A Plague Tale: Innocence – Análise
A Plague Tale: Innocence é um jogo de ação e aventura produzido pelo experiente estúdio francês Asobo Studio e publicado pela Focus Home Interactive. Esse é o primeiro game original desenvolvido pela Asobo, que já auxiliou em diversas produções, incluindo AAAs como Quantum Break e a série The Crew, da Ubisoft, para Xbox One, PS4 e PC na Steam.
É um jogo bastante ambicioso, mas muito bem desenvolvido onde passei quase 15 horas muito gratificantes. A Plague Tale: Innocence é com certeza uma das grandes surpresas de 2019 e acredito que para a imensa maioria, vale muito a pena ser conferido.
UM CONTO SOBRE A PESTE
A Plague Tale: Innocence é ambientado na idade média francesa, mais especificamente no século XIV, em meio a maior pandemia da história e conta uma história fictícia sobre a família De Rune. O game tem um grande foco na história e narrativa, que são muito bem construídas e instigantes.
No jogo você controla, Amicia de Rune, uma jovem adolescente, que vai enfrentar todos tipos de problemas que você possa imaginar. Não vou falar sobre nada especifico sobre a história, mas tecnicamente esse ponto é de grande qualidade aqui.
Como em poucos jogos, a trama se desenrola com muita desenvoltura e sempre traz alguma coisa interessante, podendo ser algum momento diferente, algum personagem novo ou até um plot twist intrigante. Quando você se acostuma e acredita em uma coisa, o jogo se torna outra rapidamente, de forma crível e bem escrita, sempre mantendo sua ansiedade e tensão do início ao fim.
Tudo isso é muito bem implementado e mistura-se perfeitamente com as mecânicas da jogabilidade e com a incrível ambientação e design de níveis. Um jogo de tirar o folego que te prende durante toda duração e só tem uma pequena falha, porque ele abre possibilidade para uma continuação e deixa algumas questões no ar, talvez propositalmente para que a comunidade as encontre em seus detalhes ou simplesmente para contar mais pra frente em um outro game.
INOCÊNCIA PERDIDA
A jogabilidade de A Plague Tale é simples e efetiva, tipo um arroz feijão, mas daqueles que só sua vó sabe fazer especialmente pra você. Eles não quiseram reinventar a roda, mas fizeram ela girar como se tivesse aquela manteiguinha na engrenagem e a todo instante essa roda é lubrificada com novidades, o que faz o jogo ter uma progressão muito gostosa e que há muito eu não experimentava em um game.
Não temos aquelas mecânicas frágeis de marcar inimigos no campo de visão, ou indicadores for dummies no mapa. O game sempre trata o jogador como um ser pensante e não apela para mecânicas burras, que vários jogos que não precisam, fazem uso.
Sinceramente eu esperava algo apenas focado na história e narrativa, mas fui recebido com uma excelente jogabilidade que sabe de suas limitações e trabalha fortemente para mantê-las num bom nível durante toda duração do game. Sem excessos e foco eles conseguiram apresentar um jogo que não falha em manter a atenção do jogador.
As principais mecânicas de jogo são o combate, que é o elo mais fraco, o Stealth que é muito bem feito por conta do excelente level design, os puzzles que fazem parte de toda jogabilidade e foi muito bem implementado em todas as frentes e um pouco de gerenciamento de recursos que também fazem parte e estão presentes em todas as frentes da jogabilidade.
O combate do jogo não é muito presente, mas infelizmente é meio sem graça e estranho, excluindo em pouquíssimos momentos. Na minha opinião era melhor nem ter seções focadas em combate, mas de toda forma eles favorecem o balanço do game design e não chegam a atrapalhar.
O Stealth é uma das mecânicas com maior destaque na jogabilidade e praticamente todos os capítulos irão fazer o jogador se esgueirar pelos caminhos e procurar as melhores alternativas de perseverar sobre os desafios, que foram feitos na medida e não questionam nossa inteligência.
Os puzzles também são grande destaque na jogabilidade porque também estão presentes no combate e no Stealth, além das próprias seções focadas em quebra-cabeças, que inclusive tem muita qualidade e é um dos destaques da jogabilidade.
Os recursos também fazem parte das diversas mecânicas de jogo incluindo o sistema de progressão das habilidades e equipamentos da personagem. Você terá que dosar bem o uso desses recursos para não perder oportunidades de evoluir seus equipamentos.
Por mais estranho que parece o jogo tem boa variedade de inimigos para aquecer os desafios e alguns bosses muito interessantes e que também fazem bom uso das mecânicas de jogo, cada um focando em alguma mecânica especifica.
Sinceramente fiquei impressionado com a qualidade que o game oferece em todas as frentes, e mesmo o combate sendo um pouco banal e desnecessários ele não é incisivo e não atrapalha, inclusive dando uma boa quebra e descanso para seu cérebro.
VIVE LA FRANCE
O trabalho técnico e artístico de A Plague Tale está no mesmo nível dos melhores AAAs da indústria. Esse é um jogo com trabalho visual, tanto artístico quanto técnico, fora do comum. Eu também fiquei realmente impressionado com a qualidade da animação, mocap e atuação dos atores/personagens, principalmente por ser um trabalho que não vem de um estúdio ou publicadora com verba de níveis estratosféricos.
O design de níveis é bastante linear, mas foi construído para não cansar o jogador e ainda oferece uma grande variedade de cenários durante toda a aventura. São florestas, mansões, cidades, aldeias, fazendas, ruinas, catedrais e tudo que você pode esperar de um game ambientado na Europa da idade média. Outro ponto importante e marcante foi a trilha sonora espetacular que criaram para tornar a experiência de jogo ainda melhor.
A equipe da vgBR pode testa-lo em 3 configurações e a performance foi bastante satisfatória em todas elas. Numa config com a GTX 970 e i5 rodamos em 1080p no ultra com 30 quadros cravados, na GTX 1070 Ti e i7 conseguimos 1440p no ultra com 60 quadros cravados e a GeForce 1080 rodou em 4k sem engasgos.
Eu joguei o game na GTX 1070 Ti e falando à verdade, fazia muito tempo que não rodava um game tão suave e sem quaisquer tipos de problemas nesse PC. Eu não me lembro de nenhum crash, travadas ou qualquer tipo de bug/glitch durante minhas 14-15 horas de jogo e isso por si só já é digno de respeitar o trampo da Asobo e da Focus Home.
Um trabalho impecável e digno de estúdio como Nintendo e Rockstar, acredito que esse é um dos poucos que será aproveitado de forma igual por quem comprar no lançamento ou daqui alguns anos nas promoções da vida.
RATIDÃO
A Plague Tale: Innocence, chegou de mansinho e matou os vários AAAs medíocres de 2019 na pedrada. Um jogo que a todo momento instiga o jogador e que em pouquíssimos momentos deixa a peteca cair nas areias do tédio.
Foram quase 15 horas de jogo em 2 dias e que me deixaram com gostinho de quero muito mais. Estou ansioso e na expectativa para uma provável continuação e para ver os próximos títulos desse estúdio que saiu das asas do outsourcing para voar entre os estúdios independentes mais fodões que temos nessa indústria.
Com poucos erros e muitos acertos eu não posso deixar de recomendar a compra desse game para ninguém que se interessa pelo gênero e que há tempos está com fome de um action-adventure transbordando qualidade.
DE RUNE
- Game design perfeitamente balanceado. A história e elementos de jogabilidade são muito bem dosados e não cansam em nenhum momento
- História, narrativa e o desenvolvimento dos personagens são muito bem escritos e casam perfeitamente com o restante do game
- As mecânicas de jogo bem realizadas, sempre apresentando coisas novas ao jogador
- Os gráficos e a trilha sonora se destacam mesmo comparando aos melhores da indústria
- O design de níveis e a ambientação são muito bons
INQUISIÇÃO
- A mecânica de combate, que é pouco presente, deixa um pouco a desejar
- A linearidade pode ser um problema
- O final fica aberto e algumas questões não ficam claras
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