Análises

Pokémon Scarlet

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Pokémon nunca foi tão grandioso quanto agora!

A Game Freak foi muito longe com Pokémon Scarlet e acertou em cheio com suas propostas. Nunca me diverti tanto com um jogo da série e graças à ele eu passei a considerar Pokémon um jogo que merece estar no rol dos melhores RPGs.

Nunca me esqueço o quão Pokémon foi importante para minha vida. Quando a série animada começou a passar no Brasil eu simplesmente respirava Pokémon e consumia praticamente tudo que existia naquela época, não somente jogos, mas tudo mesmo.

23 anos se passaram, minha vida obviamente não é mais a mesma e cá estou com a oportunidade de analisar Pokémon Scarlet que foi cedido pela Nintendo do Brasil para fins de análise(obrigado!). Apesar das gigantes mudanças que comentarei nessa análise, ainda temos que pegar todos.

PALDEA, O PALCO DE UMA GRANDE AVENTURA

Pokémon Scarlet(e Violet) se passam em uma região chamada Paldea que foi baseada na Espanha, assim como todos os jogos da série que se baseiam levemente em algum lugar do nosso planeta. Paldea é uma enorme ilha, lotada de lugares para explorar, vistas incríveis e os mais variados biomas, talvez os mais variados entre todos os jogos de Pokémon que pude experimentar na vida.

Não sei se foi ambição demais da Game Freak ou algo do tipo, mas ao tentar fazer um jogo de mundo aberto, o estúdio se deparou com diversos problemas. Sim, irei falar sobre a parte técnica de Pokémon Scarlet indo diretamente contra os padrões das minhas análises pois se trata de um caso mais alarmante. Apesar de super evidente eu digo que não achei esse jogo feio! Ele é mais simplista, mas carrega consigo um charme único do qual é relativamente complicado de explicar.

Lembro de quando joguei Rockman Dash(Megaman Legends no ocidente) pela primeira vez, eu achei o jogo super feio, quadrado e com uma proposta gráfica bem esquisita. Esse sentimento perdurou por anos até que resolvi jogar de novo em meados de 2014, para a minha surpresa eu constatei que se tratava de um jogo deveras datado porém bonito devido as circunstâncias. Muito estranho essa constatação, certo? Como que na época do lançamento dele eu o taxei de feio e 16 anos depois mudo de opinião depois de uma evolução gigantesca tecnologica que ocorreu na indústria? Bem, é justamente pelo fato da abordagem gráfica simples que cheguei a essa conclusão. Rockman Dash sofreu um excelente envelhecimento pois foi bem contra a maré da época que visava inserir muitos detalhes nas texturas, mesmo nos hardwares limitados dos anos 90.

Megaman Legends e Pokémon Scarlet

Com Pokémon Scarlet eu senti a mesma coisa, um jogo simplista em sua proposta e que em alguns momentos transparece um certo brilhantismo. Não acredito que a parte técnica deve ser julgada pela complexidade das texturas ou outros argumentos arbitrários apenas, o produto como um todo requer uma visão mais abrangente. Vou dar um exemplo, olhe abaixo essa imagem:

Cores vibrantes dão vida aos cenários do jogo.

Olhando essa imagem de uma das cidades do jogo dá pra perceber cores vibrantes, diversos elementos, uso de sombra e até nuvens relativamente complexas(não sei se volumétricas… acho que não). Essa pegada visual vai continuar sendo charmosa pra sempre pois, como Megaman Legends, os artistas foram para um caminho mais sóbrio, destacando a força de seu motor gráfico. Outro exemplo abaixo:

Que delícia de lugar!

Aqui já temos uma gama de detalhes maior, mas ainda sim parecendo meio que um mundo em miniatura ou mesmo uma versão Pokémon de The Legend of Zelda: Wind Waker. “Ah, mas Zelda WW já tem 20 anos de existência!”. Concordo em número, gênero e grau, só que quando esse Zelda foi lançado, nós estávamos jogando Pokémon Ruby e Sapphire no Gameboy Advance, lembra? Jogos que remetem ao visual dos RPGs de Super Nintendo. Não que uma coisa justifique a outra, porém se você tentar ver o novo Pokémon com os seus olhos, ao invés de ir através dos olhos de terceiros, pode ser que encontre um jogo bonitinho sim.

The Legend of Zelda: Wind Waker e Pokémon Scarlet

Claro que não posso deixar de falar da performance do jogo e sim, apesar de existirem bastante flutuação de taxa de quadros, não é nada alarmante como o pessoal tem dito por aí. Foram raros os momentos que notei uma real queda de FPS, num ponto que deixou o jogo quase um PowerPoint, em grande parte do tempo a aventura foi bem tranquila. Um dos jogos mais queridos do ano passado, Shin Megami Tensei V, na minha opinião possuia uma performance inferior ao Pokémon Scarlet e não vi ele ser apedrejado dessa forma.

Resumindo, se você tiver jogado jogos de RPG em consoles mais antigos, não irá encontrar nada muito diferente do que era visto no passado. E outra, porque exigir super gráficos em uma série que nunca foi referência nesse sentido? É algo que eu realmente não compreendo.

Fuecoco, o melhor.

Mudando completamente de tom, irei falar de algo que de fato me decepcionou, a parte sonora. O jogo não possui dublagem e essa decisão está cada vez mais errada pois ao possuir cutscenes elaboradas, parece que não faz sentindo ver aquilo acontecendo com uma simples legenda. Antigamente os jogos funcionavam bem apenas com caixas de diálogos, só que hoje fica complicado… que tivessem inserido atuação de voz em algumas cenas-chave pelo menos, não vamos querer produção nível Xenoblade Chronicles 3 aqui, certo? Propostas diferentes.

Lugares imensos o aguarda.

A trilha sonora é outra decepção, nada do que eu ouvi me chamou a atenção porém nada incomodou também, o que às vezes pode ser um ponto positivo. Eu honestamente gostava da composição das músicas da série lá no comecinho com Pokémon Blue e Red, havia músicas únicas como a da cidade de Lavender ou mesmo de algumas rotas específicas e temas de batalha frenéticos. Aqui nada disso chega perto e dizem que Toby Fox, compositor e criador de Undertale, compôs algumas coisas pra esse jogo… se isso aconteceu de fato, não sei dizer, nada do que ouvi evocava a qualidade que ele entregou em seu jogo.

Mapinha super útil!

Chegou a hora de falar coisas boas e com certeza a parte mais importante de todas, o gameplay. Pokémon Scarlet é o Pokémon mais divertido, completo e eletrizante já feito. Sua liberdade é o que mais chama atenção pois depois de um longo tutorial, você poderá explorar Paldea como bem quiser e isso com seus amigos caso o deseje. Existem milhares de monstrinhos para pegar, batalhas até cansar e até encontrar alguns bugs engraçados, nem eu consegui escapar deles!

Ubermon!

VEREDITO

A Game Freak foi muito longe com Pokémon Scarlet e acertou em cheio com suas propostas. Nunca me diverti tanto com um jogo da série e graças à ele eu passei a considerar Pokémon um jogo que merece estar no rol dos melhores RPGs, visto que até então apenas considerava a série um collect-a-thon com mecânicas simplórias de RPGs. Agora me dá licença que falta bastante monstrinhos pra pegar e Paldea não para!

David Signorelli