Análise – Mighty Nº9
Mighty Nº9 é um jogo criado por Keiji Inafune e financiado pelos fãs em um dos mais bem sucedidos projetos do Kickstarter, levantando 4 milhões de dólares na campanha.
O game seria um sucessor espiritual da franquia famosa Mega Man da Capcom, da qual Inafune é ilustrador e co-designer, mas pouco depois do lançamento do game o próprio Inafune se culpa pelos problemas deste. Vamos começar pelo enredo, que é superficial mas existente.
Você controla Beck, o Mighty Nº9, criado pelo Dr. White (Uma versão nova do antigo Dr. White da série Mega Man) e sua missão é salvar a “America atual” dos diversos robôs que perderam o controle de si próprios, sendo o principal suspeito por fazer isso um gênio do crime que está preso na segurança máxima, Dr. Blackwell.
Beck deve então fazer seus parceiros, Mighty Nº1 até o Mighty Nº8 voltarem a si, e são esses os bosses do game. Alguns lembram vilões clássicos da série Mega Man ou Mega Man X e outros até tem designs interessantes e inovadores.
A jogabilidade é o forte do game com certeza. Beck pula, se pendura, atira e tem um Dash especial que absorve os inimigos, e o gameplay é totalmente baseado nesses Dashs, tendo em vista que ele é infinito e constante. Inimigos, cenários, desafios, são todos baseados no timing desse Dash e isso é empolgante e divertido, fazendo o game ficar extremamente dinâmico e rápido nos combos de absorção dos inimigos.
Admito que me incomodei com o fato de Beck não pular nos muros como Mega Man X fazia e morri diversas vezes contando com esse artifício que ele não tinha. A gente estava mal acostumado com essa habilidade e Inafune tirou ela quase que propositalmente, criando novos desafios que não tínhamos anteriormente por conta dessa mecânica.
O level design é até interessante e em me surpreendi com a forma que as coisas estavam posicionadas e a verticalidade de algumas outras telas, sempre dificultando de maneiras criativas e divertidas. Mesmo assim não é nada que já não vimos extremamente bem mais elaborado em Mega Mans anteriores. A melhor fase aqui seria uma fraca em Mega Man.
O jogo está difícil, mas isso era o esperado de um sucessor de uma das franquias mais difíceis da história dos videogames. Nisso ele cumpre o requisito e passei raiva com armadilhas e chefes que não são injustos, mas te punem pela negligência muitas e muitas vezes. Há problemas de hitbox e da movimentação desengonçada de Beck em alguns momentos, mas eles são passáveis.
E por fim, não posso finalizar essa análise sem falar aqui do maior problema do game. Os gráficos estão horríveis.
Quadrado, serrilhados, a falta de detalhes incomoda absurdamente. As fases abertas e em cenários exteriores tem fundos inexistentes onde o game não possui textura nenhuma, metal, madeira, plástico, gelo, tudo tem o mesmo template. As cores e os efeitos são nulos, explosões e tiros são opacos e a animação dos personagens são horríveis. Beck é desengonçado correndo e parece um personagem de LEGO mal feito ainda por cima, e isso infelizmente tira muito da experiência. Diversas vezes me pegava olhando pro rosto fixo do personagem, que não se move, não sorri, não faz absolutamente nada. O jogo parece nunca ter saído do Alpha, faltando várias texturas, acabamentos e detalhes que tornariam a experiência muito mais consistente. As cutscenes apresentam personagens estáticos, com expressões que quase nunca mudam e são extensas como se fossem completas. É realmente decepcionante ver que um título com 4 milhões de dólares em investimento não conseguiu ser mais caprichado nesse aspecto.
Você percebe que Beck tinha tudo pra ser o novo Mega Man, mas se ele tinha ali algum carisma oculto, ele foi destruído pela modelagem amadora.
Enfim, Mighty Nº9 é um jogo que tinha muita expectativa em cima. 4 milhões de dólares não fazem jus a qualidade do que foi entregue. É um título divertido, mas aparenta ser um jogo de dez anos atrás.
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