Ys: As Cronicas de Adol Christin
Talvez por ter começado a estudar inglês muito tarde, eu demorei a me interessar por RPG nos video games. Até então, eu gostava mesmo é de ir do ponto A ao ponto B, pisando em tartarugas ou metendo bala em tudo no caminho… Isso mudou muito do final dos 64 bits pra cá, e me considero um cara de sorte por isso. Muitos tiveram a chance de passar por todas as gerações de consoles caseiros, mas poucos tiveram a oportunidade de passar por elas duas vezes!
É isso que vem acontecendo comigo. Procurando sem parar nas gerações anteriores por algo que deixei passar por preconceito ou falta de interesse, eu vez ou outra me deparo com clássicos e viro fã. É o caso da série Ys, que não é tão popular quanto deveria ser por estas terras.
Ys (pronuncia-se Ís) é um série da Nihom Falcom criada por Masaya Hashimoto e Tomoyoshi Miyazaki para os computadores NEC PC-8801, em 1987, mesmo ano em que a Square tentava sua última cartada para escapar da falência, lançando o game Final Fantasy (uma alusão ao momento de “vai ou racha” da empresa). Além da data de lançamento, a série tem outro ponto em comum com Final Fantasy: Ys é a segunda série de JRPG em versões lançadas, só perdendo para FF.
Os jogos da série Y’s já foram lançados para X1, X1turbo, MSX2, FM-7/77, FM-77AV, NEC PC-9801, X68000, Master System, Mega Drive, Sega Saturn, NES, SNES, Nintendo DS, PC, Apple IIGS, PS2, PSP, TurboGrafx/PC-Engine CD-ROM, Celular, e Virtual Console do Wii.
ENREDO
Ys se passa em uma Europa Medieval fictícia. Por essa Europa, viaja o protagonista Adol Christin, quase sempre acompanhado de seu amigo Dogi. Adol cresceu ouvindo histórias de demônios, deusas, vilões e heróis, e, já adulto, decide viajar pelo mundo em busca dessas aventuras. Cada vez que ele encontra uma, um novo episódio da série nasce.
Conheça Adol Christin:
[tube]https://www.youtube.com/watch?v=UoIYN9bQLuc&feature=player_embedded[/tube]
A história varia muito de jogo para jogo. Não chega a ser genial, mas conta com elementos de traições e surpresas que prendem a atenção do jogador e, se não fazem o jogo por si só, pelo menos, não comprometem em nada a diversão.
Para ser justo, o jogo tem pouquíssimas esquisitices em se tratando de um RPG japonês… Nada de dancinhas após cada magia, personagens andrógenos ou efeminados e garotas de 14 anos tomando banho (apesar de que até tem deusas peladinhas, mas aí beleza hehe). Aqui você é um garoto com armadura, viajando em barcos normais com uma espada e escudo, lutando contra criaturas bizarras e sobrenaturais. Bem ocidental até se você olhar bem… Mas duas coisas me chamaram a atenção:
1) Adol é quietão: Não que ele não fale em nenhum jogo da série, mas aparentemente ele anda com problemas de saúde e vem economizando a voz. Nos últimos remakes e jogos, toda fala de Adol é substituída por um narrador. É bastante estranho acompanhar um diálogo do tipo:
– Obrigado por resgatar minha filha, garoto. Eu te devo a vida!! Qual o seu nome e o que faz por aqui?
– “Adol se apresenta e explica como foi parar ali naquele vilarejo”
Hahahaha. Não sei se sou só eu, mas isso é tão anticlímax…
2) Adol é o único ser humano ruivo em toda a Europa. Isso não seria tão esquisito se personagens de cabelos azuis e verdes não fossem tão comuns durante o jogo.
JOGABILIDADE
Quando a série foi criada, a Falcom buscou um jogabilidade que tornaria o jogo rápido e fluido. Nos primeiros jogos da série, o ataque é feito direcionando Adol ao lado vulnerável dos inimigos, trazendo uma experiência similar a alguns jogos arcade (pense em PACMAN comendo um fantasma, mas sem o labirinto) e contrastando completamente com os RPGs por turnos – lentos e estratégicos – e até mesmo com as espadadas de Link em Legend of Zelda (lançado um ano antes).
E, por falar em Zelda, o jogo tem bastante em comum com o clássico de Miyamoto. O jogo é pura ação com alguns elementos de RPG. Em quase todos os episódios a visão lembra muito os primeiros episódios de Zelda ou o mais recente Phanton Hourglass para Nintendo DS. Com o passar do tempo, o sistema de “bump attack” foi substituído pelo ataque mais convencional de espadadas acionadas por botão, mas sem nunca prejudicar a fluência e velocidade do jogo. A série também é famosa por ser uma das primeiras a implementar um sistema de regeneração, muito comum nos FPSs de hoje.
Em Ys Seven, foi usado pela primeira vez um sistema de party, onde você controla três jogadores e alterna entre eles durante o jogo. Geralmente, cada um conta com um ataque especializado que funciona melhor para cada tipo de inimigo, trazendo uma pitada de estratégia para a série. O próximo remake a ser lançado para PSVita usará o mesmo sistema.
Trailer de Ys Seven com o esquema de party e minha música preferida de trilha:
[tube]https://www.youtube.com/watch?v=eXIyA8r63_8[/tube]
Nos últimos episódios e remakes, Ys tem se destacado por batalhas épicas contra chefes… Não é exagero pensar que alguém tenha terminado o jogo gastando 50% do tempo total para matar os chefes ou até mais, dependendo do nível de dificuldade selecionada. Quando chegar a algum chefe e perceber que o seu ataque tira 2 HP de um total de 400 e o inimigo tira 15 HP de um total de 60, você vai entender do que estou falando… Esta dificuldade, somada ao clima criado pelas músicas, dá uma sensação de dever cumprido pouco vista ultimamente ao matar um chefe e é muito provável que aquele “ufa”, seguido de um pause e um copo d’água, seja comum após o combate. E por falar em músicas…
SOM
É aqui que Ys mostra o seu melhor. Não me entenda mal, o jogo é repleto de qualidades, que podem ser apreciadas por todos ou não, dependendo do gosto de cada um, mas a trilha sonora parece ser unanimidade…
Contando com Yuso Koshiro (o gênio responsável pela trilha de Streets of Rage e outras clássicas) nos dois primeiros episódios e Mieko Ishikawa no terceiro episódio, as trilhas são sempre espetaculares, embora a qualidade técnica possa variar de plataforma para plataforma por conta das limitações técnicas e arranjos de cada uma… No caso de Ys III, por exemplo, a melhor versão é sem dúvida a de PC Engine (que ganhou uma versão instrumental) e a pior, a de SNES.
A partir do quarto episódio, a trilha ficou sempre a cargo da banda Falcom JDK (muito boa, por sinal) e a qualidade em nada caiu.
A série é famosa por lançar vários CDs de trilhas sonoras de seus jogos e por ser citada como influência direta de compositores de games não só no Oriente como no Ocidente, o que pode ser usado como base para entendermos a qualidade da trilha.
Escutem essas até o final… Duas das minhas preferidas.
Innocent Primeval Breaker
To Make the End of Battle
GRÁFICOS
É difícil falar da qualidade gráfica de Y’s pela quantidade de ports e remakes que a série sofreu e por não ter saído nenhuma versão para os consoles de última geração até agora, porém eu diria que se você procura gráficos espetaculares não é aqui que você vai encontrá-los… Apesar de alguns jogos contarem com belos animes nas aberturas, o gráfico do jogo em geral não é de encher os olhos. Eu diria que o gráfico é geralmente bom e não compromete a experiência.
Por falar em Anime, a série possui 11 OVAs relativos aos dois primeiros jogos da série, que foram lançados em DVD pela AnimeWorks.
OS JOGOS
Até agora, a série conta oficialmente com oito jogos na visão de alguns e nove na visão de outros (fora os remakes), já que a versão de PC Engine de Ys IV é tão diferente da de Super Famicom, que muitos consideram um jogo diferente. Os episódios em ordem cronológica são:
Ys Origin (único jogo da série sem Adol, que se passa 700 anos antes de Y’s I)
Ys I: Ancient Y’s Vanished
Ys II: Ancient Y’s Vanished – The Final Chapter
Ys IV: Mask of the Sun
Ys III: Wanderers from Y’s
Ys V: Kefin, The Lost City of Sand
Ys: The Ark of Napishtim
Ys Seven
Ys IV: The Dawn of Y’s (A versão de PC-Engine CD-ROM, fora da cronologia)
LEGAL, MAS E AÍ…?
“Eu fiquei interessado, você falou tanto que a série parece legal, mas por que eu mal escuto falar dela? Como vou fazer pra jogar? Vou ter de pegar um emuladorzinho porco de Master System?”. A resposta é não!!! \o/
Um dos principais motivos de a série não ser tão popular no Ocidente quanto outras séries da mesma idade é que a grande maioria dos jogos tinha sido lançada exclusivamente no Japão e, quando saia algo no Ocidente, ficava com a qualidade abaixo do original. Porém, de uns tempos pra cá, a coisa vem mudando…
Recentemente, Ys Seven foi lançado exclusivamente para PSP no mundo todo e um remake de Ys IV já foi anunciado para o PSVita. Além disso, o PSP recebeu versões de vários episódios da série no Ocidente distribuídas pela XSEED, mesma empresa que trouxe para o Ocidente os remakes de Ys Origins e Ys III (agora chamada de “The Oath in Felghana”) para PC em HD e recentemente lançou no Steam por um preço muito, mas muito mais que camarada.
Neste exato momento em que escrevo, Ys: Origin pode ser comprado por US$12,00 e Ys: The Oath in Felghana, por US$ 5,09 !!!! É uma garrafa de água na balada!!!
Há muito mais da série que pode ser falado, mas para uma introdução eu acho que isso é o suficiente. Caso você não tenha um PSP, os jogos disponíveis no Steam são bem leves e têm muita chance de rodar em alta qualidade no computador em que você está lendo este artigo. Por isso, recomendo que compre o jogo agora, pegue o seu controle enferrujado de PC, jogue e depois poste as suas impressões sobre ele aqui embaixo ou no nosso fórum…
Bom divertimento, e deixo vocês com o link do Trailer de The Oath in Felghana no Steam. Eu não coloco o vídeo do Youtube porque não tem a mesma qualidade, então é só clicar aqui embaixo, assistir no Steam e quem sabe já até colocá-lo no carrinho…
Trailer de “The Oath in Felghana” no Steam
- Análise – Final Fantasy Type-0 HD - 3 de abril de 2015
- Análise – South Park: The Stick of Truth - 4 de março de 2014
- Análise – Super Mario 3D World - 19 de dezembro de 2013
Eu encontrei essa versão de uma das músicas que coloquei o link… A versão é tão boa que eu tinha que colocar em algum lugar pra vocês ouvirem.
https://www.youtube.com/watch?v=Y9Mam93QIQo
Muito bom! A matéria ficou realmente bem detalhada, parabéns. Adoro essa série e meu preferido continua sendo o do Super Nintendo, principalmente pelas músicas.
Obrigado RPGFAN! Aquele do SNES em side-scrolling você diz? Ele recebeu uma versão pra PC com as mesmas músicas, só que com arranjos mais modernos. É o “The Oath in Felghana” de que falei… Se correr acho que você ainda pega a promoção relâmpago no Steam!!!
Abraços, e vamos esperar pela versão de VITA para um novo review 🙂
Parabéns Sepu!
Ficou ótima a sua colocação e as explicações. Ys III: Wanderers from Y’s fez parte da minha infância e as músicas são ótimas. Assim que der vou tentar jogar os outros. =)
Acabei pegando esse YS The Oath in Felgana do Steam e realmente achei interessante. É um Zeldinha bem mais rápido e com mais agilidade. Acho que vou investir. 🙂