LUNAR Remastered Collection
Confesso que já havia perdido as esperanças que pudesse ver novamente Lunar nos dias de hoje, até que em Setembro de 2024 a Gungho anunciou uma coletânea com os 2 primeiros jogos da série de forma remasterizada.
Lembro de ter ficado tão feliz pois teria a oportunidade de re-jogar esses clássicos em um console moderno e em especial o Lunar: Eternal Blue que nunca teve tantas versões quando seu irmão mais velho Silver Star.
Como deu pra perceber eu tenho uma história com essa franquia e antes de entrar na análise propriamente dita, gostaria de falar um pouco do que Lunar representa pra mim. Conheci a série em 1993 quando aluguei Lunar: The Silver Star para o SEGA CD sem ter ideia alguma do que era o jogo, e vale ressaltar o privilégio que tive pois esse add-on do Mega Drive nunca foi popular, muito menos no Brasil e até hoje me pergunto como que havia jogos dessa plataforma na locadora do meu bairro, vai entender!
Enfim, liguei o jogo e começou a abertura. Pessoal, eu fiquei atônito pois estava vendo pela primeira vez na vida uma abertura de um jogo com música cantada(Fighting Through the Darkness, procure no YouTube!). Tecnicamente era mais um monte de .gifs do que um vídeo em si, mas independentemente era algo surreal para a época, vale ressaltar que apesar de eu ter jogado ele em 1993, Silver Star foi originalmente lançado em 1992, ano de jogos como Final Fantasy V e Dragon Quest V, ambos do Super Famicom.
Após babar na intro, chegava a vez de jogar e novamente já fiquei de cara com a dublagem, música e até o visual do jogo. A trilha sonora dessa versão foi composta por Yuzo Koshiro e nem preciso dizer que era excelente, apesar de que eu honestamente prefiro o trabalho da versão atual de Noriyuki Iwadare, carinha por de trás de Grandia. O jogo em si era um RPG bem básico(pros dias atuais pelo menos), porém divertido e com um sistema já bem funcional de inteligência artificial, o que dava uma cara bem moderna. Infelizmente Eternal Blue nunca joguei no SEGA CD, só anos depois no PS1.
Eu poderia ficar horas falando de cada detalhe do que aquela experiência com Lunar significou pra mim, mas só queria mesmo dizer pra vocês que essa análise terá um peso emocional maior, mas que de forma alguma impactou a minha opinião desse título, ok? Dito isso, bora lá!
Lunar: Silver Star Story
Voltar a Silver Star Story é como rever um velho amigo. A história ainda é simples no papel — Alex, um garoto sonhador de uma vila remota, parte em jornada para se tornar um Dragonmaster, inspirado pelas lendas de Dyne. Os personagens são o coração do jogo. Alex é mais introspectivo, mas cheio de propósito. Luna, sua amiga de infância, carrega uma doçura que aos poucos revela um papel muito maior do que parece. Nall, o mascote voador e sarcástico, serve como alívio cômico, mas também como elo emocional. O grupo se completa com figuras marcantes como Ramus (o ganancioso mas leal amigo), Nash (arrogante e impulsivo), Mia (a maga tímida, adoro ela), Kyle (o guerreiro fanfarrão de bom coração) e Jessica (a moleca do grupo). Cada um tem seus próprios arcos de desenvolvimento, e o jogo sabe dar espaço pra todos brilharem.
A versão de PS1 foi base para essa remasterização trouxe uma direção de arte refinada, cutscenes animadas maravilhosas pra época e uma trilha sonora que acerta em cheio na emoção. Tudo pulsa com um certo “calor”, um sentimento raro nos RPGs mais modernos. Lunar pode parecer datado em algumas mecânicas, mas sua narrativa cheia de alma continua firme. É o tipo de jogo que te faz lembrar por que você se apaixonou por RPGs.
Lunar: Eternal Blue
Se o primeiro jogo é um mais um conto de fadas, Eternal Blue Complete é a expansão desse universo em todos os sentidos: mais denso, mais emocional, mais ousado. A história começa com Hiro, um jovem explorador que vive com seu avô adotivo Gwyn. A paz da rotina muda quando eles encontram Lucia, uma misteriosa garota vinda da Lua — literalmente — que acorda de um sono milenar para impedir uma ameaça chamada Zophar.
Lucia é fria e distante no início, quase inumana, mas sua transformação ao longo da jornada é um dos pontos altos do jogo. A relação entre ela e Hiro é construída aos poucos, com cuidado e respeito, tornando o final ainda mais impactante. O elenco que acompanha o casal também não decepciona: Ronfar, o padre beberrão com um passado trágico; Jean, a artista marcial que esconde um passado sombrio; Lemina, a maga gananciosa e espirituosa; e Leo, um cavaleiro inicialmente antagonista que acaba virando um dos personagens mais carismáticos da franquia.
Essa versão de Eternal Blue fez um excelente trabalho em ajustar o ritmo, balancear o combate e enriquecer as cutscenes com animações de qualidade e uma localização cheia de personalidade. A trilha sonora, novamente nas mãos de Iwadare, acompanha cada momento com maestria, variando entre faixas melancólicas, épicas e leves.
Mas o que mais me marcou foi o tom do jogo: Eternal Blue não tem medo de explorar temas como sacrifício, redenção e identidade. Há uma sensação constante de que o mundo está em risco real, e que os personagens estão crescendo junto com o jogador. É mais do que uma sequência — é o ponto mais alto da série, emocionalmente e narrativamente, por mais que eu ainda prefira The Silver Star.
E a Remasterização?
Depois de revisitar essas duas jóias, ficou ainda mais claro pra mim o quanto Lunar é uma série que envelheceu com dignidade — não porque se manteve moderna, mas porque sempre foi movida por coração, personagens cativantes e uma identidade própria que não se perdeu com o tempo.
É difícil explicar a sensação de ver Lunar de volta — e não só de volta, mas tratado com o respeito e o cuidado que a série sempre mereceu. Quando a coletânea remasterizada foi anunciada, eu já estava mais do que vendido pela nostalgia. Mas, honestamente, o que encontrei aqui superou minhas expectativas.
Essa edição definitiva é, sem exagero, a melhor forma de revisitar Lunar hoje. Os visuais remasterizados deram nova vida ao mundo dos jogos, as cidades cheias de personalidade, as dungeons — tudo continua com aquele charme 2D característico, mas agora muito mais nítido, limpo e adaptado a telas modernas com suporte widescreen. As cutscenes, que já eram um espetáculo na época, ganharam um tratamento especial com gráficos atualizados que mantêm o estilo clássico, só que com muito mais definição(porém continuam em formato 4:3).
Mas não foi só na parte visual que o jogo evoluiu. A trilha sonora continua sendo um dos pontos mais fortes da experiência, agora com áudio aprimorado que dá ainda mais destaque à música inesquecível de Noriyuki Iwadare. E o novo voiceover em inglês? Um show à parte. Moderno, expressivo e feito com carinho — dá pra perceber que os dubladores sabiam do peso que esses personagens carregam para os fãs antigos.
E tem mais: essa versão traz melhorias de jogabilidade que fazem uma baita diferença pra quem está jogando hoje. Agora é possível ajustar a velocidade das batalhas, alternar entre os modos clássico e remasterizado com um simples botão, e até explorar as estratégias de combate com mais profundidade, graças às opções aprimoradas. Tudo isso deixa o jogo mais acessível, sem abrir mão do desafio e da essência original.
Um pequeno probleminha que senti jogando foi que o controle não estava bem adaptado pro controle analógico, teve vezes que senti dificuldade em entrar em espaços apertados porque Alex ou Hiro não quiseram responder os comandos de forma adequada, é difícil de explicar. Ah, e como bônus, agora você pode jogar com suporte de idioma em inglês, japonês, francês e alemão — um toque que mostra o cuidado em tornar essa experiência ainda mais universal… menos pra nós que falamos português.
VEREDITO
No fim das contas, essa remasterização entrega exatamente o que a gente esperava: um retorno digno a um dos RPGs mais queridos dos anos 90. Mas também oferece o suficiente pra quem está chegando agora entender por que Lunar nunca saiu do coração de tanta gente. É um abraço caloroso no passado, com o conforto das melhorias do presente.
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