Análise – Dark Souls II
O conceito dos videogames mudou muito desde o surgimento. Concebido como um mercado infantil e de nicho, o videogame atual tenta abranger o maior número de jogadores possível com jogos com desafio mais brando e diversas opções de dificuldades, visando “agradar gregos e troianos”. Isso significa que aquele jogador que não tem paciência para desafios e só quer ver a história está seguro e pode ser feliz jogando na opção Casual.
O problema é que essa amenização da dificuldade virou padrão de desenvolvimento dos novos títulos e acabou atingindo o mercado num geral. Com isso, jogos realmente desafiadores tornaram-se cada vez mais escassos, sendo que as opções de dificuldade mais elevadas ficavam resumidas a decisões simplórias de design, como: “diminua a vida do jogador e aumente os danos e vida dos inimigos”.
A série Souls no entanto, surgiu para quebrar esse paradigma e retomar o desafio para jogadores que cresceram com títulos como Battletoads ou Ninja Gaiden. Em Demon’s Souls, título precursor da série, os jogadores tiveram o alerta na arte da capa onde o protagonista, normalmente tido como herói invencível, estava morto. A sequência Dark Souls, serviu pra consagrar a série com um jogo ainda mais amplo. Os dois títulos são considerados alguns dos jogos mais difíceis de todos os tempos.
E Dark Souls II supera seus antecessores em todos os aspectos, principalmente na característica mãe da série: a dificuldade.
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HISTÓRIA
Contrariando rumores de que seria uma prequel do primeiro jogo, a base do universo de Dark Souls II acontece num cenário pós-apocalíptico em um futuro distante, no reino decadente de Drangleic. O jogo lhe coloca no papel de um morto vivo amaldiçoado, um dos muitos, que está marcado pela morte ao se transformar em Hollow, e perder sua consciência. A abertura cinematográfica assustadora mostra uma figura encapuzada desesperada mergulhando em um abismo escuro, guiado por misteriosas palavras e chegando a mais um reino morto.
O seu objetivo é obviamente salvar esse reino, mas a forma como Dark Souls II faz isso acontecer é totalmente diferente dos outros jogos. Aqui, apesar de ser o protagonista, você não é um herói. Você é apenas mais uma vítima do mal que assola esta terra e muito antes de salvar o reino, você vai ter que salvar a si mesmo.
JOGABILIDADE
Um dos pontos chave da série, a jogabilidade de Dark Souls II continua muito parecida com a do original. Você continua usando os gatilhos para atacar, D-pad para acesso rápido de itens, armas e magias, para correr você segura o botão de rolar, etc… Poucas mudanças ocorreram nos controles, sendo a principal delas o salto, que mudou do botão de corrida, para apertar o analógico esquerdo, o famoso L3. Infelizmente essa mudança tirou ainda mais a precisão deles, e não é raro você apertar o analógico de maneira errada e perder o pulo no último instante, caindo para a morte. Felizmente, os saltos são pouco utilizados no jogo e essa decisão não afeta os controles que são praticamente perfeitos e respondem de maneira exata, o que joga a responsabilidade das suas inúmeras mortes para você.
Para os novatos, dessa vez o jogo entrega um tutorial opcional. Logo após a definição da classe de personagem, você passa em uma caverna onde existem diversas salas com caminhos bloqueados por portas de névoa. Dentro, totens com mensagens te ensinam o básico de como jogar. Inimigos gigantes guardam várias saídas, como se estivessem provocando você a ir até eles ver o que vai acontecer. E você ficará tentado, mesmo sabendo que não está nem de perto forte o suficiente pra isso. Mesmo aos jogadores experientes é recomendado passar pela área do tutorial para pegar alguns itens básicos e também aprender sobre um dos novos elementos do jogo: as tochas de iluminação, que inicialmente só podem ser acesas nos Bonfires.
A partir daí, o jogo se abre. O primeiro lugar que você chega é Majula, uma cidade situada num planalto com um visual espetacular. Assim como Firelink Shrine, Majula conecta-se com vários locais diferentes e vai funcionar como hub do jogo, onde você vai passar de nível, fazer upgrade das suas armas no ferreiro e reunir grande parte dos NPCs que encontrar em sua aventura. Um monumento no topo de uma colina, mantém o registro do total de mortes em todo o mundo e acredite que esse número vai passar dos milhões rapidamente.
Após esse breve início, você está apto a prosseguir em sua jornada, e em breve vai perceber que está diante de um jogo difícil. Sem nenhum exagero, talvez o mais difícil criado até hoje. Porém, a dificuldade de Dark Souls II não é barata ou “apelada” como os gamers costumam chamar. A palavra que a melhor descreve é: desafiadora.
Nós jogamos mais de 40 horas de Dark Souls II para este review e morremos mais de 300 vezes, algumas delas perdendo o trabalho de uma ou duas horas de evolução. E a conclusão que chegamos é de que estamos diante de um jogo cruel. Cruel porque ele vai te colocar em situações desesperadoras e quando você falhar, o jogo vai te mostrar que a culpa foi única e exclusivamente sua. Você vai se ver em situações onde não somente o chefe é o seu inimigo, mas tudo ao seu redor é hostil e está querendo te matar. Porém essas são situações contornáveis e você vai perceber isso e se pegar procurando novas estratégias. Perdi as contas de quantas vezes morri e fiquei pensando: “se eu tivesse rolado um pouco depois…” Seu erros vão custar suas preciosas souls e Dark Souls II não vai poupar em esfregar isso na sua cara, fazendo você querer tentar de novo, e de novo e de novo, até conseguir.
E você vai acabar conseguindo. Esse é o grande barato de Dark Souls II. É um jogo extremamente difícil, mas nunca impossível e que te trás uma recompensa única ao conquistar a vitória. Passou o frio na barriga e você já pode soltar a respiração: Você derrotou aquele chefe que te matou inúmeras vezes e já pode avançar pra próxima etapa do jogo. A vingança aqui, é um prato que se come quente.
Uma das principais mudanças e que causou grande dificuldade inicial, foi a manutenção dos seus itens de cura, essenciais para a sobrevivência. Você começa o jogo com apenas um Estus Flask (a poção de cura da série) e vai adquirindo mais ao longo da jornada. Felizmente a inclusão das Lifegems como uma opção extra de cura é bem vinda, pois consumir o item é feito de maneira mais rápida que os Estus. Mas esses são itens consumíveis e demoram a tornar-se comuns, e em alguns momentos você vai ter que optar por encarar um chefe com menos itens de curas do que você gostaria.
Um fator característico da série e que se manteve, é como o jogo muda conforme o personagem que você cria. Se você utilizar um mago, vai ter dificuldade em chefes diferentes do que se utilizar um guerreiro, por exemplo. E em alguns momentos, o jogo te incentiva a mudar de abordagem, porque o que você está tentando simplesmente não vai funcionar. Lembro que tive que subir alguns níveis de destreza, visando utilizar o arco e flecha em um dos chefes, porque encará-lo na espada simplesmente não estava funcionando. Essa necessidade de estratégia é o que torna o combate do jogo um elemento complexo e ainda mais interessante.
Sobre os inimigos, o jogo está muito mais agressivo. Ainda que não seja perfeita, a inteligência artificial melhorou e qualquer oponente agora trás um risco de morte. Os inimigos se juntam em bandos e caçam seu personagem e até mesmo aqueles oponentes fáceis que eventualmente você vai matar com um ou dois ataques, podem significar problemas quando em conjunto.
Felizmente para lidar com isso, o combate continua bastante parecido com o do primeiro, assim como a evolução das armas e armaduras do seu personagem. O uso de motion capture na produção proporcionou uma fluidez melhor na movimentação e influenciou de maneira positiva as batalhas, podendo causar estranheza inicialmente, mas logo você verá que as mudanças foram pra melhor. Os backstabs agora conectam de forma mais natural, e você vai saber que está no ponto certo de executar um quando seu personagem tentar “agarrar” o oponente num movimento anterior ao ataque, o que também dará mais chances de defesa ao jogador que está do outro lado, no caso dos PvP.
Infelizmente não conseguimos analisar o aspecto online do jogo, pois os servidores estavam desligados antes do lançamento oficial nesta Terça.
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SOM
O trabalho no departamento sonoro é excepcional e o nível de detalhes ajuda ainda mais na imersão. Proporcionando o clima, o barulho da sua pesada armadura chacoalhando em alguns locais onde há o total silêncio passam uma sensação de solidão total e te fazem pensar como você é uma presa fácil naquele ambiente.
Ao mesmo tempo, as músicas dos chefes entregam canções de batalha desesperadoras, ou melodias tranquilas como se estivessem te acalmando para o pior que está por vir. A variação de sons, barulhos e grunhidos de monstros ou os seus próprios ao atacar e ser atacado mostram um trabalho fenomenal e que só soma a experiência do jogo.
GRÁFICOS
Dark Souls II é um jogo aberto e o mundo apresentado por ele é imenso. Aproximadamente cinco vezes maior que o primeiro jogo e guardadas as devidas proporções, estamos falando de algo comparável a GTA V. Então podemos dizer que foi uma surpresa ver que a From Software optou por não travar o frame rate das versões de consoles. Eventualmente o jogo passa dos 30 FPS tradicionais para o gênero, atingindo até mesmo 60 FPS em áreas mais fechadas. Infelizmente esse FPS variável resulta em problemas de screen tearing, que ocorrem mais ao longo das cutscenes do que durante o gameplay. Raramente percebemos momentos onde a taxa de quadros por segundo ficou abaixo de 30, mas fique tranquilo pois nada aqui lembra os problemas de locais como Blighttown do Dark Souls original.
Usar a tocha deixa tudo mais bonito e mostra como a engine de iluminação do jogo está eficiente, mas também produz um contra: você vai lutar sem escudo e com uma espada de apenas uma mão. É algo que infelizmente é necessário em alguns locais, mas que você vai evitar sempre que possível, afinal o jogo fica ainda mais difícil sem defesa. No entanto é interessante ver como alguns inimigos reagem ao fogo. Ratos por exemplo, vão fugir de você quando estiver com a tocha acesa.
Por se tratar de um jogo de exploração, onde a primeira jogada faz toda a diferença para a experiência do jogador, a idéia da nossa análise é não conter spoilers e por isso vamos falar de maneira geral sobre os locais ou chefes. Começando pelos mapas, uma das preocupações dos jogadores era referente ao level design da série, visto que o primeiro jogo era um exemplo de design perfeito, conectando cenários totalmente diferentes muitas vezes de maneira genial.
Dark Souls II trás ainda mais variedade de cenários do que o primeiro, passando por algumas “releituras” de telas. Além das áreas originais, ainda que não esteja mais em Lordran, você vai ver algo parecido com cada um dos locais do antigo jogo e isso trás uma sensação bacana para jogadores que estão voltando do primeiro. Um aspecto interessante é que o jogo apresenta ainda mais verticalidade em seus mapas, algo dificilmente visto em outros títulos. Basta dizer que é possível ir de um cenário que está literalmente num inferno no centro da terra, a um cenário no topo do mundo, onde dragões voam pelos céus.
Outra mudança positiva e um elemento essencial, os bonfires, refúgio seguro da série, estão em maior quantidade e normalmente são divididos em dois ou mais por áreas, geralmente posicionados de maneira estratégica próximo ao início dos mapas e um pouco antes dos chefes. O warp entre bonfires está presente desde o início do jogo, o que vai diminuir o backtracking e reduzir bastante o tempo de sua jornada, mas mesmo assim, em alguns momentos você vai optar por retornar caminhando, para matar mais oponentes e evoluir seu personagem.
Ainda nos gráficos, a variedade de inimigos é outra coisa que impressiona e é interessante ver a preocupação em mantê-los de acordo com seu habitat. Um exemplo disso é que existem inimigos normais do jogo, modelados com o mesmo esmero de qualquer outro, mas que só aparecem em uma ocasião durante toda a aventura, o que ressalta como a escola japonesa dos jogos é diferente da ocidental.
Infelizmente nem tudo são flores e para conseguir rodar dessa maneira nos consoles, Dark Souls II sofreu um notável downgrade dos demos apresentados na TGS, E3 e outros eventos. No entanto, é bastante provável que a versão PC, a ser lançada em 25 de Abril, não deverá sofrer desse problema e seja a definitiva neste aspecto.
Um dos grandes motivos de sucesso da série, os chefes continuam brutais e estão ainda maiores, em maior quantidade e mais difíceis. São ao todo 34 chefes sendo alguns opcionais e as vezes escondidos pelos mapas. Nem todos são originais, mas felizmente poucos são repetidos e alguns retornam do primeiro jogo, nem sempre da mesma maneira. O visual dos chefes e o desenrolar das batalhas apresenta muita variação e atravessar a cortina de fumaça continua trazendo uma sensação de receio única, que só essa série conseguiu proporcionar.
FINALIZANDO
Dark Souls II é um jogo completo, maior e melhor do que seus antecessores. Fãs da série vão encontrar tudo que a consagrou, executado de maneira excepcional. Mesmo assim, é importante ressaltar que Dark Souls II, embora seja um jogo fantástico, não é para qualquer um. E é exatamente isso que faz dele tão especial: um jogo que não tenta agradar a todos, mas sim agradar aos fãs de jogos desafiadores. Se o seu negócio é diversão sem stress (e não há o menor problema nisso), Dark Souls II não é pra você. Mas se você é um jogador da velha guarda, em busca de desafios, esse jogo vai te proporcionar momentos únicos de amor e ódio com o videogame.
Com uma aventura imensa, chefes opcionais, e multiplayer infinito, você vai retornar ao New Game+ muitas e muitas vezes. E obviamente, prepare-se para morrer, de novo, e de novo, e de novo…
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Excelente análise. Esta análise de DSII está melhor que outras de renomados sites estrangeiros, referentes ao mesmo jogo. Conseguiu explicar de forma mais objetiva e especifica os vários elementos e características do jogo.
Valeu Rubens. É importante receber esse tipo de feedback. Dá um ânimo saber que estamos no caminho certo. 😉
Tbm adorei o review. Estou ansiosíssimo pelo game, e ler tais opiniões fazem a apreensão e o espera ainda mais críticas! Parabéns.
Good points all around. Truly apcdpeiater.
Nigeria is now a failed state. The people of Nigeria need help because this government is incapable to come up with solution and just drifting with time. Unfortunately there is no more fearlless and courageous people in the army who can rise to to the occassion and help the people of Nigeria so that they can regain their freedom and liberty. Never mind deliverance will come one day.
Ico, desculpa, a pergunta nada a ver…Você encontrou um tal de Eric Clapton por ai????Se encontra podia tira uma foto com ele e por no blog hein… Sou fanzasso dele!!!Parabéns pelo blog cara…
Já podle toho, kolik je v dané stranÄ› věřÃcÃch, nevolÃm – to by mÄ› fakt mohlo. Politicky tÃhnu k pravici, ale vyloženÄ› mÄ› Å¡tve, že v podstatÄ› neexistuje pravicová strana která by se otevÅ™enÄ› nehlásila k tomu, že bude cÃrkve brutálnÄ› podporovat z veÅ™ejných penÄ›z :/ Tohle je Å¡Ãlený.
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