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3, abr 2025
7.5
O melhor jogo de Bleach, mas isso ainda não diz muita coisa...

No fim das contas, Bleach: Rebirth of Souls é mais uma prova de que os jogos de anime médios não evoluíram muito desde os tempos do PS2. Por trás dos efeitos visuais modernizados, ainda tentam recriar poesia em movimento com marcadores coloridos. No entanto, são uma forma divertida de os fãs viverem a experiência de suas séries favoritas, e isso já é um mérito.

Bleach: Rebirth of Souls

Bleach: Rebirth of Souls foi o anúncio perfeito para coincidir com o triunfante retorno do anime. A animação nunca esteve melhor do que em sua atual retomada, Thousand Year Blood War, que adapta o arco final do épico mangá e corrige todos os efeitos colaterais causados pela pressa imposta a Kubo Tite há dez anos.

Um novo videogame adaptando a série até aquele ponto era exatamente o que os fãs precisavam, especialmente para aqueles que sentiram a série desaparecer abruptamente em segundo plano.

Ichigo momentos antes de tudo mudar em sua vida.

Vinte anos atrás, assisti a alguns episódios de Bleach e já tinha conhecimento dos jogos da franquia. Apesar de ser uma série perfeita para adaptações de videogames, permaneceu inexplorada por muito tempo. Fiquei restrito a importar títulos como Heat the Soul ou os jogos de DS antes que fossem finalmente localizados, e a série não via um jogo próprio desde o mediano Soul Resurrección no PlayStation 3, em 2011.

Então, o fato de termos um novo jogo que não foi feito para smartphones já é motivo de comemoração por si só—mas, infelizmente, ele não está à altura da alta qualidade do anime Thousand Year Blood War, segundo meu irmão que me auxiliou nessa análise, sendo ele fã da obra.


Um Verdadeiro Jogo de Luta

Diferente do último jogo de PS3, Bleach: Rebirth of Souls é um verdadeiro jogo de luta que reconta a história desde o começo da série até o fim dos arcos Arrancar/Falsa Karakura Town—desde Ichigo Kurosaki se tornando um Substitute Soul Reaper, até sua batalha climática contra o ardiloso arquiteto de todas as desgraças da Soul Society. A maior parte da experiência está no modo História, onde os jogadores revivem as maiores batalhas da série (e precisam cumprir certos requisitos no processo).

O motor do jogo foi projetado para capturar a essência da mitologia única de Bleach, onde os Soul Reapers liberam o poder de suas espadas personalizadas e ultrapassam seus limites para derrotar inimigos cada vez mais poderosos, virando o jogo com a revelação inteligente de um novo poder. Para isso, a mecânica tradicional dos jogos de luta é complementada com estados especiais que refletem a progressão dos combatentes.

O jogo consegue captar bem a identidade do anime.

No seu cerne, Rebirth of Souls é um jogo de luta baseado em armas, com uma mecânica central de pedra-papel-tesoura entre ataques normais, defesas e golpes ‘breaker’. Os ataques normais se dividem em três tipos: rápidos, de deslocamento e “assinaturas”, enquanto técnicas de movimentação especial permitem que os personagens fechem distâncias rapidamente.

Onde o jogo se torna mais complexo é na variedade de barras que representam as técnicas especiais da série. Existem os ataques de Spiritual Pressure, que exigem diferentes quantidades de energia para serem executados; as Reverse Actions, que concedem uma vantagem temporária e ficam mais fortes conforme a situação piora; e os Awakenings, que geralmente representam as formas Bankai dos Soul Reapers ou outros benefícios das transformações.


Sistema de Estoque e Mecânica de Combate

A característica mais distinta de Bleach: Rebirth of Souls é seu sistema baseado em estoques, onde um combatente deve esgotar todas as “vidas” do oponente para vencer o round. O jogo envolve esse conceito na terminologia às vezes obscura da série, mas, no fim das contas, o objetivo é semelhante ao sistema de Super Smash Bros.!

Na maioria das vezes, esse estoque é reduzido com ataques especiais chamados Kikon—golpes bombásticos e cinematográficos que reduzem as “vidas” do oponente em duas ou mais de uma vez. Esses ataques variam dependendo do estado atual do personagem, então, um personagem beneficiado pelo Bankai reduzirá mais estoque com um desses finalizadores do que um personagem em sua condição base.

Simplesmente adoro esses dizeres na tela depois de um ataque desses!

Reduzir a barra do oponente para cerca de 25% torna-se crucial, pois eles podem ficar vulneráveis a um ataque Kikon inbloqueável. Um dos aspectos mais marcantes de Bleach é a sensação de que as lutas podem tomar qualquer rumo, e os ataques Kikon capturam essa dinâmica de forma convincente, permitindo que grandes vantagens sejam anuladas por um combo devastador.


Problemas Fora do Combate

Infelizmente, fora do combate, existem vários aspectos que Rebirth of Souls não executa tão bem. A apresentação do modo História, em particular, deixa a desejar. O motor gráfico do jogo não é sofisticado o suficiente para reproduzir muitos dos momentos mais importantes de forma convincente, então vários pontos cruciais da trama são contados de maneira desajeitada, resolvidos fora da tela ou simplesmente omitidos.

Um close-up!

A estrutura do modo também não ajuda, especialmente nos capítulos iniciais, que pulam abruptamente de cena em cena. Algumas decisões narrativas são questionáveis, deixando momentos com impacto mínimo e cortando cenas mais cruciais, como a restauração dos poderes de Ichigo após sua primeira derrota. Muitas vezes, uma cena animada entra no meio e faz um trabalho muito mais envolvente de recontar a história, deixando-me desejando que os desenvolvedores tivessem feito mais com elas—ou simplesmente incluído trechos do anime.

Além disso, as atuações de voz parecem limitadas. A localização em inglês traz de volta muitos dos problemas que sempre tive com a adaptação da Viz Media do anime. Alguns dubladores não combinam com seus personagens originais, e certas traduções questionáveis deixam os diálogos artificiais, impedindo os atores de brilharem. Tudo isso está presente em Rebirth of Souls, me levando a mudar para a dublagem japonesa—algo que raramente faço em jogos.

Lógico que cenário algum vai resistir a esses ataques.

Mesmo o áudio japonês sofre para transmitir o peso físico do jogo e é prejudicado por uma adaptação desajeitada da história original. Felizmente, isso melhora conforme a história avança, mas ainda há momentos em que a falta de polimento é evidente, como personagens “deslizando” pela tela para simular movimentos rápidos.


Conteúdo e Problemas na Progressão

O modo História também enfrenta dificuldades no começo, especialmente contra os Hollows. O sistema de combate funciona muito melhor contra oponentes humanóides, onde todos os elementos mecânicos brilham. No entanto, as primeiras lutas da série colocam Ichigo contra monstros enormes e pouco inspiradores, tornando essas batalhas menos envolventes.

Parece que Gin terá uma queda brusca…

O jogo tem bastante conteúdo, com a maioria dos confrontos importantes da série recriados e alguns até divididos em múltiplas fases. Completar as fases já é um desafio, mas atingir seus objetivos específicos—que buscam recriar momentos “autênticos” da série—é ainda mais difícil. Cumprir essas Real e Secret conditions desbloqueia capítulos extras que destacam histórias paralelas e personagens secundários. Para os fãs mais dedicados, há muito o que explorar.


VEREDITO

No fim das contas, Bleach: Rebirth of Souls é mais uma prova de que os jogos de anime médios não evoluíram muito desde os tempos do PS2. Por trás dos efeitos visuais modernizados, ainda tentam recriar poesia em movimento com marcadores coloridos. No entanto, são uma forma divertida de os fãs viverem a experiência de suas séries favoritas, e isso já é um mérito.

Embora eu esperasse mais (especialmente depois de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – The Hinokami Chronicles), o que temos aqui é uma celebração decente de uma franquia que marcou minha trajetória. Se este motor gráfico receber mais refinamento em um possível próximo jogo, talvez cobrindo os episódios finais de Thousand Year Blood War, estarei curioso para ver o resultado.

David Signorelli
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