Far Cry 5 – Análise
Bem amigos, cá estamos nós novamente com um novo Far Cry e a Ubisoft escutou as palavras do saudoso Vaas Montenegro pois agora TEMOS NOVIDADES!!! Os tempos de Far Cry Primal ficaram para trás (ainda bem).
Desde a E3 de 2017 esse jogo tem gerado hype na comunidade gamer, e não é para menos, a Ubisoft sabe como divulgar seus produtos e nessa versão tivemos até um teaser de 30 minutos em live action para introduzir o mundo do jogo. Disponível no Amazon Prime, o curta mostra 3 amigos recebendo um pedido de ajuda de um rapaz preocupado com sua irmã. Esse pedido leva os 3 ao bucólico condado de Hope em Montana, EUA, onde notícias de desaparecimentos de pessoas tem acontecido, porém as autoridades não conseguem achar nada de anormal. Os 3 descobrem segredos terríveis sobre a nova seita religiosa na cidade, enviam um pedido de ajuda desesperado e não se ouve mais falar deles. E assim acaba o teaser.
O jogo começa com uma equipe de policiais, incluindo seu personagem, indo prender o Pai Joseph, o carismático e perigoso líder da seita religião Portões do Éden; seguidores da seita, rednecks armados até os dentes, protegem o seu messias a todo custo e no final, você e seus demais companheiros precisam fugir como loucos e tentar sobreviver.
O jogo começa logo após essa fuga, mostrando que sua mecânica básica se mantém como nos jogos anteriores. Stealth é a palavra-chave, você se aproxima sorrateiramente e ataca os inimigos de maneira furtiva. A novidade aqui é o uso de armas brancas para o nocaute; podem ser canos, remos, tacos, pedaços de madeira e etc. que deixam esse processo mais rápido do que usar apenas as mãos.
Logo você adquire sua primeira arma, e aos poucos vai percebendo que algumas coisas mudaram na mecânica. Slot de armas continua sendo liberado aos poucos, porém agora dependem da evolução do seu personagem, que ganha pontos para gastar conforme realiza pequenos feitos durante o jogo.
Aí temos a primeira mudança notável, a caça deixa de ser algo necessário para ser totalmente opcional e serve apenas para ganhar uns trocados, nada mais de fazer carteiras de Tapir ou coldres de rinoceronte (obrigado mundo politicamente correto). Para alguns pode ser uma benção, para mim perdeu-se um pouco a identidade da série.
E já que falamos em politicamente correto, a Ubi abraçou de vez o problema da identidade de gêneros nesse jogo. Para montar seu personagem você escolhe entre dois biótipos que LEMBRAM uma mulher e um homem, mas sem defini-los e a partir daí você monta rosto, cabelo, roupa e etc. O “Exercito” dos Portões do Edén não faz distinção também, então tanto homens quanto mulheres estão a sua caça, e você pode matar indiscriminadamente tanto homens quanto mulheres, da mesma forma (obrigado mundo politicamente correto).
Na primeira parte do jogo, você fará algumas missões introdutórias que servem para explicar as mecânicas de Far Cry. Muita coisa será familiar a quem jogou os anteriores, mas tem bastante novidade.
Uma delas é que agora ao salvar pessoas da brutalidade dos seguidores do Pai Joseph, essas pessoas podem ser aliciadas a sua causa e ajudar a completar missões, com comandos simples do tipo: ME SIGA, VÁ ATE ALI, ATAQUE. Esse NPC pode fazer ataques furtivos e quando avistado, usar armas de fogo. Isso adiciona um pouco mais de estratégia ao se tentar tomar outposts (sim caro leitor, os outposts estão lá, pode ficar sossegado). Os NPCs também possuem especializações com o tipo de arma que usam, como sniper, luta corporal, por exemplo. Alguns desses ajudantes são especiais, e são liberados fazendo algumas missões especificas e ajudam bastante.
Aliás, falando nos outposts, eles também trazem uma novidade. Libertá-los não garante a tranquilidade da região que ele afeta.
Após essas missões introdutórias, o mapa do “Mundo de Hope” é liberado (obviamente após subir numa torre) e assusta o tamanho, é enorme. Esse mundo é dividido em 5 partes, 3 delas, as maiores, são regiões controladas pelo Tenentes de Joseph, John, Faith e Jacob, que você deve eliminar para libertar essas regiões. Os personagens criados pela Ubisoft para serem esses tenentes são muito bons, com backgrouds bem interessantes, porém Vaas ainda segue imbatível no posto de melhor vilão da série.
Falando das missões, temos novidades aqui também. Agora o jogo permite que você faça as na ordem que quiser. Não existe mais uma linearidade da história, e o mapa vai sendo preenchido com marcos, fazendas e pontos de importância conforme você explora e conversa com as pessoas (SEM TORRES). Além das missões para seguir na história, existem também as missões paralelas que garantem alguma vantagem para o jogador, como armas, veículos, dinheiro. Essas missões são em sua maioria ok, existem poucas que são irritantes. Aliás aqui fica um elogio a Ubi, desde Watch Dogs e suas terríveis missões paralelas a Ubisoft vem se aprimorando nessa arte, e em Far Cry 5 isso fica claro.
Conforme você realiza missões e tarefas, a resistência vai ganhando força e assim a história avança. A história é contada com diálogos e cutscenes, missões especiais são ativadas conforme você avança no jogo. Aos poucos você vai conhecendo mais sobre os Tenentes do pai Joseph, e eles vão se mostrando pessoas que mereceriam uma camisa apertada e um quarto acolchoado.
Um dos pontos fracos da história é a parte RELIGIOSA da seita, que seria o mote da história. Aqui infelizmente a Ubi ficou rasa demais, ao ponto que se tirasse a parte religiosa e deixasse apenas malucos daria na mesma. Faltou tempero nessa parte, faltou um pouco de KKK ou Dan Brown, talvez por receio de como seria encarado pelo público; porém o americanismo exacerbado, como ocorre no interior dos EUA, é tratado com doses de humor e alfinetadas pela Ubisoft, tanto em armas customizadas, roupas e chegando ao auge em missões paralelas que imitam Evil Knievel, com águias e fogos de artificio, é uma delícia.
Gráficos
Continuando a tradição da série, Far Cry 5 apresenta ótimos visuais e a região de Hope é belíssima. Numa tradução extremamente competente pelo time da Ubisoft das regiões montanhosas dos EUA, com suas densas florestas de arvores gigantescas. Jogando em um Xbox One Vanilla (imagens desse review inclusive), fica claro que a Ubisoft foi cuidadosa com os gráficos, com raríssimos momentos de slowdown mesmo com imagens belas e várias coisas em cena. Ouso dizer que é um dos jogos mais bonitos da atualidade.
Far Cry 5 trouxe um mundo extremamente orgânico, crível e aberto. Um lugar para explorar utilizando a enorme quantidade de veículos disponíveis no jogo. E embora a caça tenha se tornado menos importante do ponto de vista dos jogos anteriores, a vida animal está extremamente rica e inclusive agora é possível pescar com varas, e existem diversos peixes para colecionar pelo mundo de Hope.
É realmente um prazer andar pelo condado, seja por terra, ar ou água e um review apenas é impossível para cobrir tudo o que o jogo oferece, sinto que coisas foram deixadas de fora, por isso mesmo se você curtir jogos de tiro, e tiver a oportunidade de jogar, que o faça. Vale muito a pena.
Minha única reclamação mais séria sobre o jogo é a utilização massiva de um único botão: X no Xbox, Quadrado no Playstation são usados para quase tudo. Vasculhar inimigos caídos, trocar armas no chão, falar com NPC, soltar NPC, pegar itens, ativar dispositivos… o que cria situações ridículas como querer vasculhar um cadáver rapidamente e trocar armas, deixando seu rifle superequipado e pegando uma 9mmm safada, as vezes obrigando que se perca tempo procurando um ponto ideal para isso. É simplesmente incompreensível e imperdoável a Ubisoft ter mantido o jogo dessa forma, não usando outros botões para algumas funções diferentes. É um erro básico de design e não acredito que isso não tenha aparecido nos testes feitos pela empresa. Chega a ser irritante. O uso de botões de contexto está perdendo a mão.
Finalizando
Far Cry 5 é uma tentativa de voltar ao sucesso de Far Cry 3 e a Ubi está no caminho certo. Com belos cenários, uma boa história com bons personagens e missões divertidas é um jogo que vale a pena para todos que gostaram da jornada contra Vaas. Quem não gostou no entanto, deve passar longe, pois as mudanças não são profundas a ponto de alterar todo o core da série, sendo mais um ajuste fino no que precisava e um retorno a relevância, menos burocrático e mais ação. No período dessa análise, não foi possível testar o Far Cry arcade ou o modo Coop então ficará em aberto e atualizarei a análise posteriormente.
Pontos Positivos
- Novas mecânicas
- Bons personagens
- História não linear
- Gráficos de primeira
Pontos Negativos
- Limitação de botões desnecessária e atrapalha
- Motivação rasa não desenvolve as particularidades da seita religiosa
- Sem muita utilidade na caça