Análises

It Takes Two

Devo dizer que sempre cresci jogando games com foco em narrativa, independente do gênero. Podia ser de terror, ação ou aventura, se o roteiro era bom eu certamente iria jogar e gostar. Mas sempre houve um plus que conseguia tornar tudo ainda mais divertido, e isso era a possibilidade de jogar os games no modo cooperativo com algum amigo. 

Porém conforme o tempo foi passando, cada vez menos jogos traziam essa opção de gameplay, deixando essa parte do modo co-op de lado. Mas foi em 2018 que a Hazelight decidiu lançar A Way Out, um game cooperativo que conquistou o coração de muitos jogadores com uma trama cheia de reviravoltas e uma gameplay muito divertida. 

Agora a empresa decide repetir a dose com It Takes Two, um game que faz parte da EA Originals (jogos de estúdios independentes que são publicados pela EA). Mas será que ele consegue ser tão bom quanto ou até melhor que A Way Out? Definitivamente não é uma tarefa nem um pouco fácil, mas é o que vamos descobrir nessa análise! 

O fim de um ciclo… ou será que não? 

May e Cody levavam uma vida normal, até o momento em que optam por algo não muito fácil, o divórcio. Isso acaba afetando não apenas os dois, mas também Rose, a pequena filha do casal. Durante um momento de tristeza da mesma, Rose acaba de alguma forma transportando a mente de May e Cody para dois bonecos que representavam os mesmos, deixando os mesmos presos aos novos corpos. 

Agora ambos se veem obrigados a deixar as diferenças de lado enquanto trabalham em conjunto para voltarem aos seus antigos corpos, isso enquanto seguem as instruções de alguém um tanto quanto inusitado, o Dr. Hakim (um livro do amor, pois é!). Na sua jornada, ambos irão passar pelos mais variados lugares, e quem sabe tentar uma reconciliação no meio do caminho. 

Nada melhor que uma terapia em casal!

Devo dizer que a trama me surpreendeu e muito! Quando o game foi anunciado eu fiquei interessado pela proposta, mas não imaginava que a narrativa seria tão empolgante e emocionante ao mesmo tempo. A trama já começa interessante, porém conforme o game vai progredindo e May e Cody vão avançando em sua missão, a narrativa vai cada vez mais prendendo o jogador para saber o que virá a seguir. 

Os personagens também dão um show de carisma. Tanto May quanto Cody são muito bem desenvolvidos durante toda a narrativa, seja nos momentos em que ambos têm que colaborar, demonstrando que nem tudo está acabado na relação, seja nos momentos em que ambos discutem por algum motivo bobo, mas logo refazendo as pazes. 

Porém sem sombra de dúvidas quem sempre rouba a cena quando aparece é o Dr. Hakim. Sendo um livro do amor, sua missão é fazer com que May e Cody se reconciliem e desistam do divórcio, para que assim toda a família seja feliz novamente. Com um sotaque mexicano e frases quase sempre cômicas, suas participações sempre rendem boas risadas, trazendo um bom alívio cômico. 

Dr. Hakim sempre rouba a cena para te avisar sobre o poder da colaboração.

It Takes Two é um game para todas as idades e ideal para a família jogar, sendo ainda mais bacana pelo fato de que cada um consegue tirar diferentes lições da trama. Os mais jovens vão perceber o valor da colaboração e da união, algo muito importante e que o jogo passa de uma forma muito divertida e descontraída. Já para os mais adultos, o game também mostra uma visão mais profunda sobre o divórcio, e como isso pode afetar todos ao redor do casal, mas principalmente as crianças. 

Não é apenas da história que It Takes Two dá um show, mas a sua jogabilidade também consegue conquistar facilmente os jogadores. Seus controles são simples mas muito bons e precisos (com exceção da câmera em certos momentos, que acaba mais atrapalhando do que ajudando). A gameplay em co-op também acaba sendo um grande triunfo do jogo, que consegue trazer esse sistema de uma maneira divertida e com muita importância para ambos os lados, já que os dois jogadores deverão trabalhar em equipe a todo momento para conseguir avançar na jornada de May e Cody. 

Outro ponto muito positivo da gameplay é a sua variedade, já que It Takes Two não é apenas um jogo de aventura com puzzles. Em vários momentos o game assume identidades completamente diferentes, virando um RPG isométrico, um flight game ou até mesmo um jogo de luta. A princípio pode parecer uma bagunça, mas tudo é encaixado muito bem no game, sempre existindo um sentido para que aconteça essa mudança na gameplay, e devo dizer que acaba sendo bem divertido também. 

Aqui o caso come solto!

Os puzzles também são muito interessantes e não ficam repetitivos em momento algum da jogatina. A cada capítulo do game, novas mecânicas vão sendo apresentadas e trazem uma variedade nos quebra-cabeças, tornando assim a experiência muito bacana e diversificada, algo que nem todo game consegue fazer com seus puzzles. 

As lutas contra chefes também são um grande destaque do game. Sem dar maiores spoilers aqui, cada um possui sua importância para o enredo de It Takes Two, não estando lá à toa. Todos aproveitam bem das diferentes mecânicas que o game vai apresentando, tornando assim cada uma única (e algumas até mesmo bem desafiadoras). 

O fator variedade do game definitivamente é bem vasto, mas acredite, além de tudo isso ainda temos minigames (em que os dois jogadores deverão deixar a colaboração de lado e partir para a competição, em joguinhos bem divertidos e que permitem que os players passem um bom tempo competindo). Os diversos ambientes do game também trazem diversos detalhes e referências, fazendo com que a exploração sempre seja recompensadora. 

É claro que também não podemos nos esquecer do visual do game. It Takes Two traz cenários sensacionais, indo desde um quarto infantil com temática espacial até um relógio cuco que esconde grandes segredos. Todos trazem a sensação de estarmos controlando pequenos bonecos em cenários enormes e fantásticos. A escolha artística também foi um grande acerto, trazendo gráficos mais cartunizados que combinam com a proposta do game.

É inegável que o visual é fenomenal!

A trilha sonora também complementa bem a sensação épica de estar naquele mundo mágico (e louco) de It Takes Two. As músicas variam muito bem entre os momentos mais calmos e os mais tensos, sejam de lutas contra chefes ou as diversas maluquices que acontecem durante a jornada de May e Cody, isso ainda se juntarmos com os ótimos efeitos sonoros do game. 

Pequenos personagens, grande história! 

It Takes Two é uma experiência sem igual por conta de diversos motivos. Seu co-op é sem sombra de dúvidas um dos mais divertidos dos últimos tempos, trazendo o verdadeiro significado de cooperar à tona com ótimos desafios em dupla. A vasta diversidade de atividades e minigames ainda complementam muito bem o game, trazendo muitas possibilidades de acontecimentos e mais e mais horas de gameplay. A Hazelight conseguiu superar seu último game, A Way Out, e trazer uma experiência co-op que consegue facilmente agradar quem quer um jogo mais descompromissado, mas muito divertido.  It Takes Two está disponível para Xbox One, Xbox Series S|X, PlayStation 4, PlayStation 5 e Microsoft Windows.

Pros

  • Trama que prende e emociona o jogador
  • Jogabilidade em co-op sensacional
  • Visuais maravilhosos e épicos
  • Boa variedade de puzzles, chefões e mecânicas de gameplay

Contras

  • A câmera acaba atrapalhando e muito em certos momentos

Lucas Nunes
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