Gears 5 – Análise
Gears 5 é o mais novo capítulo da consagrada série Gears of War do Xbox, produzido pelo estúdio The Coalition e distribuído pela Microsoft para o Xbox One e Windows 10.
Ao contrário dos jogos anteriores, aqui o título foi simplificado para Gears 5 (cortando o “of War“). Aaron Greenberg, chefe de marketing do Xbox, explicou que o novo nome é uma mudança natural, porque a maioria dos fãs já ignoravam a parte “of War” ao comentarem sobre a série. Mas o título é somente uma das pequenas mudanças importantes que o novo game apresenta na direção da franquia, com uma evolução na jogabilidade como há muito não víamos num Gears.
A história continua diretamente após os eventos de Gears of War 4 focando na jornada de Kait Diaz, que parte em uma missão pessoal para descobrir as origens da ligação de sua família com os Locusts. JD Fenix, protagonista de Gears 4, Delmont Walker e o pai de JD, o lendário Marcus Fenix também retornam como o novo esquadrão Delta para enfrentar a ameaça do Swarm e ajudar Kait em sua busca pela verdade. Entre estreantes e veteranos o destaque fica para a participação de Cole Train e Damon Baird, velhos conhecidos que também dão as caras na nova aventura. É bem interessante acompanhar a evolução desses personagens após tantos jogos e quase 3 décadas passadas no universo da série.
Gears 5 entra em detalhes na relação dos personagens com a CGO (Coalizão dos Governos Ordenados), mostrando mais a fundo como funciona a estrutura militar da guerra contra o Swarm e também desenvolvendo o lado da URI (União das Repúblicas Independentes), o grupo antagonista da época das Guerra do Pêndulo. Num clima de rivalidade e egos feridos pelas disputas do passado, Kait terá a difícil missão de convencê-los a deixar de lado as diferenças em definitivo e unir forças para lidar contra a nova ameaça dos Swarm.
Ainda na história, o game também vai além e entrega alguns momentos únicos na série, que obviamente não serão comentados para evitar spoilers. Mas acreditem quando digo que esse é o Gears mais ousado até hoje nesse aspecto, deixando algumas decisões cruciais literalmente nas mãos do jogador.
EVOLUÇÃO DA JOGABILIDADE
O famoso ditado “se não está quebrado não conserte” serve bem para ilustrar a jogabilidade de Gears of War, que desde o primeiro game nasceu muito sólida e continua sendo a principal influência para o gênero de tiro em terceira pessoa. Mesmo assim, as críticas sobre a falta de mudanças no gameplay ao longo dos jogos sempre acabavam aparecendo, visto que realmente não havia uma grande evolução nesse aspecto entre os diversos títulos da série.
Gears 5 finalmente quebra esse paradigma e entrega algumas melhorias muito significativas na jogabilidade, dando mais opção aos jogadores sem mexer no que sempre funcionou muito bem. A base do gameplay está lá e continua a mesma, mas agora você conta com mais habilidades e uma melhoria no combate corporal, além da inclusão do robô/drone Jack como elemento de suporte essencial nas batalhas. O combate corpo a corpo foi melhorado, ganhando um ataque duplo e agora é possível usar os ataques físicos mesmo quando equipando a Lancer, visto que o botão de ativar a moto-serra foi remapeado do B para o RB, deixando sua utilização mais ágil e natural nos momentos em que o bicho tá pegando.
A inclusão de Jack também traz para a série o primeiro flerte com um sistema de evolução e nível para destravar novas habilidades. Você coletará componentes e equipamentos especiais ao longo da aventura para evoluir e melhorar as habilidades do robô. Digo flerte pois não é um sistema muito complexo e lá pela metade do jogo você já terá evoluído Jack ao seu máximo, sem grandes dificuldades. Mesmo assim é uma adição muito bem vinda e que traz mais uma camada de novidade ao gameplay de uma série que ansiava por inovações.
Jack também é o foco das novas sidequests opcionais, outra novidade. A progressão da Campanha continua sendo dividida em Atos, e o Ato II e III trazem um mundo semi-aberto a ser explorado a bordo do bote, um novo veículo para até 4 tripulantes que se assemelha a um parapente terrestre, impulsionado a velas e movido pela força dos ventos. A exploração dos mapas abertos quebra um pouco a linearidade da campanha e levará as sidequests que normalmente entregam como prêmio melhorias das habilidades do robô Jack.
Como nem tudo é perfeito, deixo aqui uma crítica a limitação dos movimentos dos personagens em alguns dos ambientes de mapa aberto. Espere dar voltas desnecessárias em alguns locais elevados onde Kait poderia facilmente saltar uma altura menor do que ela faz em outros cenários, porém essa ação é impedida quando a localidade aparentemente não foi programada pela equipe de desenvolvimento para permitir esse movimento. Não é um defeito propriamente dito, mas algo intrínseco aos grandes mapas de games de mundo aberto, o que denota uma falta de polimento em momentos pontuais que não condizem com a qualidade geral do que é entregue no game.
QUERIA CHEFES? RECEBA
A campanha de Gears 5 vai proporcionar vários momentos épicos, principalmente pela inclusão dos chefes. Brumaks, Juvies, Pouncers e outros inimigos clássicos agora ganham o devido respeito que mereciam e tem seu estado elevado a chefes ou sub-chefes de áreas do game, com direito a barras de vida visíveis sobre os inimigos e obviamente um desafio à altura do novo status.
Outra novidade é o modo cooperativo para 3 jogadores na Campanha com opção para gameplay local e online, que agora permite que Jack seja controlado por um dos seus amigos, tornando ainda mais ativa e importante sua participação nas batalhas. Ainda no cooperativo, o modo Horde retorna maior e melhor, com gameplay para até 5 jogadores enfrentando as hordas de inimigos. Há também a inclusão do modo Escape, um novo modo cooperativo para a franquia, onde você e outros dois amigos poderão jogar localmente ou online para plantar uma bomba em uma Hive Swarm e tentar escapar.
GRÁFICOS
Um aspecto onde a franquia sempre se destacou foram os gráficos. Se Gears of War 4 acabou deixando um pouco a desejar nesse departamento, em Gears 5 estamos diante daquele que possivelmente é o maior showcase gráfico do Xbox One até hoje. O motor gráfico continua sendo empurrado pela Unreal Engine 4 da Epic Games e em números a Campanha roda em resolução dinâmica a 720p/1080p e 30 quadros no Xbox One Fat e S e 1440p/1800p no Xbox One X.
Já no visual, houve uma mudança no tom escuro e sombrio da série, dando lugar a ambientes distintos e muitas cores. Gears 5 é o game mais colorido da série, com muita variação de cenários e localidades e ao longo da campanha você passará por complexos abandonados na floresta, um mundo congelado, um deserto de areias vermelhas, e também os laboratórios e cavernas subterrâneas que consagraram a franquia. O HDR brilha justamente nesse quesito, destacando cores e luzes de uma forma que eu ainda não havia visto no Xbox. Donos de televisores 4k ficarão felizes em saber que essa é a melhor implementação de HDR já vista no console da Microsoft.
O destaque dos gráficos fica por conta da variedade das partículas e efeitos dos cenários. O jogo inteiro é um deleite visual e apresenta modelagem fora do comum, com muitos inimigos na tela e mesmo assim uma fluência no gameplay, mantendo a taxa de quadros estável e proporcionando uma experiência sólida mesmo nos combates mais intensos.
Em meu gameplay joguei os 2 primeiros atos no PC em 4k e 60 FPS na configuração High em nosso PC gamer, i7 6700k, 256 Giga SSD HyperX Savage, 16 giga DDR4 HyperX Savage e Geforce RTX 2070 da Gigabyte, porém fui forçado a finalizar os atos finais no Xbox One X devido a falta de drivers antes do lançamento para as GPUs da NVIDIA, que ocasionaram perda de performance e alguns glitches gráficos.
SONS
A parte de áudio continua mantendo efeitos sonoros e elementos clássicos consagrados pelos jogos anteriores. As armas ganharam novos efeitos visuais e sonoros nos disparos quando você completa um Active Reload com maestria, trazendo mais uma inovação sutil, porém inteligente, que ilustra para o jogador de maneira mais direta o bônus de recarregar a munição no tempo certo. As músicas proporcionam o clima de guerra esperado e o tema clássico da série ganha variações interessantes na nova aventura de Kait Diaz.
O game está totalmente localizado para o Português com vozes e legendas e no geral o trabalho de dublagem é de qualidade e os dubladores conseguiram evoluir bem suas atuações sobre o que foi entregue em Gears 4. Observei apenas um único erro numa cena perto do final do primeiro Ato, onde Baird acaba repetindo uma frase duas vezes, algo que deverá ser corrigido com uma atualização futura.
GEARS PARA SEMPRE!
Finalmente, Gears 5 nos brinda com o retorno do rei dos jogos de tiro em terceira pessoa, excedendo todas as expectativas e entregando aquele “a mais” que Gears of War 4 ficou devendo. A campanha traz de 12 a 16 horas de aventura frenética, momentos de humor, aumentando a duração média dos games sem precisar encher linguiça e cansar o jogador para tal.
O novo game consagra-se como o melhor, mais divertido e variado episódio da série moderna até hoje e eu só o colocaria abaixo da experiência de campanha de Gears of War 2, o que não é nenhum demérito, afinal é bem difícil bater uma dupla de protagonistas como Marcus Fenix e o saudoso Dominic Santiago. O game está disponível para assinantes do serviço Xbox Game Pass no console e no Windows 10 e nunca é demais reforçar sobre o quanto esse jogo é obrigatório para todos que tiverem acesso as plataformas da Microsoft.
Prós
- Mudanças muito bem vindas na jogabilidade, melhorando o que já era praticamente perfeito
- A inclusão de Jack e suas habilidades ampliam o escopo das batalhas
- Mundo “semi” aberto e exploração na medida certa sem perder o foco no que importa
- História e evolução dos personagens novos e velhos
- Os melhores gráficos já vistos no Xbox One
Contras
- Falta de polimento em áreas genéricas do mundo aberto, causando uma pequena truncada na movimentação
- Drivers ainda não disponíveis na versão de PC para donos de GPUs da NVIDIA, ocasionando alguns glitches gráficos
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