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Jogos de Facebook: muito social, pouco jogo

Quem está na Internet já deve ter notado uma tendência que se espalha feito praga em milharal: os jogos de Facebook. Chamados de jogos sociais, eles são encontrados aos milhares. Farm Heroes, Criminal Case, Pearl’s Peril, Kings Road, My Ninja e, aquele que se tornou a peste de 2013, Candy Crush Saga. Faça uma análise entre todos os seus amigos no Facebook e você irá notar que uma parte considerável deles está imerso em algum (ou até alguns) destes jogos, principalmente este último. Todo este crescimento seria ótimo se ele não trouxesse benefícios somente para a indústria que o cria, mas também para os jogadores. O problema está no fato de que estes produtos são cada vez mais sociais e menos jogos.

jogos sociaisAntes de explicar esta linha de raciocínio, vale ressaltar alguns números que este segmento da indústria de games está alcançando nos últimos tempos. Uma pesquisa divulgada pela SuperData Research, encomendada pela Viximo, em 2012, mostrou que em 2011, estes jogos alcançaram uma receita de US$ 3,2 bilhões de dólares. Segundo o mesmo estudo, este número pode chegar a US$ 5,6 bilhões em 2014. Então, é óbvio que aparecerão mais e mais empresas desenvolvendo jogos sociais a cada dia por este mundão. O porque eles são benéficos para a indústria está explicado.

Agora, por qual motivo este tipo de entretenimento não é bacana para os jogadores é porque, em sua essência, a maior parte deles descaracteriza o “ser jogo”, tirando a autonomia de quem está no controle, ou seja, você. Candy Crush Saga (que já tem mais de 40 milhões de usuários e que é mais uma cópia de qualquer outro jogo com Jewel no nome) é um exemplo perfeito disto. Jogojogos sociais marvels tem como seu principal atrativo dar controle ao jogador, passar a sensação de que é ele quem é o responsável por tudo aquilo que está acontecendo, que o esforço aplicado perante o desafio proposto foi a ferramenta que o permitiu que chegasse à tal fase naquele jogo, que atingisse um determinado nível em seu personagem. Mas o jogo supracitado não funciona desta maneira. Quem não está cansado de receber convites pelo Facebook para começar a jogar e, assim, dar uma “vida” para a pessoa que está convidando? Que jogo é este que, em vez de testar a sua capacidade como jogador, te obriga a mendigar recursos com outros jogadores? É claramente um jogo que prefere se autopromover, para cada vez mais gente cair na armadilha de clicar em “Jogar”, do que desafiar o jogador com uma mecânica interessante.

Eu mesmo caí nesta armadilha jogando Marvel: Avengers Alliance. O jogo se resume a batalhas por turnos mas, por se tratar de Marvel, Homem de Ferro, coisa e tal, estamos aí né? No começo tudo ia bem até eu perceber que, se eu quisesse mais armas, armaduras, recursos ou até mesmo, recrutar um herói para o meu time, era estritamente necessário que eu enchesse as pacovas dos meus amigos do Facebook para me darem tal coisa como presente e blablablabla. No final, percebi que eu não conseguiria caminhar com minhas próprias pernas no jogo se eu não atormentasse meio mundo do meu Facebook. E pra quem já bradou contra estas requisições de jogos e tal, eu não estava sendo correto com meus amigos.

Por um outro lado, jogos sociais tendem a se tornarem a porta de entrada para o mundo dos jogos como a maior parte de nós conhecemos. Afinal, é o casual angariando cada vez mais seguidores.

Por fim, claro que nem todos jogos disponíveis nas redes sociais utilizam este esquema de pirâmide para se promover e recrutar cada vez mais jogadores. Mas é inegável que este modelo é o padrão quando o assunto são jogos sociais. Cabe à indústria se reinventar e aos próprios jogadores saberem discernir quando a empresa quer que você realmente jogue e quando ela quer que você promova o jogo para ela, gratuitamente.

Rodrigo Gatti
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Comments (4)

  1. 1% de tudo pode ser chamado de jogo. Vendo essas coisas, me lembram caça-niqueis de cassino e pessoas sentada por horas ali na frente pondo ficha.

    Joguinho em flash de gratis que tinha por ai era mais jogo que essas desgraças.

  2. Nem me importo, pois não sou mesmo fã de redes sociais, criei meu perfil no Orkut a uns 6/7 anos ainda com uma certa resistência e mal entro ou o uso desde então.

  3. Eu não acho que esses jogos sociais competem com os games de verdade. Quem joga isso ae não pagaria 60 dólares num jogo de console ou PC. O problema é quando desenvolvedoras dessas plataformas desistem de investir em consoles ou PCs pra querer desenvolver pra celulares ou redes sociais, como vem sendo a proposta da Square-Enix.

  4. Square foi minha produtora preferida por muito tempo… Agora restam as boas lembranças. Muita expectativa aqui pro Bravely Default… Se até esse decepcionar, desisto de vez.

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