Mass Effect Andromeda – Análise
Antes de falar sobre Mass Effect Andromeda quero falar sobre meu carinho com a franquia, sobre o que eu esperava deste jogo para que assim você consiga separar a expectativa de um fã, de uma análise mais objetiva.
Como fanático por Star Trek, Babylon Five, Duna e Battlestar Galatica era óbvio que Mass Effect ia suprir o meu gosto por aventuras espaciais e raças cativantes. Criar uma historia na pele do Tenente Comandante Shepard durante centenas de horas conhecendo raças interessantes como os Quarians, Krogans e Salarians enquanto tomava decisões importantíssimas que influenciariam no destino da galáxia inteira ainda é uma das experiências mais marcantes com jogos que eu tive. Não era um exemplo de jogabilidade como shooter e nem como RPG, mas o carisma e profundidade te puxavam para dentro deste universo.
Quando Mass Effect acabou minha experiência estava completa não se poderia fazer um jogo cronologicamente a frente porque o fim é definitivo. Não se poderia fazer uma historia no passado porque nada vai ser mais épico que salvar uma galáxia. Mas uma verdade absoluta no mundo dos games é que se a franquia traz dinheiro, vamos sim ter outro jogo e foi assim que Mass Effect Andromeda foi anunciado.
Tudo novo e de novo
Mass Effect Andromeda é um RPG de ação com mecânicas de tiro em terceira pessoa que se passa entre o primeiro e o segundo jogo da série original, onde as raças aliadas da Cidadela como os Krogans, Turians, Asaria, Salarians e Humanos decidiram criar a Iniciativa Andromeda, um projeto de mandarem 4 arcas com milhares de indivíduos para colonizar 7 planetas na galáxia de Andromeda chamados de “mundos dourados”.
Essa viagem exigiria 600 anos e os indivíduos dessa expedição seriam congelados até chegada em seu destino. As 4 arcas quando chegassem ao local deveria se juntar no Nexus que tinha sido enviado um pouco antes para formar uma nova Cidadela. Só que devido a um fenômeno desconhecido que torna esses planetas inabitáveis a viagem tem diversos problemas que incluem uma civilização antiga, uma revolta armada e uma raça fanática religiosa. É nesse contexto que você controla um dos irmãos gêmeos Scott ou Sara Ryder que tem o dever de tornar esses planetas habitáveis novamente e assim poder acordar os colonos do sono criogênico para que possam ter um novo lar.
Nova Galáxia, mesmos problemas
Mass Effect Andromeda é tímido em tentar inovar com sua historia. Se no primeiro jogo da série conhecemos várias raças, em Andromeda esse numero é reduzido a apenas duas. Isso traz uma sensação de preguiça por parte da Bioware, ainda mais se contarmos que em contexto politico continuamos tendo alguns problemas trazidos da Via Láctea, com as mesmas relações políticas entre as raças.
Existe a volta da discussão sobre inteligência artificial e mais uma vez uma raça antiga andou espalhando monumentos tecnológicos ancestrais. Algumas quests tem estrutura parecida com as que encontramos em Mass Effect 1 e 2 criando a sensação de Déjà-vu. Apesar de estarmos numa nova galáxia, poucas vezes somos surpreendidos com o roteiro.
O clima de Andromeda é mais despojado apesar da responsabilidade do protagonista. As linhas de diálogos são mais brincalhonas e otimistas ao mesmo tempo em que existe um problema gigante que é achar um lar para milhares de pessoas que estão sendo mantidas em sono criogênico enquanto uma raça hostil te ataca frequentemente. Mesmo assim o clima é de exploração e superação e poucas vezes você terá situações como na trilogia original. Scott Rider sempre soa a um garoto interessado por novas aventuras.
Sistema de diálogos renovado
Uma das coisas interessantes do novo jogo é que o sistema de diálogos agora é mais amplo e mais parecido com com que vimos em Dragon Age Inquisition onde existe uma variedade maior de tons para responder nas conversas.
Uma coisa que revela a falta de esmero da Bioware é algo que já tinha sido feito justamente em Inquisition, mas por aqui não foi aplicado. Quando seus companheiros de equipe estavam em missões eles tinham diálogos entre eles que revelavam a personalidade de cada personagem. Isso te estimulava a tentar varias combinações para conhecer mais sobre sua equipe. Esses diálogos aleatórios teriam trazido um brilho gigante para o novo Mass Effect e a reciclagem desse conceito era algo que esperávamos por ser da mesma produtora e por ter feito um grande sucesso em Dragon Age.
Jogabilidade melhorada
Mas se tem uma coisa que Andromeda acerta foi na jogabilidade que apesar de ter seus escorregões evolui em comparação a trilogia de Shepard. Agora o sistema de cobertura é automático e ao se aproximar de uma parede seu personagem já procura uma forma de usar a estrutura para se defender. Verdade seja dita que as vezes esse sistema deixa a desejar e a troca de armas é meio desajeitada sendo feita pelo D-Pad no PS4. O ataque físico se encontra no botão triângulo o que é uma escolha pouco ergonômica já que o botão R3 é usado apenas para a câmera e focar em eventos scriptados que ocorrem nos cenários.
O personagem agora possui um jetpack que permite saltos maiores e um dash que pode ser usado em qualquer direção. Isso torna a movimentação em combate mais dinâmica ficando menos atrelada a tiroteio atras de muros e barricadas. O sistema de evolução é mais complexo e permite combinações maiores. Se voce quiser ser um biótico com treinamento em rifles de precisão ou se tornar especialista em tecnologia e rifles de assalto é só alocar os pontos conforme sua escolha para criar diversas combinações. As armaduras e armas são mais variadas, sendo que armas ainda podem ser modificadas.
O sistema de exploração de planetas também foi renovado e usa um misto de sondas como Mass Effect 2 e a volta do uso de um veiculo que no primeiro era insuportável e aqui ganha controles e funções mais úteis.
Bonecos de cera e olhos sem vida
Vamos tirar o elefante branco da sala e ir direto ao assunto. qualidade das animações faciais em Mass Effect Andromeda é inaceitável. Mesmo sem nenhum bug bizarro a aparência de bonecos de cera com olhos sem vida incomoda e atrapalha na imersão do jogador tirando totalmente o peso de diálogos importantes, ainda mais numa geração onde os estúdios ampliaram suas tecnologias de motion capture e animação facial para apresentar maior gama de expressões extraindo assim maior empatia do jogador. Tirando esse defeito gravíssimo os cenários são belíssimos e o design de produção é bastante competente em manter a identidade visual da série.
Performance turbulenta e um controle de qualidade duvidoso. É assim que vou descrever Andromeda. O game sofre do infame defeito de pop-up (onde objetos aparecem do nada), delay de renderização e uma infinidade de bugs como personagens ficando invisíveis, inteligência artificial dos inimigos desligando, personagem se duplicando, paredes invisíveis, personagem preso em porta entre outros show de horrores. Se estiver duvidando, ou achando exagero, assista o vídeo abaixo:
Apesar de jogos deste tamanho costumarem ter maior número de bugs devido a sobreposição de sistemas, a quantidade excessiva mostra a pressa em lançar o produto e a falta de preocupação no polimento deixando uma impressão muito forte de descaso por parte da produtora.
A tristeza de um fã apaixonado =(
Mass Effect foi um marco na minha vida, uma experiência riquíssima que tive o prazer de jogar. Andromeda usa muito dos elementos dos jogos anteriores para te fazer sentir-se em casa e por isso já prendeu a minha atenção e me trouxe alguma satisfação em ver novamente, Krogans, Assaris, Salarians e tantos outros elementos que tenho carinho. Mas só carinho não segura os problemas de performance, os bugs e as animações e Mass Effect Andromeda desperdiça inúmeras oportunidades ao se manter em território seguro e não apostar em te trazer novas raças e situações.
Andromeda não chega a ser um daqueles games que você deve passar longe e e jamais jogar, mas a decepção de jogar apenas por causa carinho com a franquia e seus elementos é algo que a série não merecia. Esse jogo é um lembrete que toda vez que uma produtora resolver atrasar um jogo você deve agradecer, porque jogo bom ninguém lembra se atrasou, mas quando eles são lançados incompletos sofremos com a falta de acabamento, bugs e problemas.
Pontos Positivos
- Belos gráficos nos cenários
- Mecânica de gameplay renovada
Pontos Negativos
- Cheio de bugs e problemas de performance
- Animações faciais inaceitáveis para os padrões da geração e da série
- O jogo foi literalmente lançado incompleto
- The Red Strings Club – Análise - 4 de fevereiro de 2018
- EA Sports UFC 3 – Análise - 25 de janeiro de 2018
- Muitas novidades do novo God of War - 8 de janeiro de 2018