturas escuras conectadas através de um cordão umbilical ao outro mundo, o Limbo.
Junto a isso temos os MULAS, que são os inimigos humanos do jogo encontrados em bases com detectores, e que você deve neutralizar porem evitar de matar (o que será possível bem mais para frente).
Junto a tudo isso, Sam carrega consigo o bebê mostrado nos trailers que vai ajudar a enxergar os BTS durante suas jornadas de entregas. Deadman, o personagem de Guilhermo Del Toro, insiste na ideia de que o bebê é apenas uma ferramenta, mas como esperado de Kojima, o jogo vai desenvolvendo uma conexão emocional com Sam e isso produz reflexos de cuidado com ele que me remeteram a relação do jogador com Trico, quando joguei The Last Guardian.
Preciso dizer que o trabalho com os atores, somado a técnica de fotometria trazendo ares realistas, é um dos mais incríveis que existem no mercado em qualquer plataforma. Realmente estamos diante de uma experiência entre gerações, mostrando um pouco do que teremos quando os próximos consoles chegarem. Conseguindo captar as características físicas dos atores, não me recordo algo tão preciso e bem usado, isso somado ao uso de atores experientes, a sensação é de como você estivesse assistindo a um trabalho em filme ou série deles. Destaque em especial para as atuações de Fragile (Lea Seydoux), Sam (Normam Reedus) e Cliff (Mads Mikkelsen).
O enredo aborda também a solidão, a extinção, a necessidade humana de socializar e tudo isso é posto em prática com o uso de um componente online de ajuda, inclusive nos chefes, que não seria possível replicar em outra mídia, trazendo uma experiência especial, bastante única.
Toda a narrativa do game é embalada com um excelente trabalho de dublagem (a nacional também gostei) e ótima trilha sonora. Adorei a música de abertura Don’t Be so Serious – Low Roar assim como a instrumental.
No entanto alguns vícios do Kojima ainda permanecem. Exageros nas tragédias e bizarrices dos personagens, siglas e explicações técnicas em excesso podem cansar alguns e como um ponto negativo que outros jogos dele não tinham, no que diz respeito a parte de ação, Death Stranding é um jogo fácil.
Em relação aos cenários, você tem diferentes biomas variados que o estimulam a conhecer o mapa. Explorar montanhas de neve nunca foi tão desafiante e estimulante e o jogo apresenta paisagens belíssimas, fazendo belo uso da engine da Guerrilla Games, chamada Decima, a mesma usada em Horizon Zero Dawn. É igualmente um jogo lindo e aqui, aplicado esse foto realismo, faz um dos títulos mais belos do PS4 e da geração.
Joguei no PS4 Pro e foi perceptível a falta de efeitos de forma mais avançada como filtro anisotropic, o que provoca umas superfícies no horizonte mais borradas já próximo ao jogador. O game roda na maior parte do tempo em 30 quadros por segundo, porém quando em chefes muito grandes, aparenta ter algumas pequenas quedas e a resolução dinâmica tem sinais de reconstrução típica dos jogos do PS4 Pro. É com felicidade que recebi a notícia de que teremos uma versão para o PC e quem sabe também uma versão PS5 futuramente. Esse jogo merece.
Death Stranding não é um jogo fácil de recomendar, requer um perfil de alguém que gosta de explorar, quer experimentar formas diferentes de abordagem, para então escolher sua melhor forma de progressão. Não aconselho de maneira alguma pensar nele como um jogo voltado para ação, pois certamente vai se frustrar. Mas se você for do perfil mais explorador, vai se envolver com o jogo.
Talvez o aspecto da história que prometia ser o ponto mais diferente acabe sendo mais bem amarrado e fácil acompanhar do que compreender todas as possibilidades do gameplay, esse sim o elemento mais diferente no jogo, e digo isso de forma muito positiva. Esse é um jogo muito bom, com momentos que podem ser cansativos para o jogador, algo que já me ocorreu em Zelda, Final Fantasy XII, Metal Gear Solid V e The Witcher 3) , mas o que ele entrega é único. No entanto, pode não ser uma experiência para todos e depende muito do quanto você está aberto a novos estilos e ideias.
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- História envolvente, com um universo muito rico
- Cenarios lindos
- Gameplay único
- Elemento online enriquece a experiência
- Fabuloso trabalho de atuação e captura
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- Ritmo lento nas primeiras horas
- Desafio nas partes de ação fácil, talvez pelo excesso de recursos
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- Death Stranding – Análise - 1 de novembro de 2019