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12 de junho de 2025
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A Serpente que Devora o Horizonte

Bravely Default continua sendo um JRPG lindo, sincero e com alma. Daqueles que aquecem o coração. E por mais que eu adore Mario Kart, na última semana, tudo que eu queria era voltar pra Luxendarc e me perder mais uma vez nesse mundo de cristais, classes e personagens inesquecíveis.

Bravely Default Flying Fairy HD Remaster

É surreal pensar que Bravely Default: Flying Fairy já tem 13 anos nas costas. Sério, parece que foi ontem que ele apareceu de mansinho no 3DS, chamando atenção por ser uma mistura deliciosa de novidade com homenagem descarada à era de ouro de Final Fantasy (inclusive, o subtítulo Flying Fairy não é coincidência nenhuma). Hoje, ele já é considerado retrô. E até pouco tempo atrás, estava preso no portátil da Nintendo. Mas agora, com o relançamento no Switch 2, não consigo imaginar título melhor pra abrir essa nova fase do console.

A trama segue quatro heróis ligados por cristais e destino (soa familiar, né?) que precisam restaurar um mundo mergulhado no colapso porque — adivinha — os cristais perderam a energia (clássico). No caminho, eles desbloqueiam dezenas de classes, podendo trocar livremente entre elas (aquela farra de jobs que a gente ama), enquanto resolvem tretas locais em cada cidadezinha. Essas histórias se entrelaçam e formam uma grande narrativa épica — o tipo de jornada que você jamais esperaria de um jogo lançado originalmente pra um portátil pequeno. E olha… é lindo em todos os sentidos. Cada novo cenário é um espetáculo, com um estilo artístico que parece pintura feita à mão. Os personagens são em estilo chibi, com aquelas cabeçonas fofas e expressivas, pensadas pra funcionar bem na telinha do 3DS, mas que ganharam um charme todo especial agora em HD.

O sistema de jobs é um dos mais viciantes de todos os tempos.

No Switch 2, com tudo rodando em 1080p, essa direção de arte finalmente respira. A gente consegue apreciar de verdade a visão estética por trás de Bravely Default. Claro, tem um lado negativo — o efeito 3D do 3DS era bem usado e fazia diferença em algumas cenas. Mas perder isso é um preço pequeno a pagar quando o jogo agora revela tantos detalhes que antes estavam escondidos. No fim das contas, é um upgrade de respeito. Esse remaster ficou belíssimo.

Se o jogo já era quase uma pintura na minúscula telinha do 3DS, imagina agora no Switch 2…

A história principal é propositalmente clichê, e isso é bom. Bravely Default nunca quis reinventar a roda. Ele é aquele comfort food dos JRPGs: previsível, reconfortante e com gosto de infância gamer. Mas onde ele brilha mesmo é nos personagens. Destaque absoluto pra Edea e Ringabell. A Edea é uma guerreira que deserta de um império maligno depois de perceber o quanto o lado dela é sádico. Ela tem um gênio forte hilário — o famoso “Mrgrgr!” quase virou meme oficial na época — mas por trás dessa braveza fofa, tem um coração de ouro. Já o Ringabell… meu amigo… Ringabell é o tarado mais carismático da história dos JRPGs. O cara solta umas pérolas que, olha, eu queria ter 10% da lábia dele.

Pra quê invocar criaturas de outro mundo se você pode chamar seus AMIGOS?

Esses dois, junto com o restante da equipe, protagonizam diálogos curtos e espontâneos durante a jornada. São conversas leves, engraçadas, cheias de carisma — lembra o que tem de melhor na série Tales da Bandai Namco, misturado com o humor e o coração dos melhores momentos de Final Fantasy. E é exatamente por isso que acho que os dois jogos seguintes da série nunca chegaram no mesmo nível: o elenco original era simplesmente mágico.

Agora, falando de gameplay: Bravely Default foi pioneiro com o sistema de “Brave” e “Default”. Em vez de fazer uma ação por turno, como em todo JRPG clássico, você pode apostar tudo e fazer até quatro ações de uma vez. Claro, depois disso, seu personagem fica “travado” por alguns turnos. Ou você pode usar o “Default”, entrar numa postura defensiva e acumular turnos extras pra usar tudo depois. É um sistema simples de entender, mas cheio de profundidade — especialmente em chefes, onde administrar risco e recompensa vira quase um jogo de xadrez por turno.

Quer mapa mundi explorável com direito a Airship? Check!

O engraçado é que esse mesmo sistema depois foi usado em Bravely Second, Bravely Default II e até inspirou mecânicas em Octopath Traveler. Aqui, no primeiro jogo, ele ainda tem seus tropeços — contra inimigos comuns, você praticamente sempre ganha no primeiro turno só apertando botão freneticamente. Fica meio repetitivo. Mas nas batalhas grandes, o bicho pega. E pega bonito. Com mais de 20 classes diferentes, cada uma com seu próprio sistema de progressão, tem uma variedade tática gigantesca. E, claro, cada job muda a roupa do personagem — e achar a combinação mais fofa é quase tão importante quanto montar uma build eficiente. Confesse, você também fazia isso.

Bravely Dancing All Night Long.

Em termos de remaster, fora a resolução e os visuais de cair o queixo, não tem muita coisa nova. Os desenvolvedores colocaram uns mini-games pra aproveitar as funções do Switch 2, mas… são bem bobinhos. A graça deles passa rápido. Mas quer saber? O jogo nem precisava de enfeite. Só o fato de ter sido resgatado do 3DS já vale tudo. Ah, num geral tá tudo muito mais rápido também, principalmente a velocidade de movimento nos cenários, a melhor qualidade de vida que poderia ter!

VEREDITO

Bravely Default continua sendo um JRPG lindo, sincero e com alma. Daqueles que aquecem o coração. E por mais que eu adore Mario Kart, na última semana, tudo que eu queria era voltar pra Luxendarc e me perder mais uma vez nesse mundo de cristais, classes e personagens inesquecíveis.

David Signorelli

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