Gran Turismo 7 Power Pack
Quase quatro anos após o lançamento de Gran Turismo 7, a Polyphony Digital demonstra com todas as letras que ainda não encerrou o ciclo de vida deste capítulo.
Com mais de 100 milhões de unidades vendidas na história da franquia e novas atualizações gratuitas sendo lançadas com frequência, GT7 já se posiciona como um dos títulos mais influentes do gênero nos últimos tempos. O Power Pack, sua primeira expansão paga, chega justamente para reforçar essa ambição. Ele não replica fórmulas antigas, não tenta agradar todos os públicos e não é uma extensão tradicional do modo carreira. O pacote é um experimento ousado que abraça uma abordagem altamente focada, quase artesanal, e que se apoia em dois pilares fundamentais: desafios intensos e inteligência artificial avançada.
Confira nossa análise do jogo original nesse link.

O Power Pack está disponível exclusivamente no PlayStation 5(uma pena), já que depende integralmente da tecnologia da IA Gran Turismo Sophy em sua versão mais recente. O conteúdo custa R$ 169,90 no Brasil e abre um novo módulo dentro do menu principal, representado por um enorme navio que serve como porta de entrada para as competições especiais preparadas pela equipe de Kazunori Yamauchi. A estética peculiar já adianta o tom da expansão. Nada aqui é convencional, desde a escolha de ícones até a estrutura que lembra um mapa do metrô de Londres, com percursos separados por cores e temas automotivos distintos.
A expansão apresenta 50 novas corridas divididas em rotas temáticas. Cada rota pertence a uma categoria de veículos específica. Há o caminho voltado aos muscle cars americanos, outro dedicado a máquinas japonesas dos anos 90, e há também trilhas focadas em carros históricos de rally e protótipos de corrida. Essa seleção não é apenas variada; ela é cuidadosamente curada. O Power Pack abandona completamente o formato tradicional de Gran Turismo que incentiva o jogador a comprar peças, ampliar a coleção e modificar carros. Aqui o objetivo é ser conduzido por desafios prontos, em que a recompensa é o próprio avanço. A progressão é direta e clara, estimulando sempre o próximo passo.

Os carros utilizados nas competições são, de certa forma, os verdadeiros protagonistas desta expansão. A Polyphony Digital selecionou modelos pré-definidos, oferecendo apenas três opções por corrida. Essas opções funcionam como um indicador de dificuldade, representado por um sistema bem humorado de pimentas(como amante delas, adorei). Nenhuma pimenta indica dificuldade baixa, uma pimenta representa dificuldade média e duas pimentas marcam o nível mais alto. Esses carros não são simples versões ajustadas dos modelos presentes no jogo base. Eles foram retrabalhados de forma profunda. A resposta ao acelerador é mais afiada, o comportamento nas curvas é mais firme e muitas das configurações parecem impossíveis de reproduzir manualmente no editor tradicional do jogo.
Esse cuidado é perceptível nas rotinas de áudio, na sensação de peso dos veículos e até mesmo na forma como cada carro se encaixa na proposta do evento. A Custom Mach Forty, por exemplo, costuma ser um monstro difícil de domar no jogo padrão, mas aqui se transforma em uma máquina prazerosa de controlar. O mesmo vale para a composição criativa dos grids. É possível disputar corridas contra Fuscas preparados para rally, Fiat Pandas reforçados para competições de alto desempenho e uma série de clássicos com pinturas fictícias de época que poderiam muito bem fazer parte de categorias reais. A única limitação é não poder utilizar essas classes como categorias separadas em outros modos, algo que certamente agradaria quem participa de lobbies online.

Com a pista aberta, o Power Pack revela seu elemento mais polarizador: a inteligência artificial Gran Turismo Sophy. A IA já havia aparecido em testes públicos e demonstrações, mas agora entra pela primeira vez como parte estrutural de um modo oficial. A diferença é evidente. Em níveis mais altos, competir contra a Sophy é como enfrentar um piloto profissional com precisão cirúrgica. A IA percebe suas tentativas de ultrapassagem, recua quando necessário, busca o melhor traçado para dar o troco na saída de curva e administra espaço de forma realista. Em algumas ocasiões ela comete erros peculiares, como colisões estranhas ou freadas excessivamente cautelosas, mas nada disso diminui a sensação de estar diante de um adversário que realmente reage ao comportamento do jogador.
A dificuldade oscila dependendo da rota. Em alguns percursos é relativamente simples vencer os eventos mais exigentes, enquanto em outros um único rival domina a prova de ponta a ponta. Há também uma frustração inicial em relação às largadas, que desabilitam completamente o controle manual. Isso resulta em momentos em que o jogador vê os oponentes disparando e não há muito o que fazer além de acompanhar.

A progressão compensa essa dureza. Concluir uma corrida libera a próxima, independentemente da posição final. Receber estrelas por desempenho permite desbloquear conteúdo extra como carros exclusivos, créditos e uma quantidade impressionante de bilhetes de roleta. Completar todas as corridas de um caminho libera eventos secretos, que incluem provas de resistência como seis horas de Fuji, oito horas de Spa e corridas de 24 horas em Le Mans e Nürburgring. A ausência total de B-Spec significa que todas essas provas precisam ser feitas na direção ativa, o que exigirá comprometimento real do jogador.
Curiosamente, existe um método não convencional de salvar o progresso durante essas corridas longas. Basta pausar, manter o botão PS pressionado, fechar o jogo e retomá-lo depois. Isso permite salvar múltiplos eventos e alternar entre modos, embora o retorno sempre reorganize o grid em uma rolling start(hey, fãs de Daytona USA!), o que pode causar estranheza, mas funciona de maneira consistente.
VEREDITO
No fim, o Power Pack é uma experiência direcionada a um público específico. Ele cria uma camada de Gran Turismo 7 que funciona quase como um jogo à parte. A trilha sonora própria, os eventos projetados sob medida, a IA agressiva e as máquinas altamente modificadas compõem um pacote que mira diretamente no entusiasta dedicado. Ele não tenta substituir o jogo base. O resultado da expansão é estabelecido com clareza. Para o iniciante, há o modo My First Gran Turismo. Para o público amplo, há o jogo base. Para o aficionado por automobilismo, existe agora o Power Pack.
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