Análises

NieR Replicant ver.1.22474487139…

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A versão definitiva de NieR é melhor do que você imaginava!

NieR Replicant ver.1.22474487139… conseguiu melhorar muito o que já era excelente.

Em 2010 a Square-Enix publicou um jogo bem “exótico” desenvolvido pela extinta CAVIA chamado de NieR, com versões para os consoles da época, PlayStation 3 e Xbox 360. Lembro perfeitamente de que foi feito bem pouco alarde quanto a esse jogo, dado talvez pelo fato de Final Fantasy XIII ter sido lançado muito próximo, não se sabe ao certo.

A certeza é que ele em pouco tempo já começou a gerar um certo rebuliço na comunidade de jogadores, especialmente os fãs de RPG. Vira e mexe eu ouvia coisas do tipo “Olha, esse NieR tem uma história incrível”, ou então “Os personagens são insanos…” e o mais comum foi “A trilha sonora foi uma das melhores que já ouvi”. Claro que isso me despertou um interesse imenso no jogo e olha que ainda fiquei com um leve preconceito por ter sido produzido pelo mesmo estúdio que fez Drakengard, um jogo que definitivamente não me agradou.

Eis que comprei o tal do NieR e logo nos primeiros minutos percebi que estava diante de algo realmente especial. Logo na cena inicial vemos uma cidade moderna totalmente destruída e sob uma forte nevasca, ao som dessa música maravilhosa:

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Essa é uma versão arranjada para NieR Replicant ver.1.22474487139…, mas é essencialmente a mesma música.

Dado o tom da situação, fui apresentado ao personagem principal que tem por nome padrão “Nier”, mas isso fica a critério do jogador e também a sua filha, Yonah. No original o protagonista era um homem mais velho, popularmente conhecido hoje em dia como “Papa Nier”, diferente dessa versão da análise onde controlamos um Nier mais jovem, com a Yonah nesse caso sendo sua irmã. Pessoalmente acho mais envolvente a relação entre pai e filha, porém a história em si não muda praticamente nada.

Após algumas cenas insanas de luta, o jogo avança muito no tempo(mais precisamente 1312 anos) e nos joga em um mundo que parece medieval, contrastando demais com o que vimos antes e é justamente nesse cenário que as aventuras começam. O que estava para vir iria mudar a minha vida e não me refiro apenas ao universo dos videogames.

A Pedra Incompleta

Ao dar os primeiros passos parece que estou jogando um RPG qualquer, até com o clichê de começar a aventura dentro da sua própria casa, aquele sentimento de que estou em um lugar confortável, já familiar. O que quebra um pouco isso é o fato da Yonah estar doente e cabe a nós cuidar dela, zelando pela sua vida, mas ainda sim nada demais.

Yonah e Nier após passar por momentos complicados.

Se tem algo que gosto de fazer em praticamente todos os jogos desse gênero é andar pelo cenário inteiro antes de falar com qualquer pessoa, para fazer um reconhecimento, digamos. Poucos metros da casa do protagonista eu ouço baixinho uma canção e me aproximo de um chafariz com uma mulher de cabelos cor de ferrugem cantando uma música maravilhosa em um idioma que não se parece em nada com algo que exista.

Fico uns bons minutos parado só ouvindo ela, sem sequer me questionar porque estou parado em um videogame onde era para eu supostamente estar fazendo coisas. Para contextualizar, ao falar com, ela para de cantar e explica que a música em questão se chama Song of the Ancients e que pouco entende do que está sendo dito, já gerando um clima de mistério.

Após alguns acontecimentos mundanos, Yonah desaparece repentinamente e precisamos ir até o seu resgate. Eis que ela foi parar em um lugar chamado Lost Shrine, um templo abandonado, praticamente em ruínas. Quando finalmente encontramos Yonah nós nos deparamos com um livro falante chamado Grimoire Weiss e bota falante nisso. Com seus poderes mágicos ele ajuda nosso herói a salvar a pequena Yonah das garras dos inimigos.

Um dos chefes adicionais nessa versão, insano!

Desse momento em diante Weiss começa a seguir Nier e dá para dizer que o jogo de fato começa. Por mais que eu gostasse de escrever mais sobre a história desse jogo, eu estaria praticamente cometendo um crime para você, caro leitor. NieR Replicant ver.1.22474487139… deu tantos passos à frente em matéria de narrativa que tem vezes é complicado de jogar muito de uma vez.

O jogo é dividido em 2 grandes atos e isso vai ficar bem claro pra você quando chegar nesse ponto. Ao terminar o jogo pela primeira vez, você terá feito o Ending A que é apenas um dos finais. Pelo amor de tudo que é mais sagrado, não pense que terminou e está longe disso. Para ver a história de forma completa você terá que fazer mais 4 finais(A, B, C, D e E), algo que difere do original que eram “apenas” mais 3 e para isso iremos repetir parte do que você já jogou anteriormente, só que com um “tchan” diferentão que obviamente não irei falar.

Por mais que o jogo tenha outras qualidades; a sua história, mundo e personagens são o maior destaque aqui. Você irá se emocionar o tempo todo, ele tem o poder de fazer qualquer marmanjo desabar em lágrimas, sério mesmo. No começo da análise eu disse que esse jogo mudou minha vida e é graças aos acontecimentos dessa aventura que posso afirmar isso com convicção. Você precisa jogar esse jogo, só termine de ler a análise primeiro!

Este Sonho

NieR Replicant ver.1.22474487139… é um RPG de ação dos bons, com um controle preciso e várias possibilidades de ataque por conta das diferentes magias… porém isso é algo que só posso falar dessa versão. No original o controle era um pouco travado, parecia que o nosso herói tinha algum problema de coordenação, não sei explicar. Não era nada que atrapalhava a experiência, entretanto frustrava em alguns momentos. Já aqui as coisas são completamente diferentes, os produtores pegaram um pouco da essência de Automata e capricharam, ficou absolutamente lindo.

Roupinhas especiais para os fãs de NieR: Automata.

Em matéria de jogabilidade se eu falasse apenas do combate estaria me limitando a nem 20% do que ele tem a oferecer. NieR Replicant ver.1.22474487139… é bem variado para o seu gênero, possuíndo segmentos de plataforma, a já tradicional pescaria, puzzles, segmentos no maior estilão Resident Evil e até de visual novel, o negócio é brabo. Fora que além disso o jogo vive mudando as perspectivas durante as masmorras, fazendo que alguns momentos pareça que estamos jogando Diablo ou até mesmo um jogo de navinha bullet-hell, não existe previsibilidade aqui.

Algo que gosto de comentar quando falo desse jogo é sobre o tamanho das masmorras, elas não são gigantescas e nem curtas demais, estão num tamanho bem bacana e sempre é satisfatório explorar elas, não tem nenhuma aqui que lembre o terror de Water Temple(hehe) por exemplo. O próprio tamanho da aventura como um todo também não é exorbitante, tudo meio que depende da quantidade de quests opcionais você vai querer fazer, mas eu levei em torno de 30 horas para fazer todos os finais, se serve como referência.

Antes que eu me esqueça, o jogo também conta com todos os DLCs que haviam no original incluso e até algumas coisas adicionais como itens e roupas que vieram diretamente de Automata! Show, né?

Deuses Limitados por Regras

Essa versão do jogo adicionou um pouco de história, re-trabalhou a jogabilidade, mas sem sombra de dúvidas o aspecto mais impactante foi a parte visual. Apesar de nunca ter achado Nier original um jogo feio, ele com certeza não se destacava por isso, lembrando bastante um jogo de PlayStation 2 só que em alta definição. Claro que a arte dele fez alguns milagres, basta ver a cidade do povo do deserto ou mesmo a cidade da Kainé, porém abaixo do que tínhamos na época.

Aqui a história é outra, eu joguei NieR Replicant ver.1.22474487139… no PlayStation 5 e ele roda a 1080p, 60 quadros por segundo cravado e pelo que eu li nos demais consoles a situação é semelhante, então independente de onde for jogar pode ter certeza que terás uma experiência incrível. Confira abaixo nossa vídeo análise do jogo, nela poderás ter uma ideia melhor do que estou falando:

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As texturas estão bem mais nítidas, a iluminação mais moderna e com uma contagem poligonal superior ficou bem mais especial explorar esse mundo incrível. Claro que não somente os cenários foram melhorados, os personagens ganharam bastante qualidade e tiveram pequenas mudanças também na sua própria arte, principalmente o protagonista, se foi positivo aí vai depender de gosto. Eu gostei!

Neve no Verão

A maravilhosa trilha sonora composta por Keiichi Okabe continua presente, só que completamente arranjada e com uma qualidade inacreditável. Eu ouço as músicas desse jogo desde seu lançamento, deve ter sido uma das trilhas que mais ouvi na vida e depois de mais de 10 anos recebo esse presente que é o que fizeram aqui, que honra. Sou incapaz de escolher a minha faixa favorita, mas vou citar algumas.

Emil e Nier lutando para sobreviver.

Grandma é o tema da vó de Kainé, ela começa com um piano triste e nervoso, culminando com um vocal que faz teu corpo arrepiar por completo. Essa música carrega uma sensação de dor absurda, principalmente quando entra a percurssão, surreal.

Uma masmorra no deserto é acompanhada de Temple of Drifting Sands, uma das melhores músicas com temática “de deserto” que já ouvi na vida. Apesar de entusiasta, não entendo da parte técnica de uma composição, mas mencionando deserto acho que dá pra ter uma ideia.

Shadowlord é talvez o que mais se aproxima da minha favorita. Ela é a música que mais se transforma de todas da trilha sonora. Começa com um vocal que parece cantado por uma criança, sério, pensa em um negócio lindo e depois mais pro meio acontece uma revolução e todo peso do mundo cai sob a música, complicadíssimo de descrever.

Por último, mas não menos importante a canção de encerramento, Ashes of Dreams, que é cantada em 4 diferentes idiomas dependendo do final que você fizer é… perfeita, linda demais.

Kainé ficou linda demais.

Claro que não teríamos uma trilha sonora dessa magnitude sem que uma dublagem estivesse à sua altura, certo? Se prepare para ouvir uma das melhores atuações em jogos da sua vida e olha que uma delas vem de um livro. Grimoire Wiess e Kainé roubam a cena nesse jogo, recomendo parar e ouvir suas conversas sempre que tiver oportunidade, só aviso logo de cara que vai rolar muito palavrão!

Cinzas dos Sonhos

Poder ter tido o privilégio de escrever uma análise para NieR Replicant ver.1.22474487139… foi a realização de um sonho. Esse jogo mostra que os videogames conseguem atingir um nível de emoção que talvez nenhuma outra mídia consiga, pois vai muito além do que um simples espectador poderia vislumbrar. Aqui temos um produto feito com um esmero ímpar e que merece sua atenção.

Essa análise foi feita com um código enviado pela Square-Enix Latam.

Pros

  • Uma história que fará você pensar nela por anos a fio;
  • Gráficos muito melhorados em relação ao original e rodando à 60 quadros;
  • Parte sonora perfeita, músicas e dublagem de um nível altíssimo;
  • Sistema de combate agora parece muito mais com Automata;

Contras

  • Algumas quests podem ser meio chatinhas;
  • Sem guia ficará complicado fazer 100%;

David Signorelli
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