The Legend of Heroes: Trails Through Daybreak II
Analisar um jogo da série “Trails” é um processo um pouco diferente dos demais jogos. Desde o primeiro jogo da série, Trails in the Sky(2004), cada jogo subsequente é uma continuação direta(em diversos arcos) e agora com Daybreak II estamos no décimo segundo título, praticamente colocando a franquia em uma das maiores obras do mundo dos jogos, considerando consistência.
Afinal, quantas franquias você conhece que possui essa quantidade de jogos que trabalha uma única história? Enfim, isso parece uma coisa boa para quem teve oportunidade de conhecer tudo desde o início, que felizmente foi meu caso, mas para grande parte das pessoas que querem ingressar na série, como fica?
Antes de adentrar na análise propriamente dita, quero ajudar você a achar o caminho mais “saudável” para conhecer Trails:
-> Eu nunca joguei nenhum jogo da série e tenho pouco tempo pra jogar: Comece por Trails through Daybreak.
-> Eu tenho bastante tempo e quero conhecer tudo desde o início: Aguarde o remake de Trails in the Sky que será lançado esse ano e jogue os demais jogos em sequência, vale considerar que o segundo capítulo de Trails in the Sky pode eventualmente receber um remake também.
-> Não tenho tanto tempo assim, mas quero aproveitar o máximo da história da série: Comece por Trails of Cold Steel até Daybreak.
Trails possui algumas “entradas” que são começos de arcos(Liberl, Crossbell, Erebonia e Calvard) e comecando por qualquer uma também é uma boa ideia. O importante é JAMAIS jogar qualquer jogo que seja 2, 3 ou que não seja o primeiro como ponto de partida. Tendo isso em mente, Trails through Daybreak II é recomendado apenas para quem finalizou a parte um e bora pro review!
HISTÓRIA
A parte mais importante de qualquer jogo da série Trails e novamente temos uma trama daquelas. Daybreak II se passa alguns meses depois dos eventos que marcaram o final do primeiro título, dos quais obviamente não irei falar aqui. Van Arkride, está de volta como protagonista, mas dessa vez ele dá espaço para os demais personagens brilharem também. Os primeiros acontecimentos do jogo são marcados por uma aparição de uma criatura de armadura vermelha que tem aterrorizado a capital de Calvard, Edith e lógico que nossos heróis foram incubidos de investigar esses casos. Ao se deparar com essa criatura, Van percebe uma tremenda semelhança ao Grendel(quem jogou sabe) e constatando que sua força é ainda mais assustadora, fazendo um estrago legal.
Partindo daí tempos o início da jornada, onde nossos heróis vão em busca do oitavo Genesis(é, ainda não acabou!) e também atrás de uma resposta pra existência desse ser poderoso que tem causado tantos problemas. A maior diferença na progressão aqui é que o jogo aborda uma estrutura menos linear, sendo possível escolher qual rota você deseja seguir, basicamente escolher entre A ou B, porém só isso já dá uma diferenciada. Não vou ficar entrando muito em detalhes pois basta um deslize pra entrar em território de spoiler, então o que você precisa realmente saber é que, por culpa de um mecanismo de plot, Daybreak II tem grandes chances de ser um jogo extremamente divisivo pois tenho certeza que muita gente não vai gostar de algumas decisões que a FALCOM tomou aqui.
Como uma análise é algo pessoal e subjetivo, eu digo que gostei bastante de quase tudo, houveram alguns deslizes aqui e ali, mas num geral ficou bem competente, ainda mais para aqueles que tem vontade de mergulhar na vida de cada um dos personagens da Arkride Solutions. Bem, aquela parte realmente mágica de Trails que são o mundo e os NPCs, continuam cada vez mais incríveis, como eu joguei mais de 120 horas de Daybreak, já havia conhecido a galerinha de Edith como se fossem meus amigos íntimos e para minha alegria eles voltaram com mais mini-histórias divertidas e olha que nem estou me referindo à side-quests(que são excelentes), e sim aos eventos que fazem parte da vida dessa gente. Poderia ficar o dia inteiro escrevendo sobre elas, é completamente fascinante ver que a população dos jogos da série tem uma vida própria e isso acontece desde Trails in the Sky! Inclusive encontrei uma personagem de Sky em Daybreak, vivendo uma realidade totalmente diferente da que tinha quando conhecemos ela com Estelle e Joshua na cidade de Bose, pra quem quiser saber que é basta ir na Liberl Store que fica na área da Trion Tower. E sim, eu lembrei dela de cabeça, claro que minha memória ajudou, mas foi o capricho dos devs que facilitaram esse processo.
GAMEPLAY
Estava com saudade dos mini-games já característicos da série? Em Daybreak muitas pessoas sentiram falta deles, porém em Daybreak II eles voltaram com tudo. Temos o já clássico dos JRPGs que é a pescaria, bem divertida. Temos jogos de carta, basquete, um mini-game maluco de hackear, etc.. Pra quem gosta de um pouco de variedade acaba sendo legal mergulhar nesses joguetes. Claro que o que importa mesmo é o jogo em si, Daybreak II em sua essência é muito semelhante ao original, possuindo 2 sistemas de combate distintos, em tempo-real e em turno, no entanto agora podemos também usar Arts nas batalhas em tempo-real, dando um pouco mais de possibilidades para o jogador, um facilitador que deixa tudo bem mais divertido.
As duas variações do combate continuam super divertidos e elas meio que precisavam ser. Digo isso por culpa da inclusão de uma área nova chamada Marchën Garten que é basicamente uma versão moderninha do Reverie Corridor de Trails into Reverie, jogo que antecedeu Daybreak. É nesse espaço virtual(devidamente explicado, não se preocupe) que temos uma mega liberdade para evoluir nosso grupo e o mais legal é que podemos usar basicamente qualquer personagem, mesmo que eles estejam naquele ponto da história em um lugar distinto… é estranho, mas enfim. Nesse lugar exploramos andares gerados aleatoriamente com inimigos pré-estabelecidos e com variações do tipo de recompensa que iremos obter no final da exploração. Nesses andares é possível coletar Shards que servem como dinheiro pra compra de diversas coisinhas na loja de Marduk e dentre elas várias coisas legais como músicas de outros jogos da série e roupinhas pra deixar a turma mais fashion, a parte da música em especial é legal pois trabalha a nostalgia em nosso favor e ainda por cima contribui pra deixar a coisa menos cansativa, afinal é esperado que o jogador passe horas explorando aqui.
Outra coisa legal é que podemos achar Shards também explorando as cidades, basta apertar R3(no PS5) que o jogo mostra onde estão eles por alguns segundos, incentivando a explorar cada cantinho, achei uma sacada bem boa. Fora que esse sistema de busca também é usado de forma esporádica na história em si. Daybreak II é ainda mais divertido que o primeiro jogo, mas vai depender muito do quão o jogador querer investir no sistema de batalha e na exploração, afinal grande parte ainda é reciclada do jogo original.
GRÁFICOS
Daybreak II continua usando o novo motor gráfico que a FALCOM desenvolveu internamente após passar anos trabalhando com um motor velho e desafado criado pela Sony na geração do PS3. Apesar de tecnicamente simples, eu não consigo deixar de ficar maravilhado com o visual desse jogo, são tantos detalhes que não é normal eu parar tudo pra ficar observando, dá uma conferida abaixo no sistema de nuvens que foi implementado aqui:
Estou ciente que não é a coisa mais avançada do mundo, porém dá pra ver que fizeram o melhor que podiam com um orçamento limitado. Apesar de sentir falta das aberturas em anime, é inegável o capricho em algumas cutscenes, algumas até rivalizam jogos grandes como da série Tales of, sem exageros. Os modelos em 3D continuam bonitos e as novas localidades são de babar, veja Messeldam aqui abaixo pra ter uma ideia, pena que o jogo não permite voltar para lugares já percorridos anteriormente com facilidade.
Fiquei bem satisfeito com o que a FALCOM fez em Daybreak II e isso tudo rodando a 60 FPS na maioria do tempo, só durante umas lutas meio caóticas demais que essa taxa dá uma caidinha.
SOM
Ah, as músicas… tenho bastante coisa pra falar sobre isso como de praxe. A trilha sonora como um todo é bem competente, fica abaixo do original, porém algumas faixas tem potencial para entrar nas melhores do ano. O mais legal é que eles poderiam simplesmente ter reciclado muita coisa do Daybreak, porém foi criado um material completamente novo e isso já é motivo de sobra pra se empolgar. Claro que ainda sim já algumas faixas que se repetem, porém elas tem uma função mais secundária visto que nos momentos mais eletrizantes são as novas que dão o ar de sua graça. Agora vale comentar o quão impressionante é a quantidade de música de combate que tem, caramba, parece que cada chefe tem sua própria música tema, apesar de que algumas são mais fraquinhas mesmo.
A dublagem continua o nível do original, excelente, impecável. Diria que os atores estão ainda melhores aqui e obviamente me refiro a dublagem em inglês, não tenho conhecimento suficiente de japonês pra avaliar os seiyuus japas! Jogue em inglês também pra ficar mais fácil de entender algumas conversas paralelas do grupo enquanto você anda pelos cenários, tem uma legenda, porém costuma ficar em um lugarzinho chato de ler.
VEREDITO
A FALCOM novamente entregou um excelente RPG que vai estremecer a comunidade que ama o gênero. Apesar de algumas decisões estranhas de plot, eu não consigo ver como algo prejudicial para a experiência e se você gostou de Aaron, Feri, Àgnes, Risette, Judith, Bergard, Quatre e Van, com certeza irás ficar bem safisfeito em ver essa galera crescendo na frente de seus olhos. Se você jogou Daybreak, não perca tempo e volte para o mundo de Trails, caso contrário jogue Daybreak sem pressa e encare sua sequência assim que puder, não irás se arrepender.
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