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29, out 2018
Call of Cthulhu – Análise
7
Baseado no RPG de mesa
Uma história interessante com bons diálogos e narrativa, algumas situações tensas, mas poucas cenas de ação sendo uma experiência mais contemplativa em diversos momentos. Recomendado aos fãs de Lovecraft.

Call of Cthulhu desenvolvido pela Cyanide Studio e publicado pela Focus Home Interactive para PS4, Xbox One e PC é a adaptação oficial do jogo de RPG de mesa clássico da Chaosium baseado no universo de horrores cósmicos, insanidade e Deuses Antigos da obra literária de H.P. Lovecraft.

O game é um adventure de exploração e investigação com visão em primeira pessoa ambientado na década de 1920 nos EUA. O investigador privado Edward Pierce é enviado para reabrir o caso da trágica morte da família Hawkins em uma imponente mansão na ilha isolada de Darkwater, às margens de Boston. Entre locais hostis e relatórios policiais duvidosos, fica claro que o caso esconde mais do que aparenta. A história é interessante e o desenrolar da trama se dá como numa aventura do RPG de mesa, usando ganchos similares, com localidades, referências e personagens tirados diretamente dos contos de Lovecraft.

Inspirado nos livros de RPG, o jogo replica as mecânicas do sistema da Chaosium, começando com a distribuição de pontos na ficha do seu personagem entre os atributos principais: Visão, Eloquência, Investigação, Força e Psicologia. Ocultismo e Medicina são dois atributos que só vão subir ao longo do jogo, através de leitura de livros de medicina, sobre o oculto ou até mesmo vivenciando situações insanas.

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Com seus atributos principais você vai desbloquear novas opções de diálogos e abordagens para as situações. Quer convencer um personagem a ajudá-lo ou entender melhor suas motivações? Invista alguns pontos em Eloquência ou Psicologia. Quer abrir um cadeado? Gaste mais pontos em investigação.

Mas apesar dessa impressão inicial, Call of Cthulhu não é um RPG tradicional propriamente dito, mas sim um game de aventura linear com diversas ramificações possíveis em determinados momentos de escolha apresentados para o jogador. Por exemplo, logo no começo você já decide se o seu personagem será um alcoólatra ou seguirá a jornada sóbrio e o game te informa que aquela decisão trará consequências no futuro.

Baseado numa obra literária obviamente os textos são abundantes no jogo. Espere ler muito, seja nos relatos das situações narrados pelos personagens nos diálogos, livros encontrados, recortes de jornais, descrições dos capítulos e anotações do seu diário. Como fã do universo eu não me incomodei com a quantidade de leitura, mas talvez isso afaste alguns jogadores. A leitura é densa e mesmo as descrições dos itens podem ajudar no melhor entendimento da trama, que começa muito interessante, mas ao longo da jornada acaba ficando mais complexa até se perder em alguns momentos mais malucos.

A principal diferença para o último jogo baseado nesse universo, Dark Corners of the Earth de 2005 para o Xbox original e PC, fica por conta da jogabilidade. Enquanto o antigo game trazia um sistema de shooter e tinha uma execução mais solta com troca de tiros, chefes e muito mais ação, o game moderno é um adventure de investigação mais limitado onde as relações que você tem com outros personagens afetarão a maneira como você prossegue na história.

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Outro ponto fraco são os gráficos inconsistentes. Apesar da apresentação estilo super produção, cenários bem ambientados e iluminação até competente, os modelos de personagens e a movimentação no geral são muito simples e alguns momentos beiram a tosqueira. Adicione as situações de tentativa e erro e você tem aqui o maior defeito do jogo que acaba quebrando a imersão do medo e tensão te fazendo repetir a mesma situação diversas vezes em modo automático até acertar aleatoriamente o que você precisa fazer pra passar para a próxima tela.

A aventura é legendada em português e oferece aproximadamente 8 horas de gameplay, com uma apresentação inconsistente, que se divide numa história interessante com bons diálogos, algumas situações tensas, mas poucas cenas de ação sendo uma experiência mais contemplativa em diversos momentos. Essa não é exatamente a melhor representação de Lovecraft nos videogames, mas a narrativa e texto são os destaques desse Call of Cthulhu, enquanto o terror acaba sendo deixado um pouco de lado no final.

Pontos Fortes

  • Ambientação e narrativa
  • Opções de diálogos
  • Sistema de Atributos

Pontos Fracos

  • Poucas cenas de ação
  • Modelos de personagens e animação muito fracos
  • História começa bem, mas termina confusa
Átila Graef

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