Mario Kart World
Anunciado junto ao Switch 2, Mario Kart World chegou para nos agraciar com uma visão completamente inédita de uma das franquias mais populares da Nintendo. Foram 11 anos de espera desde o lançamento de Mario Kart 8 no Wii U, e venho aqui dizer-lhes se valeu a pena essa espera toda. Então venha comigo!
Um pouco de história
Conheci essa franquia bem na época em que ela surgiu, lá no comecinho dos anos 90, com Super Mario Kart. Ele e Super Mario World foram os jogos que me fizeram ficar sedento por um Super Nintendo. Como eu não possuía o console e “só” tinha um Mega Drive em casa, o jeito era ir à locadora mais próxima para poder curtir esses incríveis jogos. Mais precisamente em 1994, ganhei do meu pai o tão sonhado console (literalmente, porque cheguei a ter um sonho extremamente realista no qual havia um SNES no meu quarto!) com o cartucho do Super Mario Kart — acho até que era algum bundle.
Como vocês podem imaginar, joguei ele por anos e mal podia esperar por sua sequência. Incrível como a noção de tempo muda conforme envelhecemos, pois levou apenas dois anos entre a chegada do meu SNES e o lançamento de Mario Kart 64 para o novo console da empresa, o Nintendo 64. Esses dois anos pareceram duas décadas, de tanta coisa que aconteceu: tantos jogos foram lançados, a Sony colocava no mercado seu PlayStation, a SEGA também com o Saturn, e até a Atari, com o Jaguar, deu o ar de sua graça depois de algum tempo fora… Eram outros tempos!
Novamente, meu primeiro contato com Mario Kart 64 foi na locadora, e evidentemente fiquei vidrado. Coincidentemente, comprei meu Nintendo 64 dois anos depois, assim como foi com o SNES. Porém, dessa vez eu não cheguei a comprar o MK64 para minha coleção — acho que foi pelo fato de Diddy Kong Racing ter me conquistado ainda mais, sem desmerecer o game do bigodudo, lógico.
Avançando um pouco no tempo, lá em meados de 2001, conquistei meu Game Boy Advance e, adivinha o game que peguei junto? Mario Kart Super Circuit! O primeiro game portátil da franquia — e muito competente, diga-se de passagem. O jogo era basicamente um Super Mario Kart turbinado, e ainda contava com as pistas do original. O maior problema nem era do jogo em si, e sim do aparelho: pra quem não se recorda, o GBA original tinha uma tela péssima, sem backlight, e confesso que foi meio “turbulento” jogar longas sessões de MKSC (ou qualquer outro jogo) nele. Esse problema foi sanado no GBA SP, porém, nunca cheguei a tê-lo.
Após o GBA, o próximo MK viria a ser o mais “esquisito” de todos até então. Refiro-me ao Mario Kart: Double Dash para o GameCube — console que não cheguei a ter na época. Fui conferir o game na casa do meu primo, que tinha o aparelho, e achei o DD inicialmente meio bizarro. Não entendi de imediato a mecânica de duplas, mas, conforme fui jogando, o título passou a me cativar, e hoje o considero um dos melhores da franquia. Só lamento não ter jogado mais (Nintendo, coloque no NSO!).
Alguns aninhos depois, chegou a vez do novo portátil da Nintendo, o DS — e, claro, o Mario Kart DS! Confesso que joguei bem pouco, porém me recordo de ter amigos que viviam se encontrando num shopping da minha cidade para jogar juntos localmente. Isso ainda era algo inovador, e eu achava legal esse recurso. O Nintendo DS realmente foi um carinha à frente do seu tempo. O que me chamou atenção também foram os gráficos, que se assemelhavam bastante aos de um jogo de PS1 — bem charmosos, diria.
Ah, agora vem a vez do saudoso Nintendo Wii e seu Mario Kart mais enfadonho, na minha opinião. Pra mim, esse jogo foi tão genérico que quase esqueci o nome dele. Não me levem a mal, não acho o jogo ruim, porém senti um retrocesso em relação ao Double Dash. Aqui temos como novidade os controles de movimento — mais especialmente aquele “volantezinho” de plástico que vinha junto — e que, honestamente, não acrescentou muito à experiência como um todo.
No 3DS, tivemos o Mario Kart 7, que mais pareceu um Mario Kart DS 2 do que um título original. Ele trazia novidades como mais customização de karts, o efeito 3D (lógico) e um modo online mais robusto. Joguei bem pouco dele em comparação com os demais, porém considero um ótimo título da franquia.
Agora finalmente chegamos a 2014, com o lendário Mario Kart 8 no fracassado Nintendo Wii U (uma pena!). Essa versão, em específico, joguei apenas uma tarde na casa de uma amiga — mas joguei centenas de horas (sério!) em sua versão Deluxe no Nintendo Switch. MK8 Deluxe é uma obra-prima e, até o lançamento de World, ele era meu MK favorito… ops! Acho que entreguei alguma coisa!
Pessoal, essa é a minha história pessoal com a franquia. Ficou longo, pois são mais de 30 anos de caminhada (ou derrapadas). Saberem que o reviewer aqui tem experiência comprovada é algo que pode ser crucial no próprio julgamento que vocês terão da minha análise de Mario Kart World, portanto… Let’s go!
Mario Kart de mundo aberto?
A Nintendo precisava de algo realmente inovador para justificar um novo título. E quando soubemos que eles iriam abrir o mapa em um Mario Kart, pareceu que veio uma mensagem diretamente na minha cabeça dizendo: “Ué, lógico!”. Jogos de corrida em mundo aberto não são algo novo, e eu já me diverti muito com eles — porém, acredito que esta seja a primeira vez em um jogo de kart. Mas, antes de falarmos do aspecto “World” do título, irei primeiro abordar a parte mais básica.
O modo tradicional Grand Prix está presente em toda a sua glória, mas com um diferencial. São diversas Cups, como de praxe, porém, em todas elas, apenas a primeira pista é um circuito de voltas tradicional. As demais são trajetos contínuos, no maior estilão OutRun. Já deixo claro que, apesar de curtir os circuitos, adorei essa novidade — mas já li relatos de pessoas que detestaram, então vai de cada um. As já clássicas cilindradas estão presentes, mas vão até “apenas” 150cc. Tenho certeza de que futuramente haverá algum tipo de DLC para chegar aos 200cc, mas sei lá… não vejo necessidade.
Quem gostava do Battle Mode? Ele está de volta e com algumas diferenças em relação ao MK8 Deluxe, como um permadeath caso você perca todos os balões. No anterior, você voltava com três balões, ao invés de cinco como no início. Achei essa mudança bem válida, pois faz com que o jogador jogue mais defensivamente também. Além das batalhas de balão (ou seja, vidas), também voltaram as batalhas por moedas — o que é autoexplicativo.
Agora irei falar de uma das novidades mais legais: o Knockout Tour! É basicamente um Battle Royale de Mario Kart em que temos que atravessar seis trajetos pré-estabelecidos, e toda vez que passamos por um deles, quatro corredores são eliminados. A ideia aqui é sobreviver! Em dificuldades mais altas, torna-se muito divertido e caótico. Bem, teria como um jogo com 24 corredores simultâneos não ser caótico? Isso acaba sendo mais uma novidade bacana neste título. MK World está quase chegando nos níveis de F-Zero em quantidade de players ao mesmo tempo.
Continuando nas novidades, chegou a hora de falar do queridinho Free Roam — ou seja, exploração livre. Esse aqui me surpreendeu tanto que acredito que irei jogá-lo por infinitas horas ainda. Basicamente, podemos escolher um personagem qualquer (menos aqueles tipo vaca, abelha etc.) e explorar aquele mapa gigantesco à vontade. Nesse mapa existem diversos colecionáveis e desafios — estes últimos representados por um botão P azul. São quase 400 deles! Cada um permite que o jogador realize algum tipo de tarefa, sendo algumas bem fáceis e outras de arrepiar os cabelos. Apesar das recompensas serem basicamente adesivos para os karts, o desafio em si vale muito a pena — e serve também como uma espécie de tutorial mascarado.
Muitas das coisas que aprendi no jogo foi por conta desses desafios, que me forçaram a pensar fora da caixa. Vale lembrar que Mario Kart World possui um novo sistema de grinding (pense em Tony Hawk), em que podemos equilibrar nosso kart em guard rails — e basicamente qualquer coisa que seja relativamente fina e reta — dando diversas vantagens. Além disso, podemos também jogar o kart contra as paredes, permitindo o uso de rotas alternativas e mais uma porrada de coisa. É impressionante o que jogadores realmente habilidosos já conseguiram fazer aqui. Não somente os desafios são estimulantes, mas o simples fato de poder andar pelo mapa livremente já dá uma sensação de paz indescritível — ainda mais considerando o visual e a música do jogo (já chego lá!). Perdi as contas de quantas vezes deixei de ir atrás dos botões P apenas para apreciar um entardecer ou tirar fotos… maldito modo foto que me desfoca da jornada (desculpem a piada sem graça).
Visuais e Som
Com o poder do Switch 2, a Nintendo conseguiu a proeza de trazer um mapa aberto detalhadíssimo, com regiões visualmente distintas, texturas de excelente qualidade, iluminação impecável — e tudo isso rodando a 60 quadros cravados. Muita gente pode bater o olho e pensar que World não sofreu uma evolução muito grande em relação ao jogo anterior, porém isso é uma impressão que, após jogar alguns minutinhos, logo se desfaz — o escopo aqui é completamente diferente.
Não apenas os cenários são impressionantes — os personagens também. Nunca se viu a turma do Mario tão animada e bonitinha. Até os veículos são bem arredondados, dando a impressão de serem carrinhos em miniatura. A quantidade de animações também é de arregalar os olhos — não consigo imaginar o trabalho de fazer tantas pequenas animações para cada personagem, todas com uma qualidade que lembra os filmes mais avançados de CGI da atualidade (sem exageros!).
Agora, amigos: o SOM! Precisei colocar em caixa alta porque o que foi feito aqui é de outro mundo. A Nintendo preparou uma trilha sonora gigantesca, com CENTENAS de faixas remixadas/arranjadas de praticamente toda a franquia Mario — incluindo jogos mais esquecidos como Mario Paint — e isso dá uma sensação especial para privilegiados como eu, que puderam viver intensamente essa história. É indescritível colocar em palavras o que é correr por Crown City à noite ouvindo músicas como Steam Gardens, de Super Mario Odyssey, em uma versão bem mais “grooveada” — entre tantos outros exemplos sobre os quais eu poderia escrever por horas.
Perfeito? Não.
Mario Kart World é o melhor jogo da série pra mim? Sim.
Mario Kart World é perfeito? Definitivamente, não.
Na versão atual do jogo, ainda não contamos com um volume slider, pra vocês terem uma ideia. Um jogo com TANTA música boa, e ainda não temos como controlar o volume para ouvir direito as faixas durante uma corrida cheia de explosão e gritaria. No geral, o jogo mal tem opções. Podia ao menos ter um modo jukebox para criar playlists ou algo assim… vamos torcer para que patches futuros resolvam isso.
Outra coisa que me irritou demais foi aquela tela super confusa de seleção de personagens. Eles resolveram colocar todos os personagens e suas roupinhas (sim, tem várias roupinhas) um ao lado do outro. Difícil explicar, mas ficou péssimo. Seria bem melhor se fosse no estilo Smash, onde você escolhe o personagem e depois a roupa — uma coisa pequena, que tira um pouco do brilho geral do game.
Veredito
Após mais de três décadas acompanhando essa franquia de perto, posso afirmar com segurança que Mario Kart World representa o passo mais ousado e criativo que a Nintendo já deu com sua série de corrida. A abertura do mapa, o modo Knockout Tour, a exploração livre e as inovações em jogabilidade mostram que a fórmula clássica não foi apenas reinventada — ela foi expandida com inteligência e respeito às raízes.
Não é um jogo perfeito. A falta de opções básicas como controle de volume, e uma interface de seleção de personagens mal resolvida, mostram que há arestas a serem aparadas. Ainda assim, os acertos são tão numerosos e marcantes que é impossível ignorar o impacto desse título. Ele emociona, surpreende, diverte e — o mais importante — nos faz sentir como se estivéssemos jogando Mario Kart pela primeira vez.
Mario Kart World é, sem dúvida, o melhor e mais ambicioso capítulo da franquia até hoje. Um novo marco para os fãs e um convite irrecusável para quem ainda não entrou nessa pista.
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