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1 de agosto de 2025
9.5
O silêncio entre uma entrega e outra falou mais alto que qualquer cena.

Não deixe que alguns defeitos te afastem da experiência. Death Stranding 2: On The Beach suaviza quase todos os problemas que tive com o primeiro jogo e me permitiu mergulhar de cabeça em uma jogabilidade viciante. A história ainda é um amontoado de absurdos, mas não deixa de ser divertida — e certamente não impede ninguém de continuar jogando “só mais uma entrega”. Descobrir o que há além do próximo horizonte nunca foi tão empolgante em um videogame. Quem amou o primeiro jogo com certeza vai gostar deste, mas mesmo quem desistiu dele deve considerar dar mais uma chance à franquia aqui.

Death Stranding 2: On the Beach

Eu não gostei muito de Death Stranding. Não consigo explicar com precisão o motivo. Não joguei o suficiente para formar uma opinião sólida, mas a história não me prendeu, e as primeiras horas pareceram arrastadas, com muitas mecânicas sendo jogadas em cima de mim ao mesmo tempo. Após cerca de cinco horas, larguei o jogo e nunca mais voltei.

Por conta dessa experiência, jamais imaginei jogar Death Stranding 2: On the Beach — mas a reação positiva e os trailers intrigantes me chamaram a atenção, e logo após o lançamento, decidi dar uma chance. Ainda bem que fiz isso, porque, ao contrário do primeiro, Death Stranding 2 me prendeu desde o início e manteve meu interesse até o final. Algumas coisas que eu não gostava ainda estão lá, mas os aspectos que gostei são tão bons que quase não me incomodam.


Quando eu achei que estava fora…

Se, assim como eu, você não jogou ou terminou o primeiro Death Stranding, o segundo jogo oferece um vídeo-resumo logo no começo. O mais importante é saber que, no final do primeiro jogo, o protagonista Sam fugiu com seu BB — uma criança que ficava armazenada em uma cápsula usada para detectar BTs, entidades espirituais que causam todo tipo de problema. Sam e a criança, agora chamada Lou, vivem escondidos e fora da rede. Porém, há poucas pessoas capazes de atravessar esse mundo futurista em ruínas e reconectar a sociedade através da Rede Quiral. Por isso, sua antiga aliada Fragile o encontra e o recruta para uma nova missão, atuando como uma espécie de babá desconfortável.

Olha essa geometria!

Algumas coisas continuam iguais ao primeiro jogo. Ainda acho que a história funciona melhor quando desligo meu cérebro. Há longas cenas com discursos absurdos ditos em tons excessivamente sérios. Personagens com nomes como Heartman e Die-Hardman são difíceis de levar a sério, mesmo quando gosto de alguns deles. Em certos momentos, o diálogo é tão bizarro que me surpreende o fato de atrizes de Hollywood terem aceitado ler essas falas — embora a maioria do elenco faça um bom trabalho.

As cutscenes são as melhores da indústria, algo já esperado vindo do Kojima.

Ainda assim, quanto mais avancei em Death Stranding 2, mais passei a apreciá-lo. Os personagens cresceram em mim, mesmo que a história como um todo nunca tenha me conquistado de verdade. Alguns novos personagens, especialmente Dollman e Rainy, são excelentes. Há cenas, principalmente nas horas finais do jogo, que são fascinantes e ousadas de uma forma que poucos criadores além de Kojima teriam coragem de tentar. Duas cenas específicas, nas últimas três horas de jogo, vão ficar comigo por muito tempo.


Aquela sensação familiar

O núcleo de Death Stranding 2 não é tão diferente do primeiro jogo, mas agora ele consegue prender o jogador muito mais rapidamente. Você ainda é um entregador em um mundo imenso, carregando pacotes nas costas para abastecer diferentes comunidades. O movimento de Sam é extremamente particular — cada passo tem peso — e leva um tempo para se acostumar. Mas quando isso acontece, atravessar montanhas, rios, vales e neve profunda se torna uma experiência única e satisfatória.

Cenas como essa fazem essa longa jornada valer muito a pena.

O diferencial está na velocidade com que o jogo te coloca no ritmo. Há muito mais opções logo nas primeiras horas do que havia no original, o que evita a sensação de repetição, mesmo que a essência das tarefas ainda seja parecida. Rapidamente, é possível construir novos equipamentos — alguns deles são armas, outros facilitam o transporte de cargas, como carrinhos flutuantes que seguem atrás de você. Também há itens para construir estruturas no cenário, como carregadores de bateria, que beneficiam tanto você quanto outros jogadores conectados, caso você esteja online e engajado com a proposta colaborativa do jogo.


Novas formas de explorar

Tudo isso inclui veículos, que ajudam bastante em entregas longas e tornam o ritmo menos cansativo — embora acabem tirando um pouco do charme do sistema de movimento, que é um dos destaques do jogo. Felizmente, muitos terrenos tornam o uso de veículos inviável, forçando o jogador a voltar a caminhar, usando pontes, escadas e os equipamentos mais tradicionais. A liberdade de movimentação torna a exploração ainda mais prazerosa, e o visual do jogo contribui bastante: Death Stranding 2 é um espetáculo gráfico, com uma trilha sonora excelente e cheia de escolhas interessantes.

Parece até fotos de verdade, né?

Depois que me acostumei com as opções disponíveis, entrei num loop viciante de gameplay. A única parte que não me envolveu tanto foi o combate, que ainda parece um pouco travado. Sam tem muitas armas e recursos, mas poucos deles realmente oferecem uma sensação satisfatória. Seja enfrentando BTs ou inimigos humanos, eu geralmente preferia evitar confronto e voltar às entregas. Houve algumas sequências mais roteirizadas que funcionaram bem para mim, mas, no geral, quando surgiam inimigos no caminho, eu apenas mudava de rota e seguia em frente.


Conclusão

Não deixe que alguns defeitos te afastem da experiência. Death Stranding 2: On The Beach suaviza quase todos os problemas que tive com o primeiro jogo e me permitiu mergulhar de cabeça em uma jogabilidade viciante. A história ainda é um amontoado de absurdos, mas não deixa de ser divertida — e certamente não impede ninguém de continuar jogando “só mais uma entrega”. Descobrir o que há além do próximo horizonte nunca foi tão empolgante em um videogame. Quem amou o primeiro jogo com certeza vai gostar deste, mas mesmo quem desistiu dele deve considerar dar mais uma chance à franquia aqui.

David Signorelli
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