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3, abr 2015
Análise – Final Fantasy Type-0 HD
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Finalmente no ocidente
Type 0 HD é um projeto ambicioso, que sofreu com as limitações de sua plataforma de origem. Ideal para quem gosta de RPGs com combates de ação e para quem estiver curioso pela demo de Final Fantasy XV.

Originalmente anunciado para PSP com o título temporário de Final Fantasy XIII Agito, o Final Fantasy Type-0 foi mais tarde renomeado para que fosse desvinculado de FF XIII. O jogo original foi lançado para PSP, exclusivamente no Japão, em outubro de 2011 e faz parte da mitologia Fabula Nova Crystallis, que engloba também outros jogos da série, como FFXIII, FFXIII-2, FFXIII: Lightning Returns e o futuro Final Fantasy XV, ainda sem data de lançamento.

Em 2012, a Square Enix iniciou o desenvolvimento de uma versão HD do jogo, a ser lançada pela primeira vez no ocidente, exclusivamente para a nova geração de consoles que estaria por vir. Em março de 2015, Final Fantasy Type-0 HD foi lançado para PS4 e Xbox One, prometendo melhorias em relação ao título original e contando com uma demo de Final Fantasy XV como um extra para os compradores da edição “Day One”.

HISTÓRIA

Desde o começo dos tempos, a terra de Orience é abençoada por quatro cristais, que são fontes de poder criadas pelos deuses. Uma instituição chamada de Akademia, ou Peristilium, foi construída em volta de cada cristal com o objetivo de protegê-lo e estudá-lo. Com o tempo, cada Akademia se tornou o centro de uma nova nação, que desenvolveu habilidades e estilo de vida baseados nas características de cada cristal. São elas: o Domínio de Rubrum, que desenvolveu o uso de magia; o Império Militesi, que dominou o uso de tecnologia e armas avançadas; o Reino da Concórdia, que tem o controle sobre o poder dos dragões; e a Aliança Lorican, que tem uma habilidade avançada de defesa.

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Eventualmente os cristais escolhem alguns seres (normalmente humanos) para servirem como seus súditos. Esses súditos são chamados de l’Cie e recebem grandes poderes e longevidade dos cristais em troca de uma vida dedicada à proteção destes.

Embora um pacto mantivesse a paz entre as nações, o Marechal do Império Militesi decide quebrar o pacto, declarar guerra ao Domínio de Rubrum e iniciar uma invasão. Em uma situação normal, as forças de Rubrum conteriam facilmente a invasão com o uso de suas habilidades, mas ao utilizar a ajuda de um l’Cie (tática proibida pelo pacto), o Império Militesi consegue uma brecha nas defesas do inimigo e lança um dispositivo capaz de bloquear o poder dos cristais. Isolados da fonte de seus poderes, as forças de defesa se tornam inúteis e Rubrum é submetido a um massacre.

Quando a campanha de invasão parecia um sucesso, um grupo de elite de Rubrum, formado por jovens com a capacidade única de usar magia sem depender do poder do cristal, consegue conter a invasão, destruir o dispositivo e evitar a tomada do cristal pelo inimigo. Esse grupo de elite formado por 13 cadetes é chamado de Classe Zero.

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Com a quebra do equilíbrio inicial e a declaração de guerra entre as duas nações mais poderosas de Orience, não demora muito até que as outras nações se envolvam no conflito, e a guerra toma proporções maiores. Em paralelo aos problemas da guerra, Orience ainda tem que lidar com uma profecia que indica a proximidade da chegada de Tempus Finis, um evento apocalíptico que só poderá ser evitado com a chegada da figura de um messias, conhecida como Agito.

Controlando os 13 cadetes da Classe Zero, e com a ajuda das forças militares restantes, você deverá partir em uma contraofensiva buscando reconquistar os territórios perdidos e destruir o Império Militesi.

Essa sensação de controlar 13 personagens e de fazer parte de uma campanha militar com uma importância maior que os objetivos pessoais dos protagonistas, diferencia Final Fantasy Type-0 da maioria dos RPGs e empolga pela grandiosidade e qualidade da trama. Porém, um conflito tão grande e complexo traz também algumas dificuldades na narrativa, agravados pelas limitações de hardware e orçamento de um jogo originalmente criado para PSP.

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Em primeiro lugar, o jogo é curto para a grandiosidade do enredo que ele pretende desenvolver. Certamente é possível gastar mais de 60 horas explorando tudo o que há para explorar e executando todas as missões secundárias, mas uma campanha normal – com as missões principais e alguns extras – não deve passar de 30 horas. Parece bastante, mas em um universo tão complexo que envolve quatro nações com seus respectivos personagens, 13 protagonistas com personalidades e motivações tão distintas e uma terra que convive com a ameaça de um apocalipse, é difícil às vezes se situar e se importar com tudo e com todos.

A quantidade de informação que precisa ser absorvida em pouco tempo, principalmente nas primeiras horas de jogo, é muito grande, e é provável que você passe um bom tempo sem conseguir identificar quem é quem e o que exatamente está acontecendo. A boa notícia é que com o tempo isso melhora, e, ao se aproximar da metade do jogo, é provável que você já tenha se ambientado melhor.

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O jogo possui muita informação escrita, e é possível passar um bom tempo na Akademia conversando com NPCs, consultando os dados sobre o universo na biblioteca ou interagindo com os outros cadetes da Classe Zero. Isso ajuda bastante, mas é preciso ter paciência e estar disposto a ler um bocado.

Além da leitura, o jogo também apresenta a história através de cutscenes. Algumas são em CG, mas a maioria delas usa a engine do jogo e é apresentada com flashes de poucos segundos de situações diversas, sempre acompanhadas de um inexplicável loading entre elas. Isto mais a terrível dublagem em inglês fazem com que muitas vezes seja difícil manter a atenção no enredo.

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SOM

Como eu já disse, o trabalho de dublagem em inglês é ruim e o lipsync é pior que a maioria das dublagens de baixa qualidade que você já viu. Chega até a ser engraçado em alguns momentos. A boa notícia é que o áudio original em japonês está disponível e, a não que você deteste o som do idioma, eu recomendo fortemente jogar o jogo em japonês. Eu troquei o idioma depois de umas 10 horas e parecia que eu estava jogando outro jogo. Eu diria que isto é quase obrigatório.

As músicas mantêm o padrão dos RPGs da Square, ou seja, são na sua grande maioria espetaculares. Algumas, como o tema da Akademia, podem se tornar enjoativas depois de um tempo devido à repetição. Talvez uma variada no tema de alguns lugares muito frequentados fosse uma boa ideia para aliviar essa sensação, mas isso é um pequeno detalhe. No geral, as músicas são ótimas e se encaixam muito bem no clima do jogo, dando aquele clima épico em momentos decisivos.

A trilha sonora oficial foi lançada alguns dias depois do jogo e é composta por três CDs e um total de 57 faixas. Destaque para a música cantada pelo protagonista, que carrega uma grande carga emocional que só quem terminou o jogo vai entender. Certamente, vale a pena conferir essa trilha se tiver a oportunidade.

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JOGABILIDADE

Em Final Fantasy Type-0 HD, você pode escolher entre controlar qualquer um dos 13 cadetes da Classe Zero. Nas batalhas, você sempre terá três membros na sua party, sendo um ativo e outros dois controlados pela CPU. Todos os cadetes têm ataques, movimentações e armas diferentes. As armas são bem variadas e vão desde katana, maça e lança, até flauta, pistolas e cartas de baralho. Quando um dos cadetes morre, ele pode ser substituído imediatamente por um dos reservas. Uma vez que um membro morre, ele só será revivido após você retornar à Akademia.

Falando em Akademia, ela é o seu quartel-general, então espere passar bastante tempo por lá. Além do que eu já disse sobre se aprofundar na história, na Akademia você também poderá: evoluir seu personagem e suas magias, comprar armas e suprimentos, ouvir palestras que aumentam seus status, usar o campo de treinamento para melhorar suas habilidades e ganhar algum XP, usar um dirigível para viagens rápidas entre as regiões de Orience, criar chocobos para serem usados como transporte, organizar sua party, aceitar missões secundárias e iniciar todas as suas missões principais.

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Como outros jogos da série, este jogo conta também com um “mapa-múndi”, usado para poder viajar entre regiões e cidades. O mapa pode ser percorrido a pé ou de chocobo. Quando percorrido a pé, você irá entrar em batalhas aleatórias em grandes arenas, que são perfeitas para o estilo de combate de ação frenética do jogo. Em alguns casos, essas batalhas apresentam diversas hordas de inimigos que aumentam de level a cada onda. Essa mecânica é ótima para ganhar XP sem que se perca muito tempo vagando atrás de inimigos e, combinado com o combate fluido e divertido, torna o famoso “grind” bem menos maçante que o normal.

Os combates são de ação com alguns poucos elementos estratégicos, e os controles são bem simples de dominar. Um gatilho é usado para travar a mira, um botão para ataques físicos, um para magia, um para ataques físicos especiais e outro para manobras de defesa, como cura mágica e esquiva. Também é possível usar o direcional digital para os lados para alternar a qualquer momento o membro da party a ser controlado, No entanto, tanto a troca dos membros quanto o uso do ataque físico especial consomem uma barra de energia. Essa barra se enche à medida que ataques físicos normais são usados. Já as magias de cura e ataque usam MP, que é recuperado no final de cada batalha ou absorvendo a energia dos inimigos derrotados.

fft0_hd (6) As magias e os ataques dos inimigos podem causar status que causam danos prolongados (ou “status ailments”), como queimaduras ou envenenamentos . A cada missão, você também pode escolher um Eidolon para ser evocado (ou “summonado”). Cada vez que o Eidolon é evocado, o cadete ativo é sacrificado e o Eidolon se torna um personagem jogável por um tempo limitado. Se o Eidolon for derrotado em batalha, ele não poderá mais ser evocado naquela missão. Se ele desaparecer por tempo, poderá ser evocado novamente desde que outro cadete seja sacrificado no processo.

O jogo também conta com uma técnica de combate chamada “killsight”. O killsight acontece quando você tem a mira travada no inimigo e ele expõe um ponto fraco. Neste momento, a mira muda de formato para indicar a brecha e o ataque se torna muito mais poderoso. Um ataque em killsight geralmente mata um inimigo mais fraco com um golpe e causa um grande dano em inimigos intermediários. Em alguns inimigos avançados, é a única maneira de causar dano, mas cuidado, o inimigo também pode usar a técnica contra você, portanto, trate de se esquivar se um indicador de killsight aparecer sobre sua cabeça.

O jogo também conta com algumas missões no mapa-múndi que funcionam no estilo de jogos de estratégia em tempo real (ou RTS). Nessas missões, você direciona e protege algumas tropas no mapa para a tomada de cidades e bases vizinhas. Quando uma base é tomada, ela se torna sua e começa a fornecer tropas para novos ataques. Quando uma cidade importante é derrotada, você deve entrar na cidade e enfrentar alguns inimigos e um comandante para que ela seja tomada.

A mecânica é interessante e eu gostaria de vê-la implementada novamente em jogos do gênero, mas essas missões aqui novamente sofrem com a simplificação e são muito curtas e superficiais para que sejam lembradas.

Embora a experiência geral com a jogabilidade seja muito agradável, existem alguns detalhes que irritam bastante. Em primeiro lugar a câmera é muito rápida e não conta com nenhuma opção de ajuste. Embora em batalhas em campo aberto essa velocidade funcione bem, em lugares fechados isso trabalha como um contra, deixando o jogador desorientado. Felizmente, a maior parte do jogo se passa em espaços abertos.

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Outro ponto irritante é que, para absorver a energia dos inimigos caídos, é necessário segurar o gatilho de mira, dar um leve toque no direcional direito pra cima e em seguida apertar o botão de ataque. O problema é que esses mesmos três botões, nesta mesma ordem, são muito usados no combate normal, então, as chances de a combinação não ter o resultado esperado é enorme, ainda mais em um jogo onde qualquer pausa pra pensar pode significar a morte. Esse mapeamento confuso parece ser herança do PSP e sua escassez de botões, mas poderia ser facilmente ajustado nos consoles de nova geração.

Outro ponto de melhoria seria o mapeamento de itens para uso rápido. O jogo oferece uma enorme quantidade de itens, mas, apenas um slot de mapeamento para uso rápido. Como abrir o menu não pausa o jogo – e, quando se está em combate, a última coisa que você quer é perder o inimigo de vista – é muito provável que você vá mapear seu melhor item de cura para uso rápido, e todos os outros itens talvez sejam simplesmente ignorados durante todo o jogo.

GRÁFICOS

[tube]https://www.youtube.com/watch?v=9hTAXATdxac[/tube]

Aqui provavelmente é onde o jogo deixa mais claro suas origens e a limitação de orçamento de que falei antes…

Assista acima um vídeo da Square comparando os dois e mostrando o upgrade gráfico que o jogo recebeu em relação à versão de PSP. É evidente que houve uma boa melhora tanto em texturas quanto em resolução e efeitos de iluminação, mas isso é o mínimo para que essa versão pudesse existir, já que a diferença de tamanho de tela de uma TV moderna para um PSP é absurda. O que pretendo avaliar é a dimensão dessa melhora, considerando que o jogo é exclusivo do Xbox One e PS4. A resposta é: não houve muita.

Pra começar, o jogo roda a injustificáveis 30 frames por segundo, a mesma taxa de frames do jogo original de PSP. Na geração passada, alguns jogos foram portados de PSP para PS3, e todos os que eu joguei rodavam a 60 frames por segundo. Final Fantasy Type-0 HD tem combates tão dinâmicos quanto os mais populares jogos de ação e seria muito beneficiado por uma maior taxa de frames. É muito difícil de aceitar que a Square não consiga fazer na nova geração o que outras já fizeram com qualidade na geração passada.

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A ambientação e cenários alternam bons e maus momentos. Embora exista uma diferença grande entre cada região, as cidades dentro das mesmas regiões são muito parecidas, com uma porção de corredores vazios com cenários genéricos e repetidos. É muito difícil diferenciar uma cidade da outra dentro da mesma região. Na verdade, é até mesmo difícil diferenciar uma rua da outra dentro da mesma cidade. Em compensação, as batalhas nas florestas, regiões vulcânicas e cavernas contam com cenários bonitos e bem distintos, principalmente se compararmos com as arenas de combates dos JRPGs em geral.

As texturas receberam talvez a mais visível das melhorias, mas não chegam a impressionar nem mesmo considerando que se trata de um jogo remasterizado. A Akademia é onde parece que foi investido o maior esforço e conta com alguns cenários bonitos, mas, mesmo lá, quando olhamos de perto, é possível vermos algumas texturas borradas. Não prejudica a experiência, mas é digno de nota. Já as CGs, embora raras, mantêm a alta qualidade pela qual a Square é conhecida.

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CONCLUSÃO

Final Fantasy Type-0 HD é um projeto ambicioso, mas que sofreu com algumas limitações de sua plataforma de origem. Existem melhorias nessa versão HD, mas não são tão grandes a ponto de mudar as características mais importantes do jogo. Fosse um jogo com o mesmo conceito e história, mas com orçamento de um jogo da série principal para a nova geração, seria um dos melhores jogos do ano. Ainda assim, mesmo com as limitações, Final Fantasy Type-0 consegue ser um jogo único, de qualidade e com bastante conteúdo.

Se você gosta de RPGs com combates de ação, o pacote formado por Final Fantasy Type-0 e a demo de Final Fantasy XV possui conteúdo e qualidade suficiente para que eu recomende a compra a preço de lançamento, mas é importante que você mantenha suas expectativas realistas e veja o jogo baseado no que ele é e não no que ele poderia ter sido. Se você começar o jogo já ciente do que esperar, as chances são muito grandes de você se divertir bastante com esse que é um dos jogos mais singulares da franquia. Ah, e, no final, não saia da frente da TV antes de acabarem os créditos 🙂

André Sepu
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