Análise – Alien Isolation
“No espaço ninguém pode te ouvir gritar.” Com essa chamada, Alien chegava aos cinemas há 35 anos atrás e investia num terror mais do que apenas psicológico, apresentando a criatura mais hostil já concebida até hoje. 35 anos depois, Alien Isolation revisita os cenários e o universo criados no primeiro filme, algo pouco explorado nos jogos da série.
Desenvolvido pela Creative Assembly e publicado pela SEGA, Isolation veio com a missão de apagar o fiasco de Aliens: Colonial Marines. Pra isso, o jogo deixa de lado o aspecto militar e a abordagem “exército contra enxame de xenomorfos” e foca nos acontecimentos entre o primeiro e segundo filmes, voltando sua atmosfera aos sentimentos que o primeiro filme introduziu em todos nós: angústia, terror e medo de uma criatura maior, mais forte e mais rápida do que o ser humano.
HISTÓRIA
Como dito, o enredo se passa anos após os acontecimentos do primeiro filme, e você assume o papel de Amanda Ripley, filha da protagonista dos filmes e personagem de Sigourney Weaver: Ellen Ripley. Amanda está procurando informações sobre o paradeiro de sua mãe e o que de fato aconteceu com a Nostromo, após a explosão da nave de Ellen ao final do primeiro filme.
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Logo no começo do jogo Amanda recebe a informação de que a caixa preta da nave havia sido localizada e é convidada a acompanhar a missão que irá buscar o equipamento. Obviamente a estação espacial em posse da caixa preta apresenta alguns problemas o que impede o pouso da nave de Amanda, que se vê forçada a fazer uma travessia no espaço para chegar até a estação. Desnecessário dizer que tudo dá errado e Amanda acaba presa na estação, onde habita um Xenomorfo que está caçando todos os funcionários do local.
Com um enredo simples, porém intrigante, Alien Isolation não tem grandes pretensões além de querer ser uma ponte para o primeiro filme. O jogo não demora a engrenar e fazer você se importar com o objetivo de Amanda que é simplesmente tentar entender o que aconteceu com sua mãe e a equipe da Nostromo. O mais interessante é a maneira como Alien Isolation muda seu propósito de se levar pelo enredo e faz o jogador esquecer os seus objetivos para apenas querer sobreviver a partir do primeiro momento em que o Alien aparece.
JOGABILIDADE
Um jogo que tem como premissa o terror, precisa amedrontar o jogador constantemente em sua progressão. Pra isso, a imersão precisa trabalhar a favor do jogo, sendo esse o principal elemento da jogabilidade de Alien Isolation.
Qual foi a última vez que você jogou um jogo de terror que realmente te assustou? E qual foi a última vez que você se preocupou com o que poderia acontecer com seu personagem em um jogo de videogame? Não me recordo de um jogo que realmente tenha me assustado e me deixado tão tenso tanto quanto Alien Isolation. E joguei o P.T. (Playable Teaser) do novo Silent Hill recentemente.
O ponto é que Alien Isolation faz tudo certo para criar esse clima de tensão. Com apenas um inimigo principal durante todo o jogo (existem outros oponentes, mas o Alien é o foco), o jogo cria uma atmosfera envolvente que tem grande parte do mérito associada ao trabalho simplesmente fora de série que foi feito com o som. Normalmente dedicamos um parágrafo exclusivo para falar do áudio, mas no caso de Alien Isolation, o som está diretamente ligado à jogabilidade. Aqui, a diferença entre fazer muito barulho ou prestar atenção aos sons é literalmente a diferença entre a vida e a morte. Você realmente se sente dentro de uma estação espacial, e o silêncio do espaço é apenas quebrado pelos sons aleatórios de metal estalando nas instalações.
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Com sons idênticos ao do filme, portas se abrem, alarmes tocam e computadores emitem ruídos característicos. E o grito de dor de algum outro humano sendo executado pelo Alien na estação será eventualmente escutado à distância, quebrando o silêncio do espaço e deixando você na tensão extrema refletindo sobre o quão próximo da sala em que você está, isso pode ter acontecido. Faça um favor a si mesmo e jogue esse jogo com um Home Theater ou fone de ouvido 5.1.
Nos controles, apesar de parecer um FPS e controlar como tal, a parte de shooter é substituída por sobrevivência. Alien Isolation é um First Person Survival Horror e Amanda não é a personagem mais ágil, forte ou esperta que você já viu. Ao contrário, ela não é uma heroína, mas apenas uma mulher comum em uma situação extraordinária. Dito isto, ela não tem habilidade com armas de fogo e recarregar as 6 balas do tambor do revólver do jogo toma uns bons 10 segundos. E isso não quer dizer muito, já que as armas de fogo não adiantam nada contra o Xenomorfo. O Alien desse game é diferente da espécie do primeiro filme, e parece um Praetorian, um soldado maior da espécie.
Em seu arsenal, Amanda conta com alguns equipamentos que você achará ao longo da jornada e outros que poderá criar. Mas o que realmente funciona contra o Alien são os itens de distrações, como flares ou flash-bangs e o lança chamas, único item que consegue impedir um ataque mortal do xenomorfo, que foge ao ser confrontado com uma rajada de fogo. Seu item mais precioso no entanto, será o detector de movimentos, uma espécie de versão do radar do segundo filme, adaptado para o estilo de tecnologia do primeiro longa. A regra geral de Alien Isolation é bem diferente dos outros jogos: ao invés de ir pra cima do seu oponente, você terá de evitá-lo. Ao invés de lutar, você vai correr. Na dúvida procure um lugar pra se esconder. Você é o alvo aqui e o Alien não demora a lembrá-lo de quão frágil é Amanda.
O maior trunfo de Alien Isolation é também seu maior defeito. Logo no inicio o jogo te recomenda a investir na dificuldade Hard, com uma frase que descreve o modo como: “A maneira correta de jogar Alien Isolation”. O maior problema é que nesse modo, a inteligência artificial do bicho é tão aguçada que o menor vacilo do jogador vai resultar em muitas e muitas mortes. Fez um pequeno barulho? O bicho te ouviu e você morreu. Se escondeu no armário mas usou o rastreador lá dentro pra ficar ligado na proximidade do bicho? Morreu. Como a I.A. do Alien não segue um script propriamente dito, você vai passar por momentos em que ele vai ficar 5 minutos parado dentro da sala que ele viu você entrar, apenas esperando que você tente sair.
Some isso ao fato do jogo ter Savepoints manuais (e que não pausam o jogo para salvar, deixando você exposto ao ataque do Alien ou de inimigos durante o save), e você tem uma boa fórmula pra conseguir frustração. Ignore a recomendação do modo Hard, siga no modo Normal e você terá uma experiência mais saudável com o título, com um Alien que é mais perdoável aos seus pequenos deslizes, algo que acaba ajudando na progressão do jogo e também na diversão, que ainda é o motivo pelo qual nós jogamos videogames.
GRÁFICOS
A Creative Assembly fez a lição de casa e o jogo segue a mesma linha visual do primeiro filme. Tudo aqui parece tirado do primeiro filme, com atenção as portas, layout das naves, monitores, instalações, dutos de ar e computadores refletindo a tecnologia futurista retrô de MS-DOS da época do filme.
Os modelos de personagens da história principal são bem trabalhados, e alguns notavelmente receberam mais atenção que outros. No entanto eles ainda ficam presos ao “uncanny valley” da computação gráfica, onde em alguns momentos os modelos se assemelham a humanos, mas em outros são irreais e lembram um robô com visual plastificado. Felizmente por se manter muito ingame e com a visão em primeira pessoa, o jogador não vai reparar tanto nesses detalhes. No entanto o DLC “Crew Expendable” sofre muito menos com esse problema e merece destaque especial pelo trabalho primordial feito em retratar os membros da tripulação do primeiro filme com muita fidelidade.
O Alien é um caso a parte e seu modelo faz jus ao peso que leva no título. Detalhado de uma maneira esplêndida, desde a movimentação ao comprimento da cauda, a mera visão do xenomorfo à distância fará o jogador travar e repensar o próximo passo, que provavelmente será correr para se esconder no armário mais próximo. Tive momentos em que a imersão do jogo foi tanta, que pulei da cadeira gritando e até parei de jogar, algumas vezes com dor no peito, tamanho o susto. Isso nunca me aconteceu antes num jogo e apesar da atmosfera e clima de Alien Isolation serem grandes responsáveis pela imersão, confesso que sem a experiência gráfica nesse nível, esse tipo de reação seria improvável.
CONCLUSÃO
Lançado dia 7 de Outubro nos EUA, o jogo sai amanhã oficialmente no Brasil e é um título para PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e PC. Nós testamos a versão de Xbox One e se você quer a experiência completa, sugerimos investir em qualquer uma das versões next-gen ou jogar no PC.
Com cerca de 20 horas de campanha, Alien Isolation é um jogo para um público muito específico. Fãs de survival horror e de Alien O Oitavo Passageiro, dificilmente receberão um jogo com tratamento melhor para a série, e para eles a nota é definitivamente 10. Tudo o que o filme fez pra conquistar o público é replicado aqui com maestria. No entanto, fãs de jogos de ação e do segundo filme em diante devem pensar duas vezes antes de embarcar no título, que não é um jogo pra qualquer um e definitivamente não é recomendado aos jogadores que tenham problemas em levar sustos, muito menos aos cardíacos.
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LOP me deixou afinzão de jogar, survivo horror focado em sobrevivência é comigo mesmo.
CURTI!!!
Comecei a jogar Alien Isolation ontem no PS4. O jogo está top mesmo. Momentos de tensão direto. Estou jogando com o fone Gold, qualquer barulhinho vc já fica desesperado… kkkkk. Graficamente está muy belo tb… recomendo.
Sim muito bom mesmo. Mas no modo Hard é bastante difícil. Você está jogando no normal?
ok. Belo review e até passou empolgação! Confesso que sempre quis jogar um game atual de Alien e me parece que esse é o jogo!
Último jogo que realmente me assustou foi Resident Evil 4. De lá pra cá nunca mais joguei jogos bons de terror. Não coloco Amnesia no meio porque esse jogo não me assustou. Ele simplesmente me fez não jogar por ser exageradamente assustador. Só gosto de pimentas leves. Vou jogar esse depois. Haha.