SIGA-NOS EM NOSSAS REDES SOCIAIS -
9 de setembro de 2025
7.5
Errado em tantos detalhes, mas certo onde importa

Não vou fingir que Lost Soul Aside é um jogo impecável: muito pelo contrário. Roteiro superficial, personagens esquecíveis, elementos visuais pouco elaborados e excesso de ambição. Porém, quando acerta, acerta com força.

Lost Soul Aside

Imagine o seguinte: um jovem desenvolvedor solitário lança um trailer de Lost Soul Aside em 2016 e, de repente, o mundo inteiro vê algo que parece misturar Final Fantasy XV com Devil May Cry. Nove anos depois, o jogo finalmente chega nas prateleiras. E agora, depois de tanto tempo esperando, será que isso vai ser uma joia escondida ou uma pedra que foi polida demais? Bora conferir.

Nota do Review: A PlayStation Brasil gentilmente forneceu o código de Lost Soul Aside para esta análise. Ressaltamos, entretanto, que toda a avaliação apresentada reflete unicamente a experiência e opinião do autor, sem qualquer influência externa.


A Paixão Que Virou Pressão

Quem nunca passou a noite inteira dedicado a um projeto pessoal e viu a alegria se transformar em incerteza quando o resultado não foi reconhecido? Quando seu sonho encontra indiferença em vez de reconhecimento… é complicado. Yang Bing, diretor de Lost Soul Aside, deve compreender isso como poucos.

O clássico cenário cheio de cristais azuis.

Após quase uma década de desenvolvimento — nove anos de melhorias e reavaliações — era impossível não chegarmos a este ponto com tudo sob os holofotes. Não criar expectativas foi um desafio. Eu mesmo mal acompanhava as atualizações; apenas sabia que havia uma conexão com Final Fantasy. Porém, aqui estamos nós, finalmente apresentando o resultado final.

Parei para absorver tudo sem fazer comentários online, e posso afirmar: apesar de suas falhas, Lost Soul Aside se tornou um dos jogos mais divertidos que joguei neste ano. Sim, sou provavelmente o esquisitão que se divertiu bastante, mas em breve você vai entender o motivo.


História

A história: Kaser, um insurgente do grupo anti-Império GLIMMER em Primarius, colabora com sua irmã Louisa e outros companheiros para derrubar o governo. Louisa perde sua alma após cumprir uma missão. Nesse contexto, surge Arena — um dragão ancestral com habilidades fracas. Então a situação muda: salvar a alma dela e deter os Voidrax, uma ameaça interdimensional. É sutil, direto e aparenta estar repleto de emoções.

Difícil se empolgar com a trama desse jogo.

Porém, na prática… enfim, o roteiro não cumpre o prometido. Os diálogos são frios e não estabelecem conexão entre os personagens antes do início dos conflitos. Ninguém se aproxima do jogador; os NPCs parecem meros elementos decorativos do cenário. E quanto ao universo? Apresenta dezenas de termos e facções sem uma explicação adequada; tudo fica desorganizado. É possível perceber que há uma boa história por trás, mas está tudo confuso. Areno foi a único que realmente me prendeu, com suas observações sarcásticas que me fizeram lembrar do personagem intelectual de NieR Replicant(se jogou, sabe). A conexão com Kaser? Bem bobo.

O finalzinho do jogo tenta algo diferente: muda o cenário e faz você ver as coisas sob outra perspectiva. Mas é aquele “ah, agora que engrenou, acabou”. E, a propósito, a dublagem em inglês só piora a situação: Arena é a única coisa que se salva, o resto soa artificial. Felizmente, é possível mudar o idioma se desejar(nada de pt-BR pra dublagem, só texto).


Jogabilidade

Agora chegamos ao cerne da experiência: Lost Soul Aside é uma explosão de hack ‘n’ slash — uma verdadeira terapia de adrenalina. Kaser inicia com uma espada, posteriormente recebe uma espada grande, uma poleblade(uma lança, dá pra dizer) e uma foice. Cada uma tem sua vibe: a poleblade brilha no ar, o espadão destrói inimigos paralisados… É só trocar no meio dos combos e ver a mágica acontecer.

O sistema de habilidades é profundo: dá para evoluir combos, trocar formas de golpe, aumentar estatísticas. E tudo isso é bem fácil de encaixar durante a luta. A stamina evita que você fique só bloqueando sem pensar, e os “break gauges” nos inimigos fazem com que atacar com precisão seja gratificante. E quando você consegue ativar a fusão com Arena? É demais!

Caso enjoe daquela roupa preta estilo Noctis do Kaser, temos opções!

As lutas contra chefes são um verdadeiro show. Elas exigem timing, leitura inteligente dos padrões de ataque e — pasme — são bem justas. É aquela sensação boa de, por alguns segundos, você se sentir o melhor jogador do mundo.

E não é só isso: o jogo combina combate e plataforma com suavidade. Você resolve quebra-cabeças simples, salta de uma plataforma para outra, explora ruínas egípcias, florestas de bambu… cenários dinâmicos. E nesse contexto, as armas ganham formatos criativos, como usar a foice como gancho ou a poleblade para acionar alavancas distantes. As “Dispersed Dimensions” são outra ideia interessante: mini desafios com tempo, recompensas,estilo e o melhor de tudo: está integrado ao mundo, e não escondido em um menu.


Gráficos e som

Se aparentemente o jogo é agradável, os problemas técnicos são inevitáveis. Em determinado momento, partículas transformam-se em uma chuva ofuscante que cobre toda a tela — visualmente impacta, porém difícil de entender o que tá acontecendo. E quanto ao áudio? Na batalha final, uma falha na mixagem comprometeu o som e prejudicou o flow do combate(eu me importo com isso). No PS5 (base, no meu caso), a performance se manteve estável na maior parte do tempo, mas ouvi relatos de problemas graves no PC. Não tive problemas com bugs, porém recebi uns vídeos engraçados de amigos que estavam jogando o game, acredito que nada grave. O acabamento poderia ser sim bastante aprimorado, patches virão com toda a certeza.

Pelo menos os cenários são legais e dão vontade de explorar.

O sistema de personalização de armas é legal — mas aquele visual espalhafatoso parece meio sem polimento, tipo um trabalho que ainda não foi finalizado, sei lá. Vale lembrar que a compositora Yoko Shimomura produziu algumas faixas para o jogo e que são as melhores da trilha sonora inteira, surpresas zero.


VEREDITO

Não vou fingir que Lost Soul Aside é um jogo impecável: muito pelo contrário. Roteiro superficial, personagens esquecíveis, elementos visuais pouco elaborados e excesso de ambição. Porém, quando acerta, acerta com força. O design de combate é preciso. Possui peso, liberdade, diversidade e aquele toque nostálgico do clássico PlayStation 2 que tanto aprecio. Para quem gosta de ação intensa, chefes desafiadores e uma jogabilidade complexa, aqui é um verdadeiro tesouro. Se você aguardou ansiosamente por esse jogo, pode ficar surpreso ao notar os defeitos. Porém, se entrar sem expectativas e deixar a pancadaria te fisgar, vai encontrar algo que poucos jogos ofereceram nesta década.

David Signorelli
Últimos posts por David Signorelli (exibir todos)

Posts Relacionados

One Piece Odyssey

Desenvolvido pela ILCA, Inc e publicado pela Bandai Namco Entertainment America Inc, One Piece Odyssey é um RPG baseado na…

Fire Emblem Engage

Parece que foi ontem que Fire Emblem: Three Houses de 2019 conquistou o mundo, tornando-se rapidamente o título mais vendido…

It Takes Two

Devo dizer que sempre cresci jogando games com foco em narrativa, independente do gênero. Podia ser de terror, ação ou…

TOP