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Metal Gear Solid Delta: Snake Eater

Depois de jogar recentemente Metal Gear Solid 3 Remastered(na coletânea recente de MGS), fiquei tão surpreso quanto o resto da comunidade gamer quando a Konami revelou Metal Gear Solid Delta: Snake Eater. Porém, quem cresceu com a série sabe que um lançamento “Substance” sempre pode aparecer a qualquer momento. Ainda assim, esse remake chega com a ambição de ser praticamente uma recriação 1:1 do original — agora com controles modernos, opções de câmera e alguns extras interessantes.

Pra mim, isso faz todo sentido: depois da saída de Hideo Kojima, a franquia Metal Gear sempre teve dificuldades em se manter relevante para os fãs E é justamente por isso que considero esse jogo necessário. Nos bastidores, ele permite que os novos desenvolvedores da Konami se familiarizem com os sistemas e o estilo de narrativa da série, ingressando gradualmente no universo de Metal Gear.

A camuflagem é essencial para sobrevivência… pelo menos em dificuldades mais elevadas.

Após jogar, posso afirmar que não houve economia de esforço em adaptar MGS3 para os tempos modernos; nesse aspecto, o estúdio conseguiu preservar a essência da experiência. Simultaneamente, percebo que alguns sistemas contemporâneos incorporam acessibilidade de maneira que acaba eliminando o desafio que sempre foi sua característica distintiva. Mas vamos com calma.


Fundação clássica, opções modernas

O jogo já começa deixando você escolher o ângulo de câmera preferido e até aplicar filtros nos visuais. Como já joguei o original incontáveis vezes, fui direto para a câmera moderna e os controles atualizados. Há também opções de dicas e tutoriais, um detalhe bacana para novatos que chegam do remaster. Dito isso, este ainda é essencialmente o mesmo jogo, só que reconstruído na Unreal Engine 5. Em certos momentos, chega a ser estranho ver aqueles cenários e personagens tão familiares renderizados com tanto detalhe. A única comparação justa é com o remake Twin Snakes no GameCube, que tinha aquele mesmo mix de familiaridade e novidade.

Não sei como Naked Snake aguentou tanta porrada.

A história de Snake Eater é sobre sobrevivência. Em uma vibe bem Rambo, Naked Snake precisa infiltrar a União Soviética durante a Guerra Fria, agindo como um exército de um homem só. As primeiras horas são intimidadoras: praticamente tudo está contra ele, e é difícil não se sentir sobrecarregado. Com a ajuda da misteriosa espiã Eva, Snake começa a avançar. A narrativa é cheia de reviravoltas. Enquanto MGS2 é famoso por suas revelações insanas no final, Snake Eater prefere jogar devagar, deixando a tensão crescer até explodir nos finalmente. Essa paciência recompensa — o jogador fica sempre esperando a próxima bomba cair.


História e personagens

Por trás de toda a espionagem, Snake Eater também é uma história de amor — ainda que complicada. As novas animações faciais dão muito mais peso a isso, principalmente nas interações com Eva e The Boss. Expressões sutis revelam nuances de dor e de ligação emocional. Rever essas cutscenes atualizadas me fez valorizar ainda mais os personagens.

A ponte do rio que cai, o reviewer aqui entregando sua idade.

E claro: nenhum Metal Gear estaria completo sem seus chefes memoráveis. Esse elenco continua sendo um dos grandes pontos altos, embora eu sempre tenha achado que alguns deles receberam menos atenção narrativa do que Volgin, The Boss e Ocelot. Mesmo assim, os confrontos continuam icônicos — e agora brilham ainda mais nessa apresentação renovada.


Stealth e combate

A jogabilidade de Snake Eater é construída em torno do stealth e do CQC (Close Quarters Combat). Em Delta, o CQC ganhou novas animações de finalização, mas na prática achei que isso torna os embates fáceis demais. Como o CQC é usado o tempo todo, ele acaba tirando parte da tensão que o original sustentava. Dito isso, gostei de como a segunda metade do jogo apresenta cenários maiores, que exigem mais uso de armas. Ainda assim, usei meu bom e velho pistola durante praticamente toda a campanha.

Uma das partes mais legais do jogo.

Algumas melhorias de qualidade de vida fazem diferença: agora dá pra trocar de disfarces e fazer chamadas de rádio pelo D-Pad, o que deixa o ritmo mais ágil. Os disfarces continuam essenciais dependendo do ambiente, e embora eu tivesse alguns trajes de DLC, usei pouco. São adições divertidas, mas preferi me manter na essência furtiva. Novos jogadores, porém, vão achar esses atalhos bem-vindos.

O sistema de ferimentos de Snake também está de volta. Curar mordidas, queimaduras ou tiros exige administrar itens e recursos. Os menus atualizados tornam o processo mais rápido, mas confesso que muitas vezes recorri ao velho inventário clássico. E ver Snake queimando uma sanguessuga naquelas cutscenes médicas curtas e nojentas continua impagável.


Câmera e desafio

A câmera livre atualizada muda tudo no gameplay. Poder mirar em qualquer direção deitado ou até debaixo d’água facilita muito os confrontos. No original, a câmera de cima limitava a visão e aumentava o clima de espionagem. Se você costuma jogar no Normal, recomendo aumentar a dificuldade com a câmera moderna pra recuperar parte do desafio.

Crocodilos estão por todo lugar.

Um dos meus encontros favoritos continua sendo a batalha contra The End. Procurá-lo pelo mapa gigantesco, com aquele trabalho de som e efeitos ambientes (especialmente perto da cachoeira), foi incrível. É esse tipo de detalhe que me empolga ainda mais conforme envelheço como gamer — e felizmente Delta preserva essa magia.


Apresentação e extras

Esse remake é quase excessivamente fiel. Ele não transforma o jogo, apenas o envolve em uma embalagem contemporânea, apostando na solidez do design original. Se o preço cheio de lançamento vale a pena ou não dependerá de quanto você aprecia os visuais atualizados e os sistemas mais fluidos. Na minha opinião, essa versão é bem mais interessante do que o remaster. Aspectos sutis, como as menções às revistas PSM e Game Informer e as cenas sensuais da Eva preservadas, evidenciam que o remake permanece fiel ao espírito original. Volgin, especialmente, se torna ainda mais aterrorizante com os gráficos aprimorados e a apresentação impactante.

Fique escondido sempre que possível!

Minha principal crítica volta para os sistemas modernos que enfraquecem um pouco a dificuldade original. Mas os devs também incluíram a opção de jogar com câmeras, controles e filtros clássicos — então é difícil culpá-los por oferecer as duas experiências. Além disso, Delta traz extras como o mini-game Snake vs. Monkey e o modo multiplayer Fox Hunt. Não passei muito tempo neles, mas os fãs vão gostar da inclusão. O jogo também recompensa replays com desbloqueáveis: trajes alternativos e incentivos como zerar sem matar ninguém, sem ser visto ou no menor tempo possível. Todos os detalhes que fizeram o original tão rejogável ainda estão lá, agora prontos para uma nova geração.


Conclusão

Metal Gear Solid Delta: Snake Eater parece um retorno às raízes da Konami. É um lembrete à comunidade do que Metal Gear já foi — e do que ainda pode ser. Pessoalmente, quero que o futuro da série vá além de experimentos como Metal Gear Survive e construa em cima do legado que Kojima e sua equipe deixaram. Já joguei MGS3 tantas vezes que perdi a conta, mas experimentá-lo dessa forma foi como vivê-lo pela primeira vez. Quero um futuro que honre o passado. Se nada mais, Delta prova que o coração de Metal Gear ainda bate forte nas conversas atuais do mundo dos games. E é justamente por isso que mal posso esperar para que mais jogadores descubram essa obra.

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