Análise – Metal Gear Solid V: The Phantom Pain
Desenvolvido pelo estúdio Kojima Productions e publicado pela Konami, chega para Xbox One, Xbox 360, PlayStation 3, PlayStation 4 e PC, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, o último capítulo da saga do Big Boss, também conhecido por Snake, principalmente para os mais íntimos da série. Após os acontecimentos em Ground Zeroes, você retoma o controle de um dos maiores ícones dos videogames.
ENREDO
Passados nove anos do final de Ground Zeroes, Big Boss e os Diamond Dogs foram traídos e devastados pelos inimigos. Snake acorda após um longo período de coma para vingar a desgraça que caiu sobre si e seus camaradas.
Diferente dos anteriores, a história é mais focada nos acontecimentos in-game dos principais personagens do que em cutscenes de longa duração, portanto tudo é contado de uma forma diferente dos seus antecessores, trazendo outras novidades implementadas em Ground Zeroes, como fazer o jogador buscar e/ou encontrar pedaços da trama durante sua jogatina.
Esse Metal Gear também é mais sério que os anteriores. Existem menos cenas engraçadas e um foco maior nos temas complexos, conspirações e plot twists, daqueles que travam a mente e fazem os jogadores se tornarem grandes filósofos e que já são momentos esperados na franquia.
The Phantom Pain é muito maior e mais amplo que seus antecessores e faz isso de forma muito mais intensa e abrangente. São vários os momentos em que você vai parar e pensar por minutos para processar os acontecimentos que já haviam sido previamente apresentados em outro momento, serão longas reflexões criadas pelo brilhantismo do criador da série, Hideo Kojima.
Big Boss é um dos maiores heróis já criados na história do entretenimento e nesse último capitulo da série ele está melhor do que nunca. A direção cinematográfica está no mesmo nível dos grandes filmes e muitas vezes melhor, trazendo grande realismo a mesa e talvez por isso a história do game seja tão envolvente e emocionante.
Para quem busca uma história marcante, excelentes personagens, filosofia e sequências cinemáticas de tirar o fôlego, The Phantom Pain é o que há de melhor no mercado, uma jornada inesquecível que fará gamers barbados tremerem de emoção, choque e talvez, outros sentimentos incomuns.
GAMEPLAY
De muito longe, The Phantom Pain tem a maior variedade de abordagens de um jogo de QUALQUER gênero que eu tenha jogado na vida. Não existem limites nas possibilidades para cumprir sua missão, você pode fazer todas as escolhas e arquitetar praticamente todos os seus passos, seja a hora do dia ou a forma que deseja fazer e como quer fazer.
Para aqueles que curtem inteligência táctica, o game te permite arquitetar um resgate através de uma excelente mecânica de stealth, sem deixar nenhum vestígio. Mas se o que você gosta é de alastrar e destruir, nada impede que você cause no rolê, sem limites. Big Boss é um líder com uma imensa variedade de opções em suas mãos, tudo em tempo real e a disposição dos jogadores no piores e melhores momentos.
Para ilustrar, nada mais interessante que descrever o planejamento de um ataque as defesas aéreas da base inimiga na “night” sem que ninguém te perceba, então na “madruga bolada” destruir todas as defesas ao mesmo tempo e ao cantar do galo invadir o morro com direito a helicóptero destruindo os inimigos e um tanque massacrando pelo outro flanco. Outra possibilidade menos glamurosa, mas não menos emocionante é mandar o helicóptero detonar geral e usar toda sua malemolência, se esquivando do show para cumprir seu objetivo sem que ninguém te veja.
The Phantom Pain também reune o melhor de seus antecessores, e vai além evoluindo os controles de forma absurda. Esse é o primeiro da série que é Open World e esse mundo foi criado com maestria. Kojima criou sua maior obra e ela é impecável, preenchendo tudo de forma intensa e marcante, trazendo uma experiência expansiva nunca antes vista em nenhum jogo do genêro.
Muita liberdade na aventura, na progressão e na exploração são pontos que definem o jogo. Você pode seguir na trama, realizar missões secundárias, buscar recursos para Mother Base ou realizar outras infinidades de coisas que o game tem a oferecer. Você vai passar horas maravilhosas explorando os cenários e realizando missões secundárias, dando muito espaço para criar seu próprio ritmo.
A Mother Base é um dos pontos centrais do game e uma grande evolução do que já havia sido feito em Peace Walker. Terão momentos em que será necessário ir atrás de recursos através de exploração, realização de missões extras ou até recrutando soldados para seu time, pois é aqui onde acontece toda preparação e evolução no game. É onde se desenvolvem armas, itens, upgrades, equipamentos, soldados, veículos, preparar defesas para a base e muito mais.
Outra adição importante são os chamados “Buddies”, que nada mais são que os seus acompanhantes nas missões. Você pode levar um por vez, mas existem várias opções para todos os gostos. Não vou especificá-los para evitar spoilers, mas todos serão importantes em algum momento e o melhor de tudo é que podem ser trocados facilmente.
Outra coisa que o Open World do game trouxe de novidade são formas de locomoção, principalmente para facilitar a vida do jogador na hora de cobrir grandes distâncias rapidamente. Isso é feito através das mais variadas formas e como tudo no game, você faz as escolhas por sua conta e risco. É possível ir de helicóptero e alertar geral ou de cavalo sem ninguém te perceber, existem também outras formas de se locomover pelo mundão, e garanto que todas serão divertidas e cheias de possibilidades.
As missões secundárias são muito boas e existem uma boa variedade delas. Muitas dispõem de um background completo, adicionando riqueza ao universo criado. Como todo bom mercenário, sua equipe será contratada para realizar todo tipo de missão de envolvimento militar, desde a clássica espionagem até assassinatos. Não me lembro de missões banais ou aquelas que colocam pra preencher espaços e que foram criadas para jogadores com TOC, isso faz toda a diferença para quem busca conteúdo de qualidade em um game.
A movimentação de Snake é bastante fluida e realista. Quem jogou Ground Zeroes, vai notar novidades e melhorias logo de cara. Só para dar um gosto, temos por exemplo o braço mecânico, cheio de funções especiais e o Radio/GPS/All in One que faz coisas muito mais legais que o melhor dos smartphones mais modernos. E essas são apenas algumas adições que Kojima preparou para os gamers e existem vários apetrechos novos e várias mecânicas de jogo que jamais tinham sido utilizadas em nenhum game.
Os controles são complexos, com várias opções e profundidade para os gamers mais hardcore. O básico é relativamente fácil de pegar, creio que em alguns minutos na mão de quem está acostumado com os MGSs anteriores não vai ter problemas. O game também oferece ferramentas bem complexas e que te farão ler o manual. Um exemplo é o CQC, que é um sistema de combate corpo a corpo poderoso e extremamente versátil, que dá uma bela revigorada no gameplay, principalmente para quem gosta de se esgueirar pelas sombras do aperfeiçoamento.
A Inteligência Artificial está melhor do que nunca. Os inimigos estão mais inteligentes e muitas vezes vão frustrar seus planos mais bem calculados. O game design também mostra claros sinais de brilhantismo. Seja onde for, teremos inimigos inteligentes e bem posicionados e por isso você terá que olhar bem por onde anda e pensar bem nas ações tomadas.
AUDIOVISUAL
Metal Gear Solid: The Phantom Pain é um game muito bonito, com gráficos bem realistas, rodando magistralmente em 1080p e 60FPS no PS4 (com raras quedas). Não percebi problemas técnicos, como pop-ins ou slowdowns, o que me fez ficar ainda mais boquiaberto dado ao escopo do game e a quantidade de elementos que foi criado dentro do seu universo. A parte artistica é impecável como sempre, tornando o visual mais que satisfatório. Com certeza é um dos games mais bonitos da nova geração e vai agradar geral. A Fox Engine já tinha mostrado grande potencial em Ground Zeroes e foi muito bem trabalhada em The Phantom Pain, trazendo grandes evoluções e melhorias.
A modelagem dos personagens, inimigos, veiculos e todo o resto são excelentes. As texturas são de altissimo nível, o jogo roda muito suave e em termos de foto realismo, com certeza está entre os games que mais chegaram perto. Em alguns momentos seria fácil enganar alguém que não é muito de jogar, principalmente pelo brilhantismo nas cutcenes.
As músicas, os sons ambientais, o barulho da bala comendo solta e toda a parte sonora estão todos muito bem trabalhados, principalmente o voice-acting que está muito acima da média. Kiefer Sutherland brilha no papel de Big Boss e faz valer seu cachê, que imaginamos não ter sido barato. Desde o detalhismo sonoro até a ambientação criada pelas musicas, a parte sonora do game está no topo e é mais que digna da série. Tudo foi bem orquestrado e podemos sentir a excelente tecnologia empregada.
RESUMINDO
The Phantom Pain é o melhor Metal Gear Solid, é o melhor TPS, o melhor game de Stealth e com certeza um dos melhores jogos que já joguei na vida. Depois de curtir uma Londres Lovecraftiana em Bloodborne e dar um passeio viceral com tons devassos em The Witcher III, Hideo Kojima chegou com os dois pés no peito do GOTY de 2015, cementando que a oitava geração não veio para brincar e que a velha ainda não morreu, tornando 2015 um dos melhores anos da história dos games.
Um dos melhores jogos já criados, não só pela maravilhosa parte audiovisual, excelente jogabilidade/variedade, estupenda história contada através de excelentes momentos in-game e cinematográficos ou por seus personagens marcantes. Metal Gear Solid V é uma infinidade de elogios, que saem e sairão fácil da boca de quem jogou e jogará essa obra. Deixo aqui meu muito obrigado a Konami, ao Kojima e a todos os envolvidos nesse projeto. Foram alguns dias de internação, regados a muitas horas de jogo de extrema qualidade.
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