Days Gone Remastered
Quando Days Gone foi lançado originalmente em 2019, ele chegou como um projeto ambicioso da Bend Studio, carregando a promessa de um mundo aberto pós-apocalíptico cheio de tensão, hordas avassaladoras e um protagonista que fugia dos arquétipos clássicos do herói. Apesar das ideias promissoras, o lançamento foi cercado por bugs, críticas divididas e um certo ar de decepção. No entanto, com o tempo e atualizações subsequentes, o jogo conquistou uma base fiel de jogadores.
Agora, com Days Gone Remastered, o título recebe uma segunda chance — e que bela redenção ele teve. A versão para PS5 não apenas corrige as falhas técnicas do passado, mas também refina e potencializa tudo que havia de bom na obra original. E o mais importante: nos convida novamente a embarcar numa jornada brutal, melancólica e surpreendentemente humana.
Esse review foi feito usando uma chave fornecida pela PlayStation Brasil, obrigado!
Uma história de perda, sobrevivência e redenção
No centro de Days Gone Remastered está Deacon St. John, um ex-motoqueiro fora da lei, agora caçador de recompensas em um mundo devastado por uma pandemia que transformou milhões de pessoas em criaturas violentas chamadas de freakers. Mas a história aqui vai muito além do clichê “sobreviva a zumbis”.
Deacon é um personagem profundamente ferido, movido pela esperança de que sua esposa, Sarah, possa ainda estar viva. A jornada que ele percorre não é só física — é emocional, carregada de luto, culpa, amor e redenção. E é aí que Days Gone brilha: ele não é só um jogo sobre monstros, é sobre humanidade nos escombros da civilização.
O roteiro pode não reinventar a roda, mas é surpreendentemente eficaz em criar ligações emocionais genuínas com personagens secundários, como Boozer, Iron Mike e Rikki. Cada missão principal se entrelaça com decisões e dilemas éticos que fortalecem o envolvimento do jogador com aquele mundo. E na versão remasterizada, com visuais melhorados e performance mais fluida, essas conexões se tornam ainda mais envolventes.
Performance no PS5: agora o jogo é como deveria ter sido
Essa nova versão traz resoluções em 4K dinâmico, taxa de quadros a 60fps estáveis, tempos de carregamento praticamente instantâneos e um uso mais eficaz das capacidades do DualSense. O feedback háptico, por exemplo, ajuda a sentir cada aceleração da moto de Deacon, cada disparo de escopeta e até mesmo o impacto das pancadas corpo a corpo.
Além disso:
- Texturas e iluminação foram refinadas, oferecendo um visual mais coeso e atmosférico. A neblina densa nas florestas do Oregon, por exemplo, agora é ainda mais imersiva.
- A IA dos inimigos está mais responsiva, especialmente a das hordas, que se comportam de forma mais natural e ameaçadora.
- O áudio 3D é um divisor de águas, principalmente com fones: o som de uma horda se aproximando pela floresta é de gelar a espinha.
Se na versão original a experiência era atrapalhada por quedas de desempenho e bugs visuais, aqui temos uma jornada muito mais polida e imersiva.
As hordas: ainda mais assustadoras e impressionantes
Um dos grandes diferenciais de Days Gone continua sendo a mecânica das hordas de freakers. São literalmente centenas de inimigos simultâneos correndo atrás de você de forma caótica, realista e aterrorizante. É um espetáculo técnico e, ao mesmo tempo, um dos momentos de maior tensão do jogo.
No PS5, essas hordas carregam mais rápido, se movimentam com mais fluidez e, visualmente, causam ainda mais impacto. Ver um mar de criaturas correndo atrás de você a 60fps, com efeitos de luz e sombra aprimorados, é uma experiência que mistura adrenalina pura com desespero tático.
A moto: sua melhor amiga em um mundo hostil
A moto de Deacon não é só um veículo — ela é um personagem. Você precisa cuidar dela, abastecer, consertar, melhorar. No PS5, a física da moto está ainda mais refinada, e a resposta nos gatilhos adaptativos do controle é muito mais satisfatória.
Essa relação homem-máquina se torna emocional com o tempo. Cada melhoria na moto, cada quilômetro percorrido, cada fuga de uma horda — tudo isso reforça o vínculo entre jogador e a jornada de Deacon.
O mundo aberto: solitário, melancólico e recompensador
Days Gone Remastered oferece um mundo aberto riquíssimo. Não pelo número de ícones no mapa, mas pela qualidade da ambientação. As florestas, lagos, postos de gasolina abandonados, igrejas em ruínas — tudo compõe um retrato silencioso da tragédia.
Esse silêncio é poderoso. Em muitos momentos, o jogo te deixa sozinho, em cima da moto, com a trilha sonora suave tocando ao fundo, cortando o vento na estrada. São instantes quase poéticos que contrastam com a brutalidade do combate. Poucos jogos conseguem equilibrar ação frenética com introspecção desse jeito.
Inteligência artificial e combate: muito mais refinados
As batalhas ficaram mais desafiadoras. Os freakers estão mais reativos e implacáveis. Os embates contra humanos — como saqueadores e membros do culto RIP — também ganharam em fluidez. O combate corpo a corpo agora é mais responsivo, e o sistema de stealth foi suavemente retrabalhado para dar mais opções táticas.
Armas têm peso. O som de um tiro ecoando numa floresta silenciosa chama atenção. Cada decisão importa, principalmente quando os recursos são escassos.
O que ainda poderia melhorar
Apesar de todas as melhorias, nem tudo é perfeito:
- O jogo ainda carrega missões secundárias repetitivas em certos trechos, como limpar acampamentos ou destruir ninhos de freakers.
- Algumas animações faciais em NPCs secundários não foram retrabalhadas, e ainda soam um pouco datadas.
- A IA de aliados em certas missões às vezes tropeça, ficando parada ou fazendo escolhas duvidosas.
Mas são detalhes que, sinceramente, não tiram o brilho da experiência como um todo.
VEREDITO
Days Gone Remastered é mais do que uma versão melhorada. É uma segunda chance para um jogo que sempre teve alma, mas que precisava de tempo e tecnologia para brilhar.
Se você nunca jogou, essa é a versão definitiva para experimentar. E se jogou no PS4 e quer reviver a jornada, prepare-se para se emocionar novamente — agora com uma performance que faz justiça à visão original da Bend Studio.
É um daqueles jogos que, mesmo após os créditos finais, continuam com você. Talvez por causa de Deacon. Talvez pela moto. Ou pelas florestas vazias e estradas sem fim. Mas principalmente, porque ele fala sobre amor em tempos de caos. Sobre nunca desistir. E sobre encontrar sentido mesmo quando tudo parece perdido.
- Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian será lançado em 26 de setembro no Ocidente - 13 de junho de 2025
- Bravely Default Flying Fairy HD Remaster - 12 de junho de 2025
- Trails in the Sky 1st Chapter chega em setembro com pré-venda e edições especiais - 10 de junho de 2025