Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é mais projeto super interessante e diferentão de Yoko Taro, que é nada mais que o criador de NieR e Drakengard, RPGs cultuados desde a época do PS2, sendo desta vez um RPG de turnos tradicional representado em sua integridade através de cartas.
Desenvolvido e distribuído pela Square-Enix, esse é um título que vai agradar, com toda certeza, a galera que costuma jogar RPGs de mesa, muito por conta da narrativa, design e disposição dos elementos in-game.
Ambientado em um mundo de fantasia medieval, os cenários, itens, personagens e tudo o que compõe esse jogo é representado em forma de cartas, então a ideia é mesmo trazer essa ideia de um table-top para as nossas telinhas, o que é especialmente legal quando jogamos no Nintendo Switch fora da doca.
A primeira coisa que reparamos, além do belíssimo trabalho artístico e sonoro, é que o jogo é 100% narrado. Como um mestre nos RPGs de mesa faz, narra todos os passos do herói, lê as linhas de diálogo entre os personagens, narrando também de maneira bem detalhada a trama em si. Por conta do tamanho do game isso acaba não incomodando tanto, mas eu confesso que fiquei meio cansado da leitura narrativa com o progresso do jogo.
Os textos são muito bem escritos, há muitos momentos de bobeiragem durante o jogo que trazem um alívio cômico maneiro, mas também está repleto de tiradas bem darks e sinistras também, o que já estamos acostumados a ver nos jogos do diretor. Ainda mais aliados com a trilha sonora fantástica do incrível Keiichi Okabe, que por sua vez também trabalhou na série NieR e seus spin-offs.
Aproveitando esse embalo de falar de Nier, o jogo conta com algumas DLCs relacionadas que trazem ainda mais atmosfera com algumas músicas do jogo, efeitos de mesas e outros enfeites bonitões. Legal para quem tem uma graninha extra para prestigiar esses extras de bom gosto.
A impressão que eu tive ao jogar é que, apesar de muito bem feito, o game tem aquele jeito de ser um projeto secundário da equipe de desenvolvimento, algo que foi desenvolvido nas entrelinhas de projetos maiores. O que eu quero dizer com isso é que tinha muito mais espaço para se ramificar em certas direções de design, trama e desenvolvimento de personagem já que todos as características do game são super bem construídas; quem sabe uma continuação futura? Só o tempo dirá.
Eu não vou comentar a respeito da trama do jogo pois ele é um game que pode ser finalizado em menos de 10 horas, mas eu insisto que o pessoal siga adiante depois desse início meio lento que o jogo tem, das introduções dos heróis e a força opositora, vale a pena conferir.
Tanto a navegação quanto as batalhas vão remeter bem o estilo clássico dos RPGs de turno, você atacará, aprenderá skills à medida que sobe de level, comprará itens, explorar dungeons, só a coisa boa. Tudo feito em cima de um tabuleiro com o andar dos pinos por entre as passagens e cavernas do jogo. Além do gameplay voltado para o clássico, sem esforços de querer reinventar a roda, a execução flui muito bem. É gostoso navegar pelos menus, ampliar as cartas, ver detalhezinhos mínimos para curtir o esforço e carinho que os artistas botaram nesse jogo. Inclusive, o minigame de cartas que tem dentro do próprio jogo é bem legal, eu pelo menos curti bastante.
O jogo utiliza sistemas simples de se aprender, o que é excelente para a galera que está iniciando com o gênero, e mesmo assim, para os que já são veteranos, sempre haverá uma surpresa na manga que deixa a experiência de Voice of Cards interessante o tempo todo.
No fim, é um excelente jogo. Curtinho, infelizmente. Mas entrega o que ele se propôs, é um RPG sólido com uma trilha sonora fantástica, design de personagens e ambientes muito bem trabalhados e um gameplay sólido. Disponível também para o PlayStation 4 e PC, Voice of Cards é uma ótima pedida para quem busca algo diferente do comum.
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