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15, mar 2014
Análise – Titanfall
8.5
A volta do FPS frenético
<p style="text-align: justify;">Apesar da narrativa praticamente inexistente, Titanfall consegue dar vida nova a um gênero que tem se tornado cada vez mais repetitivo.</p>

Titanfall não é um jogo de FPS normal. A explicação mais rápida que poderia ser dada ao jogo é que se trata de um Call of Duty com robôs gigantes, porém isso seria um desserviço ao trabalho incrível feito pela Respawn Entertainment, os desenvolvedores do jogo.

Mecanicamente, o jogo pode ser dividido em dois. Primeiro temos o momento onde o jogador é um Piloto, ou seja, uma unidade de infantaria com a habilidade de duplo pulo, de correr em paredes, entre outras. Jogar como um Piloto por si só já é algo novo para FPSs, uma vez que a mobilidade adicional dá um ar de novidade em um mercado já saturado. Segundo, temos os Titans, que são robôs gigantes que podem ser chamados pelos Pilotos para auxiliá-los em batalha e que vêm em três tipos. Strider é o mais leve, porém o mais ágil. Ogre tem a menor mobilidade, entretanto com armadura e escudo mais fortes. Por último o Atlas é o meio termo, tendo mobilidade e armadura mediana. Jogadores podem optar entre embarcar nos Titans e assumir o controle ou deixá-los em piloto automático, fazendo com que o robô siga o Piloto em batalha, como um enorme guarda costas mecânico. Existe também a opção de ordenar o Titan para defender um ponto específico, de forma que ele fique estacionário até que uma unidade inimiga se apresente. Mesmo com esses dois momentos claramente distintos, ambos se misturam de forma quase perfeita, complementando um ao outro e fazendo com que cada partida tenha um ritmo frenético, alternando a jogabilidade entre Piloto e Titan.

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Dito isto, Titans não estão sempre presentes no campo de batalha. Ao iniciar uma partida, todos os jogadores terão um indicador em sua tela que mostra quanto tempo falta para que seu robô fique pronto. Ao completar feitos no campo de batalha, vão sendo retirados alguns segundos do contador, de forma que o Titan fique pronto mais rapidamente. Diferente de outros jogos que possuem Kill Streaks, onde o jogador deve matar X inimigos sem morrer para receber uma recompensa, Titanfall faz com que o contador de tempo seja algo persistente mesmo em caso de morte do jogador. Além disso, cada time possui alguns soldados controlados pelo computador que ao serem derrotados também reduzem o tempo de construção. Assim, por pior que seja a habilidade do indivíduo segurando o controle, todos terão a chance de aproveitar tudo o que Titanfall tem a oferecer.

Em termos de balanceamento, o jogo é muito equilibrado. Nenhuma arma se mostra melhor que a outra. Tudo depende de quem a está usando e como. Adicionalmente, a questão Piloto vs Titan é resolvida de forma graciosa. Além da mobilidade maior dos Pilotos, tornando-os alvos difíceis de acertar, existem também duas formas de derrotar os Titans. Todos os jogadores possuem em seu kit uma arma anti-Titan e a habilidade de escalar o robô. Isto permite que os Pilotos possam danificar o ponto fraco dos Titans com armas convencionais.

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No lançamento, o jogo apresenta 15 mapas, o que é um bom número. Mais que isso, é impressionante como todos são igualmente divertidos de se jogar. Como Pilotos têm mobilidade superior, naturalmente o level design de cada mapa explora muito isto, adicionando bastante verticalidade aos mapas. Adicionalmente, existem vários ambientes abertos para os Titans se enfrentarem à vontade, mas ainda mantendo alguns espaços internos mais fechados onde só os Pilotos conseguem chegar.

TitanfallArt-1Fora das partidas em si, o jogo possui uma progressão similar a outros FPSs. À medida que o jogador vai adquirindo experiência passa de nível, o que desbloqueia novos equipamentos para seu Piloto e Titan. Além disso existem desafios a serem cumpridos que recompensam o jogador com “Burn Cards”. Estas cartas somente podem ser usadas uma vez e seus efeitos duram apenas uma vida.  Por outro lado, são adquiridas com frequência suficiente para que sejam usadas de forma mais liberal.  Seus efeitos variam, existindo uma para cada estilo de jogo.

Graficamente, Titanfall usa muito do que a nova geração de consoles tem a oferecer. Texturas são detalhadas, animações são bem feitas, rodando constantemente a 60 frames por segundo. Em minha experiência, não houve nenhum momento onde o framerate tenha caído, independente do caos e da ação ocorrendo na tela. Dito isto, a versão de PC é graficamente melhor do que a do Xbox One, mesmo que por uma margem pequena.

Você pode estar se perguntando agora porque nada foi mencionado sobre a narrativa de Titanfall até agora. A razão é que ela é praticamente inexistente. Duas facções estão lutando entre si, a IMC e a Milícia, porém nunca é explicado exatamente o porquê. Personagens são introduzidos de forma rápida, sem impacto significativo à narrativa, nunca tendo desenvolvimento de qualquer tipo. Não existe nenhuma cutscene além da inicial e todo o desenrolar da história se dá durante as partidas e salas de espera. É uma pena que um conceito novo como este tenha tido uma execução tão pobre.

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Infelizmente, esse não é o único pecado do jogo. Atualmente, não existe nenhuma forma de se criar uma sala privada para jogar somente com amigos. Apesar de já ter sido confirmado que esta opção será adicionada posteriormente, o fato de não estar disponível no lançamento é lamentável.

A quantidade de modos de jogo deixa muito a desejar. Além dos padrões de jogos de tiro como Team Deathmatch (chamado de Attrition), um similar a Conquest do Battlefield (chamado de Hardpoint Domination) e Capture the Flag, só existe um modo que pode ser considerado original. Last Titan Standing inicia a partida com todos os jogadores já em Titans. O time que destruir os robôs do outro primeiro é vitorioso, porém o jogador que perder o Titan ainda pode atrapalhar o outro time como um Piloto.

[tube]https://www.youtube.com/watch?v=ygeh2aIcz3E[/tube]

Por fim, as armas para Pilotos também não apresentam muita originalidade. Existem metralhadoras, rifles, snipers, shotguns e pistolas, mas nada que fuja ao que já é conhecido de outros jogos. Levando em consideração que a narrativa se passa em um futuro muito distante, era esperado algumas armas mais interessantes e fora do padrão. A única que se destaca é a Smart Pistol, que trava a mira nos inimigos automaticamente. Porém, como são necessários alguns segundos para que isso aconteça, sua eficiência não é muito grande.

No balanço geral, esses problemas são pequenos em relação a qualidade geral do jogo. Titanfall consegue pegar um gênero que nos tempos recentes tem ficado cada vez mais repetitivo, dando nova vida a ele. Call of Duty esse ano terá que fazer algo realmente impressionante se pretende manter o trono de maior FPS, porque até agora, Titanfall se mostra ser um candidato muito forte!

PS: Para aqueles que forem jogar, aqui vai uma dica: Quando for entrar em um Titan, experimentem ouvir esta música ao mesmo tempo! Combinação perfeita!

E não deixe de ler nossa matéria especial com a história da Respawn Entertainment, a desenvolvedora de Titanfall.

Bernardo Dabul
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