Horizon Zero Dawn Remastered
Horizon Zero Dawn Remastered é um excelente remaster e mesmo com alguns deslizes como a falta de antagonistas e coadjuvantes marcantes e combate corpo a corpo ineficiente estamos diante da melhor maneira de conhecer esse universo incrível ou mesmo para os veteranos revisitá-lo com uma roupagem moderna.
Em 2015 quando Horizon Zero Dawn apareceu durante a conferência da Sony da E3 com uma nova franquia mostrando uma sociedade tribal caçando máquinas ultra tecnológicas minha atenção foi imediatamente conquistada.
O hype pela ideia era grande mas o pé atrás com a Guerrilla Games era maior, já que a série de jogos Killzone nunca me pareceu muito interessante com a sua proposta de FPS com progressão linear tendo como única qualidade sua direção de arte. Agora em 2024 a empresa resolveu revisitar o jogo, usando toda a tecnologia empregada em Forbidden West e com o PS5 em mente, será que esses 7 anos foram suficientes pra dar saudade? Vamos lá! (parte do texto dessa análise foi tirada da análise original do game, como as maiores mudanças foram essencialmente visuais, na parte final dessa análise abordamos isso com bastante detalhe)
Um Mundo de Contrastes
Horizon Zero Dawn é um jogo de Ação e RPG em terceira pessoa que se passa em um futuro distante onde a humanidade sofreu uma catástrofe apocalíptica. O pouco que restou se organizou em sociedades tribais de coletores e caçadores competindo em ecossistemas que agora são dominados por maquinas autônomas que se comportam como animais. Temos crocodilos robóticos que cospem gelo, dinossauros gigantescos que disparam mísseis, aves de rapina que soltam raios entre outras criaturas perigosas.
É nesse mundo de contrastes entre alta tecnologia e arcos e flechas que você controla Aloy, uma jovem e curiosa caçadora que vai atrás de respostas para seu passado e acaba sendo o pilar de uma trama que envolve os mistérios da civilização humana pré-apocalipse.
Uma protagonista marcante
Aloy é uma personagem carismática e poderosa. Uma garota obstinada que desde o início do game nos envolve em sua busca por respostas para o seu passado. O jogo começa nos mostrando a exclusão social de Aloy que sem pai e mãe é considerada amaldiçoada pela tribo dos Nora, fazendo com ela se torne uma garota carente com uma enorme vontade de se provar uma grande caçadora.
O desenvolvimento da personagem é constante deixando claro que a Aloy do fim da jornada é totalmente diferente da menina carente que a iniciou, mostrando claramente o desenvolvimento emocional, físico e intelectual da protagonista.
A historia nos leva a descobrir os mistérios do mundo mas sem cometer o erro de ligar tudo a ela tornando o envolvimento da personagem na trama natural. Outro fator importante é o universo político e social, onde as tribos tem visões bem distintas em relação a temas como religião e tecnologia fazendo isso gerar atritos políticos que fazem parte da trama.
Apesar de ser a clássica “jornada do herói” com diversos clichês de histórias deste tipo, os mistérios em volta te fazem prosseguir procurando a próxima parte do quebra cabeça deste mundo. Outro ponto forte são os colecionáveis que mostram cartas, páginas de diários, relatos, itens antigos e até hologramas da civilização humana no seu auge tecnológico.
Algumas sidequests são bem irrelevantes mas mesmo essas te levam a combates e locais que conseguem fazer que a jornada não tenha sido em vão. Apesar desta quantidade enormes de acertos na ambientação ficamos apenas com Aloy e o cenário como elementos marcantes, faltando coadjuvantes e antagonistas para dar mais força ao universo da nova série.
O jogo também permite escolher diálogos com os NPCs nos dando 3 opções: uma resposta inteligente, uma resposta bondosa e outra cruel. O sistema seria interessante se não fosse vazio já que não existe nenhum reflexo das suas respostas e não temos uma história diferente por ser uma Aloy cruel e tampouco um ganho de reputação por ser bondosa. Mesmo assim ainda se mostra útil para ouvir linhas de diálogos que nos revelam mais sobre o ambiente do jogo.
A Arte da Caçada
A primeira coisa que eu notei em Horizon é a falta de usar o botão do analógico direito (R3) para travar um inimigo e assim facilitar o combate corpo a corpo. A falta deste elemento torna o combate impreciso já que Aloy tem apenas dois ataques com a lança, sendo, um ataque forte e ataque fraco que conta com uma animação longa te deixando severamente exposto a ataques de inimigos. A falta de travar a câmera em um inimigo é problemática com criaturas que tem longos saltos ou voam, fazendo você perder tempo reajustando a câmera para as manter em sua linha de visão.
Em troca desta possibilidade de travar um inimigo temos o FOCO, onde pressionando R3 usamos um item possuído por Aloy que faz um varredura nos inimigos mostrando os pontos vulneráveis das criaturas. É essencial fazer bom uso do item porque o combate possui uma profundidade excepcional e cada criatura é composta por diversas partes ligada a suas habilidades e fraquezas.
As criaturas são praticamente desmontáveis e saber qual peça destruir primeiro é importantíssimo para ter sucesso nos combates. Em um combate que travei com ThunderJaw, foi necessário destruir as armas da criatura e seus dispositivos de detecção e descobrir que era possível usar uma de suas armas derrubadas para ter êxito em um combate de dificuldade muito acima do meu nível atual.
Outro exemplo foi no combate com a Ave Tempestade. Levei bastante tempo para destruir seus propulsores e blindagem forçando o pouso da criatura e finalmente consegui destruir um tubo de combustível e assim causar uma explosão significativa. Foram 43 minutos de perseguição e combate tomando diversas decisões táticas como qual munição usar e onde acertar. Todos esses fatores contribuíram para uma cena marcante que começa ao anoitecer e acaba ao amanhecer com o cadáver da criatura arrebentado numa conclusão simplesmente épica.
Isso é apenas parte da complexidade do combate. Cada criatura tem suas fraquezas a certos elementos como fogo, gelo e eletricidade e algumas possuem comportamentos imprevisíveis. Alguns rebanhos irão fugir enquanto outros irão se juntar para te pisotear. Todo combate precisa ser pensando já que as criaturas costumam se juntar para tornar a batalha mais complexa.
Você inicia uma luta contra um Devastador e acaba tomando uma cabeçada de um Pisoteador simplesmente por não ter pensando nas consequências antes. Várias vezes me vi correndo de combates que pareciam simples quando os parâmetros mudaram pelo simples fato de uma outra criatura não prevista se envolver. Aloy é uma personagem frágil e qualquer descuido pode facilmente te levar a morte.
O combate corpo a corpo é deficiente mas o restante das armas consegue compensar isso. Temos dois tipos de arco e flecha com diversas munições para usos específicos. Uma delas por exemplo serve para remover blindagem, enquanto a outra serve para remover partes. Flechas de fogo ou elétricas causam dano elemental e temos estilingues que disparam bombas congelantes ou deixam o inimigo paralisado. Armadilheiras criam áreas explosivas e os lançadores de corda servem para limitar a movimentação da criatura. Sem contar as poções de resistência e outros itens consumíveis. São muitas opções que tornam a escolha e o uso do seu arsenal essenciais para uma boa caçada e o jogo faz questão de te ensinar isso. Toda vez que se adquire uma nova arma surge uma missão tutorial que te obriga a familiarizar-se com o item novo.
E não pense que tudo isso sai barato já que o jogo conta com um sistema de criação de itens feitos com as partes das criaturas derrubadas. O tempo todo você se sente obrigado a caçar certos tipos de máquinas para conseguir um componente essencial para um encontro mais decisivo. Você também pode adicionar bobinas que adicionam danos elementais a suas armas e existem tecidos que podem ser adicionados a sua roupa te dando mais resistência a certos elementos. Mesmo com essas opções são poucas variedade de armas e armaduras. Variedade de estilos não é prioridade em Horizon, que não é como outros RPGs onde você equipa luvas, botas, torço e pernas. Aqui você tem poucas variações de roupas com umas pesada, uma elemental, outra furtiva e mais algumas opções sem grande impacto. Aloy merecia mais variedade.
O jogo também conta com aspectos de furtividade não muito bem trabalhados e as vezes desequilibrados. Andar agachado pela vegetação alta te rende ataques críticos a criaturas menores e a possibilidade de não atrair atenção de criaturas perigosas. A questão que Aloy tem um raio muito grande para executar um ataque silencioso, que na verdade não é NADA SILENCIOSO e mesmo assim não alerta os inimigos próximos. Os humanos são facilmente ludibriados com sua inteligência artificial simples e não existe adaptação dos inimigos a sua metodologia tornando os encontros com humanos demasiadamente simples.
Aloy evolui através de pontos de habilidades adquiridos ao subir de level. O tempo todo você está ganhando novas habilidades mas sem ficar demasiadamente poderoso. Os pontos podem ser gastos em 3 árvores de habilidade: Gatuna que é focada em furtividade e ataques críticos, Valente que é focada em combate e Saqueadora que é focada em obter e economizar recursos.
Absolutamente exuberante!
As criaturas mecânicas são extraordinariamente bem trabalhadas com um design funcional que é reconhecido a distância. Cada criatura foi desenvolvida para habitar ambientes específicos. Picos gelados, florestas, desertos, encostas, planícies, ruínas da antiga civilização humana e outros ambientes que deixo para você descobrir esperando te causar a mesma surpresa e empolgação que eu tive. Isso ainda é multiplicado pelo clima dinâmico que inclui névoa, neve, chuva, tempestades de areia, achou pouco? Multiplica de novo pela passagem de tempo que nos faz ter cenas incríveis como avistar de noite os olhos vermelhos de uma criatura poderosa ou ser encantando com o nascer do sol sobre as montanhas.
As vestimentas de cada tribo misturam cabos, ossos, peles e partes de animais robóticos criando um visual bem único para cada civilização. Também temos um excelente trabalho de animação dos personagens com movimentos dinâmicos de escalada, corrida, e finalizações brutais que acabam por arrancar peças dos inimigos. As máquinas conseguem ter movimentações distintas indicando seu perfil comportamental baseado em herbívoros ou predadores. O único pecado na parte visual é nos momentos de diálogos onde podemos fazer escolhas de frases. Nesses momentos a animação do rosto dos personagens cai muito de qualidade a ponto de termos bonecos inexpressivos. Felizmente o mesmo não ocorre nas cinemáticas que mantém o alto padrão visual.
A trilha sonora consegue dar clima com musicas tribais e temos o excelente uso excelente trilhas dinâmicas que aparecem durante os combates para influenciar na sua adrenalina. A aúdio original , não chega a ser perfeito por causa de algumas vozes que não combinam, mas conta com boas atuações. A dublagem em português tem altos e baixos onde algumas vozes não carregam a expressão necessária e outras simplesmente não combinam com os personagens.
Uma das coisas que senti falta é uma maior singularidade entre os sons das maquinas. Algumas emitem sons bem distintos mas a maior parte não conta com uma assinatura sonora eficiente e isso poderia ser melhorado em uma sequencia para podermos reconhecer através do aúdio as múltiplas espécies de máquinas que nos cercam.
E o poder do PS5?
Os ambientes foram reformulados. Não de uma forma que possa ser imediatamente óbvia, mas reformulados. Especificamente, os elementos naturais do jogo foram quase completamente refeitos. Essencialmente, toda a folhagem no jogo foi atualizada com novas texturas, modelos e o modelo de interação visto na sequência. O solo agora está exuberante com vida vegetal, a vegetação rasteira é mais espessa e responde a Aloy se movendo através dela, e o vento move a grama e as plantas conforme sopra.
A neve agora se deforma sob os pés, algo que não era visto na série até o DLC Frozen Wilds e nunca fez parte do jogo base. Ela se aglomera em arbustos e plantas e é derrubada quando Aloy os empurra.
Essa atualização da natureza se estende ao próprio terreno também. A maioria das mudanças e ajustes são sutis. Os rios, especialmente, agora parecem muito melhores, tanto as margens quanto a paisagem ao redor, assim como a água em si. A água era um aspecto do lançamento original que estava um pouco ausente. Algo que a sequência, Horizon Forbidden West, melhorou consideravelmente.
O sistema de água desenvolvido para a sequência foi transferido para o remaster e faz uma grande diferença nessas áreas. Os reflexos são muito mais precisos, cáusticos brilham em lagoas rasas, o que sempre achei agradável de se olhar, e a água em movimento mais rápido agora parece ter vida.
Outro aspecto do jogo base que recebeu algumas críticas é o sistema de diálogo. A Guerrilla foi com um sistema de conversação no estilo BioWare, semelhante ao dos jogos Mass Effect. Como naqueles jogos, as conversas pareciam um pouco rígidas às vezes. Os personagens não necessariamente emocionavam tanto, e embora os modelos e o diálogo fossem geralmente ótimos, parecia um pouco forçado.
Para Horizon Zero Dawn Remastered, a Nixxes adicionou uma quantidade enorme de novas animações capturadas por movimento para resolver esse problema. Todas essas novas animações contribuem muito para tornar as conversas mais vivas e são uma mudança muito bem-vinda. Como muitas das mudanças feitas na remasterização, elas são aparentemente bem sutis, mas quando voltamos e comparamos com o original, a diferença em algumas cenas é impressionante.
No lugar do modo visto no jogo original, agora temos acesso aos modos de desempenho e fidelidade, rodando a 60 e 30 fps, respectivamente. O último tem como alvo uma apresentação nativa completa de 4K, com o primeiro tendo uma resolução menor para ajudar a atingir sua meta de taxa de quadros. Não é um impacto substancial o suficiente para que eu recomende o modo fidelidade em vez dele, no entanto, e a apresentação é surpreendentemente uniforme em ambos. Além da diferença na taxa de quadros, não notei muitas mudanças óbvias entre os dois.
O desempenho também foi sólido como uma rocha em ambos os modos, até onde pude perceber, sem quedas óbvias na taxa de quadros em nenhum momento. Horizon Zero Dawn Remastered também tem um modo de 40 fps (para telas de alta taxa de atualização) e suporte para PS5 Pro pronto para uso, mas não consegui testar esses recursos.
A sequência de Horizon, Forbidden West, tinha algumas excelentes opções de acessibilidade presentes quando foi lançada em 2022, e estou feliz em dizer que todas elas foram transferidas para a remasterização. Tudo, desde elementos de dificuldade individuais até ajustes de controle e configurações de áudio, pode ser ajustado. Não parece haver nenhuma opção de daltonismo, infelizmente, algo que também estava faltando em Forbidden West no lançamento, mas depois foi corrigido.
VEREDITO
Horizon Zero Dawn Remastered é um excelente remaster e mesmo com alguns deslizes como a falta de antagonistas e coadjuvantes marcantes e combate corpo a corpo ineficiente estamos diante da melhor maneira de conhecer esse universo incrível ou mesmo para os veteranos revisitá-lo com uma roupagem moderna.
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