SIGA-NOS
29, jan 2023
Forspoken
8.5
As aventuras de Frey por esse mundo alucinante vai prender você de jeito.

Forspoken trouxe uma experiência quase única para o mundo dos RPGs, por mais que de relance isso não fique evidente. As aventuras de Frey me surpreenderam demais, eu fiquei amplamente fascinado pelo mundo de Athia e viciado em simplesmente explorar cada centímetro daquele território, mas isso tudo culpa de um trabalho caprichado da equipe para fazer com que sempre seja divertido.

Inicialmente revelado como “Project Athia“, Forspoken é o mais novo jogo da Square-Enix e o primeiro título da empresa a ser exclusivo do PlayStation 5 assim como os PCs. Quando ele apareceu rapidamente durante a Showcase do console da Sony em 2020, já apresentava visuais incríveis e uma premissa bem interessante, será que o produto final conseguiu entregar isso tudo? Vamos lá!

Irei começar essa análise falando sobre a história do jogo. Forspoken começa em uma Nova Iorque atual onde Alfre “Frey” Holland, a nossa protagonista, precisa encarar um julgamento por roubo e outras infrações da lei. A juíza simpatiza com Frey e dá a ela apenas 120 dias de trabalho comunitário, porém deixa bem claro que se coisas erradas acontecerem novamente ela não será tão legal. Frey é uma personagem negra que foi abandonada pelos pais em uma estação de trem e com isso teve uma vida bem difícil, se envolvendo com pessoas erradas e tentando sobreviver como pode.

Frey é a protagonista dessa história.

Não quero detalhar tão bem essa parte porque quero que você veja com seus próprios olhos o desenrolar essa parte da trama. Após alguns acontecimentos infelizes, Frey é enviada para outro mundo de forma forçada e lá acaba tendo que comer o pão que o diabo amassou pra tentar de algum jeito de voltar para Terra. Eu sei que parece uma premissa bem genérica ao estilão Caverna do Dragão, porém lhe asseguro que o desenrolar é muito bem feito e vai te surpreender.

Esse lugar que Frey se encontra se chama Athia(lembra do nome original? Pois então…) e é um lugar comandado por mulheres poderosas chamadas de Tantas que estão fazendo da vida do povo desse lugar um inferno. Nem preciso dizer que Frey precisará derrotar essas mulheres para devolver a paz para a galerinha, né? Mais ou menos… por se tratar de uma estranha, a população demora para confiar nela e durante as mais variadas side-quests(aqui chamadas de Detours) nós vamos adquirindo informação sobre Athia e todos os mistérios que habitam aqui.

Corre para não queimar o pé!

Essa análise também tem como propósito lhe ajudar a tomar algumas decisões acertivas quanto a obter a melhor experiência de Forspoken e uma delas é que você explore cada cantinho pois dá pra aprender coisas incríveis sobre tudo que está em volta de Frey. Os mais diversos personagens falam sobre o passado, presente e até o futuro dquele mundo, diversos manuscritos e livros detalham as mais inusitadas características de Athia e muito mais. Simplesmente não tem como falar que o mundo é mal explorado quando há tanta coisa pra ver e num geral a leitura é bem breve, portanto não vai ser algo cansativo, acredite em mim!

Muito foi falado sobre os diálogos do jogo, principalmente entre Frey e o Cuff. Antes que eu me esqueça, Cuff é um bracelete mágico falante que serve como “guia” de Frey durante suas aventuras e também o motivo pelo qual ela consegue usar magia. Voltando aos diálogos, eles são o que você poderia esperar de uma jovem de 20 anos dos tempos atuais que viveu a vida toda nas ruas, ou seja, não vai ter muita papa nas línguas, certo? Ela xinga bastante, se surpreende gritando e maneira bastante na etiqueta. Com o tempo ela vai amadurecendo e seu jeito perante as pessoas acaba se transformando, assim como qualquer pessoa. Frey vai te surpreender bastante e ela entrou no rol das minhas personagens favoritas da Square-Enix e isso é dizer muito.

Athia, o mundo de Forspoken é cheio de mistério e neblina.

Hora de falar um pouco dos visuais do jogo e gente, aqui tem coisa pra ser dita. Primeiramente preciso dizer que joguei o jogo no PlayStation 5 e no console o jogo oferece 3 opções gráficas:

  • Ray-Tracing
  • Performance
  • Quality

No modo Ray-Tracing o jogo roda a 30 quadros por segundo e utiliza o Ray-Tracing para melhorar as sombras, não sou o maior especialista nisso, mas acredito que esse modo fique limitado a isso mesmo, a resolução é um meio-termo entre o Performance e o Quality.

O Quality é onde o jogo tenta alcançar a qualidade suprema de imagem, o famigerado 4K e honestamente não sei se consegue pois parece oscilar bastante, porém quando vou usar o Photo Mode sempre seto em Quality primeiro para ter as melhores fotinhos! A imagem num geral fica bem limpa, porém limitado a 30 quadros.

Performance obviamente é o meu modo favorito, rodando a 60 quadros na maioria do tempo, ele é a pedida ideal para os jogadores que querem ter aproveitamento total do combate de Forspoken. Eu recomendo usar esse modo mesmo perdendo um pouco de qualidade, mas isso é bem pessoal.

O circo vai pegar fogo.

Algo importante que vale a pena mencionar é a questão do jogo possuir um modo de 120hz para TVs compatíveis. Eu possuo uma LG C2 que tem uma taxa de atualização de 120hz e com isso pude usufruir desse modo. Sinceramente não sei se a diferença é muito gritante pois vi diversos jogadores criticando a performance no jogo inclusive no modo onde supostamente era pra ser 60 quadros e eu não vi problema algum, talvez o 120hz esteja agindo ativamente para minimizar os problemas… não sei mesmo.

Com essas questões gráficas já destiladas, irei falar sobre os gráficos em si. Forspoken foi desenvolvido na mesma engine usada em Final Fantasy XV com diversas melhorias, mas também com alguns defeitinhos estranhos. Athia é um mundo devastado e por isso a tendência é não encontrarmos uma variedade de cenários grandes como na maioria dos RPGs, porém não chega a ser algo que estraga a experiência. O gráfico do jogo em si é bem competente, sendo extremamente belo e impressionante como em batalhas de chefes; algumas cutscenes também se destacam pela animação e complexidade dos modelos, também vale mencionar a quantidade de NPCs diferentes que circulam pelo mundo, dando um realismo ainda maior.

Até os NPCs são bem trabalhados.

Nem tudo são flores, lógico. A parte mais fraca dos gráficos de Forspoken está em algumas decisões artísticas e não na engine em si. Athia é um mundo dividido em 4 regiões e cada uma delas possui uma cor predominante que o diferente das demais, forçando uma identidade visual baseada em algo artificial, é algo meio difícil explicar…. mas pense que poderia ter mais diferenças reais como neve, fogo, deserto ou mesmo construções peculiares que pudessem dar uma identidade mais crível ao invés de pintar o mundo de roxo, parece até que foi algo preguiçoso.

A tão criticada luz do jogo eu achei bem razoável, nada incrível, mas também nada horripilante como algumas pessoas tem dito, até a implementação do HDR ficou aceitável. No final das contas Forspoken é sim um jogo bem bonito, principalmente quando você se vê em meio a um festival de cores e faíscas causados por Frey ou por seus inimigos, é demais.

Cenas de uma batalha épica.

Indo para a parte sonora já adianto que eu adorei a dublagem do jogo, a atuação da atriz da Frey é de alto nivel e os demais personagens ficaram bem bacanas também, com uma leve exceção para o Cuff que tenta forçar muito uma voz estilão Grimoire Weiss(de NieR) e irrita um pouco. Uma pena que as músicas não são grande coisa, a maioria é mais ambiente e nada de fato se destaca, parecia que eu estava andando por Hogwarts o tempo todo.

YouTube player
Uma gameplay da demo.

Por fim pessoal, hora de falar da melhor parte de Forspoken, o gameplay. Controlar Frey é algo sublime, parece que temos de fato um enorme poder em nossas mãos. O jogo se divide em 3 partes:

  • Exploração do mundo
  • Explocação da cidade
  • Combate

Ao explorar Athia nós podemos correr loucamente, subir paredões, dar saltos absurdos e muito mais. A nossa heroína é a rainha do Parkour deixando Fayth de Mirror’s Edge no chinelo(brincadeira!), hehe. Apesar de demorar um pouco para nós de fato podermos explorar esse universo, quando isso ocorre meu amigo, é só correr pro abraço(desculpe a piadinha). Claro que a exploração é recompensada por diversas atividades extras que desbloqueiam habilidades, dão experiência/itens ou mesmo ajudam a revelar mais do mundo, ou seja, vale muito a pena assim como os Detours que já mencionei anteriormente.

Já nas cidades nós não podemos mais usar habilidades mágicas, mas não significa que Frey precisa andar devagar e é justamente nesses momentos que podemos fazer as coisas clássicas dos RPGs como trocar uma ideia com a galera, comprar itens e muito mais.

E o combate? Uma delícia. Frey começa o jogo apenas com um tipo de magia que é o da pedra que faz parecer que estamos jogando um InFamous medieval. Apesar das limitações iniciais essa escolha foi bem acertiva pois demora um pouquinho para que passamos a dominar os controles, que inclusive eu recomendo que você mapeie senão vais desenvolver síndrome do túnel do carpo em questão de horas. Com o tempo nós vamos desbloqueando mais e mais habilidades fazendo que você se sinta um absoluto Deus do caos, destruíndo tudo e a todos como se fosse uma dança da insanidade.

Animal!

Forspoken conta com um sistema de crafting bem simples e intuitivo, quase 100 magias diferentes e uma cacetada de coisas que todo fã de RPG que se preza gosta, upgrades! Gente, vocês precisam jogar esse jogo. Ah, quase que me esqueço, aqui quase não existe loadings, ou seja, nada de ficar esperando.

VEREDITO

Forspoken trouxe uma experiência quase única para o mundo dos RPGs, por mais que de relance isso não fique evidente. As aventuras de Frey me surpreenderam demais, eu fiquei amplamente fascinado pelo mundo de Athia e viciado em simplesmente explorar cada centímetro daquele território, mas isso tudo culpa de um trabalho caprichado da equipe para fazer com que sempre seja divertido. Vale muito a pena dar uma chance para esse jogaço, admito que o começinho dele é meio cansativo, mas depois disso é só alegria, ponto para a Square-Enix.

David Signorelli