Análises

Crash Bandicoot 4: It’s About Time (Switch)

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Crash Bandicoot 4: It's About Time no Switch é demais!

Um dos gêneros mais amados pelos jogadores recebe um título de qualidade ímpar.

Irei começar essa análise dizendo que, este não é apenas mais um Crash. É o melhor Crash. Desenvolvido pela Toys for Bob e publicado pela Activision, a tão esperada versão de Nintendo Switch de Crash Bandicoot 4: It’s About Time foi lançada.

ESTÁ NA HORA

Não era mistério pra ninguém que ao portar um jogo desse calibre pro Switch haveriam perdas significativas em qualidade e isso de fato aconteceu, mas talvez não na intensidade que muitos imaginavam. O jogo usa a Unreal Engine 4 como base, um dos motores gráficos mais usados nos últimos anos e de fato foi uma excelente escolha por parte da produtora, pois ela é versátil demais, permitindo resultados satisfatórios em praticamente qualquer estilo de arte, seja mais cartoon ou realista.

Quanto mais eu olho essa foto, mais eu acho engraçado.

Antes de jogar a versão de Switch, eu pude experimentar o jogo ano passado no Xbox One S, então a minha base de comparação será ele, ok? O Switch roda a 30 quadros por segundo, o mesmo do Xbox, porém as texturas ficaram com uma qualidade inferior, a iluminação está mais fraca ou às vezes inexistente e num geral a qualidade de imagem perde um pouco, porém num geral as perdas são bem sutis e os donos de Switch podem ficar tranquilos que irão jogar um dos jogos mais competentes em matéria de port que já teve até hoje.

Evidentemente que as diferenças devem ficar ainda mais claras se colocar lado-a-lado com o PlayStation 5 por exemplo, mas para um console de 4 anos de vida e que ainda pode jogar em qualquer lugar, na minha opinião tá bom demais.

E O JOGO EM SI?

Com base nesse ponto de jogo, Crash (ou Coco) nunca foi tão bom de controlar, com uma capacidade de resposta no controle e na animação que é tão precisa quanto você poderia desejar neste gênero. A adição de um pequeno salto duplo como base de movimento permite ainda mais precisão em seu controle aéreo, e a melodia do slide / jump ou slide / spin de Crash é tão firme como jamais visto e o jogo exige isso.

Você não tem ideia do que irá encontrar nesse jogo.

Isso permite desafios de plataforma mais variados e intensos. Junto com uma série de outras pequenas mudanças, como a fruta Wumpa que não se espalha mais se você girar para dentro dela, ou até mesmo a sombra amarela ligeiramente divisora ​​para ajudá-lo a “pousar”, e tudo isso se junta para dar ao Crash 4 não apenas a mais divertida jogabilidade até agora, mas é a mais nitidamente refinada.

Este é um jogo que obviamente foi construído com a jogabilidade em mente em primeiro lugar, e isso mostra em seu design de fases e adições de jogabilidade. O sistema de máscara é um complemento perfeito para a fórmula Crash. Eles destacam o que há de melhor no que torna a série incrível. Eles não são “gimmicky”(cofcofWARPEDcofcof) e não atrapalham os segmentos de plataforma, mas sim adicionam elementos emocionantes a ela. Os personagens adicionais também acrescentam uma grande variedade, embora não pareçam estar presos a algo… não sei explicar ao certo.

As faes são tudo o que você poderia desejar de um jogo de plataforma 3D linear. Desafiador, variado, expansivo, compacto e simplesmente divertido. Cada fase aqui é excelente e quase cada uma delas parece ter um desafio próprio. E elas são lindas, repletas de instâncias e características memoráveis. Este é um problema que Crash 4 deixou mais claro para mim em relação aos jogos originais. No final das contas, as fases simplesmente não eram tão marcantes ou memoráveis ​​nos originais. Quando penso nos níveis dos jogos originais, penso “Fase 2 da neve” ou “Fase 4 da pirâmide”. Claro que o charme dos personagens, a ótima jogabilidade e os detalhes que eles colocam nos níveis / animações mantêm as coisas em alta qualidade, mas em um certo ponto eles ainda funcionam juntos.

Jogar com os outros personagens também é muito legal!

Crash 4 não tem esse problema. As fases são imensamente mais memoráveis ​​e muito mais exclusivas. O jogo se aproxima de algo como o território do Super Mario 3D World, onde cada nível parece ter algum tipo de novo conceito, desafio ou apenas alguma coisa legal para mostrar a você. Eu estava tendo muita dificuldade em largar os joy-cons depois de terminar uma fase, só porque queria ver a próxima. Onde nos originais, eu frequentemente encontrava o problema de terminar uma fase em um mundo, e acabava me sentindo como “ok, basicamente tenho que fazer isso de novo” para a próxima fase nesse mesmo mundo.

Nem todos os níveis do Crash 4 parecem completamente únicos. Ainda há alguns níveis de neve e outras que acabam sendo parecidas. Mas são casos mais isolados e, no geral, o level design brilha. Combine isso com o estilo de arte deslumbrante de Crash 4 que é recheadíssimo com detalhes e você encontrará muitas fases que realmente ficarão com você. Simplificando, esta é a melhor compilação de fases que um jogo Crash já teve por uma ampla margem.

MÚSICA PARA MEUS OUVIDOS

O último ponto que quero destacar que parece ter sido muito esquecido é a música do jogo. Junto com todas as outras partes agradáveis ​​da estética do jogo, a música chega para realmente selar o acordo. Os originais, claro, possuem algumas faixas clássicas. Todo mundo sempre pensa no tema de Crash ou nos temas warp room do Crash 2 ou 3, certo? Bem, qual é a primeira faixa memorável que você pode pensar que vem à mente e que na verdade se baseia em uma fase? Provavelmente algo assim… ou não!

Parece uma animação, né?

Não estou tentando falar mal da trilha sonora dos originais. Na verdade, eu diria que, de certa forma, são boas. Mas também são muito simples. A maioria deles é baseada em boppy-beats muito simples que simplesmente continuam. Isso faz com que alguns deles sejam realmente memoráveis, mas não tão emocionantes. Eu também acho que muitas das músicas dos originais são memoráveis ​​de uma forma do tipo “uma vez que você ouve”, ao invés de realmente ficarem grudadas em seu cérebro. Se é que isso faz algum sentido.

O Crash 4 segue em uma direção muito mais dinâmica, ao mesmo tempo em que compreende suas raízes. São faixas construídas com a sua progressão ao longo do nível. Não apenas acho que a música é mais emocionante e detalhada, mas acrescenta ao seu senso de progressão. Passar por um ponto difícil de uma fase, atingir um checkpoint enquanto ouve a transição da música e respirar fundo dá uma sensação satisfatória de “ok, está tudo certo, vamos tocar o bonde”. Nem toda faixa é boa, mas sua implementação no jogo em si é sempre muito bem feita.

VEREDITO

Agora, o jogo não é perfeito. Acho que a maior falha é que se você está tentando 100% do jogo, é incrivelmente difícil. Há tanto a fazer, algumas das quais parecem exagero. Só os jogadores mais profissionais na série vão ter paciência para encarar tudo que há aqui, ou seja, essa “falha” para alguns pode ser mais um ponto positivo. Eu pessoalmente nem tentei fazer tudo, pelo menos não agora.

De modo geral, Crash 4 é um grande jogo. Embora possa ser fácil ver este jogo apenas como “mais Crash”, ele realmente é mais do que isso. Este é um projeto apaixonado por completo, que não apenas adora seu material de origem, mas realmente se esforça para melhorá-lo, ao mesmo tempo que o respeita. Parece quase um projeto do tipo Tropical Freeze. Todos os fãs de Crash ou de plataformas 3D devem a si mesmos jogar este jogo. Não é apenas mais um Crash, é um dos melhores jogos de plataforma da década.

Confira aqui a análise da versão de Xbox One do lançamento original.

Pros

  • Fizeram um port excelente para o Switch, podem comprar sem medo de estar recebendo um produto inferior
  • O melhor Crash que já joguei e sua longevidade é impressionante
  • Toda a apresentação é impecável

Contras

  • Fazer 100% nele é uma tarefa pra poucos… o que não chega a ser exatamente um defeito
  • Querer um Crash 5 sabendo que vai demorar

David Signorelli

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