Análise: Dragon’s Crown
Brawlers ou Beat’em Ups foram jogos que dominaram os anos 90 nos arcades e consoles. A fórmula era bem simples: Geralmente cooperativos, eram games onde dois ou mais jogadores se uniam para enfrentar hordas infinitas de inimigos repetidos, sempre culminando com uma batalha contra um chefe ao final de cada fase.
Com a mudança para o 3D, esses jogos foram perdendo espaço e tornaram-se cada vez mais escassos, até finalmente morrerem de vez. Alguns dirão que foram substituídos ou evoluíram para os Action Games em terceira pessoa, é verdade, mas ainda assim perderam o apelo cooperativo, uma vez que jogos desse gênero tendem mais para o Single Player.
Porque então, prestes a entrar em uma nova geração que já chegará com jogos no auge do 3D, com gráficos cada vez melhores e mais realistas, deveríamos criar expectativas por Dragon’s Crown, um jogo 2D, de um gênero morto?
História
Você é um aventureiro que após algumas batalhas, chega na cidade de Hydeland e logo fica sabendo sobre o artefato que dá nome ao jogo: A Dragon’s Crown, é uma coroa que como o nome implica, tem o poder de controlar dragões. Logo você é chamado pelo regente local que lhe diz que o rei busca a coroa para controlar as lendárias criaturas afim de proteger o seu reino.
O enredo do jogo é contado através de cutscenes com diálogos lidos por um narrador, passando a impressão de uma aventura de RPG contada por um Dungeon Master. Apesar da maioria delas ser estática, a arte proporciona um visual único e mantém você interessado em acompanhar a progressão da história. Como é praxe em jogos do gênero, o enredo em Dragon’s Crown nada mais é do que um pano de fundo para a ação. Mesmo assim ele desempenha seu papel de mantê-lo focado, segue uma linha lógica e ainda existem algumas reviravoltas que além de tornar os objetivos mais interessantes são desculpa pra pilha de corpos que seu personagem vai deixar nos estágios por onde passa. Não espere nada revolucionário no entanto, uma vez que, apesar da temática com elementos de RPG esse não é o foco do jogo.
Gameplay
Produzido pela Vanillaware, distribuído pela Atlus e exclusivo para as plataformas da Sony, PlayStation 3 e PlayStation Vita, Dragon’s Crown é um brawler 2D com temática medieval ao melhor estilo do já consagrado Dungeons & Dragons Shadow Over Mystara, considerado por muitos (inclusive este que vos fala) o melhor e mais completo jogo do gênero até hoje. Até hoje!
Aliás, qualquer semelhança com o recém relançado título da Capcom não é mera coincidência. George Kamitani, diretor de Dragon’s Crown, trabalhou em Shadow Over Mystara, e essa influência é nítida do começo ao final do jogo.
Falando de gameplay, você tem ao seu controle 6 personagens distintos que podem ser divididos em 3 estilos básicos: Magia, pancadaria ou suporte.
Sorceress e Wizard são os magos do grupo, jogando de maneira parecida, mas diferenciados principalmente pelos elementos de suas magias, sendo a Sorceress mais focada em auxílio ao grupo, enquanto o Wizard foca na destruição dos inimigos e danos em área. Dwarf e Elf são os suportes, diferenciados pelo seu alcance, onde a Elfa tem mais foco em ataques a distância com o arco e flecha enquanto o Anão parte para ataques mais próximos, arremessando os inimigos nos outros quando precisa acertá-los de longe. E finalmente temos os “homens” de frente, Fighter e Amazon, que são responsáveis pelos ataques corpo a corpo do jogo, diferentes mais no estilo do combate, sendo o Guerreiro mais equilibrado em ataque e defesa, com espada e escudo, enquanto a Amazona é praticamente um “bárbaro” com armas de duas mãos, trocando defesa por ataque total.
Os controles funcionam da maneira esperada em um jogo 2D e entregam precisão e agilidade, com elementos que inovam, como a adição de um cursor movimentado pelo analógico direito e que serve pra explorar elementos escondidos nas fases, ativar runas para lhe ajudar durante os combates, ou ordenar o ladino que acompanha o grupo a abrir baús e portas ao longo da aventura. Essa mecânica pode ser um pouco desconfortável no começo, mas é questão de costume. Logo você vai estar pilhando tesouros enquanto mantém seu personagem em combate.
Fazendo jus à temática de RPG, os personagens tem uma série de golpes únicos e habilidades a serem adquiridas e desenvolvidas conforme a progressão de níveis. Ao longo da jornada você também terá acesso a novas armas e equipamentos, cada qual com diversas características particulares, que ajudarão você se adequar ao ambiente e inimigos de cada estágio.
Esse elemento de evolução é o que diferencia o jogo dos antigos brawlers de curta duração e faz com que Dragon’s Crown tenha uma campanha de 9 fases, com 19 chefes. Após completar o 9º estágio do jogo, você vai ter acesso a segunda rota de cada fase, que trará 9 novos chefes de níveis mais elevados em busca dos talismãs que permitirão que você enfrente o chefe final.
Diversas sidequests darão novos objetivos as fases, garantindo mais experiência, ouro e pontos de habilidade ao seu personagem. A jornada completa levará uma média de 15 a 20 horas, e tem o nível 35 como o máximo de evolução do seu personagem. Felizmente um modo Hard é disponibilizado logo após o término do jogo, funcionando como um New Game + com mais dificuldade, onde você pode continuar evoluindo até finalizar novamente e abrir o modo Inferno, visando chegar ao nível máximo 99.
O multiplayer local estará disponível desde o começo do jogo, mas vale lembrar que o multiplayer online só se torna disponível após completar o 9º estágio e liberar a segunda rota de cada fase. Esse talvez seja um dos aspectos mais negativos do game para quem espera pular logo para o cooperativo, pois é necessário jogar praticamente 50% do jogo sozinho ou limitado ao multiplayer local, até que você tenha acesso ao modo online.
Felizmente para os aventureiros solitários, existe um sistema de parceiros controlados pelo computador, onde você encontra ossos de aventureiros mortos durante cada estágio e leva para serem ressuscitados no templo na cidade. Não resolve a falta do online em grande parte do jogo, mas vai ajudar bastante no desafio da campanha, que acreditem, vai te fazer voltar pra repetir estágios algumas vezes, procurando por itens melhores ou apenas subindo de nível.
Som
As músicas dão o tom certo a aventura, reunindo temas calmos enquanto na cidade, ou desafiadores e tensos durante as fases da campanha e chefes. Os efeitos sonoros e vozes são ótimos e bem apropriados aos personagens e inimigos, e a campanha inteira é acompanhada de um narrador, até mesmo nos encontros com chefes, onde as reações do mesmo as situações na tela, deixam o jogador apreensivo ou empolgado. Apesar da qualidade na produção das faixas, nenhuma delas é realmente marcante, apenas desempenhando seu papel de “música de fundo” sem ir muito além.
Gráficos
Este é o ponto principal e é onde Dragon’s Crown mais se destaca. Obviamente trata-se de um aspecto subjetivo, mas não seria exagero algum afirmar que estamos diante daquele que pode ser considerado o jogo mais bonito já feito até hoje. Sim, de todos os tempos!
Acalmem-se amantes de tecnologia! Não estamos menosprezando nenhum dos jogos 3D atuais, com milhares de polígonos e texturas em alta definição a sua disposição. O ponto é que simplesmente não existe como negar a beleza única da arte 2D empregada nesse jogo. Muito menos quando ela roda em 1080p a 60 quadros por segundo abusando de efeitos de zoom, partículas, efeitos, iluminação, com a tela com 4 jogadores, lotada de inimigos e sem perda de performance em nenhum momento.
Para entender um pouco do que estamos falando, simplesmente veja o tamanho dos sprites clicando nas imagems abaixo:
Ainda assim, nem essas, nem qualquer imagem fará jus a beleza que é esse jogo em movimento. Aliás, se existe um jogo que definiria videogames como arte, esse título é sem dúvida alguma Dragon’s Crown. Tudo no jogo, das cutscenes as fases, é feito de maneira singular, com atenção aos mínimos detalhes. E o estilo artístico é de um bom gosto tremendo. Cada criatura, inimigo, chefe ou cenário, trás todo o nível de detalhes da escola japonesa dos jogos, com um estilo artístico muito bem definido, mas respeitando totalmente o material fonte do consagrado Dungeons & Dragons. Dessa forma temos o melhor dos dois mundos, onde desde as criaturas simples como um orc, até as mais complexas como um dragão, serão exatamente como foram definidas nos livros de fantasia medieval, mas seguindo o estilo próprio da arte do jogo.
Old School dos tempos modernos
Seria injusto negar o retorno de alguns dos gêneros de 16 bits graças as plataformas de distribuição digital, como PlayStation Network ou Xbox Live Arcade. No entanto, justamente pela sua natureza, independente da qualidade, esses títulos tem produções menores, seja em escala ou duração. Para os fãs, sempre ficava no ar aquela saudade de uma época onde jogos desse estilo recebiam toda a atenção e recursos do estúdio de desenvolvimento.
Ainda que não seja perfeito, Dragon’s Crown é quase e aparece pra matar essa saudade como um título totalmente retail, tendo uma produção de valor que entrega um jogo completamente sólido, desafiador, com replay value e um visual espetacular, não devendo nada aos melhores games da geração. Se você é um jogador old school e viveu a época dos brawlers, Dragon’s Crown é uma volta a esse passado da maneira mais gloriosa possível.
Galeria de Imagens:
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Aguardo muito por esse jogo, o review só me deixou mais animado ainda.
Valeu pelo review. Compra certa.
Mas essa amazona deve ser um dos piores designs que já vi na vida, kkkkkk. Os exageros no design de personagens são uma piada. Precisam levar isso mais a sério.
Praticamente uma Panicat hahaha
Compra certa também, assim que chegar já irei fritar os 50% iniciais para aproveitar o Cooperativo Online.
Coisa linda de Deus!
Ótimo review manolo!