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13, abr 2017
Persona 5 – Análise
P de Persona 5 e de perfeição
Persona 5 é um jogo com estilo único, enredo fantástico, jogabilidade diferenciada e obrigatório na prateleira de qualquer jogador de RPG que se preze.

Persona 5 é um JRPG de turnos produzido pela Atlus e um dos jogos mais esperados do ano para PlayStation 4 e PlayStation 3. O game esteve em desenvolvimento por 4 anos. Será que a espera valeu a pena?

A resposta é sim e nessa análise irei elaborar os motivos de porque esse jogo elevou o nível do gênero e se consagrou como o melhor do que a indústria já produziu. Persona 5 é sim, sem sombra de dúvidas, um produto feito com muito amor e dedicação. Se você tiver como largar tudo para jogá-lo e ama videogames, não pense nem mais um segundo.

EU SOU TU… TU ÉS EU

A história é e sempre foi o ponto mais importante da série Persona mas antes vou comentar sobre os temas e motivos dos jogos anteriores. Persona 3 falava sobre tristeza e morte. Persona 4 era sobre alegria e a verdade. Em Persona 5 os temas se desenvolvem sobre o sentimento de fúria e a falsa sensação de liberdade.

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O elenco principal da história são pessoas que estiveram errados em algum momento da vida e agora focam em tornar sua existência a melhor possível, tanto para eles quanto para os que vivem com eles.

Cada um dos personagens é único, extremamente bem desenvolvidos e aqueles mais sensíveis terão dificuldades em não se apegar a eles. A trama vai te deixar aflito para saber o que vai acontecer e se trata de uma jornada de pelo menos 100 horas de duração, então esteja pronto.

DEBAIXO DA MÁSCARA

Quando se trata de algo subjetivo, a arte visual(que está estritamente relacionada com a beleza estética) é definitivamente um das mais difíceis de avaliar pois ninguém vê o mundo da mesma forma.

O que os artistas do P-STUDIO fizeram em Persona 5 pode ser um dos raríssimos casos em que o visto na tela é agradável a todos. Não é exagero algum falar que o jogo exala estilo. Simplesmente todos os menus são únicos com animações de transição e jogadas de camada que fazem do resultado final um deleite.

Não foram poucas vezes que me peguei navegando pelo menu só para ver aquela arte maravilhosa e de muito bom gosto. Eu queria tentar explicar essa sensação apenas escrevendo mas é realmente impossível. Você precisa ver para crer e essa frase nunca se encaixou tão bem quanto agora.

A escolha de cor de Persona 5 é o vermelho (algo que a Atlus adotou desde Persona 3 e Persona 4, sendo o azul e amarelo respectivamente). Ele tem destaque por uso constante do preto e branco e praticamente tudo do departamento visual do jogo salta os olhos. A intenção foi realmente de chamar atenção.

Mas ok, Persona 5 é um uma novela visual para falar tanto dos menus e coisas do tipo? Não, aqui tem muito mais. Agora exploramos a cidade em um ambiente totalmente 3D com câmera livre na grande maioria dos cenários e eles são muito variados, especialmente nas dungeons ou palaces como preferir. O preço que aqui foi pago por ser um jogo também disponível para a geração passada é refletido em texturas de baixa resolução, algumas animações travadas e ambientes que podem ser muito escuros.

Não há como ignorar que o game tem sim alguns defeitos gráficos mas tudo isso é ofuscado pelo trabalho realizado como um todo. O design de personagens é com certeza o melhor da série Megaten e os modelos 3D dos Personas (Shadows ou mesmo monstros, fica a critério do jogador) são todos bem feitos se aproximando cada vez mais dos artworks originais. Tokyo é uma delícia de explorar (ainda mais quando chove) com detalhes minuciosos em cada cantinho e ainda por cima a aventura conta com mais de 1 hora de cenas em anime produzidas pelo famoso estúdio Production I.G (Attack on Titan, Ghost in the Shell, etc..).

A torcida realmente fica para que esse estilo gráfico nunca desapareça e sempre possa conviver junto a visuais realistas pois o que a Atlus fez em Persona 5 é algo atemporal.

CAPRICHOS DO DESTINO

Tão impressionante quanto o visual de Persona 5, é a sua trilha sonora. Gosta de Jazz? Blues? Shoji Meguro, o compositor do jogo (do qual sou fã desde Shin Megami Tensei: Nocturne), conseguiu dar uma identidade única para as faixas, como se elas tivessem sua própria voz.

O tema de abertura “Wake Up, Get Up, Get Out There” já estabelece o ritmo musical dessa jornada de 100 horas, com o melhor do que o Jazz representa, sendo espontânea, viciante e recheada de emoção.

Não somente essa faixa como grande parte da obra é perfeita para estabelecer aquele clima que o jogo necessita. A direção musical fez toda a diferença aqui e mostra uma maturidade grande para um gênero que pouco utilizou disso durante sua existência.

Chame de “easy listening” ou mesmo “lounge music” o que faz a trilha de Persona 5 ser tão gostosa de ouvir é elas se encaixam perfeitamente como se fosse uma “jam session” improvisada de uma banda. Existem bastante trabalho com vocal aqui e a nova vocalista Lyn trouxe uma cara nova para o som de Meguro.

Destaco a música de encerramento “With Stars and Us” que é cantada em japonês (ao contrário das demais que são todas em inglês) e nesse caso contribui positivamente com a faixa, permitindo que Lyn deixe a emoção fluir. É um épico de 7 minutos de duração que fará os jogadores chorarem quando o jogo acabar. Parece até uma tradição de Meguro fazer isso.

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São 110 faixas e todas tem um propósito e conseguem estabelecer um clima sem nenhuma parece fora de lugar.

A dublagem também é excelente, mostrando que as dublagens ocidentais estão cada vez melhores. Apesar do jogo ser extremamente japonês não tive vontade de baixar o DLC das vozes originais pois me identifiquei com as que já tinha ouvido. O destaque fica para a dubladora de Morgana, fantástica em todos os aspectos.

Efeitos sonoros são daqueles que dá vontade de aumentar o som: qualquer magia ou golpe aparentemente fraco já emite um som de impacto e eu gosto muito disso. Ainda sou meio traumatizado com alguns RPGs de outrora onde invocamos um meteoro e ao colidir com o chão dava um som de vento, como se nada tivesse acontecido.

PARA O OUTRO MUNDO

Existe muito o que falar sobre Persona 5 quando se trata de gameplay. Começando pelo o que faremos dentro e fora das dungeons (ou Palaces, já sabem…).

Contrariando as dungeons geradas aleatoriamente dos 2 últimos jogos da série, aqui vemos estágios, construídos à mão e com uma variedade enorme. Existem muitos quebra-cabeças para resolver e são nessas dungeons que podemos entrar nos combates. Pena que o controle do personagem as vezes é meio truncado, é difícil explicar.

Os combates tiveram comandos simplificados, sendo cada função atribuída a um botão(exemplo, X ataque normal e O defender), isso faz com que os encontros sejam muito rápidos e não fiquem massantes com o tempo.

Nosso protagonista tem a habilidade de incorporar um Persona para dentro de si e para isso é necessário negociar com eles. Quando o adversário recebe um ataque efetivo, ele cai e nesse momento podemos exigir algumas coisas como itens ou dinheiro mas principalmente atribuí-lo a nosso grupo através de algumas perguntas. Não esqueçam que esse diálogo será feito com demônios e nem sempre a alternativa mais “óbvia” é o que o capetinha quer ouvir. Caso haja sucesso ele entra como um Persona extra de Joker, sendo que ele é o único que possui essa habilidade.

Fora das dungeons, o que faremos na maior parte do jogo é viver a vida na escola, fazendo amigos e participando de atividades extra-curriculares como trabalhos de meio período ou mesmo side-quests. Existe um grande foco nos Confidants que são como os Social Links dos 2 últimos jogos. Esses Confidants são pessoas importantes que você irá encontrar durante a aventura e elas possuem histórias próprias. O motivo maior de passar um tempo com eles é para evoluir a carta de tarô pelo qual elas foram atribuídas pelo destino. uanto maior o level delas, maior serão os levels e bônus que seus Personas terão quando forem criados na Velvet Room.

Presente em todos os jogos da série, o propósito da Velvet Room é para administrar e fundir seus Personas. Essa sala é invisível a todos, menos aos que possuem grande sensibilidade espiritual e ela está localizada entre o consciente e o subconsciente.

O jogo possui um sistema de calendário e cada atividade consome parte do seu dia. É bom sempre ficar atento a isso e manter alguns saves ao longo do jogo caso deseje em algum momento voltar e tomar uma ação diferente.

Persona 5 é um jogo viciante mas também não é para qualquer um. Quem espera muita ação com certeza não é o jogo recomendado mas é difícil chegar a essa conclusão sem ao menos experimentar o game.

UM POEMA PARA A ALMA DE TODOS

Não tenho como recomendar mais. Persona 5 é um jogo obrigatório na prateleira de qualquer jogador de RPG que se preze. Foram longos 9 anos desde Persona 4 e dá para dizer que a Atlus conseguiu com esse jogo o posto de melhor produtora de JRPGs da atualidade e está de parabéns pela adaptação para o ocidente.

Pontos Positivos

  • Visual estiloso, de muito bom gosto
  • Trilha sonora que fará você cantarolar as músicas durante anos
  • Jogabilidade no ponto, diversão garantida

Pontos Negativos

  • Alguns ambientes podem ser muito escuros
  • Sair para o PS3 prejudicou algumas texturas
David Signorelli
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