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28 de julho de 2025
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Pactroidvania!

Shadow Labyrinth não é apenas uma grata surpresa — é uma reinvenção bem-sucedida. É Pac-Man, sim, mas sob uma nova luz, em um novo gênero. Um jogo que mistura respeito ao passado com coragem de inovar. Um pacto entre nostalgia e criatividade.

Shadow Labyrinth

Imagine uma série de corredores escuros e ameaçadores onde uma pequena esfera amarela chamada PACC (ou PUCK, em sua versão original) tenta sobreviver. Sim, é impossível não lembrar de Pac-Man, e com razão: Shadow Labyrinth é o título que mais homenageia os 45 anos do icônico personagem surgido da imagem de uma pizza de calabresa com uma fatia faltando. Mas basta olhar uma única imagem do jogo para perceber que não se trata de mais uma releitura clássica. Então, afinal, o que é Shadow Labyrinth? Um Metroidvania? Uma homenagem sci-fi? Talvez seja a hora de cunhar um novo gênero: o primeiro – e talvez único – Pactroidvania(brincadeira!).


Uma narrativa incomum com raízes profundas

A história começa de forma enigmática: um jovem desaparece misteriosamente enquanto joga em seu portátil. Ao mesmo tempo, em um universo desconhecido, uma criatura cambaleante emerge de uma cápsula tecnológica e é recebida por uma esfera amarela com uma enorme “boca”: é PACC. Ele explica que aquela criatura é o “Número 8”, o oitavo experimento criado para escoltá-lo em uma missão ainda envolta em mistério.

Essa introdução pode soar aleatória, quase como aquelas tramas soltas de fliperamas dos anos 80. Mas há muito mais sob a superfície: Shadow Labyrinth faz parte da cronologia UGSF (United Galaxy Space Force), universo expandido da Bandai Namco que conecta diversos clássicos como Galaga, Ace Combat 3, Cyber Commando, Burning Force, Star Blade e até Dig Dug. Este novo capítulo acontece no longínquo ano 3333 e, ao longo da jornada, você encontrará referências a todos esses mundos.


O que é exatamente um Pactroidvania?

Na estrutura básica, o jogo funciona como um típico Metroidvania: plataforma 2D com exploração, habilidades desbloqueáveis, backtracking e combate. Os controles incluem movimentação em quatro direções, pulo, ataque e esquiva. Há também um item de cura que recarrega apenas nos checkpoints principais. Aliás, o jogo traz dois tipos de checkpoint: os principais, que funcionam como hubs interconectados por teletransporte, e os secundários, que curam mas não recarregam o item e oferecem teleporte só de ida.

Toda vez que vejo isso eu lembro de God Eater.

Ao longo da aventura, você desbloqueará diversas habilidades: ataques à distância, golpes em área, saltos especiais, ganchos para escalar, destruição de barreiras e a possibilidade de acessar novas rotas. Entre todas essas mecânicas, destaca-se a transformação G.A.I.A., uma fusão temporária entre PACC e o Número 8 que os transforma em um colosso mecânico quase invulnerável. Os danos não reduzem a vida, mas sim o tempo de transformação, que só pode ser recarregado ao “consumir” inimigos derrotados — uma tarefa em que PACC é mestre.

Mas o que realmente diferencia Shadow Labyrinth dos outros Metroidvanias são dois elementos vindos diretamente da fórmula de Pac-Man. O primeiro: trilhos de luz que, ao serem tocados, transformam o protagonista em uma esfera que corre por eles, com capacidade de salto limitada e sem defesa. Muitos trechos obrigatórios — inclusive lutas contra chefes — exigem domínio dessa forma.

Existem cenários externos, não se preocupe.

O segundo: os “Labirintos”, áreas paralelas acessíveis após algumas horas de jogo. Nessas fases, inspiradas diretamente no Pac-Man clássico, o objetivo é eliminar os G-HOSTs (os fantasmas do jogo) usando armadilhas e poderes que se ativam ao devorar as famosas pílulas espalhadas. É mais do que um easter egg — trata-se de um modo de jogo alternativo bem integrado à experiência principal.


Um labirinto de verdade

Enquanto muitos Metroidvanias apresentam áreas interconectadas, mas com layouts relativamente simples, Shadow Labyrinth leva o conceito de labirinto ao pé da letra. As fases possuem caminhos alternativos, segredos escondidos, becos sem saída e muitas vezes você dará a volta apenas para voltar ao ponto de partida, como em um verdadeiro quebra-cabeça espacial.

Agora sim parece o nosso “Come-Come”.

A direção de arte é encantadora: gráficos 2D que misturam o charme da pixel art com toques modernos. É divertido e nostálgico ver os designs de PACC, dos G-HOSTs e de outros inimigos inspirados em títulos clássicos da Namco, especialmente os monstros de Dig Dug. O áudio acompanha bem: embora a música de exploração fique discreta, os temas de chefes são marcantes e os efeitos sonoros resgatam o espírito dos arcades, incluindo o famoso “wakawakawaka” de PACC. A edição Digital Deluxe ainda permite trocar os sons pelos originais. Os diálogos são raros, mas todos os textos estão em português.


Uma aposta que valeu a pena

Seríamos desonestos se disséssemos que não torcemos o nariz quando ouvimos a premissa: “Pac-Man num Metroidvania? É sério isso?”. Mas conforme os trailers e informações foram surgindo, ficou claro que havia algo mais profundo. E de fato: Shadow Labyrinth é um jogo ambicioso, sólido e criativo. Não é apenas uma homenagem — é uma expansão do universo UGSF que dá um novo papel ao personagem mais icônico da Bandai Namco.

Quer boss fights?

A experiência é desafiadora, com exploração exigente e combates complexos — alguns chefes nos deram bastante trabalho. A história vai além da superfície e apresenta mistérios intrigantes: quem é PACC de verdade? Qual sua missão? Quem é a garota branca que os persegue? E quem ou o que é o enigmático “Onipotente”?


Veredito

Shadow Labyrinth não é apenas uma grata surpresa — é uma reinvenção bem-sucedida. É Pac-Man, sim, mas sob uma nova luz, em um novo gênero. Um jogo que mistura respeito ao passado com coragem de inovar. Um pacto entre nostalgia e criatividade.

David Signorelli
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